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domingo, 22 de março de 2015

Corpo Vendido Entre Noites Perdidas

 

Ela saiu para a rua decidida, era assim que dizia a musica de Rui Veloso e ao longo da musica a mesma ia descrevendo o que ela propria sentia e o que fazia. Era uma rotina nao do dia a dia mas de noite apos noite e quase todos os inicios de noites antes de sair umas vezes mais decidida que outras para a rua para se fazer a vida era a musica que ela fazia questao de escutar, era a sua musica preferida ou pelo menos a que mais lhe dizia e tinha a ver consigo.

Tapava o filho com mais um cobertor e rezava para que ele nao acordasse. Considerava que ele ja tinha idade para perceber certas coisas e era isso que a levava a pensar em sair daquela vida, daquela vida que todas odiavam. Batia a porta devagar, quase em silencio para nao acordar o filho. Na verdade nao queria ir mas tinha mesmo que ser no dia seguinte como nos dias anteriores e nos que seguiam tinha que dar de comer ao filho e ela propria tinha que sobreviver.

Se aos clientes vendia ou oferecia prazer tudo o que envolvia aquele trabalho, aquele mundo lhe agradava em certos aspectos. Quando ia para o quarto com alguem novo tudo era uma novidade e era isso que a fascinava. Com o tempo Amelia Leonor comecou a conhecer os desejos e gostos dos clientes mesmos daqueles que eram novos.

Se vinham bem arranjados e vestidos em carros top gama era certo que era a sua noite de sorte esses eram os que melhor pagavam e muita vez apenas queriam companhia e conversar. Ela sabia-os escutar afinal tambem ela propria tinha problemas e era um ser humano esses clientes eram os melhores tratavam-na como pessoa e nao como uma mercadoria que acabavam de comprar ou objecto que queriam usar e experimentar, enfim esses clientes advogados, medicos, etc muitas vezes nem lhe tocavam iam ter com ela as vezes para desabafar e tambem para a mesma servir de acompanhante para uma festa ou evento. Ela nao se preocupava desde que lhe pagassem o combinado tudo bem e com esses nao havia problema desse tipo pagavam o combinado, adiantado e muitas vezes ate lhe davam um extra, com esse mesmo extra ela insistia em comprar qualquer coisa para o filho era por ele que ela ali estava era por ele que ela fazia aquela vida.

Os que menos lhe atraiam eram os bebados, aqueles que ja tinham sido violentos com colegas e amigas suas mas nada a obrigava a ir para o quarto com quem quer que fosse Amelia agia sozinha nao tinha aquilo que habitualmente se chamava de proxeneta nos estudos de sociologia e de chulo na linguagem vulgar pelo que era completamente livre e na rua haviam regras como na havia nas cadeias entre os presos de delito comum em relacao aos pedofilos e violadores. Ali na rua havia espirito de uniao entre as raparigas e era essa a razao que levava Amelia a optar por estar ali na rua e nao num bar ou casa de convivio. Ali havia menos lucro talvez mas havia mais uniao e menos ciumes e invejas se uma era abordada e agredida nem que fosse verbalmente por um cliente logo um grupo se juntava a acudi-la.

Os grupos de jovens muitas vezes ainda estudante era certo que lhe traziam alguma novidade e ela embora nao lhe desagrada-se essa honra temia sempre quando os mesmos que ja lhe eram conhecidos lhe traziam sempre em ambiente de algazarra e por vezes ja bem bebidos um virgem para segundo eles ela fazer do mesmo um homem.

Ele a primeira vez que lhe surgira pela frente vinha num desses grupos de jovens estudantes universitarios. Achou o mesmo nervoso e calculou que aquele era mesmo virgem. Ja no quarto as coisas complicaram-se habitualmente ela ficava com os clientes por um momento de prazer porem Tiago queria ficar uma noite inteira com ela. A recusa foi imediata mas no momento em que o mesmo lhe fez a protosta de 1000 euros o caso mudou de figura. Sairam do quarto reles naquela pensao de terceira classe e foram de inicio para um rumo que ela desconhecia porem quando deu por ela estava num restaurante de luxo como nunca estivera com os restantes clientes era tambem a primeira vez que aceitara ir fazer nao so o trabalho de uma noite de sexo so com um cliente mas tambem ir fazer o mesmo servico ao domicilio.

A casa de Tiago era um apartamento numa das torres junto ao Rio Tejo ela estranhou como e que alguem tao jovem pudesse morar nao apenas sozinho mas num lugar tao caro como aquele e rodeada de todo aquele luxo. Ele tratou de a explicar que nao morava ali soznho tinha uma criada mas aquela era a noite de folga de dona Arminda era ela quem cozinhava para ele e tratava da casa. Aquele apartamento era afinal uma casa de ferias que a familia dele tinha em Lisboa. Tiago fazia parte de uma familia de ricacos da provincia que viviam numa herdade no Alentejo e se dedicavam a producao de vinhos e fabrico de queijos alentenjanos. Estava tudo aparentemente explicado.

Tiago sentou-se serviu-se de um copo de Vinho do Porto e mesmo sem nada perguntar serviu-lhe um tambem. As horas passavam e ambos estavam ainda ali a conversa na sala sentados no sofa ele so queria mesmo falar. Pouco importava isso desde que pagasse ate podia estar ali o resto da noite o estranho mesmo e que ele so queria falar de um tema que passava sempre pela vida daquelas mulheres que andavam na noite como ela. Queria saber de tudo!

Ela fez-lhe a vontade e falou-lhe de tudo dos problemas que ja tinha tido com alguns clientes, daquilo que ambos lhe falavam e o que mais gostavam de fazer. Era um assunto intimo mas estavam ali so os dois e os 1000 euros que ele lhe dera tinham que ser recompensados de alguma forma e parecia que nao iria mesmo ser com o corpo e sexo.

Finalmente ele explicara-lhe tudo. Aquela conversa iria servir de base para ele apresentar um trabalho por escrito na universidade que seria a sua tese final no curso de sociologia onde ele estava prestes a terminar o curso. No mesmo instante Amelia Leonor teve uma ideia e iria po-la em pratica com a ajuda de Tiago.

Algumas semanas passaram Tiago ligou-lhe radiante tivera a melhor nota do curso na sua universidade e muito gracas ao trabalho que fizera com as revelacoes da mesma, ligou-lhe e queria Jantar novamente com ela quando lhe perguntou quanto ela iria querer cobrar pelo mesmo Jantar a mesma respondeu-lhe o mesmo que pagas por um copo de agua.

Os meses passaram e Amelia tinha acabado de realizar o seu sonho deixara aquela vida por completo e estava no momento numa livraria para apresentar o seu livro "Corpo Vendido Entre Noites Perdidas" que era um documentario escrito de alguem que vivera naquele mundo abordado pelo tema. Era o relato e testemunho dela e de muitas outras amigas ex prostitutas e outras ainda no activo e era sobretudo um conselho as mais novas que queriam fazer daquela vida um oficio lembrando-lhes que as coisas nao eram assim tao faceis como pareciam e que ganhar dinheiro de maneira facil nem sempre era  melhor caminho.

Tinha acabado de dar a conferencia de imprensa e a primeira vista ninguem notara o nervosismo com o filho do seu lado a mesma respondera a todas as perguntas e no fim depois dos votas de boa sorte e as felicitacoes de parabens recebeu o abraco final e deixou-se estar envolvida por momento naquela quente caricia e sorriso do noivo. Amelia Leonor estava prestes a casar-se com Tiago. Sorriram ambos para uma camera fotografica de um fotografo que queria uma foto para expor numa revista de eventos culturais e festas do Jet set e do mundo Vip, as voltas que o mundo dava.

                                                                                                        Manuel Goncalves

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