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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Uma Vida, em Nome da Justica

 
                                                  
Noronha, Cunha Noronha ou Juiz de Direito no Supremo Tribunal de Justica Nelson Cunha Noronha , era um Juiz prestes a aposentar-se embora a sua ultima nota nao sugerisse tal pois a sua capacidade de exercer as suas funcoes e de julgar tivesse sido das melhores notas a nivel nacional entre todos os juizes do Pais era talvez por isso que tivera recentemente em maos dos casos mais importantes do Pais escandalos politicos, fraudes, corrupcoes, escandalos de pedofilia, etc. A idade porem estava longe de perdoar e Noronha com quase quarenta anos da sua vida dedicados ao seu trabalho de Juiz estava a chegar ao fim da sua brilhante e exemplar carreira.

Noronha, Cunha Noronha acabara agora de terminar mais um julgamento, mais uma audiencia e aplicara mais uma sentenca, sentado no seu gabinete reflectia agora que tudo estava a chegar ao fim a reflexao era ainda mais perturbadora, Noronha pensava se na sua carreira nao tinha condenado inocentes e ao mesmo tempo absolvido criminosos, nunca tivera conhecimento de tal mas tudo era possivel, nao se iria perdoar se assim fosse.

Por outro lado pensava, quem era ele afinal? Que direito tinha tido ao longo da vida! Sim direito afinal tinha mas que moral tinha ele, logo ele. Condenara prostitutas na altura do antigo regime quando a pratica da prostituicao era proibida, a lei nao permitia tal acto e ele proprio era frequentador assiduo das melhores casas de meninas escondidas em apartamentos de bairros sociais como convinha parecendo serem ao maximo simples casas de familia e o seu acesso nao estava ao nivel de qualquer um muito menos o conhecimento das mesmas, condenara pedofilos quando ele proprio nem sempre tinha conhecimento da idade das raparigas com quem se encontrava e mantinha contacto intimo nas mesmas casas ja referidas, algumas dessas raparigas pareciam ser bastante jovens. Obrigara Pais mediante das provas e testes a ele apresentados a dar o nome a filhos quando os mesmos se recusavam a faze-lo quando ele proprio so tinha dado o nome a um filho unicamente para o caso nao ir para a justica, dera-lhe o nome, o sustento, nada mais nem sequer conhecera o seu filho hoje o mesmo ja era um homem formado mas nunca se tinham encontrado, sentia e reconhecia que o fizera apenas para evitar um escandalo de maior para nao manchar a sua brilhante carreira de sucesso e nao por sentir-se obrigado a isso, era seu filho,era seu dever dar-lhe o seu nome.

Cunha Noronha sentia-se agora um homem frustrado em todos os sentidos, nunca casara, vivia solitariamente ao redor da sua fortuna mas isso era insuficiente nao o fazia agora sentir-se feliz, todos aqueles arrependimentos garantiam-lhe certamente uma velhice bastaste perturbadora e de desassossego. Sentia que vivera uma vida errantemente, agora era tarde nao podia voltar atras. Uma vida vivida para o trabalho, para a carreira, para subir na herarquia, horas e horas a estudar casos por vezes ate madrugada para depois julgar seres humanos que eram iguais a ele. Novamente pensava se teria unicamente absolvido gente inocente e condenado criminosos ou se teria sido induzido em erro em algumas ocasioes e por infortunio teria absolvido culpados e condenado inocentes, um bom Advogado as vezes conseguia colocar as coisas de uma maneira diferente aos olhos da justica, ele queria parecer frio e um Juiz duro mas no entanto era um ser humano tambem porem sentira que por vezes a aplicar os habituais sermoes numa sentenca sobretudo numa condenacao por vezes tinha ido longe demais e fora um pouco violento ao criticar certos actos criminosos e que noutros casos ate fora demasiado brando.

Agora que tudo estava mesmo no final considerava que tinha vivido a sua maneira ao estilo da musica que entre outros Frank Sinatra o seu idolo musical de sempre tinha imortalizado, My Way, sim tinha vivido a sua maneira com poucas festas, poucos sorrisos, pouco divertimento, poucas alegrias e poucos amigos.

Cunha Noronha nao se estava a sentir bem mas ignorara o facto considerava que aquela  indisposicao era algo apenas psicologico devido a ser aquele o seu ultimo dia de trabalho, a manha ja passara e a tarde teria apenas uma audiencia nao apenas mais uma mas a ultima. Almocara fora do local habitual escolhera algo mais perto do Tribunal ao estilo dos Snack Bares americanos onde as pizzas, hamburgers, cachorros quentes e bifanas ou os salgadinhos eram reis e senhores nao se estava a sentir realmente bem, nao estanhou havia sido habitual nos ultimos dias, pouco comeu, pagou e saiu chegando a custo ate ao seu gabinete, ai vestiu a toca pela ultima vez que estaria no activo sentou-se na sua cadeira frente a sua secretaria tinha ainda alguns minutos.

Na sala de audiencias ja esgotadas todos esperavam o velho Juiz, estava atrasado facto muito estranho por parte do Juiz Noronha considerou a sua jovem assistente e oficial de justica ele nunca se atrasava antes pelo contrario era dos poucos juizes que nao tinha nenhum processo em atraso por sua culpa, estava surpresa, levantou-se foi ao gabinete do Juiz Noronha, bateu na porta e nada, teve a ousadia de abrir a mesma e so viu o corpo do Juiz Noronha caido no chao ja desfalecido sem respirar, sem sinais vitais, ja nao havia nada a fazer.

Resultado da autopsia Aneurisma Cerebral, o anjo da morte viera buscar Cunha Noronha antes mesmo que ele fosse aplicar a sua ultima sentenca, se havia Deus algo em que Noronha nao duvidava mas mantinha-se afastado muito afastado do meio religioso e tudo o que tivesse a ver com Religiao agora seria ele que iria responder e ser julgado no Tribunal divino porque ele Juiz Nelson Cunha Noronha nao era diferente dos outros seres humanos apenas tinha um estatuto diferente, Juiz Nelson Cunha Noronha chegara sua hora.

                                                                                                    Manuel Goncalves.

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