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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Made In Portugal

     











Posso estar longe da minha terra, da minha gente, do lugar que me viu nascer e ouviu-me entoar o primeiro grito de vida, do lugar onde crescim, onde corrim feliz como so uma crianca sabe ser, as vezes sorridente outras vezes menos feliz mas isso agora pouco importa, onde brinquei os jogos e brincadeiras de miudos da minha infancia. Mas sao as minhas raizes, meu sangue que parece chamar por mim com uma forca quase oculta e me faz recordar de tudo o que vivim. E uma pequena patria por acaso mas recheada de enormes e conhecidas conquistas, vitorias e factos que podem fazer qualquer um, como eu, sentir enorme orgulho da sua patria, do seu pequeno pais tambem chamado de jardim a beira mar plantado e de grande nome, Portugal.

Portugal esse mesmo jardim a beira mar plantado nasceu como pais e patria como se sabe em 1143, assim dizem os documentos historicos  escritos da altura narrando que mais exctamente no dia 05 de Outubro de 1143 com a assinatura do tratado de Zamora esse mesmo tratado revogava tambem o tratado de Tui datado de 1137, estava assim oficialmente nascido o Reino de Portugal, nascido mas nao reconhecido por muitos. So viria a ser verdadeiramente reconhecido como tal apenas em 1179, isto apos o Papa Alexandre III reconhecer o mesmo como tal (a igreja em si ou pelo menos a figura do Papa tinham de facto muito poder na altura).


Estava assim entao finalmente criado e reconhecido por todos um pais e um reino que apesar de tudo nunca o deixou de ser e tornou-se um pais muito antes dos nossos vizinhos do lado (esse foi o ensinamento do meu Stor de Historia), explicou-nos que quando um espanhol estivesse a falar e a querer sentir-se superior  sempre lhe poderiamos lembrar e dizer que ja Portugal era o mesmo ainda a inexistente e futura Espanha nao passava de um conjunto de Reinos formados pelo Reino de Leao, Castela, Navarra e Aragao so mesmo com a conquista do Reino de Granada em 1492 em que os arabes foram expulsos da penisula Iberica de vez e que se pode dizer que se unificou por completo aquele que e hoje conhecido pelo Reino de Espanha  (este ensinamento do meu Stor de Historia tal como ele dizia serviu-me uma vez para numa conversa de amigos e conhecidos fazer calar um espanhol).

Em poucos seculos Portugal deixou de ser aquele pedaco de terra ao qual chamavam de Condado Portugalense autodominado pelo Reino de Leao, apos a independencia Dom Afonso Henriques e seu exercito partiram para as conquistas do territorio do norte ate ao sul tendo por isso ficado conhecido como Dom Afonso Henriques, o conquistador. Nao foi no entanto uma tarefa facil antes pelo contrario foram muitas vidas portuguesas perdidas nos anos de batalhas ate finalmente se chegar ao Algarve e ao chegar-se ai vendo a imensidao so mar certamente se pensou que era necessario ir-se mais alem e deu-sse assim inicio a uma nova era, era agora o tempo dos descobrimentos.

Portugal era uma nacao forte com um bom exercito e armada era ja conhecido como um grande e rico Imperio da India vinham naus e caravelas com especiarias, os tecidos ricos que na Europa ainda eram desconhecidos, do Brasil chegavam ouro, cafe, diamantes, escravos, das colonias africanas chegavam outras riquezas que iam fazendo a riqueza do imperio portugues tudo isso era sinonimo de poder, riqueza mas tambem claro de cobicas e invejas e nao apenas dos piratas e saqueadores mas tambem dos Reinos vizinhos.

Tudo corria bem ate que no sudoeste de Marrocos no dia 4 de Agosto de 1578 sucedia-sse a batalha sangrenta de Alcacer Quibir que viria a tornar-se na queda do imperio portugues talvez ate entao a maior derrota da poderosa armada portuguesa, a morte de El-Rei Dom Sebastiao em campo de batalha provavelmente ja que em cativeiro sera menos credivel levou a uma enorme crise dinastica que por sua vez deu origem a criacao do mito do Sebastianismo (hoje talvez se viva mais o mito do Salazarismo), o Reino ficara empobrecido pelo motivo de ter que pagar resgates pelos homens que tinham ficado em cativeiro na batalha alguns ate da alta nobreza portuguesa e que tinham caido nas maos do inimigo, pior ainda o Reino estava mesmo sem Rei o jovem Rei morrera na batalha ou em cativeiro e nao deixara um herdeiro directo para a Coroa portuguesa. Por esse motivo estava entao completamente ameacada de um fim a dinastia de Avis e por mais de 60 anos Portugal viria a ver-se governado pelas maos do Rei espanhol de inicio em volta da sucessao gerava-sse o tal problema ja que nao havia sucessores directos havia sim varios pretendentes que reclamavam o direito a Coroa portuguesa.

Dona Catarina de Medeci Rainha consorte de Franca de origem italiana afirmava ser descendente de Afonso III, Dona Catarina de Braganca e sobrinha do Cardeal Dom Henrique, Manuel Felisberto Duque de Savoia e  Antonio de Portugal Prior do Crato ambos sobrinhos do Rei ainda havia Alberto de Parma  e Dom Filipe II de Espanha a escolha cai porem na pessoa de Dom Henrique I o mesmo sobe entao ao trono em 27 de Agosto de 1578 governando ate 31 de janeiro de 1580, era sabido que esta era uma situacao que nao estava solucionada ja que Dom Henrique I era agora o Rei mas era tambem Cardeal por isso certamente iria tambem deixar o Reino sem descendentes e sucessores directos.No dia 1 de Junho de 1580 em Santarem Dom Antonio Prior do Crato e aclamado Rei de Portugal pelos seus partidarios opondo-sse toda a vida ao dominio Filipino mas sem exito, estava agora cumprida a ameaca que se esperava desde de 1578 o fim da dinastia de Avis sobe ao trono portugues Filipe I de Portugal que era tambem Filipe II de Espanha a 17 de Abril de 1581.

O povo nao estava feliz com o que acontecera  viviam na esperava de ver regressar Dom Sebastiao o que gerara o tal mito do Sebastianismo tanto o povo como a nobreza nao aceitavam com bons olhos o facto fosse com Filipe I, II ou III de Portugal era por sua vez Filipe II, III, IV de Espanha, ainda em 1582 Filipe I de Portugal mandou transladar para o Mosteiro dos Jeronimos um corpo que alegava ser o do Rei desaparecido o que nao resultou nem se pode comprovar que o corpo que esta no mesmo tumulo  seja realmente o de Dom Sebastiao I de Portugal o mesmo tumulo repousa sobre dois elefantes e pode ainda hoje ser observado, o povo preferia acreditar que o Rei preferia acreditar que o Rei tinha simplesmente desaparecido e que iria voltar.

No dia 1 de Dezembro de 1640 da-sse entao a revolucao que originou o colpe de Estado que tinha por intuito a restauracao da independencia do pais fazer chegar a Coroa alguem que ja estava escolhido, assim um grupo oriundo sobretudo do que restava da alta nobreza portuguesa chamado pela designacao de, os quarenta conjurados, foi-sse alastrando pelo Reino primeiro convencendo e incentivando depois provocando os portugueses a revolta, expondo os seus ideais e objectivos e querendo instaurar uma quarta dinastia no Reino que seria entao oriunda da casa de Braganca aclamando assim Dom Joao IV o novo Rei de Portugal .

O objectivo dos mesmos, quarenta conjurados era de recuperar a independencia tinham cada vez mais poder e apoio em todos os grupos sociais tanto pela restante nobreza, como pelo povo passando pela Burguesia e o proprio Clero. Os burgueses estavam tanto desiludidos como empobrecidos com os ataques ao territorio do reino, aos navios que transportavam as mercadorias vindos de todo o Portugal Continental, insular e ultramarino e que por vezes acabavam atacados, saqueados e pilhados a concorrencia dos holandeses, ingleses e franceses diminuia-lhes tanto os negocios como os lucros. Os nobres estavam descontentes ao ver os cargos importantes ocupados por espanhois, tinham perdido privilegios, forca, poder estavam cada vez mais a ser ignorados, esquecidos e ate passados para tras dentro da sua propria terra, eram obrigados a alistar-se no exercito castelhano e a suportar todas as despesas, facilmente se pode ver que tal enfraquecia ainda mais a armada portuguesa, empobrecidos com as capacidades e qualidades desvalorizadas. A corte estava em Madrid, mesmo a principal gestao de governacao do Reino de Portugal era entregue aos nobres castelhanos Portugal estava a ser tratado podemos dizer em termos praticos como uma simples provincia espanhola os que ali viviam eram obrigados a pagar impostos que ajudavam a pagar os custos e despesas do Reino de Espanha, porem tambem esse estava em declinio e sentia-se a ameaca de revolucao a qualquer momento poderia ser chegada a hora.

O povo estava revoltado cada vez mais afinal eram eles que certamente mais sofriam com tudo o que se estava a passar mas esses pouco podiam fazer nao tinham voz e nem qualquer tipo de poder a nao ser que pegassem nas armas que tivessem a mao e fossem participar na revolta em muitos assuntos nem tinham voto ou direito mesmo a uma opniao era como se diz hoje, comiam e calavam.O Clero nao se envolvia em politica e nem podia sendo a representacao da propria Igreja e afirmando trazerem aos fieis a palavra de Deus nao podiam de todo incentivar fosse quem fosse a fazer uma revolucao que se adivinhava vir a ser sangrenta terminando num campo de batalha, restava apenas a Nobreza portuguesa fazer algo embora estivessem cada vez mais fraca e empobrecida.

Foi entao que se deu o primeiro passo para se realizar a revolucao que viria a trazer a restauracao da independencia, os quarenta conjurados, grupo como ja foi referido do que restava da alta nobreza portuguesa comecaram a reunir-se secretamente organizando a conspiracao contra ao Rei espanhol Filipe IV ou Filipe III de Portugal, tudo tinha que ser feito no maior sigilo e cuidado ja que se o plano fosse descoberto e revelado antes do tempo certamente deitariam tudo a perder, procuravam analisar a melhor forma de organizar uma revolta, talvez a melhor altura e quem seria a melhor escolha para se colocar no lugar de Filipe IV, teria que ser uma revolta que pudesse ter exito, nao podia de forma nenhuma haver qualquer tipo de falhancos nem de recuos quando a mesma ja estivesse em andamento o preco da traicao poderia ser demasiadamente alto, comecara assim finalmente a conspiracao para derrubar os representantes do Rei Filipe IV em Portugal, a Nobreza " quarenta conjurados " e nao so acreditavam que iriam ter o apoio do Povo, do Clero e dos Burgueses isso era fundamental.

Entre todos apenas um nobre tinha reunido todas as condicoes para ser reconhecido e aceite ou pelo menos para ser candidato legitimo ao trono de Portugal, ele era como se sabe Dom Joao IV, Duque de Braganca, neto de Dona Caterina candidata ao trono em 1580, Dom Joao IV tinha sangue real da dinastia de Avis e pertencia a sua linhagem na sucessao ao trono seria mesmo assim impossivel manter a mesma dinastia pelo que ele viria a ser tambem o fundador da dinastia de Braganca a ultima dinastia da Monarquia em Portugal. Conta-Sse porem que Dom Joao IV estava inseguro e temia o que pudesse acontecer, se tudo falha-sse ele mais do que ninguem pagaria por isso talvez ate com a propria vida aconselhando-se com a esposa Dona Luisa De Gusmao teve a seguinte resposta da mesma :

- Senhor antes Rainha por um dia do que Duquesa por toda a vida.

Pode-sse mesmo dizer que talvez tenham sido estas palavras que deram a coragem que faltava a Dom Joao IV, a ser verdade pode-sse dizer-se que hoje Portugal e uma nacao politicamente livre e independente gracas as palavras de uma mulher pelo que se nota o valor e coragem das mesmas quando assim e necessario.

Em Espanha o ainda Rei Filipe III de Portugal tambem enfrentava dificuldades continuava em guerra com outros paises, o descontentamento da propria populacao espanhola era cada vez maior, certo era que a situacao nao ia poder continuar como estava por muito mais tempo, havia ja quase uma guerra civil e poderia haver um atentado ao Rei Dom Filipe IV de Espanha por sua vez tambem Filipe III de Portugal, havia revoltas em varias em varias regioes a mais violenta a revolta da Catalunha (1640) criou a oportunidade que todos os Portugueses envolvidos na conspiracao esperavam o Rei preocupado com a forca da revolta na Catalunha enviara para la muitas tropas do exercito espanhol.

Em Portugal sentia-se que nao dava para esperar mais era agora ou nunca ja se pensava no momento certo, aproximava-sse o Natal de 1640 muita gente do Governo partira para Espanha em Lisboa ficaram apenas a Duquesa de Mantua Margarida de Saboia, prima direita do ainda Filipe III Rei de Portugal e sua representante em Portugal sendo ainda a Vice Rainha de Portugal, ficara tambem na capital portuguesa o seu Secretario de Estado Miguel de Vasconcelos,apenas. Os nobres revoltados rapidamente convenceram Dom Joao IV ate entao apenas o Duque de Braganca que residia e vivia no Palacio de Vila Vicosa, o mesmo aderiu a conspiracao, supostamente a possivel conversa com a esposa tinha tambem tido um papel de relevo fundamental, estava finalmente tudo arranjado depois de sessenta anos Portugal estava a dar o primeiro passo para reclamar a sua independencia novamente.

No dia 1 de Dezembro desse mesmo ano (1640) invadiram o Palacio Real (Paco da Ribeira)que estava no conhecido Terreiro do Paco, prenderam a Duquesa de Mantua e obrigaram a mesma a dar ordem as suas tropas para se renderem e mataram Miguel de Vasconcelos, estava ja o colpe de Estado dado. Apos isso segui-sse um longo periodo de confrontos armados entre 1640 e 1668 entre os dois Reinos Portugal e Espanha que terminaram com o tratado assinado ja por Dom Afonso VI de Portugal e Carlos II de Espanha no qual se reconhece novamente a total independencia de Portugal.

Desde entao Portugal jamais perdeu a sua independencia apesar das crises e acontecimentos da sua longa historia ja com 870 anos (1143-2013) como foi o terramoto de 1 de Novembro de 1755 em que grande parte da baixa lisboeta ficou destruida e alguma ate desapareceu por completo em virtude de ter sido engolida pela onda que varreu a baixa lisboeta apos o terramoto, vivemos a queda da Monarquia iniciada com o regicidio de 1 de Fevereiro de 1908 que resulta na morte do Rei Dom Carlos e do Princepe herdeiro Dom Luis Filipe no qual escapam ainda ilesos Dom Manuel e sua mae Rainha Dona Amelia agora tambem viuva do falecido Rei Dom Carlos, vivemos tambem o que ja era de esperar a implantacao da Republica em mais uma revolucao iniciada a 2 de Outubro e vitoriosa na madrugada do terceiro dia 5 de outubro de 1910. O atentado de 1908 nao foi um colpe suficiente forte para deitar abaixo a Monarquia naquele momento. Portugal passou entao por varios governos provisorios iniciados por Teofilo Braga ate a aprovacao da constituicao de 1911 que deu inicio a primeira Republica, com a implantacao da mesma os simbolos nacionais hino e bandeira foram alterados, talvez houvesse mesmo vontade de acabar com tudo que vinha do tempo da Monarquia, vivemos depois o periodo do Estado Novo desde de 1933 a 1974 altura em que fora derrubado com a revolucao do 25 de Abril a chamada revolucao dos Cravos, Estado Novo que teve o Governo e chefia de Antonio de Oliveira Salazar mais conhecido por Oliveira Salazar entre 1933 ate 1968 altura em que se viu obrigado a afastar do cargo por razoes de saude e doenca vindo a falecer em Lisboa a 27 de Julho de 1970 (Faco referencia a este nome por ter sido sem duvida o maior estadista portugues) durante o seu Governo foram varios os pontos pelos quais Salazar ainda hoje e recordado sendo desejado mesmo por muito com saudade, Portugal tornou-sse neutro na II Guerra mundial contra a vontade de muitos estadistas da Europa, livrou-nos da guerra mas nao nos livrou da fome segundo as suas proprias palavras, pelas suas maos passaram tambem obras que realizaram o sonho de atravessar o Rio Tejo de ponte, uma ponte que ficara com o seu nome e que apos a revolucao do colpe de Estado de 1974 o mesmo nome foi alterado ficando com o nome da data do mesmo colpe de Estado, Salazar ficou tambem conhecido pela forma simples como viveu, vivia as custas do seu ordenado que guardava na gaveta da secretaria e com o qual pagava todas as despesas particulares e pessoais nao consentindo que as mesmas fossem pagas com o dinheiro do Estado, dinheiro esse que o mesmo considerava ser dos portugueses e nao do Estado ou de quem o governava. No mesmo Estado Novo Portugal viu-se envolvido em periodos nada faceis entre os quais a guerra do Ultramar com as Colonias africanas entre 1961 e 1974 (excluindo Cabo Verde) que lutavam pela sua independencia, vivemos a queda de um regime com a revolucao de Abril.Vivemos tudo isso sem nunca perdermos a nossa independencia soberana.

Com orgulho podemos dizer que em muitas coisas fomos os primeiros e os pioneiros de tantas outras, fomos por exemplo sem o conhecimento de muitos os primeiros a chegar ao Japao, esse mesmo que hoje chamamos de o pais do sol nascente em 1543, fomos mais uma vez os primeiros a abolir a pena de morte a nivel mundial (ja de longe vem o habito de termos uma justica chamada de demasiado branda) em 1852 abolida para crimes politicos (artigo 16 do acto adicional a carta constitucional de 5 de Julho sancionado por Dona Maria II ), 1867 abolida para crimes civis,exceto por traicao durante a guerra em julho de 1867 (lei de 1 de Julho de 1867) a proposta partiu do Ministro da Justica Manuel Baptista, sendo submetida a discussao na camara dos Deputados, onde teve a oposicao de Manuel Carvalho. Transitou depois a Camara dos Pares, onde foi aprovada. Mas a pena de morte continuava no codigo de Justica Militar. Em 1874 quando o soldado de infantaria n 2 Joao Borda assassinou o Alferes Manuel Bernardo Beirao levantou-sse a grande discussao sobre a pena a aplicar, 1911 abolicao por todos os crimes, incluindo militares, 1916 readimitida a pena de morte para traicao em tempos de guerra, 1976 abolicao total. A ultima execucao em territorio portugues foi em 1846 em Lagos. Remonta a 1 de Julho de 1772 a ultima execucao de uma mulher, Luisa de Jesus (Foi executada em Coimbra aos 22 anos de idade por ter assassinado 33 expostos, ou seja bebes abandonados que ela ia buscar a " roda "de Coimbra, umas vezes usando o nome verdadeiro outras vezes usando o nome falso apenas com intuito de se apoderar do enxoval da crianca e embolsar os 600 reais que eram dados de cada vez que se ia buscar uma crianca. A re so confessou a autoria de 28 homicidios foi "atezanada" mortificada e insultada pelas ruas de Lisboa tendo em seguida sido garroteada e queimada em exucucao publica, talvez para servir de exemplo) , eventualmente (nao confirmado) tera havido uma execucao em Franca entre o exercito portugues, ao abrigo do direito portugues durante a I guerra mundial em 1917 ou 1918, por traicao. A penultima e ultima execucoes  por enforcamento foram as de Manuel Pires, de Cernancelhe, a 8 de Maio de 1845 e a de Jose Maria sujeito conhecido pelo " Calcas ", no campo do Tabolado, em Chaves a 19 de Setembro de 1845. Actualmente , a pena de morte e um acto proibido e ilegal segundo o artigo 24 alinea 2 da constituicao Portuguesa. Podemos tambem dizer que a nivel europeu as fronteiras portuguesas sao as mais antigas datando de 1297 com a assinatura do tratado de Alcanizes em 12 de Setembro de 1297 entre os soberanos de Leao e Castela, Fernando IV e Dom Dinis de Portugal, temos ainda o orgulho de sermos considerados com os descobrimentos e a criacao do imperio portugues os pioneiros da globalizacao. Tudo junto sao factos de que nos podemos orgulhar um facto tambem curioso que nao nos deve sentir tambem ter tanto orgulho e o facto de Alves dos Reis ter sido considerado o maior burlao da historia Portuguesa e talvez um dos maiores do mundo. Novamente e agora ja com orgulho podemos afirmar que tivemos em Fernando Pessa o jornalista mais idoso em actividade faleceu com 100 anos e 14 dias (5 de Abril de 1902- 19 de Abril de 2002), mantendo-sse sempre como uma pessoa muito activa ja com idade bastante avancada tinha por habito dar os seus passeios de bicicleta na zona de Belem junto ao Rio Tejo, reformou-sse apenas em 1995 com 93 anos e as suas reportagens sobre as obras por terminar, outras mesmo por comecar marcaram a sua carreira nos ultimos anos. Novamente e num caso semelhante ao anterior e o de Manuel de Oliveira que e o cineasta e realizador mais idoso do mundo em actividade laboral da actualidade e talvez de todos os tempos nasceu a 11 de Dezembro de 1908 e continua em actividade em metade do ano de 2013 soma entao quase 105 anos.

 
 
 
 
   

Seria dificil quando se fala da historia de um pais nao se falar tambem da sua cultura e logo de seguida da sua literatura dos seus escritores, romancistas e poetas e isso que pretendo fazer agora tentando mostrar que estamos ao nivel dos outros e nao a um patamar inferior. Os outros podem ate ser melhor reconhecidos intercionalmente por seus idiomas serem mais falados mas nao sao por isso de qualidade superior, os nossos melhores escritores sao do mesmo nivel em termos de talento ao nivel dos escritores dos famosos classicos sovieticos (agora russos) ou ao nivel daqueles da famosa geracao perdida americana, temos talento nos nossos escritores nao os devemos ignorar nem tao pouco desprezar os escritores Portugueses estao ao nivel de competir com  qualquer um pela luta do premio com qual todos os escritores devem sonhar conquistar um dia, o premio nobel da literatura.

Jose Maria de Eca Queiros (Povoa do Varzim, 25 de Novembro de 1845 - Neuilly-Sur-Seine (Paris), 16 de Agosto de 1900 ) ou simplesmente Eca de queiros sem duvida um expoente maximo da literatura portuguesa, talvez o melhor dos seus romancistas juntamente com Camilo Castelo Branco (com quem convivia regularmente no Largo do cafe chines, quando o mesmo vinha a Povoa para se divertir) com duas das suas principais obras podendo estar ao nivel de grandes classicos mundiais (O Crime do Padre Amaro em 1875 e o Primo Basilio em 1878), tanto numa como outra obra o enredo e sublime e perante o romance se num a pratica do adulterio de uma menina casada da alta sociadade Lisboeta com seu primo na ausencia do marido da mesma, ja no outro e a tentacao, o pecado e talvez ate as imoralidades de Amaro que vai fazendo correr a historia do romance, Amaro mostra-sse perigoso nao olhando a meios para atingir seus fins e fazendo tudo para evitar que o caso proibido seja descoberto, inclusivamente tudo faz e leva o seu plano avante para que o fruto daquele amor proibido seja dado a luz no mais puro segredo, porem Amelia morre durante o parto e a crianca tambem nao resiste, em ambos os romances nota-se o mau genio das personalidades principais masculinas tanto Amaro como Basilio parecem ser homens frios e que nao tem amor mas apenas desejo fisico ou de possuir algo.

O Crime do Padre Amaro e considerado por muitos como o melhor romance realista portugues do seculo XIX, entre 1870 com, O misterio da estrada de Sintra e 1940 com, Eca de Queiros entre os seus-cartas intimas, foram publicadas 29 obras das quais 15 sendo postumas  foram publicadas apos a sua morte em 1890 a 16 de Agosto na localidade francesa de Neuilly-Sur-Seine na sua casa. As suas obras estao traduzidas em 19 idiomas espalhados pelo mundo desde ingles com 12 obras a russo com 3 obras entre 17 outros idiomas, tambem varias obras suas foram adaptadas ao cinema como O crime do Padre Amaro, o Primo Basilio, Os Maias e o Conde de Abranhos entre outras, em varias obras Eca de Queiros contou com a ajuda de Ramalho de Ortigao (Porto 24 de Outubro de 1836-Lisboa 27 de Setembro de 1915) fazendo Eca de Queiros parceria com o seu antigo professor, escrevem em conjunto, O misterio da estrada de Sintra em 1870, em 1871 surgem os primeiros folhetos de As farpas de que resultam a compilacao em dois volumes sob o titulo, uma campanha alegre, em finais de 1872 Queiroz parte para Havana continuando Ramalho sozinho tendo continuado a escrever, As farpas que termina de escrever as ultimas Farpas em 1911-1914.

Outro grande nome da literatura Portuguesa e sem duvida tambem o do Romancista Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco mais conhecido como Camilo Castelo Branco, o mesmo ficou conhecido em vida nao apenas pela sua escrita mas por seus amores e desamores, alguns deles mesmo proibidos que o levaram mesmo a ter problemas com a justica e a ser preso. Sao episodios de uma vida atribulada e nada facil do conhecido Escritor e Romancista portugues.

 Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco(Lisboa, Encarnacao, Largo do Carmo)16 de Marco de 1825-Vila Nova de Famalicao, Sao Miguel de Seide, 1 de Junho de 1890 ) foi um Escritor, Romancista, Cronista, Critico, Dramaturgo, Historiador, Poeta e Tradutor.Foi ainda o primeiro Visconde de Correia Botelho, titulo concedido pelo Rei Dom Luis.

Camilo foi um dos escritores romancistas mais prolifos e marcantes da literatura Portuguesa, homem de vida atribulada e penso que nem sempre facil mas certamente alguns episodios da mesma serviram como fonte de inspiracao para as suas obras. Camilo foi o primeiro Escritor de lingua Portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos (e a fazer viver e sobreviver os seus por isso que digo que a vida do mesmo nem sempre deve ter sido facil) apesar de escrever para o publico sujeitando-se assim aos difames da moda conseguiu sempre manter uma escrita muito original que eu considero um estilo proprio e imagem de marca do Escritor.

  Camilo foi perfilhado pelo Pai em 1829 como << filho de mae incognita >> facto que pode parecer sempre estranho mas a verdade e que ficou orfao de mae com 1 ano de idade o Pai falecera quando o mesmo tinha 10 anos ficando o mesmo com um caracter de eterna insatisfacao com a vida.Foi entao recolhido por uma Tia de, Vila Real, depois por uma Irma mais velha onde na provincia recebeu uma educacao irregular por parte de dois padres.

Casou com apenas 16 anos com Joaquina Pereira de Franca, o casamento precoce mostra-se resultado de uma mera paixao Juvenil nao resistindo muito tempo como ja era de se esperar. No ano seguinte prepara-sse para ingressar na universidade indo entao estudar com um Padre desta vez em Granja a velha.

O seu caracter instavel e irrequieto leva-o a ter amores tumultuosos desta vez  com Patricia Emilia do Carmo de Barros (Vila Real 1825- 15 de Fevereiro de 1885) ainda a viver com a mesma Camilo publica no n'o nacional algo contra a Jose Cabral Teixeira de Morais, Governador Civil de Vila Real, provoca-sse entao uma desavenca entre o Escritor e o Governador onde Camilo e espancado por << Olho de Boi >> um capanga do governador civil. Tal nao foi suficiente para fazer calar Camilo a conta das suas irrevelentes correspondencias jornalisticas valeram-lhe nova agressao em 1848. 

Camilo abandona Patricia nesse mesmo ano procurando refugio e talvez um local seguro para ficar foge para casa da irma em, Covas do Douro segue depois para o Porto onde tenta sem exito o curso de medicina sem exito, opta depois por direito a partir de 1848 ano da ultima surra faz uma vida boemia, repleta de Paixoes, uma vida errante dividida entre cafes e saloes burgueses, dedicando-sse entretanto ao jornalismo. Em 1850 volta a envolver-se em assuntos polemicos toma parte na polemica entre Alexandre Herculano e o Clero, publicando o opusculo o Clero e o Sr Alexandre Herculano.

Apaixona-sse entao por Ana Augusta Viera Placido (27 de Setembro de 1831 - 20 de Setembro de 1885) quando a mesma acaba por casar em 1850 com Manuel Pinheiro Alves um certo negociante brasileiro que acaba por inspirar Camilo como personagem em algumas das suas obras o mesmo sofre uma crise de misticismo chegando a frequentar o seminario que abandona em 1852.

Camilo seduz Ana Placido, rapta a mesma. Depois de algum tempo a monte sao capturados e julgados pelas autoridades naquela epoca o mesmo caso emocionou a opniao publica  pelo conteudo tipicamente romantico de amor contrariado, convencoes e oposicoes sociais, foi um amor capaz de quebrar todas as regras e violar todas as leis. Foram ambos enviados para a cadeia da relacao no Porto onde Camilo conhece e faz amizade com o famoso salteador, Ze do Telhado, com base nessa mesma experiencia escreve, Memorias do carcere, depois de absolvidos do crime de adulterio curiosamente pelo Juiz Jose Maria de Almeida Teixeira de Queiros (Pai de Eca de Queiros) Camilo e Ana Placido passam a viver juntos contendo o mesmo 38 anos de idade na altura.

Varias foram as preocupacoes na vida de Camilo a morte a 17 de Setembro de 1877, na Povoa do Varzim, aos 19 anos daquele que era como se fosse o seu filho predileto Manuel Placido Pinheiro Alves, seu enteado, depois de muitas preocupacoes e doencas em 1885 torna-sse Primeiro Visconde Correia Botelho, a 9 de Marco de 1888 casa finalmente com Ana Placido.

Camilo passa os ultimos anos da sua vida ao lado da mesma nao encontrando porem a estabilidade emocional que tanto ansiava.As dificuldades financeiras, a doenca e os filhos incapazes (Manuel morrera e Camilo considera os outros dois Nuno um desatinado e jorge um louco) dao-lhe enormes motivos de enormes preocupacoes, curiosamente e com tipo de personalidade bastante desatinada que o mesmo cria a personagem de Simao Botelho personagem principal de um dos seus mais famosos romances, Amor de perdicao.

Desde de 1865 que o Escritor comeca a sofrer de graves problemas de visuais (diplopia e cegueira nocturna ).Era um dos sintomas da temida neurosifilis o estado terciario da sifilis. Alem de outros problemas neurologicos que lhe provocavam uma cegueira, aflitivamente progressiva e crescente que lhe ia atrofiando o nervo optico impedindo-o de ler, escrever e trabalhar capazmente, comeca a ficar cada vez mais mergulhado nas trevas e num desespero suicidario ao longo dos anos procura ajuda dos melhores medicos mas em vao.

A 1 de junho de 1890 Camilo recebe a visita de um amigo medico que  visita o Escritor em, Seide, depois de lhe examinar os olhos condenados a cegueira e escuridao o medico recomenda-lhe com diplomacia descanso numas termas e talvez mais tarde um tratamento. Quando Ana Placido acompanha o medico ate a porta eram tres da tarde, sentado na sua cadeira de balanco desengando, sem esperancas e completamente desalentado Camilo Castelo Branco disparou um tiro na tempora direita.Mesmo assim sobreviveu em coma agonizante ate as cinco da tarde. A 3 de junho as seis da tarde o cadaver chegava de comboio ao Porto e no dia seguinte, conforme seu pedido foi sepultado perpetuamente no Jazigo de um amigo, Joaoa Antonio Freitas Fortuna, no cemiterio da Veneravel Irmandade de Nossa Senhora da Lapa.

Durante quase 40 anos, entre 1851 e 1890 escreveu mais de 260 obras, com uma media superior a 6 por ano, talvez seja o Escritor da literatura portuguesa que mais paginas escreveu e publicou. Prolifico e fecundo escritor, inspirador de muitos outros que se seguiram certamente deixou obras de referencia na literatura portuguesa e a mesma possivelmente e a Camilo que mais deve o exito e a qualidade que tem.Sentim ser meu dever homenagea-lo a ele e nao a outro escrevendo esta pequena biografia do mesmo nesta cronica. Escreveu  varios romances, comedias, folhetins, poesia, ensaios, prefacios, traducoes e cartas tudo com sua assinatura propria ou menos conhecidos pseudominos, os seus temas recorrentes eram a bastardia, a orfandade, os direitos de coracao por oposicoes as convencoes sociais, as relacoes familiares, o sentido metafisico da raiz crista. Tendo como principais obras das tais mais de 260 o supreendente numero de 73 sendo uma das mais conhecidas, O Amor de perdicao de 1862 ano em que escreveu ainda mais 6 obras sendo esta a segunda do mesmo ano e a decima oitava  das tais 73 da sua ja promisora carreira.

Com escritores e romancistas assim onde apesar de tudo ambos demostram estilos um tanto ou quanto diferentes Camilo era mais provinciano, mais do estilo romancista, queria mostrar no romance a forca do amor, Eca era mais realista no romance punha outros interesses socais como habitos da sociadade, certamente se pode considerar a literatura portuguesa como estando ao nivel das melhores nao tanto reconhecida internacionalmente por a lingua portuguesa nao ser tao falada como o Ingles ou por Portugal nao ser tao grande geograficamente e conhecido como uma Espanha, Franca ou Russia, etc, pode-sse tambem dizer que muitas vezes a entrega de certos premios mesmo literarios internacionais como o premio nobel da literatura muitas vezes e ja varios o afirmaram e reconheceram nao passam de jogadas ou interesses politico. Certamente porem temos uma palavra a dizer ainda na literatura mas na poesia na poesia de Luis Vaz de Camoes e Fernado Pessoa.
  

Luis Vaz de Camoes (nascido em data incerta cerca de 1524 aparentemente em Lisboa - Lisboa, 10 de Junho de 1580 ) considerado uma das maiores figuras da literatura em lingua portuguesa e mesmo internacionalmente esta ao lado dos melhores e um dos grandes poetas do ocidente e da poesia classica.

Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida aparentemente nasceu em Lisboa no seio de uma familia da pequena nobreza. Sobre a sua infancia tudo e conjuntura e incertezas ainda jovem tera recebido uma educacao nos moldes classicos dominando o latim e conhecendo a literatura, a historia antiga e moderna. Pode ter estudado na universidade de Coimbra mas a sua passagem pela mesma nao esta documentada, frequentou a corte de Dom Joao III, iniciou a carreira como Poeta e Lirico e envolveu-sse como narra a tradicao com damas da nobreza e possivelmente plebeias tambem, alem de fazer uma vida boemia e turbulenta. Diz-se que por causa de um amor frustrado se autoexilou em Africa alistado como militar, onde perdeu o olho direito numa batalha. Voltando a Portugal, a patria mae que um dia tanto lhe iria ficar a dever e da qual seria um verdadeiro heroi, infelizmente foi mais um caso de alguem que nao lhe foi dado o devido valor e reconhecimento em vida, ao ter regressado teve ainda uma serie de problemas, feriu um servo do Paco e foi preso, ao ser perdoado partiu para Goa.

De regresso ja em Portugal enfrentou uma verdadeira serie de adversidades, foi presso varias vezes, combateu ao lado das forcas portuguesas novamente e escreveu a sua obra mais conhecida a epopeia nacionalista, os Lusiados, provavelmente tera concluido a mesma obra em 1556, de volta a Patria mais uma vez conseguiu que a mesma fosse editada pela primeira vez em em 1572 no periodo do classicismo, tres anos apos ter regressado do Oriente. A obra e composto por dez cantos, 1102 estrofes que sao oitavas decassilabas sujeitas ao esquema rimico fixo AB AB AB CC - oitava rima Camoniana. A accao central e a descoberta do caminho maritimo para a India por Vasco da Gama, a volta da qual se vao descrevendo outros episodios da Historia de Portugal glorificando o povo Portugues. Ja nao era apenas um boemio, mulherengo, turbulento, bebado de taberna, tubulento, fanfarrao e briguento, era ja Camoes para alguns o Poeta mas esses eram poucos a reconhecer o seu talento em vida como ja foi dito o Poeta faleceu em 1580 sem ser reconhecido o seu talento e esplendor da sua obra, porem o facto do mesmo ja ter algum reconhecimento o mesmo valeu-lhe que Dom Sebastiao lhe atribui-sse uma pequena pensao tambem pelos servicos prestados a Coroa, talvez a mesma mesmo assim nem tenha chegado para o Poeta viver de forma mais digna visto que nos ultimos anos de vida parece ter enfrentado dificuldades para se manter, quase podendo dizer-se que viveu os ultimos momentos da sua vida em extrema pobreza.

Logo apos a sua morte em 10 de Junho de 1580 em Lisboa, a sua obra literaria foi reunida na colectania rimas, tendo tambem igualmente deixado tres obras de teatro comico em vida o Poeta queixou-sse varias vezes de alegadas injusticas que sofrera, da escassa atencao que a sua obra recebia (talvez ate tivesse razao o reconhecimento da sua obra veio quase todo apos a sua morte em vida talvez muitos mesmo os entendedores nunca tenham ouvido falar nela, chegou a ser reconhecido em vida mas nada que se comparasse com o que veio depois do seu falecimento), apos a sua morte a sua poesia veio a ser reconhecida como valiosa e de alto padrao estetico por varios nomes importantes da literatura europeia, ganhando prestigio sempre crescente entre o publico e os conhecedores e infuenciando geracoes de poetas em varios paises. Camoes foi um renovador da lingua Portuguesa e fixou-lhe um duradouro canone, um verdadeiro patriota e nacionalista, tornou-se um dos mais fortes simbolos de identidade da sua patria, uma referencia para toda a comunidade lusofona internacional. Hoje a sua fama esta solidamente estabelecida e considerado um dos grandes vultos literarios da tradicao ocidental sendo traduzido por varias linguas talvez seja gracas a si que a literatura portuguesa e mais reconhecida internacionalmente tornado-se objecto de uma vasta quantidade de estudos criticos.

Camoes como se sabe foi mais do que Poeta, foi tambem soldado e sobretudo tambem um viajante, sabe-sse que andou pelo Oriente, viajou na nau Sao Bento, da frota de Fernao Alvares Cabral, tendo a mesma largado do Tejo e partido a aventura em 24 de Marco de 1553. Passou pelas regioes e seguindo a rota onde Vasco da Gama navegara anteriormente, enfrentou uma tempestade no Cabo da Boa Esperanca onde se perderam as tres restantes naus da frota e aportou em Goa correndo ja o ano de 1554. Logo o Poeta agora mais soldado se alistou no servico do Vice Rei Dom Afonso de Noronha tendo combatido na expedicao contra ao Rei de Chambe (ou " Da pimenta") Em 1555 sucedendo a Noronha Dom Pedro Mascarenhas este ordenou a Manuel Vasconcelos que fosse para o mar Vermelho combater os Mouros, Camoes acompanhou-o mas a esquadra nao encontrou o inimigo e foi invernar a Ormuz no golfo Persico.

Provavelmente nesta epoca ja iniciara a escrita dos Lusiados.Ao retomar de Goa em 1556, encontrou no Governo Dom Francisco Barreto, para quem compos o, Auto de filodemo, o que sugere que Barreto provavelmente lhe fosse favoravel. Os primeiros biografos, contudo, divergem nas relacoes do Poeta com o governante. Na mesma epoca teria surgido em publico uma Satira anonima criticando a imoralidade e a corrupcao reinantes, que foi atribuida a Camoes apesar do anonimato da mesma. Sendo as Satiras condenadas pelas ordenacoes Manuelinas, tera sido preso por isso. Mas colocou-se a hipotese de a prisao ter ocorrido gracas a dividas contraidas pelo mesmo. E mesmo possivel que permanecesse na prisao ate 1561, ou antes disso tenha sido novamente condenado, pois, assumindo o Governo Dom Francisco Coutinho, foi por ele libertado, empregado e de certa forma ate protegido. Deve ter sido nomeado para a funcao de Provedor-Mor dos defuntos e ausentes para Macau em 1562 por onde permanece de facto de 1563 ate 1564 ou 1565. Na epoca, Macau, era um entreporto comercial ainda em formacao, sendo um lugar quase deserto, ideal para alguem como Camoes estar sem arranjar sarilhos. Diz-se a tradicao que ali teria escrito parte D'os Lusiados numa gruta que mais tarde recebeu o seu nome.

E dificil determinar como tera sido o seu quotidiano no Oriente, alem do que se pode extrapolar a partir da sua condicao de Militar. Parece certo que viveu sempre com modestia e ate pode ter partilhado casa com amigo, talvez vivido em quartos alugados ou coisa assim parecida. Alguns desses amigos devem ter posssuido Cultura e assim a companhia ilustrada nao devia estar ausente naquelas mesmas paragens, entre outras figuras de relevo podera ter estado em contacto com Fernao Mendes Pinto, Fernao Vaz Dourado, Fernao Alvares do Oriente, Garcia de Orta e com Diogo do Couto, criando-se assim oportunidades de debates literarios e assuntos afins, certamente com noites de convivio onde possivelmente se ouvia Camoes recitar os seus poemas. Pode ter frequentado tambem prelecoes em alguns colegios ou estabelecimentos religiosos de Goa. E bem possivel ainda que tais reunioes, onde marcavam presenca ao mesmo tempo homens de armas e de letras, e que buscavam, alem do sucesso militar e a fortuna material, tambem a fama e a gloria nascidas da Cultura, como era uma das grandes aspiracoes do humanismo do seu tempo, estivesse presente a ideia de uma academia, reproduzindo no Oriente, dentro das limitacoes do contexto local, o modelo das academias renascentistas como fundada em Florenca por Marsilio Ficino e seu circulo, onde eram defendidos e cultivados os ideais Neoplatonicos, ora aquele grupo ainda de pseudo intelectuais parecia mesmo decidido algo do genero de uma nova escola de filosofos .

A convite ou aproveitando a oportunidade de vencer a parte da distancia que o separava da Patria(que o mesmo tanto haveria de glorificar na sua obra), nao se sabe ao certo, em Dezembro de 1567 Camoes embarcou na nau de Pedro Barreto para Sofala na ilha de Mocambique, onde este havia sido designado Governador e la entao esperaria por um transporte para Lisboa em data futura. Os primeiros biografos dizem que Pedro Barreto era traicoeiro, fazendo promessas falsas ao Poeta Camoes de tal modo que, passado dois anos, Diogo do Couto o encontrou em precaria condicao.    

Ao tentar seguir de volta a Lisboa com Couto foi embarcado em duzentos reais por Barreto, por conta dos gastos que tivera com o Poeta segundo alegara. Os seus amigos, porem, reuniram a mesma quantia e Camoes foi liberado, chegando a Cascais a bordo da nau Santa Clara em 7 de Abril de 1570. Depois de tantas peripecias, finalizou os Lusiados, tendo os entao apresentado em recita para o Rei Dom Sebastiao. O Rei ainda um adolescente (que era Rei mas talvez ainda nem tivesse a nocao do que era reinar), determinou que o trabalho fosse publicado em 1572, concedendo a " Luis Vaz de Camoes cavaleiro fidalgo da minha casa", em paga pelos seus servicos prestados na India o valor da pensao que nao excedeu os quinze mil reais anuais, o que nao era grande coisa, tambem nao era tao pouco como se tem sugerido, considerando que as damas de honra do Paco recebiam cerca de dez mil reais. Para um soldado veterano, a soma deve ter sido considerada suficiente e honrosa para a epoca. Mas a mesma pensao so se deveria manter por tres anos, e embora a outorga fosse renovavel, parece que foi paga de forma irregular fazendo com que o Poeta passasse por dificuldades materiais certamente devido a problemas que hoje chamamos de, problemas financeiros.

Viveu seus anos finais num quarto de uma casa algures perto da igreja de Santa Ana, num estado, segundo narra a tradicao da mais indigna e lamentavel pobreza (ao que me parece os amigos nos ultimos tempos de vida possivelmente afastaram-se, todos menos um) "sem um trapo para se cobrir", algo que nao e totalmente credivel talvez possa ser mais visto como um exagero romantico, ja que ainda podia manter o seu fiel e dedicado escravo Jau (nome porque passou a historia um escravo Javanes "a palavra significa ilha de Java", que teria pertencido ao Poeta Camoes. Na verdade era chamado de Antonio e apegou-sse com tamanha afeicao ao Poeta que nunca lhe deixou de prestar assistencia nunca o tendo abandonado, ficando com o mesmo ate ao momento do ultimo suspiro do agora heroi portugues). Quando Camoes ja bastante doente e nos momentos dos seus ultimos dias, se viu combalido pela miseria, diz a tradicao que era Jau que saia a noite pelas ruas de Lisboa fizesse chuva e vento ou bom tempo, mendigando, a fim de prover para o seu amo, o sustento do dia seguinte, Jau tinha sido trazido da viagem do Oriente por Camoes, documentos oficiais atestam que dispunha de alguns meios de vida.

Camoes amargurado pela derrota da armada portuguesa na batalha de Alcacer-Quibir que trouxe os resultados que ja todos nos sabemos, morte de El-Rei Dom Sebastiao, perda a independencia para o Reino de Espanha, adoeceu segundo consta de peste. Foi transportado para o hospital e faleceu a 10 de Junho de 1580,sendo enterrado segundo Faria e Sousa (Fidalgo, Humanista, Escritor, Poeta, Critico, Historiador, Filologo e Moralista portugues da epoca ), numa campa rasa na igreja de Santa Ana ou no cemiterio dos pobres do mesmo hospital, segundo Teofilo Braga, a sua mae tendo-lhe sobrevivido passou a receber a antiga pensao do Poeta como heranca de Filho para mae. Os recibos encontrados na torre do tombo documentam e comprovam a data da sua morte embora tenha sido preservado um epitafio escrito por Dom Goncalo Coutinho, onde consta erroneamente como tendo falecido em 1579. Depois do terramoto de 1755 que destruiu a maior parte de Lisboa, foram feitas tentativas para reencontrar os despojos de Camoes, todas frustradas. A ossada que foi depositada em 1880 (Trezentos anos depois da morte do poeta, eis o tempo que demorou a que a memoria do mesmo fosse digna de tal honra) numa tumba no Mosteiro dos Jeronimos e, com toda a probabilidade, de outra pessoa, sendo tudo apenas simbolico. Nao sendo este o unico caso do genero ja que tambem a serias duvidas que no tumulo de Dom Sebastiao esteja mesmo o seu corpo mas sim o de outra pessoa qualquer.

Os testemunhos dos seus comtemporanios  descrevem-no como sendo um homem de porte mediano, com cabelo loiro e arruivado, cego do olho direito, habil em todos os exercicios fisicos e com uma forte disposicao temperamental, custando-lhe pouco engajar-se em brigas e andar a pancada. Diz-se que tinha um grande valor como soldado, exibindo coragem, combatividade, senso de honra e vontade de servir, bom companheiro nas horas de folga, liberal , alegre e espirituoso quando os colpes da fortuna abatiam o espirito e estristiciam. Tinha conhecimento e consciencia do seu merito como homem, como soldado e tambem como Poeta que era. Em vao foram todos os esforcos feitos no sentido de se descobrir em definitivo a  identidade definitiva da sua musa, varias propostas contraditorias foram apresentadas sobre supostas mulheres presentes na sua vida. O proprio Camoes sugeriu, num dos seus poemas que houvesse varias musas a inspira-lo ao dizer, " em varias flamas variamente ardia". Nomes de damas supostas como tendo sido suas amadas so constam primitivamente nos seus poemas, e podem ser figuras ideais, nenhuma mencao a quaisquer damas identificaveis pelos nomes e dada nas primeiras biografias do poeta, as de Pedro Mariz e a de Serevim de Faria, que somente e apenas recolhem boatos sobre " uns amores no Paco da Rainha ", a citacao de Catarina de Ataide so surgiu na edicao das Rimas de Faria e Sousa, algures em meados do seculo XVII, e a da Infanta, na de Jose Maria Rodrigues, que so veio a ser publicada no inicio do seculo XX. A decantada Dinamene (suposta donzela chinesa pela qual Camoes se tera apaixonado) tambem parece ser uma imagem poetica antes de uma pessoa real mas isso ja ficara no entender de cada um ja que nada e certo e concreto, infelizmente, varias sao as alternativas para explicar o nome, talvez fosse um criptonimo de Dona Joana Meneses, ex : (D.I.N.A= D.IONA+MENE) um dos seus possiveis amores, que morreu a caminho das Indias e fora sepultado no mar, filha de Violante, Condessa de Linhares, a quem tambem teria possivelmente amado ainda em Portugal, e apontou a ocorrencia do nome Dinamene em poemas escritos provavelmente em torno da chegada a India antes de ter passado a China, onde se "diz" que teria encontrado a moca donzela, tambem de referir a opniao dos pesquisadores que alegam a mencao do Couto,a unica referencia primitiva chinesa fora a da propria obra Camoniana, ter sido falsificada, sendo introduzida a posteriori, com possibilidade que se trate ainda de um erro ortografico, uma corruptela de "dignamente". Na versao final do manuscrito do Couto, o nome nem teria sido citado ainda que a comprovacao seja dificil com o desaparecimento do manuscrito. Ao longo dos seculos e julgo que com toda a justica sucederam-se as diversas homenagens ao poeta, ao  homem que fora e a sua obra, foi representado varias vezes em gravura, pintura e escultura, por artistas portugueses e estrangeiros, e varios foram os monumentos erguidos em sua honra, destacando-se o grande Monumento a Camoes em 1867 na Praca Luis de Camoes, em Lisboa da autoria de Victor Bastos e que e o centro de cerimonias publicas oficiais e manifestacoes populares. Tambem foi homenageado em composicoes musicais, apareceu a sua efige em medalhas, cedulas monetarias, selos e moedas, e como personagem em romances, poesia e pecas teatrais. O filme, Camoes, realizado por Jose Leitao de Barros, foi a primeira pelicula portuguesa a participar no festival de Cannes, em 1946. Entre artistas celebres que o tomaram como modelo para as suas obras estao, Borbalo Pinheiro, Jose Simoes de Almeida, Francisco Augusto Metrass, Antonio Soares dos Reis, Horace Vernet, Jose Malhoa, Viera Portuense, Domingos Sequeira e Lagoa Henriques. Uma cratera no planeta Mercurio e um asteroide de cintura principal receberam o seu nome.
                                                              

A decisao de escolher dois escritores romancistas e dois poetas portugueses e falar abertamente deles e da sua obra nao foi facil mas tambem nao foi dificil de todo, seja como for espero que o ultimo seleccionado seja do agrado do leitor tambem, de qualquer forma ainda irei falar aqui de outros, dos melhores embora desta vez apenas para referenciar o seu nome, num futuro que espero proximo quero fazer uma nova cronica onde talvez de uma forma nao tao extensa mas falarei daqueles que foram e sao os nomes mais importantes da nossa literatura em conjunto ja com estes referidos.

Fernando Antonio Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935) mais conhecido apenas e tao so como Fernando Pessoa, poeta, filosofo e escritor.

Fernando Pessoa e considerado um dos maiores poetas da lingua portuguesa, sendo muitas vezes comparado com Luis de Camoes, embora as geracoes fossem outras e mesmo as personalidades dos poetas eram bem diferentes, tenho mesmo um amigo que me disse uma vez que Luis de Camoes e Fernando Pessoa sao quase como o sol e a lua, isto e um veio depois do outro mas deixou bem marcado a sua vinda no mundo da literatura portuguesa. O critico literario, Harold Bloom considerou a sua obra um " legado da lingua portuguesa ao mundo ".

Foi educado na Africa do Sul, para onde foi viver com seis anos em virtude do casamento da sua mae, Pessoa aprendeu perfeitamente o ingles, lingua em que escreveu poesia e prosa desde da adolescencia (talvez tenha sido isso tambem alem do enorme talento a ajudar o Poeta a ser melhor e tao bem reconhecido internacionalmente). Das suas quatro obras que publicou em vida, tres sao na lingua inglesa. Fernando Pessoa traduziu tambem varias obras inglesas para portugues e obras portuguesas (nomeadamente Antonio Botto e Almada Negreiros) para ingles.

Ao longo da vida trabalhou em varias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de lingua inglesa e francesa. Foi tambem Empresario, Editor, Critico literario, Jornalista, Comentador Politico, Tradutor, Inventor, Astrologo e Publicitario, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literaria em verso e em prosa. Como Poeta desbobrou-se em multiplas personalidades conhecidas como heteronimos, objecto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e a sua obra. Centro irradiador da heteronimia, auto-denominou-se um " drama em gente ".

As  tres horas e vinte e quatro minutos (15.24) de 13 de Junho de 1888 nascia em Lisboa Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar direito do numero 4 do largo de Sao Carlos, em frente a opera de Lisboa (Teatro de Sao Carlos). De familias da pequena aristocracia, pelos lados Paterno e Materno, o Pai , Joaquim Seabra Pessoa, natural de Lisboa, era funcionario publico no Ministerio da Justica e critico musical no << Diario de Noticias >>. A mae Dona Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, era natural dos Acores (mais propriamente da ilha Terceira). Viviam com eles a Avo Dionisia, doente mental, e duas criadas velhas Joana e Emilia.

O poeta, pelo lado Paterno, tem as suas raizes familiares no Concelho de Arouca, nas freguesias do denominado << fundo do Concelho >> de Arouca, na Freguesia de Fermedo.

Fernando Antonio foi baptizado em 21 de Julho na Basilica dos Maritres, ao Chiado, tendo como padrinhos a Tia Anica (Dona Ana Luisa Pinheiro Nogueira, Tia Materna) e o General Chady. A escolha do nome homenageia Santo Antonio, a familia reclamava uma ligacao com Fernando de Bulhoes, nome de baptismo de Santo Antonio, tradicionalmente festejado em Lisboa a 13 de Junho dia em que o Poeta Fernando Pessoa nasceu.

A sua infancia e tambem adolescencia foram marcados por acontecimentos que viriam a marcar toda a sua vida deixando em si varias influencias posteriormente. As cinco horas da manha do dia 24 julho de 1893, o Pai morreu, com 43 anos, vitima de tuberculose. A morte foi anunciada no Diario de Noticias do dia. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmao Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem completar um ano. A mae ve-se obrigada a leiloar parte da mobilia e a mudar-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do numero 104 da rua Sao Marcal. Foi tambem nesse periodo que surgiu o primeiro heteronimo de Fernando Pessoa, Chevalier de pais, facto relatado a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heteronimos, ainda no mesmo ano escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil epigrafe de, A minha Querida Mama. A mae casa-se pela segunda vez em 1895 por procuracao na igreja de Sao Mamede, em Lisboa, com o comandante Joao Miguel Rosa, Consul de Portugal em Durbam (Africa do Sul), que havia conhecido um ano antes. Em Africa onde passa maior parte da juventude e recebe educacao inglesa, Pessoa viria a demostrar desde cedo talento para a literatura.

Em razao do casamento, viaja com a mae para Durban, acompanhados pelo tio-avo, Manuel Gualdino da Cunha, que voltaria para Lisboa no mes seguinte. Viajam no navio Funchal ate a Madeira e depois no paquete ingles Hawarden Castle ate ao Cabo da Boa Esperanca. Faz a sua instrucao na escola de freiras irlandesas da West Street, onde faz a primeira comunhao, e percorre em dois anos o equivalente a quatro, revelando certamente enorme inteligencia e qualidades.

Em 1899 ingressa no liceu de Durban, onde permanecera durante tres anos e onde se destacara como sendo reconhecido como um dos melhores alunos da turma. No mesmo ano cria o pseudonio, Alexander Search, atraves do qual envia cartas a si mesmo. No ano de 1901, e aprovado com distincao no primeiro exame Cape School High Examination e escreve os primeiros poemas em ingles. Apesar de tanto sucesso nos estudos nem tudo eram alegrias e triunfos para o jovem Fernando Pessoa ja que na mesma altura tal como em 1893 e novamente em 1894 a morte provoca mais uma tragedia na sua familia , desta vez morre a sua irma Madalena Henriqueta, de dois anos. Logo de seguida ainda em 1901 parte com a familia para Portugal, para um ano de ferias. No navio em que viajavam o paquete Konig, vem o corpo da irma. Em Lisboa, mora com a familia em Pedroucos, e depois na Avenida Dom Carlos I, numero 109, 3 esquerdo. Na capital portuguesa, nasce Joao Maria, quarto filho do segundo casamento da mae de Pessoa. Viaja novamente com a familia a ilha Terceira, nos Acores, onde vive com a familia materna. Deslocam-se tambem a Tavira para visitar os parentes da familia paterna. Nessa epoca, escreve o poema, Quando ela passa.

Ao ter que dividir a atencao da mae com os irmaos (filhos do novo casamento) e com o Padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propicia momentos de refexao, podera ter sido nesses momentos que comecou a imaginar a criacao dos seus poemas mais conhecidos e a ter os pensamentos filosoficos que tinha e se tornaram mais tardes publicos.

Tendo recebido uma educacao britanica, que lhe propicionou um profundo contacto com a lingua inglesa , os seus primeiros textos e estudos foram em ingles. Mantem contacto com a literatura inglesa atraves de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros. O ingles esteve sempre presente na vida de Fernando Pessoa desde da partida para a Africa do Sul, com destaque e enorme importancia na sua vida, trabalhando com o idioma, mais tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa,alem de o utilizar em alguns dos seus textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como o Corvo e Annabel Lee de Edgar Allan Poe. Com excepcao de Mensagem, os unicos livros publicados em vida sao os das colectanias dos seus poemas ingleses, Antinous e 35 sonets e English Poems-I, II, III editados em Lisboa em 1918 e 1921.

Fernando Pessoa permanece em Lisboa, enquanto todos, mae, padrasto, irmaos e criada Paciencia, que viera com eles regressam a Durban. Volta depois sozinho para a Africa do Sul no vapor Herzog. Matricula-se no Durban Commercial School, escola comercial de ensino nocturno, enquanto de dia estuda as disciplinas de Humanisticas para entrar na universidade. Nesse periodo, tenta escrever contos em ingles, alguns dos quais com o pseudonimo de David Merrick que deixa ficar inacabados. Em 1903, candadita-se a Universidade do Cabo da Boa Esperanca. Na prova de exame de admissao, nao obtem uma boa nota de qualificacao, mas tira a melhor nota entre 899 candidatos no ensaio e estilo ingles. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize(<< Premio Rainha Victoria >>). Um ano depois, ingressa novamente na Durban High School, onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitario, lendo classicos ingleses e latinos. Escreve novamente poesia e prosa em ingles, surgindo mais uma vez novos heteronimos, desta vez sao Charles Robert Anon e H.M.F.Lecher. No mesmo periodo nasce a sua irma Maria Clara. Publica entao tambem no jornal do liceu um ensaio critico intitulado Macaulay. Por fim, encerra os seus bens sucedidos estudos na Africa do Sul com o << Intermediate Examination In Arts >> na Universidade, obtendo uma boa qualificacao.

Deixando a familia familia em Durban, regressa, desta vez definitivamente a capital portuguesa, sozinho em 1905. Passa entao a viver com a avo Dionisia e as duas tias na Rua da Bela Vista, numero 17. A mae e o padrasto regressam tambem a Lisboa, durante um periodo de ferias de um ano, Pessoa volta a morar com eles. Continua tambem a producao de poemas em ingles e, em 1906, matricula-se no Curso Superior de Letras (Actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona pouco depois ainda sem sequer completar o primeiro ano do curso. E nesta altura que entra em contacto com importantes escritores portugueses. Interessa-se pela obra de Cesario Verde e pelos sermoes do padre Antonio Vieira.

  Em Agosto de 1907, morre sua avo Dionisia, deixando-lhe uma pequena heranca com a qual resolve montar uma pequena tipografia, na Rua da Conceicao da Gloria, no numero 38-4, sob o nome de << Empreza Ibis - Typographica e Editora-Officinas a vapor>> que rapidamente vai a falencia. A partir de 1908, dedica-se a traducao de correspondencia comercial, uma ocupacao que poderiamos dar o nome de " correspondente estrangeiro". Nessa actividade trabalha a vida toda, tendo de facto uma modesta vida publica.

Inicia a sua actividade de ensaista e critico literario com o artigo << A Nova Poesia Portuguesa  Sociologicamente Considerada >>, a que se seguiram << Reincidindo...>> e << A Nova Poesia Portuguesa No Seu Aspecto Psicologico >> publicadas em 1912 pela revista Aguia, o orgao da renascenca portuguesa. Frequenta a tertulia literaria que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general aposentado Henrique Rosa, no cafe a Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, ja nos anos vinte, o seu cafe preferido seria o Martinho da Arcada, na Praca do Comercio, onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores. Em 1915, participou na revista literaria Orpheu, a qual viria a lancar o movimento modernista em Portugal, causando algum escandalo e muita controversia. Esta revista viria a publicar apenas dois numeros, nos quais Pessoa publicou no seu nome, bem como com o heteronimo Alvaro de Campos. No segundo numero do Orpheu, Pessoa assume a direccao da revista, juntamente com Mario de Sa-Carneiro.

Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plastico Rui Vaz, Fernando Pessoa lancou a revista Athena, na qual fixou o << drama em gente >> dos seus famosos heteronimos, publicando a poesia dos poemas de Ricardo Reis, Alvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortonimo Fernando Pessoa. Fernando Pessoa foi internado a 29 de Novembro de 1935, no Hospital de Sao Luis dos Franceses em Lisboa com diagonostico certamente reservado de " colica hepatica ", causada por calculo biliar associado a cirrosse hepatica, diagonostico que hoje e contestado por alguns medicos, embora o excessivo consumo de alcool ao longo da sua vida seja consensualmente considerado como sendo um importante factor casual. Segundo um desses estudos, Pessoa  nao revelava alguns dos sintomas mais tipicos da cirrosse hepatica, sendo assim provavelmente sido vitima de uma pancreatite aguda. Morreu no dia 30 de Novembro, com 47 anos de idade, talvez com muito ainda por escrever ou dizer. Sua ultima frase foi escrita na cama do hospital, em ingles, com data de 29 de Novembro de 1935, " I know not what tomorroy will bring "  ("Nao sei o que o amanha trara"). Na comemoracao do centenario do nascimento de Pessoa, em 1988 seu corpo foi transladado para o Mosteiro dos Jeronimos, confirmando o reconhecimento que o mesmo nao conseguiu ter em vida

Fernando Pessoa tinha um certo interesse pelo ocultismo e pelo mistico, com destaque para a Maconaria e a Rosa-Cruz (embora nao se lhe conheca qualquer filiacao concreta em Loja ou Fraternidade dessas escolas de pensamento) , havendo inclusivamente defendido publicamente as organizacoes iniciaticas no Diario de Lisboa (4 de Fevereiro de 1935), contra a ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermetico mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo, intitula-se "No tumulo de Chirstian Rosenkreutiz". Tinha o habito de fazer consultas astrologicas para si mesmo (de acordo com a certidao de nascimento, nasceu as 15.20, tinha ascendente de Escorpiao e o sol em Gemeos). Realizou mais de mil horoscopos.

Apreciava tambem o trabalho do famoso ocultista Aleister Crowley, tendo inclusive traduzido o poema Hino a Pa. Certa vez, lendo uma publicacao inglesa de Crowley, encontrou erros no horoscopo e escreveu-lhe para o corrigir. Os seus profundos conhecimentos de astrologia impressionaram Crowley, como este gostava de viagens, foi a Portugal conhecer o poeta. Acompanhou-o a maga alema Miss Hanni Larisa Jaeger. O encontro entre Pessoa e Crowley ocorreu com algum sensacionalismo, dado o Ocultista e Poeta ingles ter simulado o seu suicidio na Boca do Inferno, o que atraiu varias policias europeias e a atencao dos media da epoca. Pessoa estaria por dentro da encenacao, tendo combinado com Crowley a notificacao dos jormais e a redaccao de um "Romance policiario"  cujos os direitos revertiriam a favor dos dois poetas. Apesar de ter ainda escrito dezenas de paginas, essa obra de ficcao nunca foi concretizada. Ficha pessoal tambem referida como nota autobiografica, intitulada no original "Fernando Pessoa" dactilografada e assinada pelo Escritor em 30 de Marco de 1935 (em algumas edicoes esta 1933 por lapso). Publicada pela primeira vez em, muito incompleta, como introducao ao poema A memoria do Presidente-Rei Sidonio Pais, editado pela Editorial imperio em 1940. Publicada em versao integral em Fernando Pessoa no seu tempo, Biblioteca Nacional, 1988, PP 17-22.

Fernando Pessoa Nome Completo: Fernando Antonio Nogueira Pessoa.
Idade e Naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Martires, no predio numero 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directorio) em 13 de Junho de 1888.
Filiacao: Filho legitimo de Joaquim Seabra Pessoa e de Dona Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do General Joaquim Antonio de Araujo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de Dona Dionisia Seabra; neto materno do conselheiro Luis Antonio Nogueira, jurisconsulto e Director Geral do Ministerio do Reino, e de Dona Madalena Xavier Pinheiro. Ascendencia geral misto de fidalgos e judeus.
Estado Civil: Solteiro.
Profissao: A designacao mais propria sera "tradutor" , a mais exacta a de "correspondente estrangeiro" em casas comerciais o ser Poeta e Escritor nao constitui profissao mas vocacaoMorada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1 Dto. Lisboa . (Endereco postal - Caixa Postal 147, Lisboa) Funcoes sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos publicos, ou funcoes de destaque, nenhumas.
Obras que tem publicado: A obra esta essencialmente dispersa, por enquanto, por varias revistas e publicacoes ocasionais. E o seguinte o que, de livros ou folhetos, considera como valido: " 35 Sonnets" (em ingles), 1918; "English Poems I-II" e "English Poems III" (em ingles tambem), 1922; livro "Mensagem", 1934, premiado pelo "Secretariado de Propaganda Nacional" na categoria Poema. O folheto "O interregno" publicado em 1928 e constituido por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como nao existente. Ha que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.
Educacao: Em virtude de, falecido seu Pai em 1893, sua mae ter casado, em 1895, em segundas nupcias, com o Comandante  Joao Miguel Rosa, Consul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o premio Rainha Victoria de estilo ingles na Universidade do Cabo da Boa Esperanca em 1903, no exame de admissao, aos 15 anos.
Ideologia Politica: Considero que o sistema monarquico seria mais proprio para uma nacao organicamente imperial como e Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia inviavel em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela Republica. Conservador do estilo ingles, isto e, liberal dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reacionario.
Posicao Religiosa: Cristao gnostico e portanto inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas e, sobretudo, a Igreja Catolica. Fiel, por motivos que mais adiante estao implicitos, a Tradicao Secreta do Cristianismo, que tem intimas relacoes com a Tradicao Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com essencia oculta da Maconaria. Posicao Iniciatica: Iniciado, por comunicacao direta de Mestre a Discipulo, nos tres graus menores, da Ordem dos Templarios de Portugal.
Posicao Patriotica: Partidario de um nacionalismo mistico, de onde seja abolida toda a infiltracao catolica-romana criando-se, se possivel for , um sebastianismo novo que a substitua espiritualmente, se e que no catolicismo portugues  houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade, nada contra a Nacao".
Posicao Social: Anti-comunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.
Resumo de estas ultimas consideracoes: Ter sempre na memoria o martir Jacques de Molay, Grao-Mestre dos Templarios, e combater sempre e em toda a parte, os seus tres assassinos- a ignorancia, o Fanatismo e a Tirania.

Lisboa, 30 de Marco de 1935.

Fernando Pessoa [assinatura autografa]

Fonte: Copia do original dactilografado e assinado existente na Coleccao do Arquiteto Fernando Tavora.

Foi-me bem mais facil pesquisar e escrever sobre Fernando Pessoa do que falar e escrever sobre Luis de Camoes, afinal entre a morte do segundo e o nascimento do primeiro passaram mais de tres seculos, com tantas incertezas e duvidas sobre Camoes afirmar algo que seja sobre o mesmo torna-sse delicado e arriscado. Quanto a Fernando Pessoa termino o trabalho acerca do mesmo grande Poeta descrevendo os seus heteronimos mais conhecidos (nao confundir heteronimos com pseudonimos), Alvaro Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares.

 Alvaro Campos, entre  todos os heteronimos, Campos foi o unico a manifestar fases poeticas diferentes ao longo da sua obra. Era um engenheiro de educacao inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensacao de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo.

Comeca a sua trajectoria com um decantista (influenciado pelo simbolismo) mas logo adere ao futurismo. Apos uma serie de desilusoes com a existencia, assume uma veia niilista, expressa naquele que e considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da literatura portuguesa, Tabacaria. E revoltado, critico e faz a apologia da velocidade e da vida moderna, com uma linguagem livre e radical (penso que talvez pouco usual e comum para a epoca).

 Ricardo Reis Ricardo Reis, o seu heteronimo e descrito como sendo um medico que se definia como latinista e monarquico. De certa maneira, simboliza a heranca classica na literatura ocidental expressa na simetria, na harmonia e num certo bucolismo, com elementos epicuristas e estoicos. O fim inexoravel de todos os seres vivos e uma constante na sua obra, classica, depurada e disciplinada. Faz isso da Mitologia nao-crista.

Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto a proclamacao da Republica em Portugal e nao se sabe ao certo o ano da sua morte. Em o ano da morte de Ricardo Reis, Jose Saramago continua numa perpectiva pessoal, o universo desse heteronimo apos a morte de Fernando Pessoa, cujo fantasma estabelece um dialogo com o seu heteronimo, sobrevivente ao criador.

Antonio Caeiro Por sua vez, Caeiro, nascido em Lisboa, teria vivido quase toda a sua vida como um campones, quase sem estudos formais. Teve apenas a instrucao primaria, mas e considerado como o mestre entre os heteronimos (pelo ortonimo). Depois da morte do seu pai e da mae, permaneceu em casa com uma tia-avo, vivendo de modestos rendimentos (talvez se queira dizer em quase extrema pobreza) e morreu de tuberculose. Tambem e conhecido como o poeta-filosofo, mas rejeitava sempre esse mesmo titulo chegando a pregar uma "nao filosofia". Acreditava que os seres simplesmente sao, e nada mais. Irritava-se com a metafisica e qualquer outro tipo de simbologia para a vida. Os escritores pessoanos que versam sobre a caracterizacao dos heteronimos, "Pessoa-ele-mesmo", Alvaro de Campos, Ricardo Reis e o meio heteronimo Bernardo Soares, conferem a Alberto Caeiro um papel quase mistico, enquanto Poeta e Pensador, Reis e Soares chegam a compara-lo ao Deus Pa, e Pessoa esboca-lhe um horoscopo no qual lhe atribui o signo de Leao, associado ao elemento fogo. A relevancia destas alusoes advem de explicacao de Fernando Pessoa sobre o papel de Caeiro no escopo heteronimia. Citando mesmo a actuacao dos quatro elementos da astrologia sobre a personalidade dos individuos, Pessoa escreve. " Uns agem sbre homens como fogo, que queima nele todo o acidental, e os deixa nus e reais, proprios e veridicos, e esses sao os libertadores Caeiro e dessa raca, Caeiro teve essa forca."

Dos principais heteronimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o unico a nao escrever em prosa. Alegando ele que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.

Possuia uma linguagem estetica direta, concreta e simples mas, ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo. O seu ideario, resume-se no verso ha metafisica bastante em nao pensar em nada. A sua obra esta agrupada na colectania de Alberto Caeiro.

Bernardo Soares e, dentro da ficcao do seu proprio Livro do desassossego, um simples e mero ajudante de guarda livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto frequentada por ambos. Foi ai que Bernardo deu a ler a Fernando o seu livro, que, mesmo escrito em forma de fragmentos e considerado uma das obras fundadoras da ficcao portuguesa no seculo XX. Bernardo Soares e muitas vezes considerado um semi-heteronimo porque, como seu proprio criador explica:

"Nao sendo personalidade a minha, e, nao diferente da minha, mas uma simples mutilacao dela sou eu mesmo o raciocinio e afectividade."

  A instancia da ficcao que se desenvolve no livro e insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem factos", como o proprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa mesma forma o que interessa em sua prosa fragmentaria e a dramaticidade dos reflexos humanos que vem a tona na insistencia de uma escrita que se reconhece inviavel, inutil e imperfeita, a beira do tedio, do tragico e da propria indiferenca estetica. O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotacoes pessoais) Bernardo Soares como sendo um semi heteronimo ganha em complexidade e Pessoa logra o exito da construcao de si mesmo como o mais instigante mito literario portugues na Modernidade.
 

Ao escrever abertamente apenas sobre estes quatro escritores portugueses nao estou de modo algum a querer ignorar o nome ou a obra de mais algum que merecia ser referido mas a verdade e que nao se pode estar a referir todos seria extensivo e por mais que tentasse para alguns iria ficar sempre um ou outro a ficar sempre caido no esquecimento, o facto de nao falar abertamente do nosso premio nobel da literatura nao quer dizer que de modo algum o esteja a esquecer ou ignorar, Jose Saramago, fosse ateu, comunista ou qualquer outra coisa mais complexa, era acima de tudo portugues.

Quem tem escritores e poetas como Eca de Queiros, Camilo Castelo Branco, Luis de Camoes e Fernando Pessoa nao tem que sentir qualquer tipo de receio de se orgulhar da literatura portuguesa, estes quatro foram os que escolhim falar mas poderia falar de muitos outros. Poderia falar mais abertamente de Bocage o Poeta Sadino personalidade emblematica e um verdadeiro simbolo da cidade de Setubal, Almeida Garret, Antero de Quental, Manuel Alegre, Gil Vicente, Alexandre O'Neil, Antonio Lobo Antunes, Miguel Torga, Antonio Nobre, Cesario Verde, Antonio Ramos Rosa, Eugenio de Andrade. Os poetas das cancoes Ary dos Santos, Pedro Homem de Mello ou David Mourao-Ferreira, que escreveram grandes temas para a diva do Fado Amalia Rodrigues. As poetisas e isto porque as senhoras tambem merecem ser lembradas e desta vez a representa-las e muito bem estao Florbela Espanca e Sophia Mello e Breyner de Andersen (esta tinha origem paterna dinamarquesa e para quem nao sabe so em titulo de curiosidade e mae do conhecido Jornalista,Ccronista, Comentador e Escritor Miguel Sousa Tavares), poderia falar mais acerca destes e de muitos outros (as). Os escritores da velha guarda como Aquilino Ribeiro, Julio Dinis, Fernando Namora, Almeida Negreiros e Alvaro Manuel Machado. Mais recentemente Jacinto de almeida Garret Lucas Pires, Miguel Esteves Cardoso, Jose Rodrigues dos Santos (por alguns comparado com Dan Brown), Miguel Sousa Tavares ou de Tiago Rebelo. Volto a referir que gostaria de escrever sobre outros muitos outros mas quem esta servido de escritores assim nao que se queixar da literatura portuguesa nao estar bem defendida universalmente.

Podemos nao ter de facto actualmente nenhum Poeta nem Escritor tao bem reconhecido internacionalmente como os grandes escritores da literatura russa universalmente uma das mais bem conhecidas do mundo muito bem representada com nomes como, Alexander Pushkin, Alexander Soljenitsin, Maximo Gorki, Vladimir Maiakovski, Isaac Babel, Ivan Turgueniev, Fiodor Dostoievski, Nicolai Gogol, Leon Tolstoi, Anton Tchekhov, Mikail Lemontov, Boris Pasternak ou Mikhail Sholokov, sao apenas um exemplo entre muitos outros mesmo continuando a falar dos escritores da terras dos antigos Czares.

 Pode-sse ainda falar de um Gabriel Garcia Marquez, um bem conhecido por toda a polemica que causou uma das suas obras levando que o mesmo fosse condenado a morte passando a viver no anonimato e exilado Salman Rushdie para alguns era ainda um Escritor desconhecido antes da publicacao dos "Versiculos Satanicos", dos famosos franceses, Victor Hugo, julio Verme, Alexandre Dumas (pai), Alexandre Dumas (filho), Emile Zola. Os ingleses Willians Skakespeare a sua obra Romeu e Julieta ao falar de um amor tragico que levou a morte os seus principais intervenientes faz-me lembrar a historia real do amor entre D Pedro e Ines de Castro, os poetas Lord Bryon e o irlandes Oscar Wilde e por fim Arthur conan Doyle e o seu famoso personagem Sherlock Holmes. Os famosos escritores americanos da chamada geracao perdida como John Steinbeck ou F Scott Fitzgerald. Sem esquecer o ainda americano M Thompson com a sua famosa obra, conciencia de medico, um livro maravilhoso da mesma qualidade e nada fica a dever a um, Doutor Jivago do ja referido Boris Pasternak, Doutor Fausto do alemao  Thomas Mann, em certo pontos faz-me lembrar tambem a qualidade do livro bem portugues, Retalhos da vida de um medico, nao estao esquecidos assim tambem lembrado pode ser Milan Kundera, Pablo Neruda ou Miguel de Cervantes y Saavedra.

Falei sobre estes escritores, digo novamente que poderia escrever sobre muitos mais. Posso dizer que penso que estes ou outros nao estao acima do nivel dos melhores portugueses, lamentavelmente acho que o mal dos portugueses e por vezes dar mais valor ao que vem de fora do que aquilo que e nosso. Acho igualmente que so temos perdido com isso colocando as vezes no esquecimento e anonimato os nossos talentos e valores, termino o tema literatura por aqui para terminar em grande escolhim dois videos para postar onde estao dois daqueles que considero ser dos nossos melhores poemas , Pedra filosofal de Antonio Gedeao e Perdidamente de Florbela Espanca.  
                                                                                                                  
 
 
Nao se pode falar sobre a cultura de um povo sem se falar do seu passado mesmo o mais remoto, da sua historia, mais dificil ainda e falar sobre a cultura de um povo e esquecero as suas tradicoes, a literatura e tambem porque nao as suas raizes musicais. Falar das raizes da Musica Portuguesa sem se falar de Fado penso que e quase uma tarefa impossivel.
 
 
 
 
   
O Fado e um estilo musical bem portuges. Geralmente cantado por uma pessoa (Fadista) e acompanhado por uma guitarra classica (que nos meios fadistas e denominada por viola) e acompanhado por uma guitarra portuguesa. O Fado foi honrosamente elevado a categoria do Patrimonio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO numa declaracao aprovado no VI comite inter governamenta dessa organizacao internacional, realizada em Bale, na Indonesia, entre 22 e 29 de Novembro de 2011.

A palavra Fado e derivado do latim vem da palavra  fatum, ou seja, "destino" e a mesma palavra que deu origem as palavras, fada, fadario, e "correr o Fado".

Uma explicacao popular para a origem do Fado de Lisboa remete para o cantico dos Mouros que permaneceram no popular Bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa apos a reconquista Crista. A dolencia e a melancolia, tao comuns no Fado e tao facil de se notar ao ouvir o mesmo com profunda atencao (penso que e preciso um certo sentimento de tristeza para se entender o Fado ou pelo menos para descreve-lo, mas certamente muitos apreciadores do Fado ao definir o mesmo numa so palavra seria, tristeza, ou algum significado da mesma) teriam sido herdadas desses mesmos cantos. No entanto tal explicacao e ingenua de uma perspectiva etmomusicologica. Nao existem de facto registos do Fado ate ao inicio do seculo XIX  pelo que tambem nao a registos que possam comprovar tal explicacao popular, nem sequer era conhecido no Algarve, ultimo reduto dos arabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os arabes permaneceram ate finais do seculo XV. Uma teoria portanto pouco credivel embora nao de todo.

Numa outra teoria, tambem nao completamente provada, a origem do Fado parece desapontar da imensa e enorme popularidade nos seculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua sintese popular com outros generos afins, como o Lundu. No essencial, a verdadeira origem do Fado ainda e desconhecida, nenhuma teoria consegue mostrar-se inteiramente como verdadeira, mas certo e, que surge de um caldo de culturas presentes em Lisboa pelo que embora nao se conheca a verdadeira historia do seu aparecimento e conhecida de facto os locais onde o mesmo foi realizado, sendo tambem por isso considerada como que uma cancao urbana.

Porem no entanto o Fado so passou a ser conhecido depois de 1840, nas ruas de Lisboa. Nessa mesma epoca so o Fado do Marinheiro era conhecido, e era, tal como as cantigas de levantar ferro, as cantigas das fainas, ou a cantiga do degredado, cantado tradicionalmente pelos marinheiros na proa do navio. E esse Fado o mais antigo de que se tem conhecimento, e esse mesmo Fado que se vai tornar o modelo de todos os outros generos de Fado que mais tarde foram surgindo como o Fado corrido que surgiu a seguir e depois deste ainda o Fado da Cotovia. E com o Fado como nao podia deixar de ser foram surgindo os fadistas, com seus modos caracteristicos de se vestirem, as suas atitudes nao convencionais, desafiadoras por vezes, que se viam em frequentes contendas com grupos rivais. Um fadista ou um faia, de 1840 seria facilmente reconhecido pela sua maneira propria de se trajar lancando assim talvez uma nova moda que foi seguida talvez por pessoas que ja nao pertenciam ao meio de se cantar o Fado.

"Usava um bone de oleado com tampo largo, e a pala de polimento, ou um bone direito feitio com os dos guardas municipais, com uma fita preta formando um laco ao lado, jaqueta de ganga ou jaqueta de alamares".

" O seu penteado consistia em trazer o cabelo cortado do meio da cabeca para tras, mas comprido para diante, de maneira que se formasse melenas ou belezas, empastadas sobre a testa".

Na primeira metade do seculo XX , ja em Portugal, o Fado foi adquirindo grande riqueza melodica e complexidade ritmica, ficando mais literario e mais artistico. Os habituais versos poulares ate entao sao substituidos por versos mais elaborados e comecam-se a ouvir-se as decimas, as quintilhas, as sextilhas, os alexandrinos e os decassilabos.

Durante a primeira metade do seculo XX nas decadas de 30 e 40, o cinema, o teatro e a radio vao projectar esta cancao para o grande publico tornando-a de alguma forma mais comercial. A figura do fadista nasce como artista. Esta foi entao a epoca de ouro do Fado onde tocadores, cantadores saem das vielas, becos e recantos escondidos para brilharem nos palcos dos grandes teatros, nas luzes do cinema, para serem ouvidos na radio ou em discos.

Surgem entao as primeiras Casas de Fado e com elas o lancamento do artista do Fado profissional. Para se poder cantar nestas casas eram necessario uma carteira profissional e um reportorio visado, aceite e aprovado pela Comissao de censura (gerida pela PIDE), bem como um estilo proprio e uma boa aparencia. Estas casas nao eram simples tascas ou tabernas eram de um nivel mais elevado, as mesmas proporcionavam tambem um optimo e agradavel ambiente de convivio que comecam a ser frequentadas por gente culta e nobre onde comecam a aparecer os letristas, compositores e mais interpretes.

Ja em meados do seculo XX o Fado iniciou a sua tiunfante conquista pelo mundo, tornando-se tambem igualmente muito famoso fora de Portugal sendo ainda hoje uma marca de referencia do mesmo e por vezes usado em roteiros turisticos para atrair os turistas estrangeiros a uma visita a Portugal.

Os artistas que cantavam o Fado trajavam de negro (um costume e tradicao que alguns fadistas ainda cumprem religiosamente). E no silencio da noite, com o misterio que a envolve, que se deve ouvir, com uma "alma que sabe escutar" esta cancao que nos fala de sentimentos profundos da alma portuguesa. E este o Fado que faz chorar as guitarras...

O Fado canta o sofrimento, a saudade dos tempos passados, a nostalgia, a saudade de um amor perdido, a tragedia, a desgraca, a sina e o destino, a dor, amor, paixao e ciume, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as miserias da vida, critica a sociadade... Em contraste com o conteudo melancolico, o compasso do Fado transmite um humor animador e possivelmente este contraste contribue a fascinacao do Fado.

Na segunda metade do seculo XIX surge entao em Lisboa embalado na onda das correntes do romantismo da epoca, uma melopeia que tanto exprimia o sentimento de tristeza unanime de um povo e a desilusao da gente desse mesmo povo para com o ambiente instavel em que se vivia, como por outro lado mais positivo e menos negro abria farois de esperanca sobre o quotidiano das gentes mais desfavorecidas e, mais tarde, penetrava nos saloes da aristocracia, tornando-se rapidamente uma expressao musical nacional.

A sua origem acaba por ser de todo incerta mas nao e uma importacao mas antes uma criacao que surge de uma mistura cultural que ocorreu em Lisboa.

O museologo Rui Viera Nery, considera que a historia do Fado tem um inicio bem longe de Lisboa mas o investigador Paulo Caldeira mostra mais acuidade com as afirmacoes ao demostrar que o Fado comecocu por ser cantado nas chamadas "Casas de Fado", em zonas como Alfama, Castelo, Mouraria, Bairro Alto e Madragoa (portanto nas zonas de Lisboa onde hoje o Fado ainda e mais popular) e as suas origens boemias e ordinarias, baseadas nas tabernas e bordeis, nos ambientes de orgia e violencia dos bairros mais pobres e violentos da capital, tornavam o Fado condenavel e reprovavel aos olhos sobretudo da Igreja, que desde de cedo tentou com insistencia mas sem o exito pretendido impedir a evolucao de tal movimento, fracassando nos seus objectivos.

Porem, e com a penetracao da fidalguia nos bairros do castelo, com a presenca constante de cavalheiros e mesmo fidalgos titulares, que o Fado se torna presenca nos pianos dos saloes aristocraticos. Tais nobres que se aventuravam naquele ambiente bairrista foram traduzindo as melodias da guitarra para as pautas das damas da sociadade, que ate ali so investiam nas modinhas. Tal investidura levou a que o Fado ao passar de 1880, se tornasse assiduo dos saloes nobres.

Com a chegada das guerras civis da primeira metade do seculo passado um clima de inseguranca envolveu as vicissitudes, a vida parlamentar e politica, despertando na voz popular a adessao maior ao Fado e ao regozijo que este lhes trazia.

As tabernas, primordialmente, eram o palco de encontros de fidalgos, artistas, trabalhadores do campo, poupulares e estrangeiros que se reuniam em noites de Fado Vadio, o Fado nao profissional, certamente entre conversas, petiscos e copos de vinho.

A primeira cantadeira de Fado que se tem conhecimento foi Maria Severa Onofriana que cantava e tocava guitarra nas ruas da Mouraria, especialmente na Rua do Capelao. Era amante do conde de Vimioso e o romance entre ambos ou o seu amor proibido e tema de inspiracao para varios Fados. 

Mas e com o inicio do seculo XX  que nasce Ercilia Costa, uma fadista quase esquecida pelas vicissitudes do seu tempo, foi no entanto a primeira fadista com projeccao internacional e a primeira a galgar fronteiras de Portugal, tentando a sorte mais alem.

Os temas mais cantados no Fado sao a saudade, a nostalgia, o ciume, as pequenas historias do quotidiano dos bairros tipicos e as lides de touros. Eram estes alguns dos temas permitidos pela ditadura de Salazar, que entre outros mais permitia tambem o Fado tragico, de ciume e paixao resolvidos de forma violenta, com sangue e arrependimento. Letras que falassem de problemas sociais, politicos ou quejandos eram reprimidos pela censura.

Deste Fado "classico" sao expoentes mais recentes Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Maria Amelia Proenca, Berta Cardoso, Maria Teresa de Noronha, Herminia Silva, Fernando Farinha, Fernando Mauricio, Lucilia do Carmo, Manuel de Almeida, entre outros.

O Fado "moderno", iniciou-se e teve o seu apogeu com Amalia Rodrigues. Foi ela quem popularizou Fados com letras de grandes poetas como Luis de Camoes, Jose Regio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O'Neill, David Mourao-Ferreira, Jose Carlos Ary dos Santos e outros no que foi seguida por outros fadistas como Joao Ferreira Rosa, Teresa Tarouca, Carlos do Carmo, Beatriz da Conceicao, Maria da Fe ou Misia. Tambem Joao Braga tem o seu nome bem marcado na historia da renovacao do Fado pela qualidade tao evidente dos poemas que canta e pela musica, dos autores ja citados e de Fernando Pessoa, Antonio Botto, Afonso Lopes Vieira, Sophia Mello Breyner Andresen, Miguel Torga, Manuel Alegre e por ter sido mentor de uma nova geracao de fadista recheada de novos talentos, prova de que o Fado nao esta morto nem esquecido pelo contrario continua bem vivo e com saude para durar. Acompanhando a preocupacao com as letras, foram introduzidas novas formas de acompanhamento e musicas de grandes compositores. Com Amalia entre outros e justo dar um destaque para Alain Oulman (um papel determinante na modernizacao do suporte musical do Fado), mas tambem Frederico de Freitas, Frederico Valerio, Jose Fontes Rocha, Alberto Janes, Carlos Goncalves.

Quase certo como tendo nascido em Lisboa o Fado tornou-se rapidamente um fenonemo musical demasiado grande para ficar na Capital tornando-se assim uma cancao nacional que hoje e conhecido por ser (muitas vezes) acompanhado por violino, violoncelo e ate ja por uma orquestra, mas nao dispensa a companhia da sonoridade de uma guitarra portuguesa, de que houve e ainda ha excelentes executantes, como Armandinho,  Jose Nunes, Jaime Santos, Raul Nery, Jose Fontes Rocha, Carlos Goncalves, Pedro Caldeira Cabral, Jose Luis Nobre Costa, Ricardo Parreira ou Ricardo Rocha. Tambem a viola e indespensavel na musica fadista e ha nomes encontornaveis como Alfredo Mendes, Martinho d'Assuncao, Julio Gomes, Jose Inacio, Francisco Perez Andion, o Paqquito, Jaime Santos Jr, Carlos Manuel Proenca. Obrigatorio e de alguma forma mencionar um virtuoso da guitarra classica que se especializou em viola de Fado, Artur Caldeira, e o expoente maximo da "escola antiga" o viola-baixo de Fado, Joel Pina, o "Professor".

Actualmente muitos jovens - Dulce Pontes, Cuca Roseta, Marco Rodrigues, Ana Moura, Carminho, Rodrigo Costa Felix, Raquel Tavares, Helder Moutinho Maria Ana Bobone, Mariza, Yolanda Soares, Joana Amendoeira, Mafalda Arnauth, Miguel Capucho, Ana Sofia Varela, Marco Oliveira, Katia Guerreiro, Luisa Rocha, Camane, Aldina Duarte, Goncalo Salgueiro, Diamantina, Ricardo Ribeiro, Cristina Branco, Antonio Zambujo - juntaram os seus nomes aos dos consagrados ainda vivos e estao dando um folego incrivel a esta cancao urbana.

O Fado dito "tipico" e hoje em dia cantado principalmente para turistas, nas "Casas de Fado" e com acompanhamento tradicional. As mais tradicionais Casas de Fado encontram-se nos bairros tipicos de Lisboa, Alfama, Mouraria, Bairro Alto e Madragoa. Mantem as caracteristicas dos primordios: O cantar com tristeza na alma e com sentimentos de magoas passadas e presentes. Mas tambem pode contar uma historia divertida com ironia ou proporcionar um despique entre dois cantadores, muitas vezes improvisando os versos comecando assim o cantar a desgarrada.

No dia 27 de Novembro de 2011, a UNESCO declarou o Fado Patrimonio Imaterial da Humanidade. A candidatura apresentada pela delegacao portuguesa foi aceite, em Bali, durante o VI comite intergovernamental desta organizacao da ONU.

Ate ao 25 de Abril o Fado era a alma nacional, era como se costuma dizer o "opio do povo", o Fado era a cancao do momento que representava as tristezas e angustias da alma portuguesa e a queda para o fatalismo. Quando se deu o 25 de Abril de 1974 apareceram as novas modas nas quais estaam as cancoes de intervencao que ao invem do fatalismo apelavam a esperanca de um povo oprimido e crenca na liberdade e estas tiveram uma adesao imediata por parte da populacao surgindo-nos personalidades como Adriano Correia de Oliveira, Jose Afonso mais conhecido por Zeca Afonso, Luis Cilia, Manuel Freire, Jose Mario Branco, Jose Barata Moura, Sergio Godinho, Carlos Alberto Moniz, Maria do Amparo, Teresa Paula Brito, Fausto, Carlos Paredes e muitos outros e o Fado e marginalizado, e posto a margem, afastado, e retirado do pedestral e ate injustamente um pouco desvalorizado para dar lugar as cancoes que exaltam a esperanca e anseiam pela liberdade que eram cantadas tanto pelos cantores e fadistas em Lisboa como em Coimbra.

Muito ligado as tradicoes academicas num amor ja de longa data da respectiva Universidade, o Fado de Coimbra tem as suas origens nos estudantes de todo o pais que levavam consigo as guitarras para Coimbra e, como ainda hoje se assiste e exclusivamente cantado por homens e tanto cantores como musicos usam o traje academico: calcas e batina pretas, cobertas por capas de fazenda de la igualmente preta. Canta-se a noite, quase as escuras, em pracas ou ruas da cidade. O local mais tipico e na Praca junto ao Mosteiro da Se Velha. Tambem e tradicional organizar serentas, em que se canta junto a janela da casa da dama que se pretende conquistar.

O Fado de Coimbra e acompanhado igualmente por uma guitarra portuguesa e uma guitarra classica (tambem aqui chamada "Viola"). No entanto, a afinacao e sonoridade  da guitarra portuguesa sao, em Coimbra, diferentes das do Fado de Lisboa na medida em que as cordas sao afinadas um tom abaixo, e a tecnica de execucao e diferente por forma a projetar o som do instrumento nos espacos exteriores, que sao o palco preveligiado desta cancao. Tambem igualmente a guitarra classica se deve afinar um tom abaixo. Esta afinacao pretende transmitir a musica uma sonoridade mais soturna, relativamente ao Fado de Lisboa.

Os temas mais conhecidos e glossados do Fado de Coimbra sao: os amores estudantis, o amor pela cidade, e outros temas relacionados com a condicao humana. Dos cantores ditos "classicos" destaques em particular para Augusto Hilario, Antonio Menano e Edmundo Bettencourt.

Na decada de 50 do seculo XX iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adoptar a balada e o folclore. Comecaram igualmente a cantar grandes poetas, classicos e contemporanios, como forma de resistencia a ditadura de Salazar. Nesse movimento destacaram-se nomes como Adriano Correia de Oliveira e Jose Afonso (Zeca Afonso) que tiveram um papel preponderante na autentica revolucao operada desde entao na Musica Popular Portuguesa.

No que respeita a guitarra portuguesa, Artur Paredes, revolucionou a afinacao e a forma de acompanhamento da cancao de Coimbra, associando o seu nome aos cantores mais progressistas e inovadores (Artur Paredes foi Pai de Carlos Paredes, que o seguiu e que ampliou de tal forma a versatilidade da guitarra portuguesa que a tornou um instrumento conhecido em todo o mundo).

Saudades de Coimbra ("Do Choupal ate a Lapa"), Balada da Despedida do 6º Ano Medico de 1958("Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida", os primeiros versos, sao de certa forma certamente mais conhecidos do que o titulo), O meu menino e d'oiro, Fado Hilario e Samaritana, sao algumas das mais conhecidas cancoes de Coimbra. A cancao mais conhecida e sem duvida Coimbra e uma licao, que teve um exito assinalavel em todo o mundo com titulos como Avril au Portugal ou April in Portugal, levada pelas maos e voz de Amalia Rodrigues aos quatro cantos do mundo. 

Categorizacao de Fados conhecidos:

. Fado Alcantara
. Fado Aristocratica - Iniciado por Maria Teresa de Noronha, e progredido por membros da sua familia.
. Fado Bailado
. Fado Bate
. Fado-Cancao
. Fado Castico - Fado tradicional dos bairros tipicos de Lisboa.
. Fado Corrido  - Caracterizado por ser um Fado alegre, desgarrado e dancavel.
. Fado Experimental
- Dentro do "Fado do milenio" atinge o seu auge com Misia.
- Dentro do "Fado Em Concerto" atinge o seu auge com Yolanda Soares.
. Fado Lopes
 . Fado Marcha Alfredo Marceneiro - Criado por Alfredo Marceneiro.
. Fado da Meia-noite - Criado por Felipe Pinto.
. Fado Menor - Caracterizado por ser um Fado melancolico, triste e saudoso
 .Fado Mouraria
. Fado Pintadinho
. Fado Tango - Criado por Joaquim Campos.
. Fado Tamanquinhas
. Fado Vadio - Fado nao-profissional.
. Raposodia de Fados - Justaposicao ou mescla de melodias (Fados) tradicionais ou populares.
. Fado Marialva - Caracterizado por ser um Fado alegre, referente a tradicao tauromaquica. - "Cavalo Ruco","Campinos do Ribatejo","Fado das Caldas".

Tive um enorme prazer em escrever sobre este tema em si no geral e antes de partir para falar de dois fadistas em particular de forma mais aberta, deixo aqui mais um video e por sua vez mais um Fado, cantado por alguem que nao e um verdadeiro fadista embora tenha eu a certeza que pode fazer as vozes de varios fadistas num so Fado, ele e chamado por muitos como o Senhor das vozes, criou ele proprio esta versao moderna deste Fado bem nosso como o mesmo proprio disse num outro video onde intrepreta esta versao ao vivo deste Fado bem nosso, Fado Portugues. Escolhim esta versao porque aprecio os Fados antigos cantados em versoes modernas, escolhim tambem Fernando Pereira como forma de homenagear o artista  e pessoa alem do seu trabalho ao colocar este video estou a dar o contributo de dar a conhecer o mesmo a quem ainda nao conhece o mesmo video, Fernando pereira foi dos primeiros artistas nacionais a actuar nos casinos de Las Vegas por exemplo e ainda dos artistas portugueses que actualmente da mais shows fora de Portugal.
                                                                                                                              
                                         
Amalia e sem duvida o expoente maximo do Fado em Portugal tantas vezes considerada ao lado de Maria Gallas como a melhor voz feminina de todos os tempos, a verdade e que Amalia espalhou a sua voz pelo mundo deu a conhecer ao mesmo ainda melhor a arte de se cantar o Fado. Antes de comecar a falar de Amalia sobre a sua carreira, os seus exitos e ate um pouco sobre a sua vida pessoal que ao que parece ela tanto queria que fosse algo reservado vou apresentar mais um video. Este e sem duvida um dos meus temas de eleicao de Amalia Rodrigues no entanto mais uma vez nao vou apresentar uma versao cantada pela mesma imagine-sse que para mostrar que ja nao sao apenas os portugueses a dar valor ao que e dos outros, agora mostro como os outros dao valor aquilo que e portugues, antes de fazer este trabalho ia la eu pensar que algum dia ia ver duas russas a cantar este Fado de Amalia mais tarde tambem muito cantado por Dulce Pontes. Assim se ve que ate mesmo os russos ja dao valor ao que e portugues algo que pode parecer inacreditavel para muitos. Gosto desta versao porque apesar do sotaque, ve-sse que a cantora esta bem dentro da letra e ve-sse que apesar de nao ser portuguesa consegue mostrar que canta com a alma, o sentimento, a tristeza que se sente quando se canta o Fado e ve-sse que o mesmo cantado tambem em Russo fica maravilhosamente bem.     
                                                
 
Amalia da Piedade Rodrigues (Lisboa, 23 de Julho de 1920 - Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa. Considerado o exemplo maximo do fado, considerada e aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes vozes do seculo XX. Esta sepultada no Panteao Nacional, entre os portugueses ilustres que numa ou outra area fizeram o seu nome entrar na historia e dignificaram muitas vezes o nome de Portugal alem fronteiras.

Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e por consequencia devido ao simbolismo que este genero musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em varios programas de televisao pelo mundo fora, onde nao so cantava Fados e outras musicas de tradicao popular portuguesa, como cancoes contemporaneas (iniciando o chamado Fado-cancao) e ate mesmo alguma musica de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, brasileira). Marcante contribuicao para a historia do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados. Teve ainda ao servico da sua voz a poesia de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporaneos ja anteriormente referidos David Mourao-Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre e Alexandre O'Neill.

Filha de Albertino de Jesus Rodrigues (Castelo Branco, 6 de Agosto de 1888 - 13 de Maio de 1962), um Musico, Sapateiro que para sustentar os quatro filhos e a mulher, Lucinda da Piedade Rebordao (Fundao, Sao Martinho, 2 de Maio de 1892 - Lisboa, Graca, 23 deNovembro de 1986), tentou a sua sorte em Lisboa como tantos outros na altura. Amalia nasceu a 1 de Julho de 1920, porem apenas foi registada dias depois, tendo no seu assento de nascimento como nascida as cinco horas de 23 de julho de 1920 , na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena, Amalia pretendia, no entanto, que o seu aniversario fosse celebrado a 1 de Julho ("no tempo das cerejas"), e dizia: "Talvez por ser essa altura do mes em que havia dinheiro para me comprarem os presentes". Catorze meses depois, o pai, nao tendo arranjado trabalho, volta com a familia para o Fundao. Amalia fica com os avos na capital.

A sua faceta de cantora cedo se revela. Amalia era muito timida, mas comeca a cantar para o avo e para os vizinhos, que lhe pediam. Na infancia e juventude, cantarolava tangos de Carlos Cardel e cancoes populares que ouvia e lhe pediam para cantar.

Aos 9 anos, a avo, analfabeta, manda Amalia para a escola, que tanto gostava de frequentar. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era costume frequente em casa de familias pobres. Escolhe entao o oficio de Bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos.

Aos 14 anos decide ir viver com os pais, que entretanto regressam a Lisboa. Mas a vida nao e tao boa como em casa dos avos. Amalia tinha que ajudar a mae e aguentar o irmao mais velho, autoritario. Trabalha como Bordadeira, Engomadeira e Tarefeira.

 Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e mais uma vez torna-se notada ainda que seja no momento completamente desconhecida mas devido ao especialissimo timbre de voz comeca a dar nas vistas. Integra a Marcha Popular de Alcantra (nas festividades de Santo Antonio de Lisboa) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amalia se inscreva numa prova para descoberta de talentos, chamado Concurso da Primavera, em que se disputava o titulo de Rainha do Fado. Amalia acabaria por nao participar, pois todas as outras concorrentes se recusavam a competir com ela.

Conhece entao nessa altura o futuro marido, Francisco da Cruz (c.1915-?) um guitarrista amador, com o qual se casara em 1940. Um assistente recomenda-a para a Casa de Fados mais famosa de entao, o Retiro da Severa, mas Amalia acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta e somente em 1939 iria cantar nessa casa.

Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atraccao da peca Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitoria. No meio teatral encontra e conhece Frederico Valerio, compositor de muitos dos seus Fados.

Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se nao apenas uma mulher divorciada mas tambem uma mulher independente. Nesse mesmo ano actua pela primeira vez fora de Portugal. A convite do Embaixador Pedro Teotonio Pereira, canta em Madrid.

Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Herminia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciume, de Frederico Valerio. Em Setembro chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no casino Copacabana. Aos 24 anos, Amalia ja tem um espectaculo concebido em exclusivo para ela. A recepcao e de tal forma entusiastica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongara por 4 meses. E convidada a repetir a tourne, acompanhada por bailarinos e musicos. E no Rio de Janeiro que Frederico Valerio compoe um dos mais famosos Fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreado no Teatro Republica. Grava discos, vendidos em varios paises, motivando um grande interesse das companhias de Hollywood.

Em 1947 estreia-se no cinema no filme Capas negras, o filme mais visto em Portugal ate entao, ficando 22 semanas em exibicao. Um segundo filme, do mesmo ano, e Fado, Historia de uma Cantadeira.

Amalia e apoiada por artistas, inovadores, como Almada Negreiros e Antonio Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris no Chez Carrere, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o proprio organiza.

A internacionalizacao de Amalia aumenta ainda mais com a participacao da mesma, em 1950, nos espectaculos do Plano Marshal, o plano de apoio dos Estados Unidos a Europa do pos-guerra, em participam os mais importantes artistas de cada pais. O exito repete-se por Trieste, Berna, Paris e Dublin (onde canta a cancao Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, e popularizada por ela em todo o mundo como, Avril au Portugal).

Em Roma, Amalia actua no Teatro Argentina, sendo a unica artista ligeira num espectaculo em que figuram os nomes dos mais famosos cantores de musica classica.

Em Setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz. Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisao (na NBC), no programa de Eddie Fisher patricionado pela coca-cola, que teve que beber e de que nao gostara nada. Grava discos de Fado e de Flamengo. Convidam-na para ficar, mas nao fica por que nao quer.

Nos EUA editou o seu primeiro LP (as gravacoes anteriores eram em discos de 78 rotacoes). Amalia Rodrigues sings Fado From Portugal and Flamengo From Spain, lancado em 1954 pela Angel Records, assinala a sua estreia no formato de long-play, a 33 rotacoes, criado apenas seis anos antes e, na epoca, ainda longe de conhecer a expressao do mercado que depois viria a conquistar. O album, que seria editado em 1957 em Inglaterra e, um ano depois, em Franca, nunca teve prensagem em Portugal.

Amalia da ao Fado um fulgor novo. Canta o reportorio tradicional mas de uma forma diferente, sincretizando o que e rural e urbano.

Canta os grandes poetas da lingua portuguesa (Camoes, Bocage), alem dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourao Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O'Neill). Conhece tambem Alain Oulman, que lhe compoe varias cancoes.

O seu Fado de Peniche e proibido por ser considerado pelo regime um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amalia escolhe tambem um poema de Pedro Homem de Mello Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensao politica.

A 16 de Julho de 1958 e feita Dama da Ordem Militar de Sant'lago da Espada.

A 26 de Abril de 1961, casa-se no Rio de Janeiro com o seu segundo marido, o engenheiro luso-brasileiro Cesar Henrique de Moura Seabra Rangel (Anadia, Avelas de Caminho, c. 1920 - Odemira, Zambujeira do Mar, 11 de Junho de 1997), filho de Augusto Cesar de Seabra Rangel (Anadia, Avelas de Caminho, Casa dos Rangel, 16 de Abril de 1885- Anadia, Avelas de Caminho, Casa dos Rangel, 28 de Outubro de 1929), sobrinho-neto do primeiro Barao de Mogofores, e de sua mulher, Teresa de Seabra Moura, com quem fica ate a morte deste em 1997.

Em 1966, volta aos Estados Unidos, actuando no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o maestro Andre Kostelanetz frente a uma orquestra, num programa essencialmente feito de cancoes do folclore portugues numa das noites e num outro, feitos de Fados (tambem com orquestra), na seguinte. O mesmo espectaculo foi encenado, dias depois, no Hollywood Bowl. Voltaria ainda mais tarde ao Lincoln Center em 1968. Ainda em 1966, o seu amigo e compositor Alain Oulman e preso pela PIDE. Amalia da todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.

Em 1969, Amalia e condecorada pelo novo presidente do conselho, Marcelo Caetano, na Exposicao Mundial de Bruxelas, antes de iniciar uma grande digressao a Uniao Sovietica.

Em 1970, e editado o album Com que Voz.

A 16 de Fevereiro de 1971 e elevada a Oficial da Ordem Militar de Sant'lago da Espada. Nesse mesmo ano encontra e conhece finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris.

Em 1974 grava o album Encontro-Amalia e Dom Byas com o saxofonista Dom Byas.

Em 1976 e editado o disco, Amalia no Canecao gravado no Brasil. No mesmo ano e lancado o album Cantigas da boa gente. Fandangueiro e cantigas numa Lingua Antiga sao lancados em 1977.

No ano de 1980 e lancado o disco Gostava de Ser Quem Era. Em 1982 e lancado o Maxi-single Senhor Extraterrestre com dois temas de Carlos Paiao. E editado o album Amalia Fado com temas de Frederico Valerio. A 9 de Abril de 1981 e feita Grande-Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique.

Em 1983 e editado o album Lagrima a que se segue Amalia na Broadway em 1984, Amalia continuava a gerir uma carreira de sucessos apesar dos ja 64 anos porem a idade ainda nao parecia ser um peso que pudesse prejudicar a carreira.

Em 1985 obtem novamente como de costume um grande sucesso a colectania O Melhor de Amalia: Estranha forma de vida. E lancado um novo volume: O Melhor de Amalia, Vol. 2: Tudo isto e Fado, nos dois volumes da colectania estao sem duvida os maiores sucessos de Amalia ate entao na sua carreira. Ao mesmo tempo, atravessa disabores na sua vida pessoal e financeira que a obrigam assim a desfazer-se de algum do seu rico patrimonio. 

A 4 de Janeiro de 1990 e elevada a Gra-Cruz da Ordem Militar de Sant'lago da Espada. Nesse mesmo ano, em Franca depois da Ordem das Artes e das Letras, recebe, desta vez das maos do presidente Mitterrand, a Legion d'Honneur.

Ao longo dos anos que se passam, ve desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu Poeta David Mourao-Ferreira e o seu marido, Cesar Seabra, com quem era casada ha 36 anos, e que morre em 1997, entre outros que acompanharam a sua carreira, apoiaram e colaboraram com a mesma como Ary dos Santos e Carlos Paiao.

Em 1997 e editado pela Valentim de Carvalho o album Segredo com gravacoes ineditas realizadas entre 1965 e 1975. E ainda publicado o livro (Versos) com os seus poemas. E-lhe feita uma homenagem nacional na Exposicao Mundial de Lisboa (Expo 98).

A 27 de Julho de 1998 e elevada a Gra-Cruz da ordem do Infante Dom Henrique.

Em Abril de 1999, Amalia desloca-se pela ultima vez a Paris sendo condecorada na Cinemateca Francesa, por os muitos espectaculos que deu naquela cidade, e dever-se a ela o facto da Franca comecar a apreciar o Fado. Ja ligeiramente debilitada, agradeceu aos franceses o facto de se ter comecado a projectar no mundo, pois era a partir de Franca que seus discos comecaram a espalhar-se.

A 6 de Outubro, Amalia morre, em sua casa de Lisboa, repentinamente, ao inicio da manha, com 79 anos, poucas horas depois de regressar da sua casa de ferias no litoral alentejano. Imediatamente, o entao Primeiro-Ministro, Antonio Gueterres, decreta Luto Nacional por tres dias. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas descem a rua para lhe prestar uma ultima e merecida homenagem. Foi sepultada no Cemiterio dos Prazeres, em Lisboa. Dois anos depois, em Julho de 2001, o seu corpo foi transladado para o Panteao Nacional, em Lisboa. (apos pressao dos seus admiradores e uma modificacao da lei que exigia um minimo de quatro anos antes da transladacao), onde repousam as personalidades consideradas expoentes maximos da nacionalidade. Amalia Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Toquio a Uniao Sovietica, do Mexico a Londres, de Madrid a Paris (onde actuou tantas vezes no prestigiadissimo Olympia).

Propagou a cultura portuguesa, a lingua portuguesa e o Fado que ninguem melhor do que ela sabia cantar. Amalia gravou na versao singles-78 RPM com, As penas e 1957 com, Amalia no Olympia quarenta discos singles. Seguia-sse a versao EP em 1958 com, Alfama e 1972 com, Cheira a Lisboa, gravou dez EP. Em longa duracao entre 1957 com Amalia no Olympia e 1997 com Segredo, editou trinta trabalhos. (The art of) Amalia Rodrigues Vol I este e parte do texto em que se apresenta ao ouvinte o Cd e o artista. "E dificil encontrar mais do que um punhado de vozes em todo o mundo cuja Arte se mantenha inultrapassavel por mais de tres decadas. Sao poucas as que ns conseguem surpreender ao longo de uma carreira tao grande, mesmo usando ferramentas aparentemente simples. E so um pequeno numero dos escolhidos consegue atingir um tal nivel de paixao que acorda em quem os ouve a crenca de que, afinal, a alma humana e muito mais rica e profunda do que parecia a primeira vista".

"Tentemos nomear alguns desses escolhidos: Sinatra, Ella, talvez mais dois ou tres ao todo, nao mais de dez ao longo do seculo XX. E Amalia como esta compilacao comprova sem margem para duvidas! E um deles."

Bruno Almeida realizou quatro filmes sobre Amalia Rodrigues, Live in New York City (um filme-concerto de 1990 de um espectaculo em Nova Iorque no Town Hall - auditorio da cidade), Amalia - uma estranha forma de vida (um documentario de cinco horas, em formato de serie), Amalia - Expo'98 (a respeito de um dia dedicado a Amalia Rodrigues, pela ocasiao da Exposicao Mundial de 98 em Portugal), e a Arte de Amalia (documentario de 90 minutos, pensado para uma audiencia internacional, que se estreou no Cinema Quad, em Nova Iorque em Dezembro de 2000.

Amalia, o Filme, a primeira biografia ficcionada da diva do Fado estreia-se a 4 de Dezembro de 2008. A rodagem do filme comecou em Junho de 2008. Com realizacao de Carlos Coelho da Silva, tem argumento de Pedro Marta Santos e de Joao Tordo. E produzido pela Valentim de Carvalho Filmes e conta com a participacao financeira da RTP. Amalia e encarada pela actriz Sandra Barata Belo.

Filipe La Feria encenou dois musicais inspirados em Amalia e na sua historia de vida, o primeiro em 1999, intitulado "Amalia" e protagonizado por Alexandra. Em 2012 La Feria encena o musical intitulado "Uma Noite em Casa de Amalia", protagonizado por Vanesa Silva, onde retrata uma das tertulias que Amalia fazia em sua casa.


Amalia foi sem duvida a Rainha do Fado e a sua maior embaixadora mas dentro da cancao ligeira portuguesa em versao masculina o mesmo se podera dizer daquele que foi comparado por muitos a Frank Sinatra e por muitos anos foi a voz sobretudo nao apenas do Fado mas da musica romantica portuguesa, Antonio Maria de Matos, conhecido apenas como Tony do Matos.
                                                                                  

Tony de Matos (Porto, 28 de Setembro de 1924 - Lisboa, 8 de Junho de 1989), foi um Fadista portugues. Com Paixao, ciume ou desespero exaltou sempre o amor.

 Antonio Maria de Matos nasceu no Porto em 28 de Setembro de 1924 e como dizem ser um traco caracteristico e comum na personlidade dos nativos do signo balanca parecia ter uma forte veia romantica, filho de Antonio Julio de Matos e da actriz Mila Graca (Camila da Graca Rodrigues Frias). A sua educacao artistica foi feita na Companhia Rafael de Oliveira, Artistas Associados, a qual pertenceu a sua mae e seu padrasto o Actor Afonso de Matos, director artistico do Teatro Desmontavel, em que trabalhou como ponto e onde comecou a cantar nos actos de variadades, os <<Fim de Festa>>, com que habitualmente terminavam muitos dos espectaculos das companhias de provincia, em 1938, quando essa companhia se encontrava instalada em Santa Comba Dao (Beira Alta), o jornal local, o Beira Dao relatou a noite de apoteose com que o jovem Tony (14 anos) deliciou a assistencia com a sua voz, cantando  Fado de Coimbra, acompanhado por musicos amadores locais.

Em 1945, consegue entrar como cantor para a Emissora Nacional mas que abandona rapidamente.

Tres anos mais tarde, por intermedio do fadista Julio Peres, supreende obviamente pela positiva quem o ouve no Cafe Luso, em Lisboa, onde permanecera durante dois anos.

Em 1950, Manuel Simoes leva-o a Madrid para gravar o seu primeiro disco. "Cartas de Amor" torna-se um grande exito. Outros sucessos desta altura sao "Trovador", "Ao Menos Uma Vez"e "A Lenda das Algas.". Em 1952 estreia-se no teatro de revista.

Em 1953 sobrevoa o oceano Atlantico e vai actuar no Brasil pela primeira vez. Em Sao Paulo, cumpre, pelo dobro do tempo, um contrato inicial de 3 meses.

A partir de 1957 ficara a permanecer no Brasil durante seis anos. Com Maria Sidonio abre, em Copacabana, o restaurante tipico "O Fado". Chegava a actuar em seis ou sete espectaculos diarios e a noite ainda cantava na sua Casa de Fados. Continuando sempre a actuar com muita frequencia e sucesso na radio e na televisao.

Um EP com as cancoes "So Nos Dois", "Procuro e Nao te Encontro", "Vendaval" e "Lado a Lado", gravado originalmente no Brasil, torna-se um grande sucesso em 1962. No ano seguinte decide regressar a Portugal embora nao definitivamente.

Em 1964 cabe-lhe a honra de encher o Pavilhao dos Desportos e faz a sua estreia no cinema no filme "A cancao da Saudade" de Henrique Campos. Em 3 de Abril de 1965, recebe no Pavilhao dos Desportos o Premio de Imprensa da Musica Ligeira de 1964.

Participa em mais um filme " Rapazes de Taxis", de 1965, realizado por Constantino Esteves onde contracena com o tambem cantor Antonio Calvario. Em 1966 tenta a sua sorte naquele que era a rampa de lancamento de muitos talentos da musica ligeira portuguesa na altura, concorre ao Festival RTP da Cancao com o tema "Nada, Ninguem".

 A 8 de Fevereiro de 1969 recebe o Premio da Imprensa, na Categoria de Fado, referente ao ano anterior 1968. Volta ainda a participar em mais um filme desta vez "Bonanca & Companhia" de 1969.

Em 1970 participa naquele que possivelmente se tornou um dos filmes em que participou mais conhecidos onde representa e canta o proprio filme "O Destino Marca a Hora" teria o mesmo nome de um dos melhores e mais conhecidos temas de Tony de Matos, filme esse de Henrique Campos, onde tambem entram Isabel de Castro e Eugenio Salvador onde representa o seu papel mas tambem canta temas como o ja referido " O Destino Marca a Hora", " Nao Digas Que Me Conheces", "Digo Adeus a Saudade" e " Viver Sem Ter Amor".

Em 1972 em Mocambique e estreado o filme "Derrapagem" onde participa nao so como Actor mas tambem como produtor do mesmo.

Faz uma digressao pelos Estados Unidos em 1974. No ano seguinte fixa ai residencia ficando por la durante 8 anos, doze  anos depois de voltar do Brasil volta a deixar Portugal mas nao esquece o mesmo. Funda, em Lisboa, com os fadistas Carlos Zel e Felipe Duarte o restaurante "Fado Menor".

Em Junho de 1985 e convidado de Vitorino no seu espectaculo do Coliseu. Tony de Matos grava depois o album "Romantico". Em Novembro de 1985 da um concerto em nome proprio no Coliseu dos Recreios que contou com a participacao de Maria da Fe e Carlos Zel.

Volta a televisao onde participa no primeiro programa da Serie "Humor de Perdicao" da autoria de Herman Jose.

No ano de 1988 e editado o album "Cantor Latino" onde canta temas de diversos conhecidos da musica portugesa como, Rui Veloso, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, Toze Brito, Toze Brito, Maria Guinot, Joao Gil e Rosa de Lobato Faria.

Morreria em 8 de Junho de 1989, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vitima de cancro.

O concerto do Coliseu dos Recreios, realizado em Novembro de 1985, foi editado em DVD numa edicao da Ovacao e dos Videos da RTP.

Um artigo da revista TV-Guia, publicado logo a seguir a morte de Tony de Matos, indicava que a sua voz tinha ficado registada em 70 albuns e mais de 100 singles. Note-se que ate a decada de 60 o registo mais usual era o EP com 3 a 4 cancoes.

Vendaval, De homem para homem, Destino marca a hora, So nos dois, Coitado do Ze Maria, Quarto Alugado, De Bar em Bar, A Tal, Quando Cai Uma Mulher, Poema do Fim, e que Sabemos, Ha-de Pagar, Tu Sabes La, Vou Trocar de Coracao, Maria do Ceu, Sou Romantico, sao alguns dos seus maiores sucessos.

Uma das coisas que mais gostava de fazer era a recolha de repertorio. Era uma actividade diaria de que nao abdicava e como tal esta fazia parte da sua rotina de vida. Pouco tempo antes de morrer revelou que tinha material para mais tres albuns. Da assim a parecer que apesar dos seus quase 65 anos de vida Tony de Matos nos deixou cedo demais ou que talvez apenas a sua carreira tenha icado por terminar. Um romantico assumido como conta e canta numa das suas cancoes mais conhecidas podera ter sido um homem de muitos amores e paixoes.

A ultima companheira foi a fadista Lidia Ribeiro, mae de Teresa Guilherme.

Apesar de durante meia duzia de anos ter sido quem mais discos vendeu em Portugal nao obteve nenhum disco de ouro (que nao existia na data). Nao tinha nenhum dos seus discos. Nao sabia sequer quantos tinha gravado mas pensava que certamente nao conseguiria ter todos. Tinha pena porque o seu filho deveria gostar de os possuir.

Tony tinha um imenso respeito e consideracao pela sua legiao de fans e admiradores, nao havia fa que lhe escrevesse que ficasse sem resposta. Se o grande objectivos dos artistas e serem conhecidos a popularidade torna-se muito agradavel.

"A obsessao do artista e o exito, o chegar ao publico" (...) "A obrigacao e o profissionalismo e o bom senso. Por isso o artista deve ter consciencia de que uma ma actuacao nao pode ser apagada por nenhuma borracha". (Tony de Matos, 1989)

"Representava esse tipo de cantor latino, autentico, sincero, espontaneo". (Carlos do Carmo).

"deixou um espaco (na Musica Portuguesa) que e so dele, pelo qual sempre lutou com muita dignidade, e de cabeca erguida, com ele, que era muito Fado, muito marialva, muito colega, eu ri, chorei, desabafei, cantei e representei". (Simone de Oliveira, 1989)
 
 

 
                                                        
                                                      
Quando se fala de cultura e tradicao de um pais fala-sse habitualmente da sua fundacao e historia, fala-sse numa serie de personalidades que ficaram na mesma historia e lembramos de um punhado de datas e acontecimentos da mesma. Pode-sse falar tambem na literatura e na musica tradicional, assim como em eras ou geracoes que ficaram marcadas e que muitas vezes chamamos de geracao de ouro que pode ser da literatura, de qualquer desporto, da musica ou do cinema. A geracao de ouro do cinema portugues trouxe para a ribalta aqueles que ainda hoje podem ser considerados os grandes classicos do cinema portugues. Aldeia da Roupa Branca, de 1938 mas estreado um ano mais tarde, a Cancao de Lisboa, de 1933, onde se juntam talvez o trio de artistas mais famoso desta mesma geracao, Vasco Santana, Antonio Silva e Beatriz Costa, e onde Vasco Santana lancou uma expressao que ainda hoje e popularmente famosa " Chapeus a muitos o seu palerma" , o Patio das Cantigas, de 1941, mais uma vez ficou lancada uma expressao popular " O Evaristo tens ca disto", o Leao da Estrela, de 1947, com Antonio Silva a fazer a previsao de uma jogada e o relato e a dar um pontape numa mesa no momento em que relata o golo, cena das mais marcante do cinema portugues e da comedia portugesa, O Grande Elias, de 1950, O Destino Marca a Hora, de 1970 e muitos mais por ai a fora durante mais de tres decadas de cinema onde ficaram conhecidos actores como Vasco Santana, Antonio Silva, Beatriz Costa ou Laura Alves. E impossivel falar de toda esta geracao do cinema e das suas obras sem fazer referencia de uma forma mais aberta a alguns actores de onde claro Vasco Santana tem um certo destaque com todo o merito, infelizmente nao e possivel fazer referencia a todos os actores e actrizes que brilharam nestas decadas de ouro do cinema portugues. Assim como talvez alguns filmes merecessem ser lembrados por isso procurei escolher dois dos gigantes da representacao dessa altura Vasco Santana e Beatriz Costa.

Escolhim tambem um mais recente e ainda da actualidade mas que merece igualmente ser referido pela coragem que teve em ir para os Estados Unidos atras de um sonho que so podia realizar em Hollywood, onde tem representado ao lado de grandes e conhecidos actores consagrados em filmes ao lado de estrelas como Harrison Ford ou Antonio Banderas e tambem ter participado em alguns filmes portugueses como Tentacao, de 1997 e Call Girl, de 2007.
 

Vasco Antonio Rodrigues Santana (Lisboa, Benfica, 28 de Janeiro de 1898 - Lisboa, 13 de Junho de 1958), mais conhecido apenas como Vasco Santana, foi um dos maiores actores portugueses.

 Nasceu em Lisboa no dia 28 de Janeiro de 1898 e morreu tambem em Lisboa no dia 13 de Junho de 1958, filho do Escritor Henrique Santana (Lisboa, 8 de Outubro de 1873-?) e da sua mulher Maria da Filomena Rodrigues (1875-1957), filha de Antonio Henrique Rodrigues, e sobrinho de Maria Laura Santana, casada com o tambem Escritor Luis Galhardo.

Foi Pai de outro conhecido Actor portugues, Henrique Santana, de Joao Vasco Martins Santana e do produtor da RTP Jose Manuel Santana, do seu primeiro casamento a 19 de julho de 1921 com Arminda Martins. Foi casado em segundas nupcias com a tambem actriz Mirita Casimiro.

Sempre adorado pelo povo portugues, Vasco Santana sera, para todo o sempre, um marco incontornavel da arte da representacao sendo sempre uma referencia e exemplo para alguns actores mais jovens mesmo das geracoes mais recentes.

 Actor genial, ao nivel dos maiores do mundo, marcou para sempre a comedia portugesa. De enorme sensibilidade, dotado de invulgares tecnicas teatrais, transformou-se num mito do cinema nacional. E impossivel esquecer a sua famosa dupla com Laura Alves, ou as suas celebres frases, marca da comedia do cinema portugues e das nossas vidas, para todo o sempre.

As pegadas deste gigante da representacao fazem-se sentir na radio, no cinema e tambem muito no teatro. Existem centenas de imagens e sons que se atropelam para exibir o melhor da representacao em Portugal. As linhas da sua biografia nao valem uma cena de um dos seus famosos filmes. A arte sempre lhe correu fortemente pelas veias, por isso desistiu do curso de arquitectura e seguiu por momento a sua paixao pela pintura, frequentando a Escola de Belas-Artes. Mas nao foi a desenhar ou a pintar telas que Vasco Santana alcancou a fama e se tornou celebre. Foi na arte da representacao.

Aos 19 anos, depois de repetidamente ver a peca O Beijo, de Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa, no Teatro Avenida, Vasco Santana e convidado a substituir o actor, Artur Rodrigues, assim faz no ano de 1917, a sua primeira estreia teatral publica, com o papel Palavreado, comecaa assim talvez ate um pouco de forma acidental ou inesperada a sua carreira de sucesso. Devido ao seu inesgotavel talento tao notavel, a representacao nao poderia ser outra coisa senao um enorme exito. Dai em diante nunca mais parou. Com suas habituais manobras de genialidade em palco, levava ao delirio centenas de admiradores.

Vasco Santana abandona entao o curso de belas-artes e dedica-se exclusivamente a carreira dramatica, fazendo longas temporadas no Teatro Sao Luiz e viajando ao Brasil em digressao das  companhias teatrais em que trabalhava.

Enalteceu a comedia onde alcancou o estatuto de estrela de cinema, protagonizando filmes como A Cancao de Lisboa em que nem sequer muda de nome, o seu personagem era o Vasco, de 1933, em q8e contracena com Beatriz Costa e Antonio Silva; O Pai Tirano, em 1941, em que faz dupla com Ribeirinho e no qual a sua actuacao protagoniza a accao e cria situacoes brilhantes e inigualaveis de humor extremo; O Patio das Cantigas, em 1942, em que concebe alguns dos seus mais bem sucedidos trabalhos no cinema, como o monologo com o candeeiro ou os memoraveis dialogos com Antonio Silva bem carregadis de representacao e trocadilhos - "O Evaristo, tens ca disto?"


A representacao teatral acompanhou-o durante toda a sua brilhante e bem sucedida carreira, fazendo-o quase ate ao fim da vida, e, cada vez que subia ao palco, oferecia ao publico a alegria e a boa-disposicao que sempre lhe foram intrinsecas, demostrando o seu caracter picnico. Mas Vasco Santana nao fez unicamente comedias, entrou tambem em algumas pecas dramaticas, como "Tres Rapazes e Uma Rapariga". Brilhou de igual maneira  transmitindo grande humanidade as suas personagens. Tinha um talento nato, mas tambem dominava com perfeicao as tecnicas de representacao e sabia igualmente como ninguem improvisar. O multifacetado actor, que tambem conheceu o sucesso na radio, criou personagens como Zequinha, da serie Zequinha e a Lele, com Irene Velez nos anos 1947 e 1948.

A 17 de Janeiro de 1946 foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'lago da Espada.
 
  
Carreira :

 Actor:
 
. A Menina Endiabrada (1929)
. Lisboa (1930)
 . A Cancao de Lisboa (1933) ...Vasco
. A Grande Nicolau (1935)
. O Pai Tirano (1941) ... Mestre Jose Santana
. O Patio das Cantigas (1942) ... Narciso
. Camoes (1946)... Malcozinhado
. Fado, Historia d'uma Cantadeira (1947) ... Joaquim Marujo
 . Nao ha Maus Rapazes (1948)
. Ribatejo (1949)
. O, Ze Ja Nao E Analfabeto (1952) ... Ze Analfabeto
. O, Ze Analfabeto nos CTT (1952) ... Ze Analfabeto
. O, Ze Analfabeto na Vida Corrente (1952) ...Ze Analfabeto
. O , Ze Analfabeto Faz Exame (1952) ... Ze Analfabeto
 . O, Ze Analfabeto e o Transito (1952) ... Ze Analfabeto
. Eram Duzentos Irmaos (1952) ... Fernao Mentes Minto
. O, Comissario de Policia (1953) ... Rolinho
. O Costa d'Africa ( 1954) ... Costa
. O Dinheiro dos Pobres (1956) ...Marques 

 Escritor:

. Maria Papoila (1937)
.Famalicao ( 1941)
. O, Pai Tirano (1941)
. O, Patio das Cantigas (1941)
. O Costa d'Africa (1954)

 Narrador:

. Famalicao (1941)   
                                                           

Beatriz Costa, pseudonimo de Beatriz da conceicao (Charneca do Milharado, Mafra, 14 de Dezembro de 1907 - Lisboa, 15 de Abril de 1996) foi uma actriz de teatro e cinema portuguesa, sendo uma icone da cultura popular lusa, ela e Vasco Santana por muitos sao considerados as maiores referencias nacionais do cinema e teatro em Portugal.

 Teve a sua estreia no teatro de revista aos quinze anos, como corista em Cha e Torradas (1923), no Eden Teatro. No ano seguinte em 1924, actua pela primeira vez no Teatro Maria Vitoria (Parque Mayer), era o comeco da sua brilhante carreira, na revista Res Ves, apos o que ingressa na companhia de Teatro Avenida estreando-se, no mesmo ano, no Rio de Janeiro onde e felicitada pela imprensa e pelos espectadores, nomeadamente nas revistas Fado Corrido e Tiro ao Alvo.

De regresso a Lisboa ja em 1925 ocupa um lugar de relevo ao lado de Nascimento Fernandes em Ditosa Patria, no Teatro da Trindade segue rumo para o Porto apresentando-se no Sa da Bandeira e Beatriz Costa faz a sua primeira ida como artista a cidade invicta.

Ainda em Outubro de 1925 integra uma Companhia de operetas sediada no Teatro Sao Luiz. De regresso a revista, passa pelos teatros Eden e Maria Vitoria nas revistas Fox Trot, Malmequer, Oralila, Revista de Lisboa e Sete e meio.

Em 1927, traduzindo uma moda cinefila, aparece pela primeira vez de franja e estreia-se no cinema em papeis episodicos de filmes de Rino Lupo - O Diabo em Lisboa - e, ainda no mesmo ano, havia dancado um tango em Fatima Milagrosa (do mesmo realizador) ao lado de Manoel de Oliveira. 

Passou ainda tambem pelo Teatro Apolo, transferindo-se depois com a Companhia de Eva Stachino para o Teatro da Trindade. Ai se fez Po de Maio, onde conheceu o maior exito de popularidade com o celebrado numero Dom Chica e SR Pires ao lado de Alvaro Pereira.

Em 1929 na sua segunda digressao ao Brasil com a Companhia de Eva Stachino, ao Rio de Janeiro, foi recebida sobre as mais efusivas manifestacoes e relembrada a sua revelacao como actriz nos grandes orgaos de imprensa da America do Sul.

Apos uma breve incursao aos palcos de Sao Paulo, Beatriz e convidada por Procopio Ferreira, comediante de relevo no teatro brasileiro, para ficar a trabalhar no Rio de Janeiro integrando o elenco da sua Companhia de comedias, mas a proposta seria recusada.

De volta a Portugal, e ainda neste ano, Beatriz Costa aparece no Documentario Memorias de uma Actriz (com base nos artigos que ja escrevia para O Seculo a contar episodios da sua carreira).

Em 1930 participa no filme Lisboa, Cronica Anedotica, de Leitao de Barros.

Em Dezembro de 1930, durante a visita de Ressano Garcia, gerente da Paramount em Lisboa, recebe um convite de Blumenthal e San Martin para um contrato muito vantajoso para o papel de protagonista de A Minha Noite de Nupcias (da versao original Her Wedding Night de Frank Tuttle e que na versao portuguesa seria dirigida por Alberto Cavalcanti), o terceiro fonofilme em portugues, a realizar-se em Franca.

Recebendo sempre provas de um apreco desde do pessoal do estudio a mais considerada vedeta destacada das suas colegas estrangeiras Olga Tsehekova e Camila Horn.

 Deixa a Companhia e entao e contratada por Corina Freire para participar nos exitos de revista como A Bola, Pato Marreco, O Mexilhao ou Pirilau.

Numa ida a Espanha, a convite da Casa da Imprensa de Badajoz para uma festa no Teatro Lopez Ayola, obteve o estrondoso exito ao representar Burrie, sendo homenageada juntamente com outros artistas portugueses que a acompanhavam (Amarante e Nascimento Fernandes).

Em 1933 sua imagem imortaliza-se o filme A Cancao de Lisboa, de Cotinelli Telmo, ao lado de Antonio Silva e Vasco Santana, e em 1936, ao participar na revista Arre Burro.

Em 1937 Beatriz ganha, ao lado de Vasco Santana, os votos de preferencia dos cinefilos portugueses e ambos sao eleitos " princepes do cinema portugues." Dois anos depois, em 1939, protagoniza, A Aldeia da Roupa Branca, de Chianca de Garcia, aquele que seria o seu ultimo filme. Nesse mesmo ano de 1939, Beatriz Costa aceitou o novo convite para o Brasil para uma temporada que se prolongou por dez anos (1939 a 1949), a qual chamou "os melhores anos da sua vida". Quase sempre actuou no Casino da Urca, no Rio de Janeiro, desde dos tempos da peca Tiro-Liro-Liro, ate ao final da decada, altura do seu unico casamento em 1947, com Edmundo Gregorian (Poeta, Escritor e Escultor) de quem se divorciou dois anos mais tarde.

Em 1949, regressa finalmente aos palcos de Lisboa para alegria dos seus admiradores para uma revista no Teatro Avenida, cujo o titulo diz tudo sobre o mito que continuava a ser: Ela ai esta!. E, aos 41 anos, repetiu os exitos de a 20 anos atras.

 Ainda apareceu em Lisboa em revistas de sucesso como Com Jeito Vai, mas em 1960 despediu-se dos palcos em Esta Bonita a Brincadeira.

E a partir da decada de 1960 que comeca a viajar por todo o mundo, assistindo a festivais de teatro, do Ocidente ao Oriente. Conheceu e conviveu com personalidades como Salvador Dali, Pablo Picasso, Sophia Loren, Greta Garbo, Edith Piaf ou o Rei Hassan II de Marrocos.

Depois da revolucao dos Cravos - quando ja vivia no Hotel Tivoli (Avenida da Liberdade), onde viveu ate morrer - Comecou a pubicar livros sobre a sua espantosa vida (ja anteriormente a "publicara" em varios capitulos nas Paginas das Minhas Memorias no ano de 1930), aconselhada e incentivada por Tomas Ribeiro Colaco. Ela que aprendera a ler aos 13 anos de idade e sozinha, seguindo a sua ambicao de saber, comecou a sua alfabetizacao a mesa do Cafe "A Brasileira" rodeada de figuras conhecidas e sonantes como Almada Negreiros, Gualdino Gomes, Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemesio, entre outros.

Apos o seu reaparecimento num espectaculo da Casa da Imprensa que decorreu no Coliseu dos Recreios foi sistematicamente solicitada pelos orgaos de comunicacao social e espantou-se com as optimas reaccoes do publico leitor em relacao a essa faceta da sua vida - escrever.

Em 1977 e editado pela Emi-Valentim de Carvalho um album que compila varios dos seus sucessos musicais e que novamente em 1996 seria reeditado com o titulo Grande Marcha de Lisboa na coleccao Caravela da mesma editora. Apesar das muitas propostas para regressar aos palcos (por Vasco Morgado) preferiu ficar longe deles por considerar o teatro de revista muito diferente do que era, por "estar decadente".

Muitos tambem foram os convites para programas de televisao (por Joaquim Letria) e, de facto, viria a participar como membro do juri no concurso Prata da Casa (RTP) apresentado por Fialho Gouveia e que visava em lancar jovens artistas muitos ainda anonimos e desconhecidos do publico no mundo do espectaculo, mundo esse que ela tao bem conhecera e que por opcao pessoal e propria cedo abandonara.

Um grupo de jovens chegaria mesmo a propor a sua candidatura simbolica nas eleicoes de 1985 como meio de comemorar O Ano Internacional da Juventude do ano seguinte.

Morreu na manha do dia 15 de Abril de 1996, aos 88 anos, num quarto do sexto andar do Hotel Tivoli Lisboa. Estando sepultada no cemiterio da Malveira, cumprindo assim o seu ultimo desejo.

Em 2007, por ocasiao dos 100 anos do seu nascimento, o Museu Municipal Raul de Almeida, de Mafra, nao deixou de assinalar a data com uma exposicao existindo ainda nesse mesmo concelho o Cine-Teatro com o seu nome e o Museu Popular Beatriz Costa, na Malveira.  
                                                              
  
 Filmografia :

. O Diabo em Lisboa, de Rino Lupo (1926).
. Fatima Milagrosa, de Rino Lupo (1928).
. Lisboa, de J L de Barros (1930).
. Minha Noite de Nupcias, de E.W.Emo (1931).
. A Cancao de Lisboa, de Jose Cotinelli Telmo (1933).
. O Trevo de Quatro Folhas, de Chianca de Garcia (1936).
. A Aldeia da Roupa Branca, de Chianca de Garcia (1939).

 Livros:

."Sem Papas na Lingua" (1975).
."Quando os Vascos Eram Santanas...E Nao So (1977).
."Mulheres Sem Fronteiras" (1981).
."Nos Cornos da Vida" (1984).
  
                                                         
Joaquim Antonio Portugal Baptista de Almeida (Lisboa, 15 de Marco de 1957) e um bem conhecido Actor portugues. Filho de Joao Baptista de Almeida e de sua mulher Maria Sara Alves Portugal (Belmonte, Inguias, Carvalhal Formoso, 1921 - 22 de Marco de 2007), ambos licenciados em Farmacia e diretores Tecnicos da J.A.B.A. Laboratorios, neto paterno de Jose Antonio Baptista de Almeida (Lagos, 1887 - Lisboa, 1950) tambem Farmaceutico, diplomado pela Escola de Farmacia de Lisboa em 1909 e fundador dos Laboratorios J.A.B.A., e neto materno de Antonio Simao Portugal e da sua mulher Candida Alves Leitao. Tem sete irmaos e irmas: Isabel Maria, Ana Maria, Margarida Maria, Maria Sara, Jorge Andre Baptista de Almeida, Joao e Jose Antonio.

Aos 18 anos, depois de assistir ao curso de teatro no Conservatorio de Lisboa (Escola Superior de Teatro e Cinema) durante dois anos, o jovem Joaquim de Almeida deixa Portugal para continuar os seus estudos apos o Conservatorio ter sido temporariamente encerrado devido a Revolucao dos Cravos. Viveu um ano em Viena, mudando-se novamente novamente, em 1976, para Nova Iorque, onde estudou na Lee Strasberg Theatre and Film Institute, uma escola de artes do espectaculo frequentado por famosos actores, tais como Robert De Niro, Al Pacino e Angelina Jolie.

A 10 de Junho de 1992 foi feito Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique. Naturalizou-se norte-americano a 28 de Outubro de 2005.

Depois de fazer algumas pecas de teatro, Almeida comecou a sua carreira cinematografica em 1982, participando no fime, The Soldier. seu primeiro papel de importante destaque foi num filme de 1983, o The Honorary Consul, onde estrelou e esteve ao lado de actores como Michael Caine, Richard Gere e Bob Hoskins, sendo a sua primeira aparicao num filme americano. Alguns anos mais tarde apareceu em Good Morning Babylon, um filme dirigido pelos irmaos Taviani que abriu o famoso Festival de Cannes, em 1987, e que teve um grande impacto na sua carreira. Fluente em seis linguas, continuou a sua carreira em paises como Portugal, Inglaterra, Espanha, Franca, Italia, Brasil, Argentina e Alemanha, trabalhando em varios filmes. Nos anos seguintes em  apareceu em varios filmes conhecidos como Clear and Present Danger (1994) com Harrison Ford e Willen Dafoe, Only you (1994), com Marisa Tomei e Robert Downey Jr, Desesperado (1995), com Antonio Banderas e Salma Hayek e Behind Enemy Lines (2001) com Owen Wilson e Gene Hackman. Tambem desempenhou o premiaso papel do sexy Michael, num filme independente La Cucina (Filme). Em 2008 faz de presidente Rene Barrentos em Che - Guerrilha, de Steven Soderbergh, onde contracena com Benicio del Toro, que desempenha o papel de Che Guevara e em 2011 participou em Velocidade Furiosa 5: Assalto no Rio (Velozes & Furiosos 5 - Operacao Rio, no Brasil), onde faz de Herman Reyes.

Apesar da sua naturalizacao, ele continuou a trabalhar regularmente no cinema portugues e ja apareceu em muitas das producoes mais bem sucedidas do seu pais, que incluem o filme de Maria de Medeiros Capitaes de Abril (2000), Um Tiro no Escuro (2005), Os Imortais (2003) ao lado de Emmanuelle Seigner, Call Girl (Filme) (2007) e Contraluz (2010), um filme de Fernando Fragata, que foi o primeiro realizador em Hollywood. Ganhou tres Globos de Ouro (Portugal) de melhor ator em Tentacao (Filme) 1997, Adao e Eva ( 1995) e A Samba de Sherlock (Filme) filme tambem conhecido por o Xango de Baker Street em nome portugues de 1999 com producao portuguesa e brasileira.

Trabalhou tambem em Televisao, tendo-se iniciado com um papel em Miami Vice, onde faz de Roberto "Nico" Arroyo no episodio 9 - "Bought and paid for" ("Comprado a pronto", em Portugal) - da 2a temporada. Posteriormente participou sobretudo em 24, onde jogou Ramon Salazar, em Crusoe, onde representa Santos Santana e teve uma pequena aparicao em em CSI: Miami. Fez ainda de Gabriel Porchetto, no episodio "My Bloody Valentine" da serie O Mentalista (12o episodio, da 4a temporada) e de Antoine Lussier (chefe da inteligencia francesa) no 2o episodio da serie Missing, de 2012, onde estrela Ashley Judd.

Tambem e solicitado para a locucao, devido a sua voz inconfundivel (Bem pelo menos ja nao sou o unico assim a considerar a sua voz), fazendo de vilao Bane no desenho animado Batman, em 2004, no video jogo Saints Row e no filme, The Chronicles of Riddick: Escape from Butcher Bay. Trabalhou em varias producoes de William Shakespeare, tais como Blood Wedding (jogo). Participou, ainda, no thriller Christopher Roth, dirigido por Max Sender.

E conhecido como o "Phil Hartman Latino".   

Carreira:

Televisao:
 
. Miami Vice: Onde faz de Roberto "Nico" Arroyo (1985).
 . Kingpin (mini-serie) onde faz de traficante colombiano de cocaina (2003).
 . 24- (3a temporada) onde faz de Ramon Salazar (2004).
. Wanted: Onde faz de Capitao do L. A. Base Swat-Tipe (2005).
. Crusoe: Onde faz de Santos Santana (2009).
. O Mentalista: Onde faz de Gabriel Porchetto (2012).
. Missing: Onde faz de Antoine Lussier (2012).
. Revenge: Onde faz de Salvador Grobet (2012).
. Once Upon A Time: Onde faz de King Xavier (2013).

Fez tambem dublagem no filme "Kun Fu Panda" como Tai Long. 

Filmografia:

. The Soldier, de James Glickenhaus (1982).
. The Honoray Consul, de John Mackenzie (1983).
. Reporter X, de Jose Nascimento (1987).
. Milan Noir, de Ronald Chammah (1987).
. The Sun and the Moon, de Kevin Conway (1987).
. Good Morning, de Paolo e Vitorio Taviani (1987).
. Terre Saccree, de Emilio Paccul (1988).
 . Les Deux Fragonard, de Philippe La Guay (1989).
. Love Dream, de Charles Finch (1989).
 . Disamistade, de Gianfranco Cabiddu (1989).
. Sandino, de Miguel Lettin (1990).
. A Ilha, de Joaquim Leitao (1990).
. Segno di Fuoco, de Nino Bizzarri (1990).
. A Idade Maior, de Teresa Vilaverdade (1991).
 . El Rey Pasmado,de Imanol Uribe (1991).
 . Retrato de Familia, de Luis Galvao Teles (1991).
. El Dia Que Naci Yo, de Pedro Olea (1991).
 . Aqui D'El-Rei!, de Antonio Pedro Vasconcelos (1991).
 . Amor e Dedinhos de Pe, de Luis Filipe Rocha (1991).
. Terra Fria, de Antonio Campos (1992).
. El Maestro de Esgrima, de Pedro Olea (1992).
 . Una Estacion de Paso, de Elias Querejeta (1992).
. Sombras En Uma Batalla, de Mario Camus (1993).
. Amok, de Joel Farges (1993).
 . El Baile de Las Animas, de Pedro Carvajal (1993).
. Uma Vida Normal, de Joaquim Leitao (1994).  
 . Clear and Present Danger, de Phillip Noyce (1994).
. Only You, de Norman Jewison (1994).
 . Adao e Eva, de Joaquim Leitao (1995).
. Desesperado, de Robert Rodriguez (1995).
 . Afirma Pereira, de Roberto Faenza (1996).
. Elles, de Luis Galvao Telles (1997).
. Tentacao, de Joaquim Leitao (1997).
. Fatima, de Fabrizio Costa (1997).
. Corazon Loco, de Antonio del Real (1997).
 . La Cucaracha, de Jack Perez (1998).
. On the Run, de Bruno de Almeida (1998).
 . One Man's Hero, de Lance Hool (1999).
 . Inferno, de Joaquim Leitao (1999).
. O Xango de Baker Street, de Miguel Faria Jr (1999).
. No Vacancy, de Marius Balchunas (1999).
. Capitaes de Abril, de Maria de Medeiros (2000).
. Agua e Sal, de Teresa Villaverde (2000).
. La Voz de Su Amo, de Emilio Martinez Lazaro (2001).
. Stranded, Naufragos, de Maria Lidon (2001).
. Behind Enemy Lines, de John Moore (2001).
. Sueurs, de Louis-Pascal Couvelaire (2002).
. Entre Chiens et Loups, de Alexandre Arcady (2002).
. Os Imortais, de Antonio Pedro Vasconcelos (2003).
. II Fuggiasco, de Andrea Manni (2003).
. Yo Puta, de Maria Lidon (2004).
. Blue Sombrero, de Douglas Freel (2005).
. Thanks, to Gravity, de Rafael Escolar (2005).
. Um Tiro no Escuro, de Leonel Viera (2005).
. Bleak Afire, de Louis-Pascal Cou (2005).
 . The Celestine Prophecy, de Armand Mastroianni (2006).
 . 53 Dias de Invierno, de Judith Colell (2006).
 . Saints Row, de Douglas Carrigan e Zach Hanks (2006).
. The Heart of  the Earth, de Antonio Cuadri (2006).
. Moscow Nought The doors From The Under-World, de Maria Lidon (2006).
. The Death and Life of Bobby Z, de John Herzfeld and Paul Walker (2007).
. Call Girl, de Antonio Pedro Vasconcelos (2007).
. El Corazon De La Tierra, de Antonio Cuadri (2007).
. The Lovebirds, de Bruno Almeida (2007).
. Cucina, La, Allison R. Hebble e Zed Starkovich (2007).
. Oscar. Una Pasion Surrealista, de Lucas Fernandez (2008).
. Che - Guerrilla, de Steven Solderbergh (2008).
. Conjura de El Escorial, La, Antonio del Real (2008).
. Holy Money, Maxime Alexandre (2008).
. The Burning Plain, de Guillermo Arriaga (2009).
. Robosapien: Rebooted , de Sean McNamara (2009).
.Contraluz, de Fernando Fragata (2010).
. Fast Five, de Justin Lin(2011).
."La Cage Doree", de Ruben Alves (2013).

De que outra  forma se poderia descrever a carreira de Joaquim de Almeida senao de brilhante e bem sucedida, mesmo sendo algumas vezes com personagens secundarias sem grande relevo. Almeida tem sido um Actor com bastante trabalho e muito requisitado tanto para entrar em filmes americanos como portugueses, conta so em trabalhos no cinema com 74 filmes. Com todos estes filmes e com uma carreira ja com 31 anos iniciada em 1982 com , The Soldier, conta com uma media de 2.38 filmes por ano, sendo o ano de 1991 o que teve mais trabalho participando em 6 filmes, esta media e feita baseada so nos seus trabalhos em filmes nao conta com os trabalhos para series de TV e os trabalhos de dublagens. Olhando o perfil e o talento, o ar descontraido com que representa vivendo mesmo o personagem dentro de si como se fosse ele proprio, a sua voz rouca, suave e natural penso que este luso americano encaixava perfeitamente para representar a personagem de James Bond.

Casou pela primeira vez na Austria com a Pianista classica hungara Andrea Nemmetz de quem se divorciou sem geracao. Casou segunda vez em Nova Iorque, Condado de Nova Iorque, em 1979 com a bailarina americana Anne Rogoshan, de quem se divorciou igualmente e novamente sem geracao. Casou pela terceira vez em 1992 com a designer portuguesa Maria Cecilia Goncalves de quem se divorciou, e tem um filho: . Lourenco Goncalves Baptista de Almeida (25 de Janeiro de 1993). De Maria do Carmo Gaivao de Tavares Risques Pereira, prima em 3o grau de Pedro Miguel de Santana Lopes e meia-sobrinha-5a-neta do 2o Barao de Brissos, com quem viveu, tem uma filha: Ana de Tavares Risques Baptista de Almeida (29 de Agosto de 2002).      
                                             
                                          
Ao ter conhecimento de que eu me tinha metido nesta aventura e estava a fazer este trabalho um amigo pessoal sempre de forma bastante amigavel e diplomatica insistiu que ao falar do cinema portugues Manuel de Oliveira, seria impossivel esquecer o seu nome quando se fala do mesmo assunto. Aceitei o desafio embora pouco conheca da sua obra de realizador e da sua vida pessoal apenas soubesse e ja fizera referencia a isso que se trata de um realizador de cinema centenario que continua a sua atividade fazendo de si o realizador mais idoso a nivel mundial da actualidade e penso ate que certamente de todos os tempos. Ainda que de uma forma nao tao aberta ressolvim entao falar de Manuel de Oliveira neste trabalho, ficando com a certeza de que a mesma decisao agradara pelo menos a uma pessoa.
   
                                                                 
Manuel de Oliveira, de seu nome completo Manuel Candido Pinto de Oliveira (Porto, Cedofeita, 11 de Dezembro de 1908), e um Cineasta portugues que ao longo da sua carreira acompanhou toda a inovacao do cinema desde do fim do cinema a preto e branco para o cinema a cores como tambem o fim dos filmes mudos para filmes sonorizados.

Autor de 32 longas metragens, Manuel de Oliveira nasceu no seio de uma familia da alta burguesia nortenha, com origens na pequena fidalguia. E filho de Francisco Jose de Oliveira (Viera do Minho, Mosteiros, c 1865-), industrial e primeiro fabricantes de lampadas em Portugal e de sua mulher Candida Ferreira Pinto (Porto, Santo Ildefonso 13 de Abril de 1875-Porto 2 de Julho de 1947).

Aos 20 anos vai para a escola de actores fundada no Porto por Rino Lupo, o cineasta italiano ali radicado e um dos pioneiros do cinema portugues de ficcao. Berlim: Sinfonia de uma cidade, documentario vanguardista de Walther Ruttman, influencia-o profundamente. Tem entao a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro - Douro, Faina Fluvial (1931) foi o seu primeiro filme que estranhamente recebe elogios de criticos estrangeiros e o desagrado dos criticos nacionais.

Adquiriu entretanto alguma formacao tecnica nos estudios da Kodak, na Alemanha e mantendo o gosto pela representacao, participou como Actor no segundo filme sonoro portugues, A Cancao de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, vindo a dizer, mais tarde, nao se identificar com aquele estilo de cinema popular. So mais tarde em 1942, se aventuraria na ficcao como realizador: adaptado do conto, Os Meninos Milionarios, de Joao Rodrigues de Freitas filma Aniki-Bobo (1942). O filme revela-sse um fracasso comercial mas com o tempo daria que falar. Oliveira o realizador incompreendido ate entao decidiu, talvez por isso abandonar outros projectos dentro da setima arte, envolvendo-se nos negocios da familia. So voltaria ao cinema 14 anos depois, com o Pintor e a Cidade, em 1956.

Em 1963, O Acto da Primanvera, marcou uma nova fase no percurso da sua carreira. Com este filme, praticamente ao mesmo tempo que Antonio Campos, iniciou Oliveira em Portugal a pratica da Antropologia Visual no cinema.

Por causa de alguns dialogos no mesmo filme Manuel de Oliveira passa pela experiencia e o disabor de ir parar 10 dias a cadeia na PIDE. Conheceu ai no curto espaco de tempo que la esteve sem saber quem era o mesmo Urbano Tavares Rodrigues com quem chegou a contracenar mais tarde.

A obra cinematografica do realizador, ate entao interrompida por pausas e projectos nao-realizados, so a partir da sua futura longa metragem, O Passado e o Presente, de 1971, prosseguiu desta vez sem quebras nem sobresaltos, por uns 30 anos, ate praticamente ao final do seculo passado.

Em 1982, Oliveira fez um documentario autobiografico (uma biografia sobre si) onde nos faz algumas confissoes e nos conta as suas memorias. Por opcao propria do cineasta o mesmo documentario so sera revelado e apresentado ao publico apos a sua morte.

Manuel de Oliveira insiste em afirmar que apenas cria filmes pelo gozo de os fazer. Apesar das multiplas condecoracoes em alguns dos mais prestigiados Festivais de cinema do mundo, como o Festival de Cannes ou o de Veneza e ainda o de Montreal, leva uma vida retirada longe das luzes da ribalta.

Premios e Galardoes:

. Comendador da Ordem Militar de Sant'lago da Espada (9 de Junho de 1980).
. Gra-Cruz da Ordem Militar de Sant'lago da Espada (29 de Dezembro de 1988).
. E Professor honorario da Academia do Cinema de Skopje.
. Recebeu em 2008 o Premio Mundial do Humanismo.
. Em 2008, Manuel de Oliveira recebeu o Doutoramento honorius causa pela Universidade do Algarve.
. Gra-Cruz da Ordem do Infante D Henrique (13 de Dezembro de 2008).
. Em 2009, recebeu nos XIV Globos de Ouro transmitidos pela SIC a 18 de Maio de 2009 um premio de prestigio e homenagem pelo seu trabalho que realizou tendo ja 100 anos de idade, sendo um dos realizadores de cinema mais velhos do mundo.
. Em 2011, recebeu o Doutoramento homorius causa pela Universidade de Tras-os-Montes e Alto Douro.
. Em 2013, recebeu a Medalha de Conhecimento e Merito pelo Instituto Politecnico de Lisboa.

Manuel de Oliveira conta na sua carreira com 32 longas-metragens a primeira, Aniki-Bobo em 1942 e a ultima ate ao momento, A Igreja do Diabo de 2012. Conta igualmente ainda com 15 curtas e medias metragens, Douro, Faina, Fluvial de 1931 ate "Do Visivel ao Invisivel" em Mundo Invisivel em 2011. Oliveira nem sempre foi realizador tambem trabalhou no cinema como actor, Fatima Milagrosa em 1928 de Rino Lupo foi o primeiro filme em que desempenhou um papel entrou ainda em mais 4 filmes o ultimo foi em Lisbon Story de Wim Wenders em 1994, supervisionou ainda mais duas obras uma em 1966 e outra em 1970, tem ainda mais 8 outros trabalhos em que desempenhou outras funcoes, Os Ultimos Temporais: Cheias do Tejo (documentario) em 1937 foi o primeiro e em 2006 o Improvavel nao e Impossivel foi o ultimo.
                                                        
 
 
 
 
 
 
Ao entrar na abordagem do ultimo tema desta cronica que ja vai bastante longa e muitas horas de pesquisa e trabalho me deu, trabalho esse que foi um prazer para mim, quero terminar por falar numa certa geracao de ouro que por acaso nao e aquela que se apelidou pelo mesmo nome e de quem tanto se fala onde estao nomes conhecidos como Joao Pinto, Rui Costa, Luis Figo e companhia com a conquista do mundial de futebol de juniores em Riade em 1989 e o de Lisboa dois anos mais tarde, isso ficara para uma proxima oportunidade. Quero desta vez falar da geracao de ouro olimpico e do atletismo portugues e digo isto porque nunca antes Portugal tinha conquistado o ouro numa Olimpiada.

Porem mesmo antes da conquista do ouro numa olimpiada o atletismo portugues viria a ganhar a prata em 1976 nas Olimpiadas de Montreal com Carlos Lopes que esteve a escasos metros de conseguir a proeza de conquistar o ouro olimpico logo naquelas Olimpiadas. Lopes teria que esperar 8 anos mas em 1984 nas Olimpiadas de Los Angeles nao viria a deixar fugir novamente a medalha tao desejada para si e que deixou orgulhoso todo o Portugal tendo dessa vez uma senhora que dava pelo nome de Rosa Mota conquistado uma medalha de bronze feito igualmente conseguido nos mesmos jogos olimpicos por Antonio Leitao. Rosa Mota traria o ouro olimpico 4 anos mais tarde nos Jogos Olimpicos de Seul em 1988 infelizmente dessa mesma vez viria a ser a unica atleta a conquistar uma medalha, Rosa Mota revelou ser uma atleta muito bem preparada psicologicamente ja que nunca acusou o peso e a responsabilidade de ser a favorita a vitoria simplesmente se limitou a tornar esse mesmo favoritismo de teorico para real.

No atletismo entre 1984 e 1996 somente em 1992 nos Jogos Olimpicos de Barcelona Portugal nao viria a conquistar nenhuma medalha porem em 1996 nos Jogos Olimpicos de Atlanta Fernanda Ribeiro fizera-o, repetiu novamente uma medalha em Sidney mas desta vez de prata.

Tanto nos jogos olimpicos como em mundiais, europeus de atletismo ou comepticoes de menor relevo Portugal somou vitorias, titulos individuais e ate por equipas e medalhas para isso contribuiram estes grandes atletas Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Antonio Leitao e Fernando Mamede, sendo este ultimo sempre prejudicado pelo factor psicologico de nao aguentar a pressao psicologica das altas competicoes e que caiam sobre si um atleta que em competicoes nacionais e de menor relevo mundial ate conseguia bater recordes mundiais e pela mesma razao nao se pode tirar o merito ao mesmo. Escrevo sobre os mesmos sem usar uma cronologia ordenada pela idade dos atletas, ou pela data das conquistas mas pela importancia dos titulos conquistados nos jogos olimpicos e pelo valor das mesmas medalhas conquistadas.

Lamentavelmente os videos nao sao os melhores mas infelizmente nem todos os videos do youtube tem ligacao com o blogger para isso e necessario que quem postou o video o permita. Exemplo disso vim quando quis postar um video de Antonio Leitao em competicao e ate mesmo a vitoria de Fernanda Ribeiro em Atlanta(no video da mesma optei por colocar um que conta a historia dos Jogos Olimpicos ate chegar a Sidney onde se pode ver uma parte que Fernanda carrega a bandeira portuguesa numa foto), ja quando foi para falar do tema cinema uma das minhas cenas favoritas do filme Adao e Eva nao se encontravam em nenhum video ligado ao blogger, sendo assim peco desculpa se os videos nao sao os melhores.


Carlos Alberto de Sousa Lopes (Vildemoinhos, 18 de Fevereiro de 1947) e um ex-atleta e campeao olimpico portugues, um dos melhores da sua geracao e uma referencia mundial do atletismo de longa distancia.

Lopes dos atletas de fundo mais completos e perfeitos de sempre sobressaiu tanto nas provas de pista, como nas de estrada e corta-mato (Cross-Country). Foi vencedor da Medalha Olimpica Nobre Guedes em 1973.

A familia Sousa Lopes era modesta. Carlos comecou a trabalhar como servente de pedreiro, ainda nao tinha 11 anos, para ajudar a sustentar a casa de familia. Mais tarde foi empregado de mercearia, relojoeiro e continuo. Enquanto adolescente Lopes ambicionava jogar futebol no Lusitano Vildemoinhos, o clube local da sua aldeia natal. O clube rejeitou-o por ser excessivamente magro. Como ele proprio contou mais tarde, o Atletismo surgiu por um mero acaso. Numa correria com amigos, durante a noite, ao voltar de um baile (correndo em parte para afastar o medo que o vento uivante lhes fazia), Carlos Lopes, foi o primeiro, batendo um grupo de rapazes da sua idade que treinavam regularmente e ja se dedicavam ao atletismo a algum tempo. Foi ai mesmo nesse grupo de adolescentes que nasceu a ideia de criar um nucleo de atletismo no Lusitano Vildemoinhos.

A primeira prova oficial de Carlos Lopes foi numa corrida de Sao Silvestre, tinha 16 anos. Lopes ficou em segundo lugar, pese embora atletas bem mais experientes. Pouco tempo depois, ganhou o campeonato distrital de Viseu de crosse, e quase de seguida foi terceiro no Campeonato Nacional de Corta-mato para juniores. Essa mesma classificacao levou-o pela primeira vez ao Cross das Nacoes em Rabat, Marrocos. Lopes foi o melhor portugues presente, em 25o lugar. Carlos Lopes tinha entao 17 anos.

Em 1967, Carlos Lopes foi recrutado pelo Sporting Clube de Portugal, de Lisboa. A ida para Lisboa, deveu-se tanto a razoes desportivas, como a promessa de um melhor emprego como serralheiro. E no Sporting que encontra o treinador da sua vida e que viria a mudar a mesma, Mario Moniz Pereira, Moniz Pereira foi o mentor de varias geracoes de atletas portugueses de fundo e meio-fundo onde constam nomes como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Dionisio Castro e Domingos Castro.

Em 1975, Carlos Lopes e alguns outros atletas do Sporting passam a treinar duas vezes por dia. Lopes era entao dispensado do seu emprego (entretanto foi continuo no jornal Diario Popular e num banco) na parte da manha. Entrava-se assim, na era do semi-profissionalismo.

Em 1976, Lopes ganha pela primeira vez o Campeonato do Mundo de Corta-mato, que nesse mesmo ano se realizava em Chepstown, no Pais de Gales. Como mais tarde viria a demostrar, Lopes fez uma corrida demostrando uma enorme auto-confianca, mostrando uma poderosa resistencia, sentido tactico e muito boa ponta final (sprint), o rapazola que tinha sido rejeitado por um clube local de futebol tornara-se um homem e um atleta que comecava a deitar cartas no atletismo onde comecava a mostrar que tinha sempre uma palavra a dizer.

Carlos Lopes, que ja tinha estado sem gloria nos jogos de Munique de 1972, era uma das maiores esperancas portuguesas para os Jogos Olimpicos de Montreal, no verao de 1976. Lopes teve, alias, a honra de ser inclusivamente o porta-bandeira da equipa portuguesa durante a cerimonia inaugural.

Na final dos 10.000 metros, Lopes forcou o andamento desde do inicio. Segundo as instrucoes de Moniz Pereira (se na linguagem do futebol a um treinador experiente e ja de certa idade se chama de velha raposa como A Ferguson, A Sachi, G Trapattoni e F Capello. Moniz Pereira no atletismo tambem podera ser considerado como tal) a tactica do mesmo era de rebentar com a concorrencia (ou em ultimo caso com ele mesmo). De facto tudo parecia correr bem e da melhor maneira conforme tinha sido planeado e desejado Carlos Lopes iniciou o ultimo meio quilometro bem adiantado do pelotao mas nao vinha so, entre ele e o pelotao vinha Lasse Viren da Finlandia, esse tinha sido o unico a conseguir fazer companhia a Lopes e estava a preparar o ataque. Nas ultimas centenas de metros, Viren apostou tudo no seu forte e quase imbativel sprint final, ultrapassou Lopes e conquistou a medalha de ouro que parecia quase ate ao final da prova estar a acenar para o portugues. Lopes foi segundo e teve que se contentar com a medalha de prata, ainda nao fora dessa vez que nos jogos olimpicos se fizera ouvir o hino nacional. O finlandes era um atleta de excepcao, e ganhou tambem o ouro nos 5000 metros.

Era a primeira vez, desde de a decadas que Portugal conquistava uma medalha olimpica a ultima havia sido em 1960 nos Jogos Olimpicos de Roma, tambem fora a primeira medalha olimpica no atletismo e ia demorar ainda 8 anos ou melhor duas olimpiadas mas o melhor ainda estaria por vir e onde mais uma vez Carlos Lopes ia ser o protagonista.

Em 12 de Agosto, Carlos Lopes, venceu a prova de maratona nos Jogos Olimpicos de Los Angeles em 1984, Lopes contava ja com 37 anos tinha dois factores importantes a sua volta um era a seu favor e o outro era conta, Lopes era um atleta ja experiente talvez dos mais experientes que iriam estar em prova, estava ja habituado a ganhar mas sabia que tinha contra a si um factor que era a sua idade que comecava a tornar-se um peso, Lopes sabia que aquela seria a sua ultima maratona olimpica e era como se toda a sua vida desportiva, todos os anos de competicao, todos os momentos de treino duro tivessem sido preparados para viver aquele momento, perder nao seria um desastre nem nada de frustrante mas vencer seria terminar praticamente uma carreira recheado de gloria. A prova foi rapida apesar do calor que se fazia sentir e a marca atingida fora de 2h09m21s Carlos Lopes vencera a prova para orgulho de todos os portugueses, o tempo da marca atingida tinha sido um recorde tambem que so fora batido 24 anos depois nos Jogos Olimpicos de Pequim em 2008.

Recordes pessoais:

. 3000 Metros com Obstaculos: 8.39,6 (Lisboa-1973).
. 5000 metros: 13.16,38 (Oslo-1984).
. 10000 metros: 27.17,48 (Estocolmo-1984).
. Maratona: 2.07.12 (Maratona de Roterdao-1985).

Palmares:

. 1976 - Venceu o Campeonato do Mundo de Corta-mato.
. 1976 - 2o nos Jogos Olimpicos de Montreal.
. 1977 - 2o no Campeonato do Mundo de Corta-mato.
. 1982 - Venceu os 10000 Metros de Bislett Games em Oslo.
. 1982 - Venceu a Corrida de Sao Silvestre de Sao Paulo, Brasil.
. 1983 - 2o lugar na Maratona de Roterdao.
. 1984 - Venceu o Campeonato do Mundo de Corta-mato.
. 1984 - 2o lugar no Metting de Estocolmo em 1o lugar ficou outro Portugues, Fernando Mamede.
. 1984 - Venceu a maratona nos Jogos Olimpicos de Los Amgeles, estabelecendo recorde olimpico da prova, recorde que durou 24 anos.
. 1984 - Venceu a tradicional Corrida de Sao Silvestre de Sao Paulo, Brasil.
. 1985 - venceu o Campeonato do Mundo de Corta-mato (Cross-Country).
. 1985 - Venceu a maratona de Roterdao e quebrou o recorde mundial da prova.

Campeonatos Nacionais:

. 2 Campeonatos Nacionais de 5000 Metros (1968, 1983).
. 2 Campeonatos Nacionais de 10000 Metros (1970, 1978).
. 1 Campeonato Nacional de 3000 com Obstaculos (1975).

Jogos Olimpicos:

. 1972 - Munique: 5000 Metros (Qualificacoes).
. 1972 - Munique: 10000 Metros (Qualificacoes).
. 1976 - Montreal, Canada: 10000 Metros - Medalha de prata.
. 1984 - Los angeles: Maratona - Medalha de ouro. (Recorde Olimpico ate 2008).

Campeonatos do Mundo:

. 1983 - Helsinquia: 10000 Metros (6o lugar).

Campeonatos da Europa:

. 1971 - Helsinquia: 10000 Metros - (33o lugar).
. 1971 - Helsinquia: 3000 Metros com Obstaculos - (Qualificacoes).
. 1974 - Roma: 10000 Metros - (Desistiu).
. 1982 - Atenas: 10000 Metros - (4o lugar).

Campeonatos do Mundo de Corta-Mato:

1976 - Chepstown, Pais de Gales - Medalha de ouro.
1977 - Dusseldorf - Medalha de Prata.
1983 -  Gateshead, Inglaterra - Medalha de Prata.
1984 - East Rutherford, Estados Unidos - Medalha de Ouro.
1985 - Lisboa - Medalha de Ouro.


Rosa Maria Correia dos Santos Mota (Porto, 29 de Junho de 1958) e uma ex-atleta campea olimpica e mundial da maratona. Tornou-se conhecida principalmente pelas suas prestacoes nesta prova, sendo considerada por muitos como uma das melhores corredoras do seculo XX nessa especialidade. Foi vencedora da Medalha Olimpica Nobre Guedes em 1981.

Rosa Mota como era conhecida no mundo do Atletismo e ainda hoje recordada comecou a correr quando ainda frequentava o liceu. Comecou com o Futebol Clube da Foz em 1974 onde esteve ate 1977. Em 1978 vai para o Futebol Clube do Porto onde fica ate 1980, onde teve um problema de saude relativo a asma.

A partir de 1981 comecou a competir com o Clube de Atletismo do Porto conhecido por CAP, onde esteve ate ao final da sua brilhante carreira atletica.

Em 1980 conheceu Jose Pedrosa, que viria a ser o seu treinador durante toda a sua carreira. A primeira maratona feminina que existiu, decorreu em Atenas na Grecia durante o Campeonato Europeu de Atletismo em 1982, foi tambem a primeira maratona em que Rosa Mota participou, embora nao fizesse parte do lote que estava entre as atletas favoritas, Rosa bateu facilmente Ingrid Kristiansen e ganhou assim a sua primeira maratona.

O sucesso passou a ser uma das imagens de marca de Rosa Mota que invariavelmente, terminava bem classificada em todas as maratonas de prestigio. Na primeira maratona olimpica que decorreu em Los Angeles em 1984, ganhou a medalha de bronze. O seu Recorde Pessoal da distancia foi conseguido em 1985 na maratona de Chicago com o tempo de 2 horas, 23 minutos e 29 segundos.

Em 1986 foi Campea da Europa, em 1987 Campea mundial em Roma, em 1988 era o sonho de uma carreira realizado Rosa Mota ganhou o ouro olimpico em Seul, quando a 2 quilometros da meta atacou com as forcas que ainda lhe restavam Lisa Martin, vindo no fim a ganhar com 13 segundos de avanco.

Em 1990 voltou a Boston para ganhar essa corrida pela terceira vez, vencendo desta vez Uta Pipping. Depois disso, Rosa Mota foi a Split, defender o titulo de Campea europeia da Maratona. Atacando desde do inicio, Rosa Mota chegou a ter um minuto e meio de avanco sobre Valentina Yegorova que, no entanto, aos 35 quilometros conseguiu apanha-la, as duas lutaram arduamente pela vitoria Rosa Mota parecia que iria pagar o esforco que tinha feito ao atacar desde do inicio da prova, porem no final, a vitoria sorriu a Rosa Mota com apenas 5 segundos de vantagem. Ate 2005, a conquista da maratona por tres vezes em campeonatos europeus de atletismo, tanto feminino como masculino, foi exclusivo de Rosa Mota.

Apesar de todo este sucesso na sua carreira desportiva em alta competicao, Rosa Mota sofria de Ciatica, o que nao a impediu de continuar a coleccionar triunfos, como fez em 1991, na Maratona de Londres, ainda nesse ano, disputando o Campeonato Mundial de Atletismo em Toquio Rosa viu-se obrigada a abandonar a corrida (era o primeiro sinal de que tudo estava a chegar ao fim) e finalmente retirou-se das competicoes quando voltou a nao conseguir terminar novamente uma maratona (Maratona de Londres) no ano seguinte.

Em 2004, a ex maratonista teve o privilegio de promever a maior corrida feminina em Portugal, com um pelotao de cerca de 10 mil mulheres ajudando a arrecadar fundos para combater o cancro da mama.

Rosa Mota disputou 21 maratonas entre 1982 e 1992, numa media de duas maratonas por ano. Ganhou 14 dessas mesmas 21 corridas.

Considerada uma Embaixatriz do Desporto, ganhou o premio Abebe Bikila pela sua contribuicao no desenvolvimento do treino das corridas de longa-distancia. Este premio foi-lhe atribuido no final da Corrida Internacional da Amizade, patricionada pelas Nacoes Unidas e entregue antes da maratona de Nova Iorque.

A nossa Rosinha, como e carinhosamente apelidada por muitos portugueses, e uma das personalidades mais populares do desporto em Portugal no seculo XX, juntamente com Eusebio, Carlos Lopes e Luis Figo.

Em 2004 voltou a Atenas, desta vez Rosa Mota transportou a chama olimpica pelas ruas da capital grega antes das olimpiadas de 2004.

No Brasil, Rosa Mota tambem tem grande popularidade ja que e a maior vencedora de todos os tempos da mais famosa corrida de rua do pais, a corrida de Sao Silvestre, disputada nas ruas de Sao Paulo anualmente no ultimo dia de cada ano. Rosa Mota venceu a prova por 6 vezes e de forma consecutiva, iniciando tal feito em 1981.

Em 2012 Rosa Mota foi distinguida pela Association of International Marathons and Distance Races (AIMS).

E vencedora das maratonas de Roterdao 1983 (2h.32m,27s), Chicago 1983 (2h.27,15s) e 1984 (2h.26m,01s), Toquio 1986 (2h.27m,15s), Boston 1987 (2h.25m,21s), 1988 (2h.24m,30s) e 1990 (2h.25m,23s), Osaca 1990  (2h.27m,47s) e Londres 1991 (2h.26m,14s). Foi vice campea mundial de estrada (15 km) em 1984 e 1986.

Recordes Pessoais:

. 800 metros: 2.10,76 (Lisboa-1985).
. 1500 metros: 4.19,53 (Vigo-1983).
. 5000 metros: 15.22,97 (Oslo-1985).
. 10000 metros: 32.33,51 (Oslo-1985).
. Maratona: 2.23,29 (Chicago-1985) (Recorde Nacional).

Palmares:

Campeonatos Nacionais:

. 1 Campeonato Nacional de 800 Metros (1979).
. 3 Campeonatos Nacionais de 1500 Metros (1974,1975 e 1981).
. 8 Campeonatos Nacionais de Corta-mato.

Jogos Olimpicos:

. 1984 - Los Angeles: Maratona - Medalha de bronze.
. 1988 - Seul: Maratona - Medalha de ouro.

Campeonatos do Mundo:

. 1983 - Helsinquia: Maratona - (4o lugar).
. 1987 - Roma: Maratona - Medalha de Ouro.
. 1991 - Toquio: Maratona - (Desestiu).

Campeonatos da Europa:

. 1982 - Atenas: Maratona - Medalha de ouro.
. 1986 - Estugarda: Maratona - Medalha de ouro.
. 1990 - Split: Maratona - Medalha de ouro.

Ordens de Merito recebidas:

Rosa Mota foi distinguida por quatro vezes com ordens honorificas de Portugal.

- Ordem do Infante D Henrique:

. Em 3 de Agosto de 1983 com o grau de Dama por Ramalho Eanes.
. Em 7 de Fevereiro de 1985 com o grau de Oficial por Ramalho Eanes.
. Em 16 de Outubro de 1987 com Gra-Cruz por Mario Soares.

- Ordem do Merito:

. Em 6 de Dezembro de 1988 com a Gra-Cruz por Mario Soares.
                                                                     
 
 
Maria Fernanda Moreira Ribeiro (Penafiel, 23 de Junho de 1969), mais conhecida apenas por Fernanda Ribeiro, e uma ex-atleta portuguesa especialista em corridas de fundo e meio fundo. Uma das maiores referencias portuguesas e mundiais na modalidade no sector feminino, sagrou-se em 1996, campea Olimpica, dos 10000 Metros em Atlanta numa das mais emotivas finais da mesma especialidade ate hoje Fernanda venceu a prova a custa de um forte ataque final, tornando-se desde dai na terceira atleta nacional a conseguir o ouro olimpico depois de Carlos Lopes em Los Angeles 1984 e Rosa Mota em Seul quatro anos depois do feito de Lopes. Sendo tambem a atleta mais medalhada de sempre, para isso entre outros feitos ajudaram a medalha de bronze nos Jogos Olimpicos de Sidney em 2000 e os titulos de campea do Mundo, campea da Europa, e bi campea europeia de pista coberta. Teve a honra de receber a Medalha Olimpica Nobre Guedes em 1994 e foi porta-estandarte da comitiva portuguesa, na abertura dos Jogos Olimpicos de Atlanta onde ela iria ter um papel crucial e fundamental para se escrever a pagina de Portugal no desporto olimpico terminado com Fernanda Ribeiro a conquistar a medalha de ouro dos 10000 Metros e a bater o Recorde Olimpico da mesma prova.

Desde muito nova a jovem Fernanda Ribeiro demostrou enorme interesse pelo atletismo. Com capacidades unicas para a sua idade e que revelaram um futuro promisor, despertou a cobica de varios clubes logo aos 10 anos de idade. Depois de uma breve passagem pelo Valongo, de Sousao, foi no Kolossal que a jovem promessa de Penafiel comecou a competir a nivel oficial. No escalao de iniciada, logo da provas do seu invulgar talento, ao classificar-se em 2o lugar atras de Rosa Mota, na Meia Maratona da Nazare em 1982, sagra-se campea nacional de iniciados e juvenis, em 1500 Metros com toda a naturalidade acaba por ser desde logo contratada por um dos melhores clubes de atletismo, o Futebol Clube do Porto. A aposta demostrou-se totalmente justificada e em 1983, Fernanda ja era recordista nacional de iniciados, juvenis e juniores, tanto em 1500 metros, como igualmente nos 3000 metros.

Na antecamera de sucessos futuros a nivel senior, a atleta dos Dragoes consegue os seus primeiros grandes resultados a nivel internacional, nos anos de 1986 e 1987, conquistando o 4o lugar nos Mundiais de juniores, de Atenas, em 3000 metros. Na mesma distancia e apenas um ano depois, sagra-se campea europeia do escalao, na cidade inglesa de Birmingham, com um tempo de 8.56,33, estabelecendo com esta marca um novo Record Nacional de Juniores. Esta impressionante vitoria valeu a atleta, a convocatoria para os Mundiais de Roma, do mesmo ano, com apenas 18 anos de idade. Esta viria a ser a sua segunda experiencia de grandes competicoes internacionais, a nivel senior, depois de nao ter passado nas qualificacoes nos Europeus de Estugarda. Valeu sobretudo pela experiencia adquirida ja que a jovem nortenha nao foi alem do penultimo lugar da meia final, apenas a frente da vice campea europeia de juniores, a romena Calenic, que tinha sido derrotada por Fernanda, em Birmingham. 

Com a motivacao resultante de ter conseguido os minimos olimpicos para os Jogos de Seul, suas primeiras Olimpiadas com apenas 19 anos de idade, Fernanda sagrou-se vice-campea Mundial de juniores, em 3000 metros. A medalha foi conseguida na cidade canadiana de Sudbury, de forma supreendente, depois de ter sido apenas quinta classificada na sua meia final do dia anterior. Nos Jogos Olimpicos melhora o seu tempo da final do Mundial de Juniores em quase 10 segundos, mas a proeza torna-se insuficiente para fazer melhor que a conquista do 13o lugar da sua meia final. A diferenca de atletas do seu escalao (Junior) e os tubaroes da fina nata mundial senior provava ser ainda muito grande, porem a atleta nortenha do Futebol Clube do Porto deixava boas indicacoes para o futuro.

No caminho para Barcelona 1992, as coisas porem nao sairam da forma que Fernanda Ribeiro certamente esperava, com resultados muito aquem do esperado e precisando de bastante mais para se afirmar como atleta com nome internacionalmente reconhecido. Porem nos Europeus de Split, em 1990, nao passou das qualificacoes dos 3000 Metros e em 10000 Metros desistiu a meio da prova. Nos seus segundos Campeonatos do Mundo, em Toquio, as coisas voltaram a nao correr da melhor maneira e a jovem atleta ficou pelas meias finais, repetindo o mesmo resultado que 4 anos antes. Foi entao que sem espanto, que os resultados nao diferiram muito em Barcelona, 1992, com um 9o lugar na sua meia final e consequente eliminacao. Com 23 anos, a campea europeia, e vice campea-mundial de juniores estava a sentir claras dificuldades de transicao para a competicao senior onde encontrava com frequencia as melhores atletas do mundo ja veteranas e mais experientes, os fracos resultados levaram-na a ponderar mesmo o abandono do atletismo.

E em 1993 um ano depois do fracasso de Barcelona que tudo muda. Ja com novo Treinador Joao Campos, alcanca o 10o lugar nos Mundiais de Estugarda, ja com uma marca de muito respeito a provar que Fernanda Ribeiro tinha potencial e qualidades para bem mais do que estava a render ate ao momento. No ano seguinte, em pista coberta, a atleta alcanca a sua primeira medalha em competicoes seniores, e logo de ouro. Em Paris, a atleta portista nao so se sagrou campea europeia de indoor, como bateu o Record Nacional dos 3000 Metros que pertencia a Albertina Dias. Estava entao a iniciar-se uma brilhante carreira a nivel de conquistas internacionais, e no mesmo ano, Fernanda Ribeiro tornou-se campea europeia de 10000 Metros, desta feita ao ar livre, em Helsinquia. Num evento fabuloso para as cores nacionais (Manuela Machado sagrou-se campea europeia da maratona). Fernanda dominou a corrida e melhorou o seu Record Nacional para 31.04,25 a frente de Conceicao Ferreira, que trouxe a prata para Portugal. Em 1995, mais medalhas para a fundista, com titulos de campea mundial nos 10000 Metros e Vice-Campea nos 5000 Metros. Na prova mais longa, Fernanda Ribeiro ficou 4 segundos a frente de Derartu Tulu, campea olimpica em Barcelona, quatro anos antes, e bateu o recorde dos campeonatos. Esta vitoria valeu-lhe tambem um Mercedes, apesar de a epoca nao ter carta de conducao. Ao conseguir conquistar a medalha de prata nos 5000 metros, tres dias depois, ficando apenas atras da irlandesa O'Sulivan a atleta portuguesa voltou a fazer historia tornando-se na primeira a fazer a chamada "dobradinha" em Campeonatos do Mundo. Antes dos Jogos Olimpicos, ainda houve tempo para rivalidar, em Estocolmo, o seu titulo de campea europeia de pista coberta nos 3000 metros.

Os dados estavam lancados, os Jogos Olimpicos de Atlanta 1996 estavam mesmo a porta, Fernanda como qualquer outra pessoa sabia que aquele evento seria determinante para a sua carreira chegando a ser quase a ser um momento crucial. A atleta era ainda jovem e poderia ainda vir a fazer mais uma olimpiada ou duas mas aquele era o momento certo, Fernanda sabia-o melhor que ninguem. A nortenha chegava as suas terceiras olimpiadas evento onde nunca tinha sido notada, mas ao contrario de Seul 1988 e Barcelona 1992, desta vez as aspiracoes com voos mais altos eram mais do que legitimas a sonhar com uma medalha olimpica, defendendo o seu estatuto de campea mundial e bi-campea europeia. Isso contribuiu em parte, para que fosse convidada a ser a porta-estandarte da comitiva portuguesa, tendo a atleta tido a honra de transportar a bandeira nacional na cerimonia de abertura dos Jogos Olimpicos de Atlanta. A 2 de Agosto de 1996(talvez o dia mais importante da sua brilhante carreira desportiva) com a medalha de prata mais que assegurada, Fernanda Ribeiro proporcionou um dos momentos mais brilhantes do desporto portugues e uma das finais de 10000 Metros mais espetaculares de sempre. A entrada da ultima volta, Fernanda tinha 20 Metros de atraso para a chinesa Wang Junxia, Recordista Mundial da distancia e ja sagrada Campea Olimpica de 5000 Metros, dias antes. Com um final de prova demolidor, a fundista nacional supreendeu tudo e todos, incluindo a super favorita chinesa e fez uma ultrapassagem impensavel, disparando para um novo recorde olimpico 31.01,63 (a ultrapassagem e a forma como venceu certamente faria lembrar a muito a forma como o finlandes Lasse Viren batera Carlos Lopes na final de 10000 Metros masculinos em Montreal vinte anos antes, desta vez porem os portugueses tinham motivos para sorrir), Fernanda sagrava-se tambem desde entao Campea Oimpica, Cmpea do Mundo e Campea Europeia, um feito so ao alcance dos melhores atletas mundiais. Que mais poderia desejar uma atleta que tantas dificuldades sentira ao saltar do escalao junior para senior.

Tendo ja conquistado tudo o que havia para ganhar, a ambicao da atleta que ja nao sabia o que era perder nao esmoreceu e 1997 foi mais um ano onde foi repetindo vitorias, com mais 3 medalhas conquistadas. A nivel indoor, conquistou a sua unica medalha em campeonatos do mundo, com o bronze em Paris 1997, alcancado na prova de 3000 metros, com o tempo de 8.49,79. Ao ar livre garantiu o bronze nos 5000 Metros e a prata nos 10000 Metros (sem duvida esta prova era o forte da Atleta), repetindo o score de duas medalhas ganhas dois anos antes, nesta mesma competicao. No ano seguinte, Fernanda conseguiu mais dois segundos lugares, desta vez em campeonatos europeus, de pista coberta e ao ar livre. Em Valencia nos 3000 metros, a corredora do FC Porto fez um tempo de 8.51,42, enquanto em Budapeste realizou os 10000 Metros em 31.32,42. No final do ano, tinha mais duas medalhas de prata para juntar ao seu ja longo palmares. No entanto o ouro comecava a fugir, 1999 seria um ano negro na sua carreira ate entao brilhante. A partida para os Mundiais de Sevilha, a expectativa era naturalmente de conquistar mais uma medalha, depois dos quatro lugares no podio nos ultimos dois campeonatos mundiais. A atleta portuguesa ia em 4o lugar, quando se sentiu sem forcas e desistiu, saindo da corrida visivelmente abalada. O ano mau seria agravado com a sua primeira experiencia na Maratona, que terminou tambem em desistencia, em Londres. Esta tentativa falhada tera dado forca a manutencao da portuguesa com 30 anos, no atletismo de pista, mais concretamente nos 10000 Metros, numa altura que havia algumas incertezas sobre o rumo a dar a sua carreira.

Na chegada a capital australiana, Fernanda Ribeiro nao estava tao confiante como quatro anos antes. O ano anterior tinha sido terrivelmente negro a nivel de resultados quase fazendo a atleta deixar de sonhar para passar a viver um pesadelo, mas agora estava algo a mudar conforme os dias na Vila Olimpica iam passando, a confianca da nortenha ia aumentando, ate porque a mesma ja nao tinha nada a provar fosse qual fosse o resultado. Durante a final da prova, a inglesa Paula Radcliffe tomou controlo da corrida desde do seu inicio, com uma passada terrivel. As etiopes Deratu Tulu e Gete Wami, e a queniana Tegla Laroupe eram, a par da inglesa, as maiores ameacas, mas a corredora nacional nao se deixou intimidar e nao perdeu o contacto com a frente da corrida onde estavam as suas maiores rivais. As cinco destacaram-se do pelotao e aos 4 Quilometros (mesmo sabendo que do grupo das cinco, duas iam sentir o gosto amargo de ficar sem nada) ja tinham 50 Metros de avanco para as restantes. Aos 7 Quilometros a passada de Radcliffe estava a um ritmo alucinante e aumentava a inglesa estava a arriscar demasiado e isso no final poderia sair-lhe caro como se viria a provar, Laroupe e a unica que comeca a perder terreno e a nao conseguir responder ao ritmo das outras quatro atleta estava de fora do grupo definitivamente, deixando quatro atletas em disputa para apenas tres medalhas. Ao tocar a sineta para a ultima volta, logo as etiopes atacam e deixam as europeias surpreendidas e sem espaco de reaccao, deixando para uma das duas a vitoria e para a outra a medalha de prata (so uma lesao, uma queda, ou qualquer outra paragem forcada poderia ditar a sentenca daquela corrida de outra forma, tal nao aconteceu porem nao seria a primeira vez que um atleta isolado parava por culpa de uma lesao a poucos metros da meta). Deratu Tulu, que ate havia sido Medalha de Ouro em Barcelona, recuperou o titulo perdido para a portuguesa e bateu tambem o seu recorde olimpico, deixando a prata para a colega e compatriota Gete Wami. Para Fernanda Ribeiro restava a luta pelo ultimo lugar do podio, e uma volta final de sacrificio garantiu-lhe o bronze e o recorde nacional, com 30.22,88, Fernanda talvez desejasse mais que o bronze que conquistara em detrimento de Paula Radcliffe, que acabou a prova num sempre ingrato 4o lugar, depois de ter passado a corrida inteira na lideranca esforco que lhe veio a sair caro. Desta vez a fundista portuguesa, uma atleta ja experiente com 31 anos de idade conseguia apesar de tudo mais um feito historico, ao tornar-se a 4a desportista nacional a garantir a conquista de duas medalhas em Jogos Olimpiocs, igualando o feito de Luis Mena e Silva, Carlos lopes e Rosa Mota.

Depois dos jogos de Sydney, nunca mais a atleta nortenha conseguiu medalhar em grandes competicoes internacionais. Os Europeus de Munique, em 2002 e os Mundiais de Paris, em 2003, acabaram em desistencias nos 10000 metros. Na capital alema, as lesoes acabaram por impedir um desfecho melhor, com o abandono a passagem da meia legua, devido a problemas gastricos. No dia seguinte, ainda nao recuperada do problema, a atleta tambem desistiu de participar nos 5000 metros. Um ano depois, foi o tendao de aquiles a condicionar a prova da fundista, que desistiu a passagem da 11a volta da prova. Em 2004 deu-se a quinta participacao de Fernanda Ribeiro nos Jogos Olimpicos. Nao houve desta vez espaco para um brilharete e a possibilidade de conquistar uma medalha, mesmo que de bronze, era ja pouco mais do que um sonho distante de se vir a tornar real. Foi sem surpresa que se deu a desistencia nos 10000 Metros em Atenas, quando ia completamente afastada dos lugares da frente (16o lugar a sete voltas do final da prova), naquela que foi a despedida da campea olimpica das provas de pista, ao mais alto nivel de competicao. Pouco depois da despedida olimpica, Fernanda Ribeiro transferiu-se para o Valencia Terra i Mar terminando assim uma ligacao com o FC Porto de 9 anos entre 1995 e 2004 isto antes de ter passado pelo Maratona CM entre 1993 e 1994, uma primeira vez pelo FC Porto entre 1983 e 1992 (no total das duas passagens foram 18 anos ao servico do FC Porto), o Kolossal entre 1980 e 1983, e o Valongo Sousao em 1980. Iniciava desta vez em 2004 a sua primeira aventura no estrangeiro, durou ate 2008, ano em que a equipa espanhola se sagrou campea da Europa de Corta-mato, por clubes, no sector feminino. Como individual e ja com 39 anos, a portuguesa apostou na maratona, depois de falhar o acesso a sua sexta Olimpiada. A aposta nao deu os frutos pretendidos, pois nos Europeus de Barcelona, em 2010, a atleta campea portuguesa nao aguentou o elevado ritmo da prova e mais uma vez viu-sse forcada a abandonar.

No seu curriculo fica o titulo de Campea Olimpica, Campea Mundial, Bi-Campea da Europa e uma medalha de bronze nos Jogos Olimpicos, no conjunto de 12 Medalhas em grandes competicoes internacionais, o que e ate hoje recorde absoluto no atletismo portugues.

Recordes  Pessoais:

. 800 metros: 2.05,71 (Espinho-1998).
. 1500 metros: 4.05,97 (Funchal-1997).
. 3000 metros: 8.30,66 (Monaco-1999).
. 5000 metros: 14.36,45 (Hechtel-1995).
. 10000 metros: 31.01,63 (Atlanta-1996)- (Record Olimpico).
. 10000 metros: 30.22,88 (Sydney-2000)-(Record Nacional).
. Meia Maratona: 1.08,23 (Lisboa-2000).
. Maratona: 2.29,48 (Hamburgo-2006).

Palmares:

Jogos Olimpicos:

. 1988 - Seul: 3000 Metros - (Meias-Finais).
. 1992 - Barcelona: 3000 Metros - (Qualificacoes).
. 1996 - Atlanta: 10000 Metros - Medalha de Ouro.
. 2000 - Sydney: 10000 Metros - Medalha de Bronze.
. 2004 - Atenas: 10000 Metros - (Desistiu).

Campeonatos do Mundo:

. 1987 - Roma: 3000 Metros - (Meias Finais).
. 1991- Toquio: 3000 Metros - ( Meias Finais).
. 1993 - Estugarda: 10000 Metros - (10o lugar).
. 1995 - Gotemburgo: 5000 Metros - Medalha de Prata.
. 1995 - Gotemburgo: 10000 Metros - Medalha de Ouro.
. 1997 - Atenas: 5000 Metros - Medalha de Bronze.
. 1997 - Atenas: 10000 Metros - Medalha de Prata.
. 1999 - Sevilha: 10000 Metros - (Desistiu).
. 2003 - Paris: 10000 Metros - (Desistiu).

Mundiais de Pista Coberta:

. 1997 - Paris: 3000 Metros - Medalha de Bronze.

Campeonatos da Europa:

. 1986 - Estugarda: 3000 Metros -  (Qualificacoes).
. 1990 - Split: 10000 Metros - (Desistiu).
. 1990 - Split: 3000 Metros - (qualificacoes).
. 1994 - Helsinquia: 10000 Metros - Medalha de Ouro.
. 1998 - Budapeste: 10000 Metros - Medalha de Prata.
. 2002 - Munique: 10000 Metros - (Desistiu).
. 2010 - Barcelona: Maratona - (Desistiu).

Europeus de Pista Coberta:

. 1994 - Paris: 3000 Metros - Medalha de Ouro.
. 1996 - Estocolmo: 3000 Metros - Medalha de Ouro.
. 1998 - Valencia: 3000 Metros - Medalha de Prata.

Campeonatos Nacionais:

. 5 Campeonatos Nacionais de 1500 Metros (1989, 1990, 1995, 1998, 1999).
. 4 Campeonatos Nacionais de 5000 Metros (2000, 2002,2004). +
. 3 Campeonatos Nacionais de 10000 Metros (1992, 1996, 2008).
. 1 Campeonato Nacional de Corta-mato(2003).
. 1 Campeonato Nacional de Maratona (2009).

+ - No meu trabalho de pesquisa foi-me apresentado 4 Campeonatos Nacionais de 5000 Metros embora so me revelem os anos de 2000, 2002 e 2004. Nao sei ao certo o que esta correcto e o que esta errado neste ponto, nao quero induzir ninguem em erro mas tambem nao quero que considerem esta nota um erro da minha parte, embora tenha feito varias pesquisas para investigar o assunto consultando varias paginas da internet e documentos os dados apresentados sao semelhantes.

Europeus de Juniores:

. 1987 - Birmingham: 3000 Metros - Medalha de Ouro.

Mundiais de Juniores:

. 1988 - Sudbury: 3000 Metros - Medalha de Prata.

Outros Titulos:

Campeonatos Ibero - americanos:

. 1990 - Manaus: 3000 Metros - Medalha de Bronze.
. 2000 - Rio de Janeiro: 5000 Metros - Medalha de Prata.
. 2004 - Huelva: 5000 Metros - Medalha de Ouro.

Jogos da Lusofonia:

. 2006 Macau: Meia Maratona - Medalha de Ouro.


Antonio Carlos Carvalho Nogueira Leitao (Espinho, 22 de Julho de 1960 - Porto, 18 de Marco de 2012), mais conhecido pelo nome de Antonio Leitao, foi um atleta olimpico portugues, especialista em corridas de fundo e meio-fundo, principalmente em 5000 metros. Conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olimpicos de Los Angeles, em 1984, tendo tido a honra de ter sido o primeiro atleta do Sport Lisboa e Benfica a conquistar uma medalha olimpica. Representou dois clubes na sua carreira o Sporting de Espinho ate 1982 e o Sport Lisboa e Benfica ate 1992. Retirou-se aos 31 anos, com a sua carreira encurtada por problemas fisicos e dificuldades psicologicas. Para tambem tambem acabou por contribuir bastante e decisivamente a doenca da qual era portador por razoes geneticas, hemocromatose (excesso de absorcao de ferro no sangue), doenca genetica que depois de lhe prejudicar a carreira e leva-lo a retirar-se precocemente acabaria por lhe provocar uma batalha em que a sua vida viria a ser vencida pela sua morte, com apenas 51 anos de idade.

Antonio leitao comecou a sua carreira no desporto escolar, onde se destacava dos demais colegas. Decide entao filiar-se no NASCE - Nucleo dos Amigos do Sporting Clube de Espinho, uma plataforma de acesso rapido ao Sporting Clube de Espinho, clube da sua terra natal, bastante conhecido pela aposta em jovens talentosos das mais variadas modalidades amadoras. Desde bastante jovem se notabilizou no atletismo devido a sua capacidade de resistencia, tendo sido aconselhado na sua equipa a apostar forte nas provas de meio fundo e fundo. Conquistou inumeros titulos nacionais de juvenis e juniores antes daquele que foi o seu primeiro grande triunfo da carreira, que chegou logo aos 19 anos de idade, com a conquista da medalha de bronze nos Europeus de juniores, realizados na cidade polaca de Bydgozcz, em 1979. O ainda desconhecido a nivel internacional jovem nortenho supreendeu tudo e todos ao finalizar a prova dos 5000 Metros no ultimo lugar do podio, com um tempo espantoso de 13.54,88 logo atras do belga Eddy Pauw e do britanico Steve Binns.

Este triunfo tirou-o do anonimato internacional, valeu-lhe a atencao mediatica do atletismo nacional e foi com naturalidade que outras portas se abriram requisitando os seus servicos, assim se deu a sua transferencia para o Sport Lisboa e Benfica, um dos maiores clubes europeus, famoso pela sua aposta no ecletismo. Leitao aceitou a proposta dos encarnados assinou o contrato e por la ficou ate ao final da sua carreira em 1992, era o fim de cinco temporadas no clube que o formou.

Nas primeiras epocas no SL Benfica, o fundista espinhense bateu varios records nacionais. O primeiro, em 1982, o Recorde de Portugal da Legua, com o tempo de 13.07,70, uma marca obtida em Rieti, Italia, que viria a durar 16 anos e que ainda hoje e o 2o melhor tempo nacional da distancia. No ano seguinte foi o Recorde Nacional de 3000 Metros a ser completamente esmagado em Bruxelas, com o tempo de 7.39,69, que ainda hoje nao foi batido por nenhum atleta portugues, ja la vao 30 anos depois. Contribuiu com os seus desempenhos em 3000 metros, 3000 Metros obstaculos e 5000 Metros, para os varios campeonatos ganhos por equipa e foi o 10o classificado nos 5000 Metros nos Mundiais de Helsinquia (da a sensacao que nas provas de alta competicao Antonio Leitao acusava um pouco o nervosismo e a responsabilidade que tinha sobre si), em 1983, antes da sua grande vitoria de carreira, em Los Angeles, ao servico das cores portuguesas.

Antes da partida para a cidade americana, Antonio Leitao, a epoca com 24 anos, era ja considerado um dos melhores fundistas a nivel mundial num lote onde se pode dizer que estavam tres portugueses, Carlos Lopes, Fernando Mamede e Antonio Leitao tambem no sector feminino uma senhora portuguesa comecava a deitar cartas e que se chamava Rosa Mota. Antonio Leitao era um dos grandes favoritos, de entre os atletas portugueses, a conquista de uma medalha na maior competicao desportiva do Mundo. Nas eliminatorias sem qualquer surpresa o atleta do Benfica foi primeiro classificado, apurando-se com relativa e visivel facilidade como ja todos estavam a espera por parte do atleta, Leitao estava apurado para a semifinal, onde veio a passar para a final mas nao ganhou a corrida alcancaria o 2o Lugar atras do queniano Wilson Waigwa. Na final, ja seria a doer o jovem portugues que ainda nem completara um quarto de seculo iria competir com os melhores do mundo, com atletas ja mais rodados e experientes embora Leitao ja mostra-sse ter nivel e merito para estar no meio dos mesmos, realizada no dia seguinte, contou com a companhia do portugues Ezequiel Canario, corredor do Sporting CP, que terminou a prova em 8o lugar, do atleta do Benfica, esperava-se bem mais do que isso. Leitao liderou a prova durante 3.150 metros, mas foi batido nos ultimos 200 Metros por dois atletas, o suico Markus Ryffel, que ficou em 2o lugar e o marroquino Said Aouita, que levou o ouro, com um Recorde Olimpico de 13.05,59. Apesar de ter terminado a prova quase 4 segundos atras do vencedor, a estrela nacional do meio fundo assegurou a Medalha de Bronze, com um tempo de 13.09,20 (segunda melhor Marca Nacional), naquela que foi uma das mais entusiasmantes corridas de 5000 Metros da historia dos Jogos Olimpicos e a mais rapida de sempre, ate aos Jogos Olimpicos de Pequim em 2008, e onde so mesmo por azar e talvez ainda uma certa falta de experiencia em relacao aos atletas mais experientes Leitao nao conseguiu bem mais do que o bronze olimpico. Os Jogos Olimpicos de Los Angeles foram os mais produtivos de sempre para Portugal, com 3 lugares no podio. A Medalha de Bronze de Antonio Leitao, juntaram-se o ouro de Carlos Lopes e igualmente o bronze de Rosa Mota , ambos conquistados nas provas de Maratona, poderia ter sido ainda mais produtiva nao fosse mais um dos famosos desaires de Fernando Mamede. Ainda em 1984, o fundista nacional viria a ajudar a seleccao portuguesa a garantir o 3o posto por equipas no Mundial de Corta-mato, realizado em Nova Iorque, somente atras da Etiopia e Estados Unidos da America.

Em 1985, o atleta de Espinho classificou-se em 4o lugar, nos 3000 Metros dos Campeonatos do Mundo em pista coberta, realizados em Paris. Numa prova em que o portugues e seu colega do Benfica, Joao Campos, se sagrou campeao do mundo, Antonio Leitao ficou muito perto do podio. Numa corrida decidida ao centesimo, com os primeiros a ficarem muito perto uns dos outros, as medalhas poderiam ter caido para qualquer um dos primeiros. Infelizmente para si e para os portugueses, Leitao acabou atras do checo Ivan Uvizl, que ganhou a medalha de bronze e do norte-americano Don Clary, que levou a prata. No ano seguinte, nova prestacao de qualidade do fundista portugues, com o 5o lugar nos 5000 Metros dos Europeus de Estugarda. Desta vez a distancia para as medalhas foi superior, com quase cinco segundos a separar o terceiro classificado, o britanico Tim Hutchengs do fundista nacional. Esta prova marcaria a despedida do melhor de Antonio Leitao, com 26 anos apenas, que a partir desse momento passaria a ser apoquentado por varios problemas fisicos que o foram perseguindo e prejudicando sua carreira, impedindo melhores desempenhos e resultados positivos. A estes problemas associou-se uma debilidade psicologica que trouxe a descrenca do corredor do SL Benfica, impedindo-o assim de alcancar marcas de registo e conquistar vitorias de nivel internacional.

A evolucao para os 10000 Metros e Maratona que se esperava fosse acontecer, nunca chegou a ser efectivada, e o atleta colocou em 1991 ponto final na sua carreira desportiva de alta competicao, com 31 anos, deixando no ar a duvida do que poderia ter sido Antonio Leitao com outro tipo de acompanhamento. Na parte final da sua carreira, a sua doenca, a hemocromatose tambem o limitou e impediu-o mesmo de correr no resto da sua vida.

Ate a data da sua morte, Antonio Leitao morou em Espinho, sua terra natal e foi dono de uma loja de produtos desportivos. Foi ainda homenagenado, com o seu nome a ser dado ao pavilhao da cidade, onde o antigo atleta nao podendo mais participar por as razoes de saude gostava de assistir as provas ali disputadas. Faleceu a 18 de Marco de 2012, aos 51 anos de idade, vitima da sua ja conhecida doenca genetica, depois de ter dado entrada um mes antes, no Hospital de Santo Antonio, no Porto. O antigo atleta esteve em estado de coma, com um pulmao perfurado e o organismo bastante danificado. A noticia da sua morte nao foi inesperada mas foi recebida com pesar no desporto portugues, nomeadamente no Sport Lisboa e Benfica, clube que representou com brio e dedicacao durante 8 anos.

Recordes Pessoais:

. 1500 metros: 3.38,2 (Lisboa-1982).
. 3000 metros: 7.39,69 (Bruxelas-1983) (Recorde Nacional).
. 5000 metros: 13.07,70 ( Rieti-1982).

Palmares:

Jogos Olimpicos:

. 1984 - Los Angeles: 5000 Metros -  Medalha de Bronze.

Campeonatos do Mundo:

. 1983 Helsinquia: 5000 Metros - (10o lugar).

Mundias de Pista Coberta:

. 1985 Paris: 3000 Metros - (4o lugar).

Campeonatos da Europa:

. 1982 Atenas: 5000 Metros - (Qualificacoes).
. 1986 Estugarda: 5000 Metros - (5o lugar).
. 1990 Split: 5000 Metros - (Qualificacoes).

Campeonatos da Europa de Juniores:

. 1979 Bydgoszcz: 5000 Metros - Medalha de Bronze.

Titulos por Equipas em representacao do SL Benfica:

. 5 Campeonatos Europeus, de Estrada: (1988, 1989, 1990, 1991, 1992).
. 7 Campeonatos Nacionais, de Pista: ( 1980, 1982, 1983, 1984, 1986, 1989, 1990).
. 2 Campeonatos Nacionais, de Corta-mato: (1981, 1990).
. 1 Campeonato Nacional, de Estrada: (1991).
. 4o Lugar na Taca dos Clubes Campeoes Europeus, de Pista (1983).
. 3o Lugar na Taca dos Clubes Campeoes Europeus, de Corta-Mato (1990).

Outros Titulos:

. Mundial de Corta-mato por Equipas:

. 1984 Nova Iorque: - Medalha de Bronze.


Fernando Eugenio Pacheco Mamede (Beja, 1 de Novembro de 1951), mais conhecido por Fernando Mamede e um antigo atleta portugues, que participou nos Jogos Olimpicos de 1972,1976 e 1984, nas provas de 800, 1500, 10000 Metros e estafetas 4x400 Metros. Atleta do Sporting Clube de Portugal  de alma e coracao toda a sua carreira (mesmo quando segundo lhe consta o Sport Lisboa e Benfica lhe ofereceu o dobro que o clube de Alvalade), bateu recordes internacionais de atletismo. Foi um meio-fundista e fundista portugues com maior relevo, e deteve o recorde mundial dos 10000 Metros entre 1984 e 1989. Apesar do seu reconhecido talento natural, jamais conseguiu ultrapassar as barreiras psicologicas inerentes ao desporto de alta competicao, conseguindo apenas medalhar por uma ocasiao em  grandes competicoes internacionais, e somente a medalha de bronze.

Fernando Mamede comecou a sua carreira desportiva no futebol, tendo o sonho de representar um dia a equipa do seu coracao, o Sporting Clube de Portugal. A passagem para o atletismo da-se no dia em que participa no Campeonato Distrital de Corta-Mato, realizado em Beja, sua terra natal. O jovem logo da nas vistas vencendo a prova, e de forma muito convincente, suficiente para ganhar um gosto pela modalidade que nao mais largaria. Primeiro no desporto escolar e depois ao servico do Sporting, que o convida para o clube, logo a seguir a uma vitoria sua nos 1000 Metros, a frente de varios atletas federados. O jovem de Beja nem hesita e assina de imediato pela sua equipa de sempre. Apesar de representar oficialmente os leoes, continuou a residir na sua terra natal, ate perfazer 18 anos.

Em 1969 da-se a sua mudanca em definitivo para a capital e o inicio de uma carreira verdadeiramente notavel. Foi ainda como atleta de escalao junior, que Fernando Mamede bateu o primeiro de muitos recordes nacionais absolutos. No ano de 1970, bateu o recorde nacional dos 800 Metros por mais de um segundo de diferenca, na cidade de Bruxelas. Estava dado o mote para uma carreira cheia de registos notaveis, aos quais apenas viria a faltar as medalhas em grandes competicoes internacionais ao servico de Portugal (simplesmente em Jogos Olimpicos, Campeonatos do Mundo de Atletismo, Campeonatos da Europa de Atletismo Fernando Mamemde nao era o mesmo Fernando Mamede). A juntar ao recorde, o atleta sagrou-se campeao nacional de pista e de corta-mato alem de participar no Campeonato do Mundo de juniores, em Paris. Antes da sua estreia nas Olimpiadas bisou na conquista dos seus titulos nacionais e conseguiu inumeras vitorias em estafetas, sempre ao servico do seu clube. O seu maximo nacional seria revalidado em 1971 por mais duas vezes, em Barcelona e Helsinquia.

A primeira participacao do atleta alentejano em Jogos Olimpicos acontece em 1972, numa edicao marcada pelos terriveis acontecimentos do massacre de Munique. Mamede participa em tres provas 800 metros, 1500 Metros e estafetas 4x400 Metros, recaindo sobre o jovem atleta muita esperanca por parte do atletismo nacional. Mas supreendentemente, todas elas tem o mesmo destino e resultados, a precoce eliminacao na fase de qualificacoes. Sobrou apenas a pequena consolacao de ter atingido o recorde de Portugal na categoria de estafetas, com o tempo de 3.10,00. Fernando Mamede deu um contributo decisivo, pois realizou o ultimo percurso. Dois anos depois da frustrante participacao olimpica, estreia-se nos Campeonatos da Europa, nas disciplinas de 800 Metros e 1500 Metros, novamente e mais uma vez eliminado precocemente, com eliminacoes nas meias finais e qualificacoes, respectivamente. O atleta continuava a nao corresponder nas grandes competicoes internacionais, acusando em demasia a pressao do momento. A nivel nacional, era outra historia, vencia tudo o que havia para vencer, somando titulos atras de titulos, ao servico do Sporting CP.

Aos 25 anos participa pela segunda vez nos Jogos Olimpicos. Era a altura certa para tentar ganhar alguma coisa nas Olimpiadas, desta feita em Montreal. Na estreia dos 800 Metros acaba mais uma vez eliminado na primeira ronda, nas qualificacoes. Na prova dos 1500 Metros tudo comeca dentro do previsto, com uma qualificacao facil para as meias finais. Infelizmente para as cores nacionais, Mamede fez uma prova muito aquem das expectativas na sua semi final, fazendo mesmo o pior tempo da sua serie, e o segundo pior tempo no conjunto das duas provas 3.42,59, muito longe do seu melhor e da sua melhor marca que lhe daria tranquilamente um lugar na final olimpica. Portugal conquistaria a sua primeira medalha olimpica no atletismo portugues, com a prata de Carlos Lopes nos 10000 Metros. Quanto a Fernando Mamede comecava a cimentar a sua fama de atleta de eleicao, que nos grandes momentos cedia inevitavelmente a pressao do momento.

Na antecamera dos Europeus de Praga, 1978, Mamede ajudou o seu clube a conquistar a 1a Taca dos Campeoes Europeus de Corta-Mato. Na capital checa, voltou a fraquejar, nao passando alem do 15o lugar, dos 5000 metros, prova para a qual tinha naturais esperancas de medalhar, pois havia ja estabelecido uma das melhores marcas do ano, no meeting de Estocolmo, com o tempo de 13.17, 78. Os anos que se seguiram a mais esta desilusao, foram os melhores anos da sua carreira. Foi apesar dos fracassos internacionais considerado atleta do ano de 1979, pelo Clube Nacional da Imprensa Desportiva, revalidou o titulo de Campeao da Europa por equipas, em corta-mato e sagrou-se campeao europeu ao servico do Sporting, na prova dos 10000 Metros. No ano seguinte, e nesta mesma distancia, dois grandes registos: tornou-se no recordista da Europa, em pleno Estadio Jose de Alvalade (a correr em casa portanto) e bate a marca mundial do ano, com o fantastico tempo de 27.37,88. Quando conquista a Medalha de Bronze nos Mundiais de Cross, em Madrid 1981, ja era considerado um dos melhores corredores do mundo.

No ano de 1982, com 31 anos, sagra-se vencedor do metting de Paris, em 10000 Metros, a sua prova de eleicao e onde quando as coisas corriam bem mostrava ser imbativel como viria ainda a provar se algumas duvidas ainda houvessem. Triunfa no metting de Zurique, em 5000 Metros, no ano seguinte e na S. Silvestre em Hoilles, realizada em Franca. Era por esta altura um valor seguro no atletismo portugues faltando-lhe apenas a confirmacao em provas de nomeada.

A desilusao que foi a participacao nos primeiros Campeonatos do Mundo de Atletismo, realizados em Helsinquia, seria mais uma vez o sinal que os problemas de indole psicologica, que o atacavam nos grandes momentos, ainda estavam bem presentes. Um atleta fortissimo em mettings muitas vezes praticamente imbativel, empolgante na sua forma propria de correr, que infelizmente nao confirmava todo o seu potencial, forca e imbatilidade nos grandes certames. Ficou em 10o lugar nos Mundiais, mais uma vez longe de um lugar no podio como era pretendido.

No entanto, em 1984, torna-se no recordista mundial dos 10000 metros, numa corrida em que bateu o seu colega portugues e do Sporting Carlos Lopes. Na capital sueca, Estocolmo, os dois acabariam mesmo a dar a volta a pista de maos dadas, sinal de uma rivalidade, sadia. A partida para os Jogos Olimpicos de Los Angeles, nem um mes depois do seu recorde do mundo, aumentou a pressao nos ombros de Fermando Mamede que ja era enorme (o recorde mundial talvez tivesse surgido numa ma altura). Ele era ja o grande favorito ao ouro olimpico e a participacao na prova de qualificacao acentuou ainda mais o fosso para os concorrentes directos impondo o respeito que lhe era devido. Mamede parecia bem e motivado, parecia estar psicologicamente e fisicamente, ganhou novamente com tranquilidade a sua prova na semi final com o tempo de 28.21,87 porem tempo esse muito aquem da sua melhor marca que agora era recorde mundial 27.13,81 eram 1.08,06 de diferenca quase 1 minuto e 9 segundos, comecava a mostrar entao que quanto mais para a frente Fernando Mamede ia mais a pressao comecava a aumentar, poderia querer mostrar tambem que Mamede estivesse a guardar forcas para a final mas quem ja o conhecesse e fosse menos optimista sabia ja a partida que aquele era o sinal de que comecava a mostrar que algo ja nao estava assim tao bem. A final tao desejada essa deu-se de madrugada mas colocou os portugueses frente ao ecra da televisao madrugada dentro, todos estavam na expectativa de perderem uma noite de sono para vibrarem com o titulo olimpico portugues, ninguem queria pensar nos problemas psicologicos que sempre tinham afectado o atleta alentejano ate entao. Porem a meio da corrida, o corredor de Beja, recordista mundial da distancia, cedeu a pressao e desistiu, frustando aquela que foi a sua grande chance de conquistar uma medalha em grandes competicoes, durante toda a sua carreira. Perto de realizar 33 anos certamente nao faria outra olimpiada. Segundo consta Fernando Mamede desapareceu do estadio e depois de muito o procurarem membros da comitiva portuguesa por Los Angeles la o foram encontrar num estado deploravel, Fernando Mamede chorava como uma crianca e so se culpava a si proprio por mais uma vez ter falhado.

Fernando Mamede continuou a vencer varios mettings e campeonatos nacionais disputados, ate ao final da sua carreira. O seu Recorde Mundial dos 10000 metros, so viria a cair em 1989, para o mexicano, Arturo Barrios, numa prova realizada em Berlim. Acabou por ser o maior feito da carreira do corredor de Beja, carreira que durou 21 anos. Para a historia ficaram as suas impressionantes marcas, mas tambem a sua fragilidade psicologica, dum Atleta, que tinha potencial e valor para outros patamamres como o proprio tantas vezes mostrara em provas de menor importancia, mas que lhe faltou outro tipo de acompanhamento e preparacao mental para os momentos decisivos.

Reocordes pessoais:

. 1500 metros: 3.27,98 (Montreal-1979).
. 5000 metros: 13.08,54 (Toquio-1984).
. 10000 metros: 27.13,81 (Estocolmo-1984).- Recorde Mundial ate 1989.

Palmares:

Jogos Olimpicos:

. 1972 - Munique: 4x400 Metros - (Qualificacoes).
. 1972 - Munique: 800 Metros - (Qualificacoes).
. 1972 - Munique: 1500 Metros - (Qualificacoes).
. 1976 - Montreal: 800 Metros - (Qualificacoes).
. 1976 - Montreal: 1500 Metros - (Meias-Finais).
. 1984 - Los Angeles: 10000 Metros - (Desistiu).

Campeonatos do Mundo:

. 1983 - Helsinquia: 5000 Metros - (10° Lugar).

Campeonatos da Europa:

. 1974 - Roma: 800 Metros - (Meias-Finais).
. 1974 - Roma: 1500 Metros - (Qualificacoes).
. 1978 - Praga: 5000 Metros - (15° Lugar).

Outros Feitos Desportivos:

. 1981 - Madrid: Campeonato Mundial de Corta-mato - Medalha de Bronze.
. 27 Recordes Nacionais.
. 1 Recorde Mundial: 10000 Metros - 1984 ate 1989.
. 3 Recordes Europeus.
. 20 Titulos Nacionais.

Quase a chegar ao fim desta longa cronica que me deu um enorme trabalho, foram horas de pesquisa e escrita, alem de ter o trabalho da escolha dos videos onde por vezes nem sempre conseguim postar o melhor porque alguns videos nao tem autorizacao para serem compartilhados. Acreditem que tentei dar o meu melhor, embora sabia que para os mais criticos o meu melhor nao foi o suficiente para este se considerar um bom trabalho, a esses so posso sugerir que tenter fazer melhor e depois veremos se tem mesmo direito de me criticar.

Este trabalho e uma das coisas que fiz ate hoje que me deu mais orgulho e prazer realizar, contei em muito com a ajuda de informacoes de diversos sites e paginas de internet entre os quais quero nomear um em particular, Wikipedia, sem o mesmo nao teria sido possivel chegar ao fim ou fazer o mesmo trabalho de forma tao detalhada e com tantas informacoes. Porque fiz este trabalho? Fi-lo para dar o meu contributo (bom ou mau depende da opniao pessoal de cada um) aos mais jovens de conhecerem a nossa historia, um pouco da nossa cultura, literatura ou antigas glorias Olimpicas. Fi-lo porque como defensor do patriotismo defendo aquilo que e nosso e creio que em muitas coisas, mas mesmo em muitas nada ficamos a dever aos outros ou seja aos de fora.

Penso que desde a muito que o que faz falta em Portugal e uma certa uniao de norte a sul, esquecer muitas vezes as rivalidades clubisticas, as cores politicas e estar juntos por uma so causa, Portugal. Ja mostramos que quando essa mesma uniao e sentimento de patriotismo existe conseguimos grandes feitos como foi a organizacao e realizacao daquele que e considerado o segundo melhor Europeu de Futebol de todos os tempos o Euro 2004.

Os videos sao o primeiro uma mais que justa e merecida homenagem que decidi fazer a um enorme profissional, Jorge Perestrelo, que com os seus magnificos relatos de futebol onde mostrava uma expressao sempre emotiva nos jogos da seleccao portuguesa, Pestrelo levou talvez centenas de milhar de Portugueses ao delirio e lagrimas de alegria neste Portugal VS Inglaterra (ainda hoje ao ouvir esta parte do relato me emociono), Acredito mesmo que apos Ricardo defender o penalty de Darius Vassel, Pestrelo entrou em delirio de alegria completo, com este video recordo uma das noites mais memoraveis do futebol portugues, naquele que foi mais do que um simples jogo mas um momento de gloria jamais inesquecivel. Pestrelo no penalty que Ricardo converteu conseguiu fazer o imaginario, relatou um dos golos mais emocionantes ate hoje sem dizer uma unica vez, golo.


O segundo e a prova viva que Portugal se uniu em torno da seleccao esquecendo rivalidades de clubes adeptos de Benfica, Porto, Sporting estiveram juntos num estadio vestindo a mesma camisola, milhares de bandeiras se mostraram penduradas nas varandas e janelas durante o Euro 2004, Portugal vestiu-sse com o equipamento da equipa de futebol e poucos foram os que durante o torneio nao vestiram uma camisola da seleccao, alegrias que no ultimo momento muitos que puderam quiseram acompanhar de perto, lamentavelmente nao foi Portugal a levar a gloria final, mas mais importante que a vitoria foi talvez a uniao e fraternidade vivida em Portugal durante a competicao do torneio.                           
                                          

Nao temos a honra de poder dizer que ganhamos por exemplo um Eurofestival da cancao mas podemos dizer que nem sempre ficamos em ultimo lugar e por vezes ate ficamos ja a frente de paises que noutros anos tiveram essa honra.

Nunca ganhamos em seniores (ja que em juniores o fizemos e ate de forma consecutiva) nenhuma grande competicao de futebol mas por uma vez pelo menos (senao mais do que uma) talvez nao tenhamos ido mais longe porque nao nos deixaram. Quem se pode esquecer do Euro 2000 no jogo com a Franca o lance que envolveu Abel Xavier pela a alegada mao na bola que para muitos parece nao ser de forma propositada sendo ate mais considerada bola na mao ja que Xavier nao podia evitar o toque apos o salto a menos que cortasse a mesma mao. O arbito austriaco Gunter Benko, foi o proprio de inicio a nao ter duvidas em assinalar o pontape de canto quando para espanto de todos o seu auxiliar e fiscal de linha eslovaco Igor Sramka aponta com a bandeirola para a marca da grande penalidade, Benko ignora o aviso e volta a assinalar pontape de canto e Sramka chama-o apos o curto mas decisivo dialogo Benko volta para desta vez assinalar a marca de grande penalidade, a pressao dos jogadores franceses para a marcacao do penalty tambem foi muito forte e evidente , penalty esse que Zidane a estrela francesa nao desperdica, tudo acaba para Portugal. Pelo menos uma vez no futebol a decisao do arbito nao foi soberana! Como foi possivel em cima do lance Benko nao ver o penalty que mesmo mais distante Sramka conseguiu ver de forma tao evidente? 

Termino este trabalho com um breve resumo acerca das medalhas Olimpicas portuguesas uma cronica onde falarei sobre este mesmo tema mais abertamente nao esta fora de questao para tempos futuros.

A participacao de Portugal nos Jogos Olimpicos comecou na Escadinavia tanto nos Jogos de Verao como nos de Inverno. Com a criacao do Comite Olimpico de Portugal em 1909 e reconhecido pelo C O I (Comite Olimpico Internacional) logo no mesmo ano. Portugal foi o 13o pais a aderir ao Movimento Olimpico.

Tres anos depois o pais, estreou-se nos Jogos Olimpicos de Estocolmo. Desde entao participa em todas as edicoes dos jogos, sendo a 18a nacao mais assidua. Ate 2012, Portugal conquistou 23 medalhas (quatro de ouro, oito de prata e onze de bronze) num percurso ja secular 1912-2012. Pode inicialmente parecer pouco para um pais tao assiduo se olhar-mos que so um atleta como o norte americano Michael Phelps com apenas quatro presencas olimpicas acresentando que na primeira presenca Olimpica em Sydney 2000 nao subiu ao podio mas nas tres Olimpiadas seguintes conquistou 22 medalhas apenas uma a menos que Portugal o nadador americano tem (dezoito medalhas de ouro, duas de prata e duas de bronze) bateu tambem nessas conquistas varios recordes, olimpicos, mundiais e americanos ao todo foram 15 recordes que Phelps esmagou com 10 recordes mundiais, tres recordes olimpicos e dois recordes americanos. Phelps era sem duvida um atleta de eleicao, talvez o melhor atleta olimpico de todos os tempos mas se o C O Portugues investir mais nos nossos atletas e as federacoes desportivas tambem creio que um dia poderemos ter atletas com tres ou cinco medalhas, nunca nenhum dos nossos atletas conseguiu ser medalhado tres vezes e apenas Carlos Lopes com uma medalha de prata e uma de ouro, Rosa Mota com uma de bronze e uma de ouro, Fernanda Ribeiro com uma de Ouro e uma de bronze e Luis Mena e Silva com duas medalhas de bronze conseguiram ser medalhados em dose dupla.

A primeira medalha portuguesa surgiu em 1924 ou seja 12 anos apos a primeira presenca olimpica, ja com 3 medalhas de bronze apenas 24 anos depois em 1948 Portugal conseguiu uma medalha de prata em Londres, foi ja nos anos 80 em 1984 nos Jogos Olimpicos de Los Angeles que Portugal obteve a sua primeira medalha de ouro olimpica e logo naquela que e considerada por muitos como a prova mais dura dos jogos a maratona masculina, seguiram-se ainda mais 3 medalhas de ouro ate aos dias de hoje no total das 23 medalhas distribuidas por 10 no atletismo com quatro de ouro, duas de prata e quatro de bronze, na vela quatro medalhas duas de prata e duas de bronze, na equitacao tres medalhas de bronze. As restantes medalhas estao dividas uma por cada um dos seguintes desportos tiro, canoagem, triatlo, ciclismo, esgrima e judo sendo que a de tiro e triatlo sao de prata e as restantes todas de bronze. 

Mesmo no fim resta-me despedir-me fazendo votos que gostem deste meu trabalho que e um contributo para dar a conhecer a Historia de Portugal, literatura portuguesa, musica e cinema assim como desporto portugues sobretudo aos mais novos, espero que gostem, foi um prazer da minha parte realizar este trabalho e peco desculpa pela demora mas foram realmente meses onde varios problemas e a falta de tempo estiveram quase sempre presentes. Ate breve caro(a) leitor(a).

Ps: Se quiserem deixar comentarios penso que tem que descer com o rato ate ao fim da pagina nao sei porque razao pelo menos para mim a um espaco em branco entre o final da cronica e o local de publicar os comentarios.
                                                     
                                                                                                                   Manuel Goncalves.






 
 
 











































 
 
 
 
 

 
 
 

 





                    
 
 
 
 
 
 
                                                                                                                                                                                                               

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2 comentários:

  1. Sem duvida um grande trabalho do autor do blog para defender a cultura portuguesa, dar a conhecer a nossa historia e muito mais. Esta realmente de Parabens.

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  2. Anonimo de 14 de Dezembro as 03:38 obrigado pela felicitacao, sim de facto quem pode avaliar se e bom ou mau trabalho sao de facto voces, publico e critica. Posso apenas dizer que este trabalho e fruto de muito tempo a pesquisar livros, documentos, etc e que me deu um enorme prazer faze-lo.

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