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domingo, 13 de julho de 2014

Espanca e Andresen as Duas Divas da Poesia Portuguesa

 

Entre a qualidade da literatura portugesa e dificil de escolher na area da poesia aquela que pode ser considerada a melhor Poetisa portuguesa por mais volta que de possa dar quase sempre as escolhas entre outras recaem sobretudo em Florbela Espanca ou Sophia de Mello Breyner Andresen nao querendo retirar o justo merito a tantas outras da nossa literatura tal nao e a sua qualidade, de uma vez por todas sem tirar o merito a Literatura Universal nos portugueses nao podemos negar que a nossa literatura tem qualidade, defende-la nao e um dever por razoes de cultura e patriotismo defender a nossa literatura como disse nao e um dever mas uma obrigacao.

Para nao estar sempre a falar em personalidades masculinas isto mesmo sem nunca ter feito uma cronica que se pudesse considerar de uma biografia ja que pessoalmente considero que biografia incluiu uma so pessoa ou em algumas ocasioes um casal ou algo do genero desta vez decidi dedicar uma cronica a duas personalidades femininas.

Pode parecer um pouco injusto falar de apenas duas quando tantas outras mereciam estar a ser homenageadas tambem mas a seu tempo farei tambem com outras(os) tambem. Como seria possivel falar de todas quando Portugal e uma nacao ja com 871 anos e tem na sua lingua e escrita uma literatura por onde passaram o nome nao so de poetisas como Florbela Espanca e Sophia de Mello e Breyner mas tambem de Natalia Correia, Olga Goncalves, Maria Amalia Vaz de Carvalho, Fernanda de Castro, Ana Hatherly entre outras onde se poderiam incluir poetisas nao portuguesas mas de expressao portuguesa e as chamadas poetisas nao de escrever livros de poesia mas cancoes como foi o caso de Rosa Lobato Faria que embora tambem tenha escrito bastante poesia ficou mais conhecida como Compositora assim como tambem e o caso da Compositora Eugenia Melo e castro.
                                                      

Florbela Espanca (Vila Vicosa, 8 de Dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930) baptizada como Flor Bela de Alma da Conceicao Espanca, foi uma Poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi de facto plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos intimos que a autora tao bem soube transformar em poesia da mais alta qualidade carregada e muito de erotizacao, feminilidade e panteismo.


Filha de Antonia da Conceicao Lobo e do republicano Joao Maria Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em pleno centro alentejano em Vila Vicosa no Distrito de Evora. O seu pai era Sapateiro de profissao mas deixou o mesmo oficio e passou a trabalhar como Antiquario, negociante de cabedais, Desenhista, Pintor, Fotografo e Cinematografista. Foi um dos introdutores do "Vitascopio de Edison" em Portugal, facilmente se pode ver que por influencia paterna Florbela Espanca sempre viveu num meio ligado as artes.

O seu pai na realidade era casado de facto com Mariana do Carmo Toscano. Embora sua esposa fosse esteril, Joao Maria teve filhos de um caso extraconjugal e assim nasceram Florbela e, tres anos depois, Apeles, ambos filhos de Antonia da Conceicao Lobo, e registados como filhos ilegitimos de de pai incognito. Joao Maria Espanca o pai no entanto criou-os na sua casa, e apesar de Mariana ter passado a ser madrinha de baptismo dos dois, Joao Maria so reconheceu Florbela como sua filha em cartorio dezoito anos apos a sua morte.

Entre 1899 e 1908, Florbela frequentou a escola primaria em Vila Vicosa. Foi nessa mesma altura que passou a assinar os seus textos Flor d' Alma da Conceicao. As suas primeiras composicoes poeticas datam dos anos 1903 - 1904: o poema "A Vida e a Morte" o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmao Apeles, e um poema escrito por ocasiao do aniversario do pai. Em 1907, Florbela escreveu o seu primeiro conto tinha entao 13 anos ou aproximadamente essa idade (como nasceu muito perto do final do ano e provavel que tivesse apenas 12) o conto chamava-se "Mama!" No ano seguinte, faleceu sua mae, Antonia, com apenas vinte e nove anos de idade.

Florbela ingressou entao no Liceu Masculino Andre de Gouveia em Evora, onde permaneceu ate 1912 e que entao abandonou com os estudos secundarios incompletos quando tinha 18 anos. Foi curiosamente uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundario. Durante os seus mesmos estudos secundarios, Florbela requisitou diversos livros na Biblioteca Publica de Evora, aproveitando entao ao maximo para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro e Almeida Garret. Quando ocorreu a revolucao dos republicanos que deu origem a implantacao da Republica em 5 de Outubro de 1910, Florbela estava entao ha dois dias com a familia em Lisboa, no Francfort Hotel Rossio, mas nao se conhecem de todo comentarios seus a sua vivencia desse dia.

Em 1913 prestes a completar 19 anos casou-se em Evora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu antigo colega da escola do Liceu Masculino Andre de Gouveia. O recem casal morou primeiro no Redondo. Em 1915 instalou-se na casa dos Espanca em Evora, por causa das dificuldades financeiras.

Tres anos mais tarde em 1916, de volta ao Redondo, a Poetisa reuniu uma seleccao da sua producao poetica desde 1915, inaugurando assim o projecto Trocando Olhares. A colectanea de oitenta e cinco poemas e tres contos serviu-lhe mais tarde como ponto de partida para outras futuras publicacoes de diferentes trabalhos e poemas. Na epoca porem, as primeiras tentativa de promover as suas poesias falharam, resultando a mesma tentativa um fracasso.

No mesmo ano, Florbela passou a colaborar como Jornalista em Modas & Bordados (suplemento de O Seculo de Lisboa), em Noticias de Evora e em A Voz Publica, tambem de Evora. A Poetisa regressou de novo a esta cidade capital de distrito e no centro alentejano em 1917. Completou o 11º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos.

Um ano mais tarde a Escritora sofreu as duras consequencias na sua saude devido a um aborto involuntario, que lhe teria infectado os ovarios e os pulmoes. Partiu para repouso e ve-lo em Quelfes (Olhao) no algarve, onde apresentou os primeiros sinais serios de neurose.

Em 1919 saiu a sua primeira obra, Livro de Magoas, um livro de sonetos. A tiragem (duzentos exemplares) esgotou-se rapidamente, Florbela comecava a ser reconhecida e a ter o tao desejado sucesso que tanto ambicionava. Um ano mais tarde ja em 1920, sendo ainda casada com o seu primeiro marido Alberto de Jesus Silva Moutinho, a Escritora passou a viver com Antonio Jose Marques Guimaraes, situacao bastante caricata para a altura, Guimaraes era Alferes da Artilharia da Guarda Republicana.

Em meados de 1920 interrompeu os estudos na Faculdade de Direito. Em 29 de Junho de 1921 pode finalmente casar-se com Antonio Guimaraes. O casal passou a residir na cidade do Porto, mas, no ano seguinte, mudou-se para Lisboa, onde Guimaraes se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exercito.

Em 1922, a 1 de Agosto, a recem fundada Seara Nova publicou o seu soneto "Prince Charmant...", que dedica a Raul Proenca. Em Janeiro de 1923 veio a publico a sua segunda colectanea de sonetos. Livro de Soror Saudade, edicao paga por Joao Maria Espanca o pai da poetisa. As dificuldades financeiras continuavam a ser muitas e para sobreviver, Florbela comecou a dar aulas particulares (explicacoes) de portugues.

Ja em 1925, divorciou-se pela segunda vez.Esta situacao abalou-a muito. O seu segundo ex-marido, Antonio Guimaraes, veio mais tarde a abrir uma agencia, de "Recortes", que colecionava notas e artigos sobre varios autores. O seu espoleo pessoal reune o mais abundante material que foi publicado sobre Florbela, desde de 1945 ate 1981. Ao todo sao 133 recortes. Ainda em 1925, a Poetisa casou com o medico Mario Pereira Lage, que ja era um conhecido seu desde 1921e com quem vivia desde de 1924 (mais uma vez Florbela mantem uma relacao com uma pessoa quando ainda se encontra casada com outra, hoje ja vai sendo uma situacao natural na epoca era algo que nao era tanto assim). O casamento decorreu em Matosinhos, no Distrito do Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926.

Em 1927 a Poetisa principiou a sua colaboracao no jornal D. Nuno de Vila Vicosa, dirigido por Jose Emidio Amaro. Naquele tempo nao conseguia encontrar editor para a colectanea Charneca em Flor. Preparava tambem um volume de contos, provavelmente O Domino Preto, publicado postumamente mas muitos anos depois apenas em 1982. Comeca a traduzir romances estrangeiros para as editoras Civilizacao e Figueirinhas do Porto.

No mesmo ano sucede-se uma nova tragedia na sua vida, Apeles Espanca, o irmao da Escritora, faleceu num tragico acidente de aviao. A nova tragedia que lhe caira em cima foi devastadora para Florbela. Em homenagem ao agora falecido irmao, Florbela escreveu o conjunto de contos As Mascaras do Destino, volume publicado postumamente em 1931. Entretanto a sua doenca de saude mental foi-se agravando bastante. Em 1928 supostamente ela teria tentado suicidio pela primeira vez.

No ano de 1930 Florbela comecou a escrever o seu Diario do Ultimo Ano, publicado apenas 51 anos mais tarde em 1981. A 18 Junho principiou a correspondencia com Guido Battelli, um Professor italiano visitante na Universidade de Coimbra, responsavel pela publicacao de Charneca em Flor em 1931. Na altura, a Poetisa colaborou tambem no Portugal feminino de Lisboa, na revista Civilizacao e no Primeiro de Janeiro, ambos sediados na cidade do Porto.

Florbela voltou a tentar o suicidio por mais duas vezes em Outubro e Novembro de 1930, na vespera da publicacao da sua obra-prima, Charneca em Flor. Apos o diagnostico de um edema pulmonar, a Poetisa perdeu definitivamente a vontade de viver. Nao resistiu a terceira tentativa de suicidio no espaco de tres meses isto depois de supostamente ja em 1928 ter tentado por termo a vida pela primeira vez. Veio a falecer em Matosinhos, curiosamente no dia em que completava o seu 36º  aniversario, no dia 8 de Dezembro de 1930. A causa da sua morte foi uma sobredose de barbituricos.

Alegadamente a Poetisa teria deixado uma carta confidencial com suas ultimas disposicoes e vontades, entre elas, o pedido de se colocar no seu caixao os restos do aviao pilotado por Apeles quando o mesmo sofreu o acidente que o vitimou. O seu corpo jaz, desde de 17 de Maio de 1964, no cemiterio de Vila Vicosa, a sua terra natal.


Ao estudar-se aprofundadamente a sua obra pode-se considerar a Poetisa uma autora polifacetada escreveu poesia, contos, um diario e epistolas, fez inumeros trabalhos de traducao onde traduziu varios romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa indole, apesar de tudo isso Florbela acima de tudo e uma poetisa. E a sua poesia, quase sempre formada de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A tematica abordada pela mesma e principalmente amorosa. O que preocupava mais a autora era o amor e os ingredientes que romanticamente lhe sao inerentes: solidao, tristeza, saudade, seducao, desejo e morte. As suas obras abrangem tambem poemas de sentido patriotico, inclusive alguns em que e evidentemente visivel o seu patriotismo local, o soneto "No meu Alentejo" e uma glorificacao da terra natal da autora.


Somente duas antologias, Livro de Magoas (1919) e Livro de Soror Saudade (1923), foram publicadas em vida da poetisa. Outras, Charneca em Flor (1931), Juvenilia (1931) e Reliquiae (1934) sairam so apos o seu falecimento. Toda a obra poetica de Florbela foi reunida por Guido Battelli num volume chamado Sonetos Completos, publicado pela primeira vez em 1934. Em 1978 tinham saido 23 edicoes do livro. As pecas anteriores as primeiras publicacoes da Poetisa foram reconstituidas por Maria Lucia Dal Farra, que em 1994 editou o texto de Trocando Olhares.

A prosa de Florbela exprime-se atraves do conto (em que domina a figura do irmao da poetisa), de um diario, que antecede a sua morte e em cartas varias. Algumas pecas da sua correspondencia sao de natureza familiar, outras sao menos intimas tratando-se de questoes relacionadas com as suas publicacoes literarias, quer num sentido interrogativo quanto a sua qualidade, quer quanto a aspectos mais praticos, como a sua publicacao. Nas diferentes manifestacoes epistolares sobressaem qualidades que nem sempre estao presentes na restante producao em prosa - naturalidade e simplicidade.

Antonio Jose Saraiva e Oscar Lopes na sua Historia da Literatura Portuguesa descrevem ambos Florbela Espanca como sonetista de "laivos anterianos" e semelhante a Antonio Nobre. Admitem que foi "uma das mais notaveis personalidades liricas isoladas, pela intensidade de um emotivo erotismo feminino, sem precedentes entre nos (portugueses), com tonalidades ora egoistas ora de uma sublimada abnegacao que ainda lembra soror Mariana, ora de uma expressao de amor intenso e instavel.

A obra de Florbela "precede de longe estimula um mais recente moovimento de emancipacao literaria da mulher, exprimindo nos seus acentos mais pateticos a imensa frustracao feminina das (...) opressivas tradicoes patriarcais".

Rolando Galvao, Autor de um artigo sobre Florbela Espanca publicado na pagina electronica Vidas Lusofonas, caracteriza assim a obra Florbeliana:

"Como dizem varios estudiosos da sua pessoa e obra, Florbela surge desligada de preocupacoes de conteudo humanista ou social. Inserida no seu mundo pequeno burgues, como evidencia nos varios retratos que de si faz ao longo dos seus escritos. Nao manifesta interesse pela politica ou pelos problemas sociais. Diz-se conservadora. (...) O seu egocentrismo, que nao retira a beleza a sua poesia, e por demais evidente para nao ser referenciado praticamente por todos. Sedenta de gloria, diz Henrique Lopes, transcrito por Carlos Sombrio.

Na sua escrita ha um certo numero de palavras em que insiste incessantemente. Antes demais, o Eu, presente, dir-se-a, em quase todas as pecas poeticas. Largamente repetidos vocabulos reflexos da paixao: alma, amor, saudade, beijos, versos, Poeta, e varios outros, e os que deles derivam. Escritos de ambito para alem dos que caracterizam essa paixao nao sao abundantes, particularmente na obra poetica. Salvo no que se refere ao seu Alentejo. Nao se coloca como observadora distante, mesmo quando tal parece, exterior a factos, ideias e acontecimentos".

O Autor do artigo recorda tambem a correspondencia da Poetisa com o irmao, Apeles, e com uma amiga que apenas viu em retrato. Repara que os excessos verbais da Escritora sao provocados pela sua imoderacao para de facto exprimir uma paixao. A sua exaltacao do amor fraternal e considerada fora do comum. Galvao repara que esses mesmos limites alargados na expressao do amor, da amizade e das afeicoes, sao na obra Florbeliana uma constante.

A Poetisa Florbela Espanca causou grande impressao entre seus pares e entre literatos e publicou nao apenas de seu tempo mas de tempos posteriores. Alem da propria influencia que seus versos e obra tiveram nos versos e obras de tantos outros poetas e poetisas da lingua de Camoes. Sao aferidas tambem algumas homenagens prestadas por outros eminentes poetas a pessoa humana e lirica da poetisa. Manuel da Fonseca, em seu "Para um poema a Florbela" de 1941, cantava "(...)<<E Florbela, de negro, / esguia como quem era,/ seus longos bracos abria/ esbanjando bracados cheios/ de grande vida que tinha!>>".

Tambem Fernando Pessoa, em um poema dactilografado e nao datado de nome "A memoria de Florbela Espanca", descreve-a como "<<alma sonhadora/ irma gemea da minha!>>".

O grupo musical portugues Trovante adaptou a musica e imortalizou o soneto "Ser Poeta", incluido no volume Charneca em Flor. A cancao intitulada "perdidamente", com musica de Joao Gil, tornou-se numa das musicas mais populares da banda que em muito parece apostar em musicas de raizes tradicionais portuguesas e que estiveram em actividade entre 1976 e 1992 tendo-se juntado por quatro vezes apos a separacao da mesma banda. A mesma cancao "perdidamente" faz parte do album Terra Firme, lancado em 1987. O Cantor e Compositor brasileiro Fagner interpretou o poema "Fanatismo" da colectanea Soror Saudade, com sua composicao do mesmo nome no album Traduzir-se (1981) e tambem "Fumo" no album Fagner (1982).

Em 2001 a cantora brasileira Nicole Borguer estreou o seu primeiro album Amar - Um Encontro com Florbela Espanca, cantando sonetos de diversas fases da poetisa, com estilos musicais tambem diversos.

Ainda e possivel tambem encontrar seus poemas Caravelas e Amores Vaos na obra da reconhecida fadista portuguesa Mariza.


Obras publicadas:

Poesia:

. 1919 - Livro de Magoas.
. 1923 - Livro de Soror Saudade.
. 1931 - Charneca em Flor.
. 1931 - Juvelina: versos indeditos de Florbela Espanca (com 28 sonetos ineditos).
. 1934 - Sonetos Completos (Livro de Magoas, Livro de Soror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae).

Prosa:

. 1931 - As Mascaras do destino.
. 1981 - Diario do Ultimo Ano.
. 1982 - O domino Preto.

Colectaneas:

. 1985/1986 - Obras Completas de Florbela Espanca. 8 vols.
. 1994 - Trocando Olhares. (Estudo introdutorio, estabelecimento de textos e notas de Maria Lucia Dal Farra).

Epistolografia:

. 1931 - Cartas de Florbela Espanca (A Dona Julia Alves e a Guido Battelli).
. 1949 - Cartas de Florbela Espanca. Prefacio de Azinhal Abelho e Jose Emidio Amaro.

Traducoes:

. 1926 - Ilha Azul, de Georges Thiery.
. 1926 - O segredo do marido, de M. Maryan.
. 1927 - O segredo de Solange, de M. Maryan.
. 1927 - Dona Quichota, de Georges de Peyrebrune. 
. 1927 - O romanace da felicidade, de Jean Rameau.
. 1927 - O castelo dos noivos, de Claude Saint-Jean.
. 1927 - Dois noivados, de Champol.
. 1927 - O canto do cuco, de Jean Thiery.
. 1929 - Mademoiselle de la Ferte (romance da actualidade), de Pierre Benoit.
. 1932 - Maxima (romance da actualidade), de A. Palacios Valdes.

Algumas reedicoes:

. 1946 - Sonetos completos. 7ª  ed. Prefacio de Jose Regio.
. 1982 - As mascaras do destino. 4ª ed. Prefacio de Agustina Bessa Luis.
. 1982 - Sonetos. Prefacio de Jose Regio.
. 1985 - Obras Completas - Poesia (1903-1917) Coleccao Obras Completas de Florbela Espanca. Vol. I.
. 1992 - Obras Completas de Florbela Espanca.
. 1994 - Poesia Completa. Prefacio, organizacao e notas de Rui Guedes.
. 1995 - Contos Completos 2ª ed.
. 1997 - Espanca, Florbela. Poemas de Florbela Espanca. Edicao preparada por Maria Lucia Dal Farra.

Biografia passiva:

Varios foram os autores que escreveram sobre Florbela Espanca ao longo dos tempos desde de Maria Alexandrina com A Vida ignorada de Florbela Espanca ainda logo em 1964, passando por Augustina Bessa Luis com Florbela Espanca Biografia em 2001 (4ª ed.) ou Jacinto Prado Coelho, Alvaro Manuel Machado, Vitorino Nemesio, Jose Regio, Antonio Jose Saraiva (irmao do conhecido e ja falecido Professor Jose Hermano Saraiva). Ainda nos anos 40 do seculo passado Jorge de Sena em 1947 com Florbela Espanca ou a Expressao do Feminino na Poesia Portuguesa ou tambem Carlos Sombrio com a obra Florbela Espanca de 1948 e Joao Caspar Simoes com Historia da Literatura Portuguesa do Seculo XX de 1959 entre muitos outros que escreveram obras sobre a famosa Poetisa portuguesa ou falaram sobre a mesma nas suas obras. 

Outras biografias:

. 1993 - "Nostalgia" filme em genero de documentario da RTP sobre Florbela Espanca. Serie Outonos. Dir. Francisco Manuel Manso Goncalves de Faria. Agosto/Setembro de 1993.
. 1994 - Florbela! Flor Bela! Exposicao em Vila Vicosa na biblioteca Florbela Espanca.
. 1996 - Comemoracoes do 1º centenario de Florbela Espanca em Evora realizadas pelo grupo Pro-Evora.
. 1997 - A Planice e o Abismo. Congresso sobre Florbela Espanca em Lisboa.


Muitos outros artigos e biografias em linha se tem escrito em livros e jornais portugueses sobre Florbela Espanca a mesma foi mesmo homenageada de diversas maneiras e ja por vezes sem conta muitas vezes no interior das suas proprias raizes alentejanas. Sobretudo no Alentejo em Vila Vicosa ou Evora a mesma jamais se viu esquecida e uma das maiores homenagens realizadas a mesma Poetisa e a realizacao do filme "Perdidamente" com estreia em 8 de Marco de 2012 e com Dalila Carmo no principal papel e que passou na televisao portuguesa em genero de minisserie de 3 episodios em Dezembro do mesmo ano.

Dados pessoais de Florbela Espanca:

Nome: Flor Bela de Alma da Conceicao Espanca.
Nascimento: Vila Vicosa, 8 de Dezembro de 1894.
Morte: Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930 (36 anos).
Nacionalidade: Portuguesa.
Ocupacao: Poetisa, Escritora, Jornalista, Contista e Tradutora.
Principais Obras: Livro de Magoas (1919, poesia), Livro de Soror Saudade (1923, poesia), Charneca em For (1931, poesia), As Mascaras do Destino (1931, prosa), Diario (1981, prosa), O Domino Preto (1982, prosa).
                                                         

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de Novembro de 1919 - Lisboa, 2 de Julho de 2004) foi uma das mais poetisas portuguesas do Seculo XX. Sophia de Mello Breyner foi tambem a primeira mulher a receber o mais importante galardao literario da lingua portugesa, o Premio Camoes, em 1999. Desde 2 de julho de 2014 esta no Panteao Nacional estando ao lado de grandes e ilustres nomes portugueses da politica e Literatura Portuguesa, foi a segunda mulher a conseguir tal feito depois da fadista Amalia da Piedade Rodrigues conhecida apenas por Amalia Rodrigues ter-se tornado a primeira figura feminina ilustre portuguesa a ir para o Panteao Nacional no dia 8 de Julho de 2001 dois anos apos o seu falecimento que se deu a 6 de Outubro de 1999.


Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de Novembro de 1919 na ciddade do Porto. Sophia era filha de Maria Amelia de Mello Breyner e de Joao Henrique Andresen. Sua origem pelo lado paterno era dinamarquesa. O seu bisavo, Jan Heinrich Andresen, desembarcou um dia no Porto e nunca mais abandonou esta regiao, tendo seu filho Joao Henrique comprado, em 1895, a Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botanico do Porto. Essa quinta "foi um territorio fabuloso com uma grande e rica familia servida por uma criadagem numerosa". A mae, Maria Amelia de Mello Breyner, era filha de Tomas de Mello Breyner, Conde de Mafra, medico e amigo intimo do rei D. Carlos. Maria Amelia e tambem neta do Conde Henrique de Burnay, um dos homens mais ricos do seu tempo.

Sempre criada e educada na velha aristocracia portuguesa, sempre igualmente educada nos valores tradicionais da moral crista (talvez o espelho de educacao e exemplo que Salazar queria para a juventude portuguesa), foi dirigente de movimentos universitarios catolicos quando a mesma frequentava Filologia Classica na Universidade de Lisboa (1936-1939) que na verdade nunca chegou a terminar os mesmos estudos. Colaborou com a revista Cadernos de Poesia, onde fez algumas amizades com autores influentes e reconhecidos tais como o exemplo de Ruy Cinatti e Jorge de Sena. Veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude politica liberal, apoiando mesmo o movimento monarquico e denunciando o regime salazarista e alguns dos seus seguidores. Ficou celebre como "cancao de intervencao" dos catolicos progressistas a sua "Cantata da Paz", tambem conhecida e chamada pelo seu refrao: "Vemos, Ouvimos e Lemos. Nao podemos ignorar!"

Casou-se, em 1926, com o Jornalista, Politico e Advogado Francisco Sousa Tavares e foi mae de cinco filhos: Uma Professora universitaria de Letras, um jornalista e escritor de renome (Miguel Sousa Tavares) tamvem foi advogado por mais de uma decada em Lisboa apos formar-se em direito mas acabou por dedicar-se ao jornalismo, um pintor e ceramista e mais uma filha que e terapeuta ocupacional e herdou o nome da mae. Os filhos motivaram-na a escrever contos infantis.

Em 1964 recebeu o Grande Premio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores pela a autoria da sua obra Livro sexto. Ja depois da revolucao de 25 de Abril de 1974, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo circulo do Porto numa lista do Partido Socialista (PS), enquanto o seu marido remava para o principal rival partidario dos socialistas rumo ao Partido Social Democrata (PSD).

Distinguiu-se tambem como contista Contos Exemplares(1962) e autora de contos infantis (A Menina do mar (1958), A Fada Oriana (1958), O Cavaleiro da Dinamarca (1964), O Rapaz de Bronze (1965), A Floresta (1968), etc. Foi igualmente tradutora de Dante Alighieri e de Shakespeare e membro da Academia de Ciencias de Lisboa. Para alem do Premio Camoes em 1999, foi tambem igualmente distinguida com o Premio Rainha Sofia, em 2003.

Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004, em Lisboa, no Hospital da Cruz Vermelha. O seu corpo foi sepultado no Cemiterio de Carnide. Ja cerca de uma decada mais tarde em 20 de Fevereiro de 2014, a Assembleia da Republica decidiu homenagear por unanimidade a falecida Poetisa com honras de Panteao. A cerimonia de transladacao teve lugar a 2 de Julho de 2014. A data nao foi escolhida ao acaso visto que o mesmo dia 2 de Julho e o dia do falecimento da Poetisa.

Desde 2005, no Oceanario de Lisboa, os seus poemas com fortes ligacoes ao mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposicao, permitindo assim aos visitantes absorverem a forca da sua escrita e poemas enquanto estao imersos numa visao do fundo do mar.


Da sua infancia e juventude, a autora lembra-se e recorda sobretudo a importancia das casas, uma lembranca que tera enorme impacto nas suas obras ao longo da vida e carreira e lembra igualmente os objectos dentro das mesmas casas, dos quais se recorda. Explica isso do seguinte modo: "Tenho muita memoria visual e lembro-me sempre das casas, quarto por quarto, movel por movel e lembro-me de muitas casas que desapareceram da minha vida (...). Eu tento <<representar>>, quer dizer, "voltar a tornar presentes" as coisas de que gostei e isso que se passa com as coisas: quero que a memoria delas nao va a deriva, nao se perca".

Esta igualmente presente em Sophia tambem uma ideia da poesia com valor transformador fundamental. A sua producao correspondente a ciclos especificos, com a culminacao da actividade da escrita durante a noite, segundo ela: "nao consigo escrever de manha, (...) preciso daquela concentracao especial que se vai criando pela noite fora". A vivencia nocturna da autora e Poetisa e sublinhada e referida pela propria em varios poemas ("Noite", "O luar", "O jardim e a noite", "Noite de Abril" e "O Noite"). Aceitava a nocao de um Poeta inspirado, afirmava mesmo que a sua poesia lhe acontecia, como ao proprio Fernando Pessoa: "Fernando Pessoa dizia: <<Aconteceu-me um poema>>. A minha maneira de escrever fundamental e muito proxima deste <<acontecer>>. (...) Encontrei a poesia antes de saber que havia literatura. Pensava mesmo que os poemas nao eram escritos por ninguem, que existiam em si mesmos, por si mesmos, que eram como que um elemento do natural, que estavam suspensos imanentes (...). E dificil descrever o fazer de um poema. Ha sempre uma parte que nao consigo distinguir, uma parte que se passa na zona onde eu nao vejo". A sua propria vida assim como as suas proprias lembrancas sao uma inspiracao para a autora e poetisa, pois, como refere Dulce Maria Quintela, ela "fala de si, atraves da sua poesia".

Sophia de Mello Breyner Andresen fez-se Poetisa ainda na sua infancia, quando, tendo apenas tres anos, foi-lhe ensinada "A Nau Catrineta" pela sua ama Laura:

"Havia em minha casa uma criada, chamada Laura, de quem eu gostava muito. Era uma mulher jovem, loira, muito bonita. A Laura ensinou-me a "Nau Catrineta" porque havia um primo meu mais velho a quem tinham feito aprender um poema para dizer no Natal e ela nao quis que eu ficasse atras... Fui um fenomeno, a recitar a "Nau Catrineta", toda. Mas ha mais encontros, encontros fundamentais com a poesia: a recitacao da "Magnifica", nas noites de trovoada, por exemplo. Quando eramos um pouco mais velhos, tinhamos uma governanta que nessas noites queimava alecrim, acendia uma vela e rezava. Era um ambiente misto de Religiao e magia... E de certa forma nessas noites de temporal nasceram muitas coisas. Inclusivamente, uma certa preocupacao social e humana ou a minha primeira consciencia de dureza da vida dos outros, porque essa governanta dizia: <<Agora andam os pescadores no mar, vamos rezar para que eles cheguem a terra>> (...).

Com bases nas observacoes de Luisa Pessoa, passo a citar alguns dos topicos mais relevantes e significativos ou notaveis na sua rica criacao literaria:

A infancia e juventude - constituem para a autora um espaco de referencia significativa ("O jardim e a casa ", Poesia (1944); "Casa Branca", Poesia (1944); "Jardim Perdido", Poesia (1944); "Jardim e a Noite", Poesia (1944); "Casa", Geografia (1967) ). 

O contacto com a Natureza tambem viria a marcar profundamente a sua obra. Era para a Poetisa um exemplo notavel de liberdade, beleza, perfeicao e de misterio tudo isso e largamente citado na sua obra, quer  seja em citacoes pelas simples alusoes a terra (arvores, passaros, o luar), quer tambem pelas conhecidas referencias ao mar a quem dedicou inumeros poemas (praia, conchas, ondas).

O Mar e um dos conceitos chave na criacao literaria da autora Sophia de Mello Breyner Andresen: "Desde a onda do mar/ Onde tudo comecou intacto no primeiro dia de mim". O efeito literario da inspiracao no Mar pode-se ver em varios poemas da poetisa, como, por exemplo, "Homens a beira-mar". A Poetisa comenta isso do seguinte modo:

"Esses poemas tem a ver com as manhas da Granja, com as manhas da praia. E tambem com um quadro de Picasso. Ha um quadro de Picasso chamado Mulheres a beira-mar. Ninguem dira que a pintura de Picasso e a poesia de Lorca tenham tido uma enorme influencia na minha poesia, sobretudo na epoca do Coral... E uma das influencias do Picasso em mim foi levar-me a deslocar as imagens".

Outros exemplos em que claramente se percebe o motivo do mar sao: "Mar" em Poesia, 1944; "Inicial" em Dual, 1972; "Praia" em No Tempo dividido; "Praia" em Coral, 1950; "Acores" em O Nome das Coisas, 1977. Neles exprime-se a obsessao do mar, da sua beleza, da sua serenidade e dos seus mitos. O Mar surge aqui como símbolo da dinamica da vida. Tudo vem dele e tudo a ele regressa. E o espaço da vida, das transformacoes e da morte.

A cidade constitui outro motivo frequente repetido na obra da Poetisa acabando a mesma por ser um pouco mista com a calma do Mar e da Natureza e com a vida da cidade e a sua afazama ("Ha Cidades Acessas", Poesia (1944); "Cidade", Livro Sexto (1962); "Furias", Ilhas (1989). A cidade no entanto tem para a Poetisa um espaco negativo. Representa o mundo frio, artificial, hostil e desumanizado, ao contrario da Natureza e da seguranca.

Outro topico acentuado com alguma normalidade na obra de Sophia e o tempo: o dividido e o absoluto que se opoem. O primeiro e o tempo da solidao, medo e mentira, enquanto o tempo absoluto e eterno, une a vida e torna-se o tempo dos valores morais ("O  Tempo Dividido", No Tempo Dividido (1954); "Este e o Tempo", Mar Novo (1958). Segundo o Professor, Escritor Ensaista portugues Eduardo Prado Coelho o tempo dividido e justamente o tempo do exilio da casa, associado com a cidade, porque afinal a cidade e tambem feita pelo torcer do tempo e pela propria degradacao.

Sophia de Mello Breyner Andresen era admiradora da Literatura Classica (tal como eu). Nos seus poemas aparecem com grande frequencia palavras de grafica antiga (Eurydice, Delphos ou Amphora). O culto pelas artes e tradicoes proprias da civilizacao grega sao lhe relativamente proximos e transparecem pela sua propria obra ("Soneto de Eurydice, No Tempo Dividido (1954); "Ressugiremos", Livro Sexto (1962); " Crespuculo dos Deuses", Geografia (1967);"Os Gregos", Dual (1972); "O Rei de Itaca", "Exilio", O Nome das Coisas (1977).

Alem dos aspectos tematicos ja anteriormente referidos no paragrafo acima, varios autores sublinham a enorme influencia do Poeta e talvez sua referencia de maior Fernando Pessoa na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen. O que dois autores tem em comum e: a influencia do conhecido filosofo e matematico grego Platao, o apelo ao infinito, a memoria de uma infancia, tambem o sebastianismo e o  messianismo, o tom formal que evoca Alvaro de Campos. A figura de Fernando Pessoa encontra-se evocada multiplas vezes no poemas da Poetisa ("Homenagem a Ricardo Reis", Dual (1972); Ciclades (evocando o proprio Fernando Pessoa)", O Nome das Coisas(1977).


De um modo geral. o universo tematico da Poetisa e abrangente e pode ate ser representado pelo seguintes pontos resumidos:

. A busca da justica, do equilibrio, da harmonia e a exigencia moral.
. Tomada de consciencia do tempo em que vivemos.
. A Natureza e o Mar - espacos euforicos referenciais para qualquer ser humano.
. O tema da casa.
. Amor.
. Vida em oposicao a morte.
. Memorias da infancia.
. Valores da antiguidade classica, naturalismo helenico.
. Idealismo e individualismo ao nivel psicologico.
. O Poeta como pastor do absoluto.
. O humanismo cristao.
. A crenca em valores messianicos e sebastianistas.
. Separacao.


Quanto ao estilo de linguagem de Sophia de Mello Breyner Andresen, podemos constatar que a Poetisa tem um estilo caracteristico e proprio, cujas marcas mais evidentes sao: o valor hieratico da palavra, a expressao rigorosa, o apelo a visao clarificadora, riqueza de simbolos e alegoriais, sinestesias e um ritmo evocador de uma dimensao ritual. Nota-se facilmente uma "transparencia da palavra na sua relacao da linguagem com as coisas, a luminosidade de um mundo intelecto e ritmo se harmonizam numa forma melodica verdadeiramente perfeita.

A opniao sobre ela de alguns dos mais importantes criticos literarios portugueses e a mesma: o talento da autora e unanimemente apreciado. O Professor e Filosofo portugues Eduardo Lourenco afirma que Sophia de Mello Breyner Andresen tinha uma sabedoria "mais funda do que o simples saber", que o seu conhecimento intimo e imenso e a sua reflexao, por mais profunda que seja esta exposta numa simplicidade original. Seguem alguns exemplos de outros estudiosos e autores a comprovar essa mesma opniao:

"A sua sensibilidade de Poeta oscila entre o modernismo de expressao e um classicismo de tom, caracterizado por uma sobriedade extremamente dominada e por uma lucidez dialectica que coloca muitas das suas composicoes na linha dos nossos melhores classicos". (Alvaro Manuel Machado, Quem e Quem na Literatura Portuguesa).

"Sophia de Mello Breyner Andresen e, quanto a nos, um caso impar na poesia portuguesa, nao so pela difusa seducao dos temas ou pelos rigores de expressao, mas sobretudo por qualquer coisa, anterior a isso tudo, em que tudo isso se reflete: uma rara exigencia de essencial-idade ". (David Mourao-Ferreira, Vinte Poetas Contemporaneos).

"A poesia de Sophia Mello Breyner Andresen e (...) uma das vozes mais nobres da poesia portuguesa do nosso tempo. Entendamos, por sob a musica dos seus versos, um apelo generoso, uma comunhao humana, um calor de vida, uma franqueza rude no amor, um clamor irredutivel de liberdade - aos quais, como o Poeta ensina, devemos erguer-nos sem comprimissos nem vacilacoes". (Jorge de Sena, "Alguns Poetas de 1938" in Coloquio: Revista de Artes e Letras, nº 1, Janeiro de 1959). 
                                                                         

Obras publicadas:

Poesia:

. 1944 - Poesia.
. 1947 - O Dia do Mar.
. 1950 - Coral.
. 1954 - No Tempo Dividido.
. 1958 - Mar Novo.
. 1961 - O Cristo Cigano.
. 1962 - Livro Sexto.
. 1967 - Geografia.
. 1947 - O Dia do Mar.
. 1950 - Coral.
. 1954 - No Tempo Dividido.
. 1958 - Mar Novo.
. 1961 - O Cristo Cigano.
. 1962 - Livro Sexto.
. 1967 - Geografia.
. 1970 - Grades.
. 1971 - 11 Poemas.
. 1972 - Dual.
. 1975 - Antologia.
. 1977 - O Nome das Coisas.
. 1983 - Navegacoes.
. 1989 - Ilhas.
. 1991 - Primeiro Livro de Poesia (infanto-juvenil).
. 1994 - Musa.
. 1994 - Signo.
. 1997 - O Buzio de Cos.
. 2001 - Mar (Antologia organizada pela filha da Poetisa Maria Andresen de Sousa Tavares).
. 2001 - Orpheu e Eurydice.

Poemas nao incluidos na obra poetica:

. 1950 - "Juro que venho para mentir"; "Es como a Terra-Mae que nos devora"; "O mar rolou sobre as suas ondas negras"; "Historia improvavel"; "Grafico", Tavola Redonda - Folhas de Poesia, nº 7, Julho .
. 1951 - "Reza da manha de Maio"; "Poema", A Serpente - Fasciculos de Poesia, nº 1, Janeiro.
. 1958 - "Caminho da India", A Cidade Nova, suplemento nº 4-5, 3.ª serie, Coimbra.
. 1958 - "A Viagem" (Fragmento do poema inedito "Naufragio"),Cidade Nova, 5.ª serie, nº 6, Dezembro.
. 1972 - "Novembro"; "Na minha vida ha sempre um silencio morto"; "Inverno", Textos de Poesia, Fevereiro.
. 1982 - "Brasil 77", Loreto 13 - Revista Literaria da Associacao Portuguesa de Escritores, nº 8, Marco.
. 1983 - "A veste dos fariseus", jornal dos Poetas e Trovadores - Mensario de Divulgacao Cultural, nº 5/6, 2.ª serie, Marco/Abril.
. 1984 - "Obliquo Setembro de equinocio tarde", Portugal Socialista, Janeiro.
. 1988 - "Cancao do Amor Primeiro", Sete Poemas para Julio (Biblioteca Nacional, cota nº L39709).
. 1995 - "No meu Pais" , Escritor, nº 4.
. 1999 - "D. Antonio Ferreira Gomes. Bispo do Porto"; "Naquele tempo" (dois poemas ineditos), Jornal de Letras, 16 Junho.

Contos:

. 1962 - Contos Exemplares.
. 1984 - Historias da Terra e do Mar.

Contos infantis:

. 1958 - A Menina do Mar.
. 1958 - A Fada Oriana.
. 1959 - Noite de Natal.
. 1964 - O cavaleiro da Dinamarca.
. 1965 - O Rapaz de Bronze.
. 1968 - A Floresta.
. 1970 - O Tesouro.
. 1985 - A Arvore.

Teatro:

. 1993 - Nao chores minha Querida.
. 1998 - Filho de Alma e Sangue.
. 2000 - O Bojador.
. 2000 - O Azeiteiro.
. 2001 - O Colar.

Ensaio:

. 1956 - " A poesia de Cecilia Meyrelles", Cidade Nova, 4.ª serie, nº 6, Novembro.
. 1958 - Cecilia Meyrelles, in Cidade Nova.
. 1960 - Poesia e Realidade, in Coloquio, Revista de Artes e Letras, nº 8.
. 1967 - Holderlin ou o lugar do Poeta, Jornal de Comercio, 30 de Dezembro.
. 1975 - O Nu na Antiguidade Classica, in O Nu e a Arte, Estudios Cor.
. 1976 - "Torga, os homens e a terra", Boletim da Secretaria de Estado da Cultura, Dezembro.
. 1980 - "Luiz de Camoes. Ensombramentos e Descobrimentos", Cadernos de Literatura, nº 5.
. 1982 - "A escrita (poesia)", Estudos Italianos em Portugal, nº 45.
. 1984 - "A escrita (poesia)", Estudos Italianos em Portugal nº 47.

Traducoes:

. 1960 - A Anunciacao de Maria, de Paul Claudel.
. 1962 - O Purgatorio, de Dante.
. 1964 - "A Hera", de Vasko Popa.
. 1964 - "A ultima noite faz-se estrela e noite, de Vasko Popa.
. 1964 - "As cinzas", de Pierre Emmanuel.
. 1964 - "Canto LI", de Pierre Emmanuel.
. 1964 - "Canto LXVI", de Pierre Emmanuel.
. 1964 - "Morrendo no gesto da imagem", de Edouard  Maunick.
. 1964 - "Gosto de te encontrar nas cidades estrangeiras, de Edouard Maunick.
. 1964 - Muito Barulho por Nada, de William Shakespeare.
. 1964 - Medeia, de Euripedes.
. 1965 - Hamlet, de William Shakespeare.
. 1967 - "Os reis Magos", traducao de um poema do Ere Frene.
. 1970 - Quatre Poetes Portugais (Camoes, Cesario Verde, Mario de Sa-Carneiro, Fernando Pessoa)., de Sophia de Mello Breyner Andresen.
. 1979 - A Vida Quotidiana no Tempo de Homero, de Emile Mireaux.
. 1980 - Ser Feliz, de Leif Kristianson.
. 1981 - Um Amigo, de Leif Kristianson.

Premios:

. 1964 - Grande Premio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, atribuido a Livro Sexto.
. 1977 - Premio Teixeira de Pascoaes.
. 1979 - Medalha de Verneil da Societe de Encourgement au Progres, de Franca.
. 1983 - Premio da Critica, do Centro Portugues da Associacao Internacional de Criticos Literarios, pelo conjunto de sua obra.
. 1989 - Premio D. Dinis, da Fundacao da Casa Mateus.
. 1990 - Grande Premio da Poesia Inasset / Inapa.
. 1992 - Grande Premio Calouste Gulbenkian de Literatura para Criancas.
. 1994 - Premio cinquenta anos de Vida Literaria, da Associacao Portuguesa de Escritores.
. 1995 - Premio Petrarca Associacao de Editores Italianos.
. 1995 - Homenagem da Faculdade de Teologia da Universidade Catolica de Lisboa, pelo cinquentenario da publicacao do primeiro livro  Poesia.
. 1995 - Outubro - Placa de Honra do Premio Francesco Petrarca, Padua, Italia.
. 1996 - Homenageada do Carrefour des Litteratures, na IV Primavera Portuguesa de Bordeus e da Aquitania.
. 1998 - Premio da Fundacao Luis Miguel Nava.
. 1999 - Premio Camoes (primeira mulher portuguesa a recebe-lo).
. 2000 - Premio Rosalia de Castro, do Pen Clube Galego.
. 2001 - Premio Max Jacob Etranger.
. 2003 - Premio Rainha Sophia de Poesia Ibero-americana.

Condecoracoes:

. Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'lago da Espada (9 de Abril de 1981).
. Gra-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (13 de Fevereiro de 1987).
. Gra-Cruz da Ordem Militar de Sant'lago da Espada (6 de Junho de 1988).

Homenagens:

. 2003 - Estatua de Autoria do escultor Francisco Simoes no Parque dos Poetas em Oeiras.
. 2009 - Foi dado o seu nome, Miradouro Sophia de Mello Breyner de Andresen ao antigo Miradouro da Graca, em Lisboa e inaugurado um busto, replica do busto criada pelo escultor Antonio Duarte em 1950.
. 2011 - Busto na Quinta do Campo Alegre ou Casa dos Andresen em Lordelo do Ouro, actual Jardim Botanico do Porto.
. 2014 - Transladacao dos seus restos mortais para o Panteao Nacional na Igreja de Santa Engracia, em Lisboa.                     
                                     



Dados pessoais de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Nome: Sophia de Mello Breyner Andresen.
Nascimento: Porto, 6 de Novembro de 1919.
Morte: Lisboa, 2 de Julho de 2004 (84 anos).
Nacionalidade: Portuguesa.
Conjuge: Francisco Jose de Sousa Tavares.
Filhos(as): Maria Andresen de Sousa Tavares.
                      Isabel Andresen de Sousa Tavares.
                      Miguel Andresen de Sousa Tavares.
                     Sofia Andresen de Sousa Tavares.
                     Xavier Andresen de Sousa Tavares.
Ocupacao: Escritora, Poetisa, Tradutora.
Educacao: Filologia (nao chegou a concluir o curso).
Alma Mater: Universidade de Lisboa.
Premios : Foram varios e ja referidos numa lista mais acima sendo o primeiro em 1964 com Grande Premio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores pela autoria do livro Sexto de 1962 e o ultimo premio em 2003 o Premio Rainha Sophia de Poesia Ibero-americana, destaque em particular para o Premio Camoes em 1999 tendo sido a primeira mulher portuguesa a vencer o mesmo.
Obras de destaque: Poesia, Mar Novo, Antologia, Mar, Nao chores minha Querida.

Pode tornar-se dificil escolher entre estas duas Florbela Espanca e Sophia de Mello Breyner Andresen qual das duas a melhor Poetisa ou talvez ate Escritora portuguesa. Muitos ate poderao livremente, claro, escolher outra autora que nao uma destas duas. Achei de interesse o facto de Sophia ter direito as mais altas Honras de Estado, de ter um lugar no Panteao Nacional e de facto estranho a obra da mesma nao ser dada nas escolas na disciplinas de Lingua Portuguesa mas creio que talvez brevemente isso ira mudar, talvez ja no proximo ano lectivo.

Li textos de grandes autores nas salas de aula na disciplina de Lingua Portugesa grandes autoras, na minha juventude cedo tomei conhecimento com a obra das escritoras Ana Maria Magalhaes e Isabel Alcada pela ja extensa coleccao dos livros, Uma Aventura e Viagens no Tempo e no fundo uma troca de generos literarios mas todos de qualidade o que faz com que a nossa literatura nao seja tao pobre como se pensa quer seja em poesia, prosa, ficcao, romance estamos ao nivel dos melhores talvez somente nao sejamos tao conhecidos na Literatura Universal e penso que o mal se deve apenas a nos proprios. O povo portugues em geral tem por habito dar mais valor ao que vem de fora da mais importancia ao lixo de fora que aos grandes valores que tem em Portugal, de seguida penso que vai ser assim, continuar a ser assim enquanto os nossos governantes nao apostarem na cultura portuguesa e a mesma fazer parte do primeiro ministerio a sofrer cortes nos orcamentos de Estado quando (como agora) se esta em tempos de crise.

Poderao perguntar-me agora a mim Autor desta cronica se sou mais pela poesia de Florbela Espanca ou se mais pela poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen. Como um verdadeiro amante daquilo que e mais classico nao desfazendo da obra de Sophia Andresen a qual parece so tardar chegar as salas de aulas ja que ate no oceanario de Lisboa ja estao estampados os seus poemas algo que eu proprio fui um dos visitantes a poder testemunhar isso e ao qual dei a maior importancia quando la estive ja a alguns anos atras em meados de 2007 pessoalmente eu considero-me mais apreciador da obra de Florbela Espanca sobretudo porque a mesma e a autora de um dos meus tres poemas portugueses de eleicao, Perdidamente, Verdes sao campos de Luis de Camoes e Pedra Filosofal de Antonio Gedeao reunem a minha escolha dos tres melhores poemas portugueses de todos os tempos. Florbela Espanca, sim tambem ela certamente seria digna de ter honras de Panteao Nacional mas os tempos e as vidas tambem eram outras na sua altura. Florbela nao e apenas a minha Poetisa portuguesa de eleicao mas tambem a Escritora.


Caro(a) leitor(a) quase ao terminar esta cronica aproveito para justificar a razao de me considerar um verdadeiro nacionalista e muitos tem-me por vezes tentado provocar tanto aqui como na rede social do facebook embora aqui eu opte por nao publicar os comentarios. Sim apago e continuarei a apagar enquanto me escreverem comentarios sempre a me questionarem pelo meu nacionalismo e por assumir o mesmo e depois ser alguem que vive fora de Portugal. Sim isso e um facto ao qual eu nao posso fugir mas e com cronicas como esta que me posso considerar um verdadeiro nacionalista e patriotista, defendo aqui e agora mais uma vez a cultura portuguesa, a Literatura Portuguesa e sinto muito orgulho nisso porque mesmo distante nao deixo de defender o que e portugues ao contrario de muitos que nao tem feito outra coisa mesmo tendo vivido sempre em Portugal procuram destruir a cultura portuguesa, algumas tradicoes do mesmo povo com centenas de anos de historia, obra sobretudo de quem nos tem governado desde de 1974.

Caro(a) leitor(a) a terminar peco desculpa pelo desabafo acima escrito mas ha coisas que nao podemos calar devemos sim e dize-lo na altura e momento certo. Espero que este trabalho tenha sido do seu agrado assim como foi do meu escreve-lo, ate a proxima.

                                                                                                         Manuel Goncalves


 






















 
 
                                                    
 
 
 
 
   



 








 
















 



2 comentários:

  1. Primeiro em genero de homenagem (mais uma) a Florbela Espanca.

    Ser Poeta

    Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
    Do que os homens! Morder como quem beija!
    É ser mendigo e dar como quem seja
    Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

    É ter de mil desejos o esplendor
    E não saber sequer que se deseja!
    É ter cá dentro um astro que flameja,
    É ter garras e asas de condor!

    É ter fome, é ter sede de Infinito!
    Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
    É condensar o mundo num só grito!

    E é amar-te, assim, perdidamente...
    É seres alma e sangue e vida em mim
    E dizê-lo cantando a toda gente!

    Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

    Amar!

    Eu quero amar, amar perdidamente!
    Amar só por amar: Aqui... além...
    Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
    Amar! Amar! E não amar ninguém!

    Recordar? Esquecer? Indiferente!...
    Prender ou desprender? É mal? É bem?
    Quem disser que se pode amar alguém
    Durante a vida inteira é porque mente!

    Há uma Primavera em cada vida:
    É preciso cantá-la assim florida,
    Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

    E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
    Que seja a minha noite uma alvorada,
    Que me saiba perder... pra me encontrar...

    Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

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  2. Agora em homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen.

    Quando

    Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
    Continuará o jardim, o céu e o mar,
    E como hoje igualmente hão-de bailar
    As quatro estações à minha porta.

    Outros em Abril passarão no pomar
    Em que eu tantas vezes passei,
    Haverá longos poentes sobre o mar,
    Outros amarão as coisas que eu amei.

    Será o mesmo brilho, a mesma festa,
    Será o mesmo jardim à minha porta,
    E os cabelos doirados da floresta,
    Como se eu não estivesse morta.

    Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'

    Assim o Amor

    Assim o amor
    Espantado meu olhar com teus cabelos
    Espantado meu olhar com teus cavalos
    E grandes praias fluidas avenidas
    Tardes que oscilam demoradas
    E um confuso rumor de obscuras vidas
    E o tempo sentado no limiar dos campos
    Com seu fuso sua faca e seus novelos

    Em vão busquei eterna luz precisa

    Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”

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