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sexta-feira, 3 de abril de 2015

As Gemeas

 

Ricardina e Marta era os nomes das duas primas que ate entao Tomas quase desconhecia a sua existencia. As duas irmas eram gemeas e tiveram como nome uma Marta e a outra Ricardina visto a sua mae ser uma fan da serie de televisao que estava a passar na altura em finais de gravidez.

A noticia chegara a Lisboa e fora dada a Tomas pelo proprio pai o que de inicio desagradara ao filho a forma como o Pai estava a querer fazer as coisas ele Tomas teria que doar o seu quarto as primas e mudar-se para o outro que restava na casa bem mais pequeno, so a muito custo o pai o convencera acordando com ele de que o dinheiro que as gemeas pagariam pelo aluguer do quarto seria para pagar as propinas dele podendo ele fazer o que bem entendesse com o dinheiro que ia ganhando com o seu part-time e os biscates de trabalho que lhe iam surgindo. A vida nao estava facil, seria pior virar as costas a boas oportunidades e com o dinheiro que conseguisse juntar sempre podia comprar um carrinho agora que ja tirara a carta de conducao.

Tomas era um jovem um pouco ausente do mundo em que vivia vivendo no seu proprio mundo, defendendo os seus ideiais e como tal tornava-se um pouco sonhador e filosofico alimentando o sonho de ter o mundo na mao, era um pouco solitario e nao se podia apontar ninguem como sendo um amigo seu mesmo de coracao e tambem aparentemente nunca tivera uma unica namorada.

O jovem em outros sentidos era igual aos da sua idade so pensava em terminar o seu curso de Engenheiro Informatico e dedicar-se a projectos aliciantes que tinha em mente sempre alimentados pelos sonhos daquele mundo que me vivia. Tomas queria trabalhar na area de criacao de efeitos especiais para filmes de ficcao e terror, tambem de videos de musica, queria criar programas de informatica relacionados com temas de fotografia, imagem, efeitos especiais, etc. Sabia que nao era facil triunfar nessa area mas desde a pouco tempo que comecava a dar os primeiros passos. Sempre estivera envolvido nesse mundo e recentemente um Professor sugeriu o nome dele a um amigo vocalista de uma banda para Tomas fazer os efeitos especiais do video clip de lancamento do novo trabalho o mesmo fizera sucesso muito com ajuda do trabalho e empanho do jovem e futuro Engenheiro Informatico e outras proposta comecaram a chegar aos poucos e ia assim ganhando uns trocos. Tomas estava ainda muito longe de atingir o seu maior sonho nessa area profissional fazer os efeitos especias de um filme que ganhasse o mesmo oscar de filme com melhores efeitos especiais.

Ricardina e Marta tinham chegado naquele inicio de final de semana numa sexta-feira a tarde e desde entao acabara o seu descanso e sossego. Batiam-lhe na porta do quarto constantemente e por tudo e por nada alem da musica que teimavam em ouvir essa Tomas nao so a considerava de ma qualidade como barulhenta e volumosa. As gemeas tinham por caracteristica o habito de evidenciar quem era quem de modo que eram loiras mas uma pintava o cabelo de um castanho escuro.

Tentava dominar-se mas ia ser dificil e o pior fora quando ambas as irmas comecaram a tentar seduzi-lo e conquista-lo tentando igualmente arranca-lo daquele mundo solitario e isolado em que vivia. Primeiro fora Ricardina convidando-o a ir para lugares que ele desconhecia e nao tinha nenhum gosto ou interesse em querer frequentar como discotecas, clubes nocturnos e lugares mal frequentados.

Marta fazia mais o seu estilo gostava de ir ate museus, centros culturais, exposicoes, etc e chegaram ate de facto a ir a algumas mas de um momento para o outro Marta passou a pouco parar em casa embora so tivesse aulas na faculdade no horario da manha. A jovem comecou a sair de casa de manha para ir para a faculdade, chegava ao inicio da tarde e almocava isso quando vinha a casa almocar mas quando chegava logo saia e voltava ja fora de horas ao inicio da madrugada. Algo de estranho se passava Marta deixara-lhe de ligar importancia, recusava os seus convites para sair e mal se viam mesmo ao fim de semana.

Tomas comecou a estranhar cada vez mais o comportamento de Marta e tinha jurado a si mesmo investigar o que se passava ao pormenor, embora isso nao fosse assunto seu a curiosidade acabava sempre por falar mais forte ate porque Marta comecara a vestir-se com roupas de marca, a usar perfumes de renome e olhando-a de alto a baixo ou da cabeca aos pes como era tradicional se dizer tudo nela era luxo. Alem dos cartoes de credito que tinha na carteira com que pagara as compras numa loja num dos momentos cada vez mais raros em que saiam juntos, dinheiro na carteira tambem nao lhe faltava. No fim so se podia concluir que Marta estava a fazer uma vida muito acima do possivel para uma estudante de faculdade que a partida sobrevivia da mesada que o pai lhe depositava na conta do banco, no part-time numa loja de roupa e de uma ajuda mensal vinda de uma pequena bolsa de estudo que conseguira arranjar.

A preocupacao com o que Marta fazia ou escondia levara-o a nem se preocupar com tudo o resto que se passava a sua volta apenas com os estudos como nao podia deixar de ser para um aluno no ultimo ano do curso e ja com varias ofertas de trabalho, Tomas nem se dera ao trabalho de reparar ou ate talvez nem tivesse notado que tambem o seu pai e Ricardina pareciam estar cada vez mais envolvidos.

Ricardina e Marta cada vez desentendiam-se mais ao ponto de quase se agredirem fisicamente e so nao chegaram a vias de facto numa ocasiao por intervencao de Tomas e do pai. Se os mesmo tinham conseguido evitar a briga entre as irmas nao conseguiram evitas as ofensas verbais, as acusacoes mutuas, etc e desde entao o ambiente em casa ficara de cortar a faca sobretudo pelo facto de Tomas acudir e defender por Marta por quem nutria apesar de tudo ainda um especial afecto muito maior do que sentia por Ricardina porem o seu pai via as coisas com outros olhos e puxava a brasa da sua sardinha para os lados de Ricardina. Farto daquele ambiente Tomas fez contas a vida e notou que podia perfeitamente alugar um pequeno T0 ou ir viver com uns amigos numa casa em um quarto alugado.

Arrumava as primeiras coisas numa mala primeiro que tudo os dvd's e os cd's que continham duas das suas grandes paixoes o cinema e a musica quando Marta lhe entrou no quarto, tinha estado a chorar.

- Voltaste a discutir com a tua irma? Meu Deus ate quando isso, ate quando essa inamizade!
- Nao nada disso - Marta sentou-se na beira da cama - vou sentir a tua falta, eras a unica pessoa que me compreendia e com quem eu me dava bem.
- Podes vir comigo  o apartamento tem dois quartos. - explicou Tomas. - Nao tanto pelo alivio de dividir-mos as despesas...
- Nao, para... - interrompeu Marta - Nao e tao facil como tu julgas, acredita no fundo eu nao presto.
- Se nao queres vir comigo, se estas triste mas nao vens entao que vieste aqui fazer?
- Oferecer-te algo que sempre quis te dar desde o primeiro momento que te vi, desde a primeira hora.

Sem que Tomas tivesse tempo de reagir Marta abriu o feixo do vestido e estava nua na sua frente, aproximou-se dele beijou-o e foi o levando para a cama ajudando-o tambem a despir-se.

- Somos primos, familia, nao e completamente certo - justificava Tomas na duvida ou receio do que fazer - Es louca.
- Somos duas pessoas uma mulher e um homem que querem fazer amor um com o outro, esquece os primos, esquece esse laco que nos une - acariciou-lhe a face - Nao te vais arrepender, vai ser memoravel.
- Eu, eu, eu... - Gaguejava Tomas - eu, eu.
- Sera assim tao dificil dizeres que es virgem e nunca pinaste com uma miuda - sorriu Marta - daqui a pouco ja nao vais poder dizer o mesmo e daqui para a frente nao vais querer outra coisa.

Fizeram amor naquele momento realmente nao havia primos nem primas havia duas criaturas que se amaram loucamente para tristeza de Tomas depois de terem terminado Marta saiu da cama e voltava a ser a pessoa fria e misteriosa do costume.

- Adeus, era este o meu presente de despedida que tinha para te dar.

Tomas saiu foi para o apartamento minusculo que tinha alugado e nos primeiros dias era os afazeres do costume, entrar na nova rotina e descobrir o novo mundo de viver sozinho, sentia-se no paraiso sem ter que ouvir as discursoes das primas, o pai a defender uma ele a defender outra e o ambiente cada vez menos prospero. Nao conseguia esquecer aquele momento com Marta e ia pensando como ela se encontrava naquele momento o pensamento foi-lhe interrompido pelo carteiro que estranhamente trazia uma carta anonima mas registada e a mesmo pouco dizia mais parecia um telegrama mas o texto embora pequeno tinha muito para se dizer.

" De um(a) Amigo(a)

Caro e ingenuo Tomas:

Sei que tens interesse em saber o que esconde a tua prima Marta vou ajudar-te e vais ver que ela nao e tao ingenua como pensas. Enganou-te bem enganado mas esta na hora de saberes a verdade vai a esta morada e chegando la pergunta ou procura pela Gaby.

Rua Afonso Martins do Vale numero 27-3 esquerdo.

Vais ter uma surpresa desagradavel mas esta mais que na hora de saberes o que meia Lisboa ja sabe".

Tomas estranhou a carta e a mensagem e primeiro que tudo ficou com a certeza que quem tinha escrito aquilo o conhecia bem a ele e a Marta tambem portanto a lista de suspeitos resumia-se a duas pessoas ou era Ricardina ou era o proprio pai mas ja que queriam assim, entao, era assim que iria ser. Conhecia bem a zona em questao e o desafio de tirar tudo a limpo agora era uma questao de honra. Antes mesmo optou por ver se aquele endereco tinha numero de telefone e realmente tinha ligou e atenderam-lhe de um lugar que logo ao atenderem de partida anunciavam ser do Venus Paradaise, era certamente de uma casa de meninas chamadas habitualmente por casas de massagens. Tomas optou por falar, dar a voz a telefonista e fazer uma marcacao.

Ao chegar em tudo parecia estar envolvido num ambiente de luxo e requinte o local era um dos mais caros e luxuosos de Lisboa e ao seu redor nao paravam de estacionar carros top gama, dirigiu-se a morada que tinha sido dada tanto na carta anonima como na conversa ao telefone, calmamente tocou a campainha mandaram-no entrar sem cerimonias de apresentacao e indicaram-lhe a sala de espera avisando-o que iam chamar as raparigas ao que ele respondeu que so queria estar com Gaby e como resposta obteve um pedido para esperar ela estava a acabar de se despedir de um cliente habitual.

Gaby ou melhor Marta parecia estar ainda mais bela, vestido curto, muito bem maquilhada e perfumada ficou em estado de choque quando o viu a sua frente e pediu-lhe apenas para irem falar para fora dali, foram para a rua o ambiente estava de cortar a faca e a conversa nao prometia ser agradavel, ela nao tinha como se justificar mas tinha a certeza que aquilo era obra da irma e ja que era assim tinha que se vingar a altura.

- Foi a Ricardina que disse que eu estava ali naquela casa? - Comecou ela friamente - ja agora tambem te deve ter dito o que faco la.
- Nao sei. Recebi uma carta anonima escrita por computador. - Explicou Tomas - Porque Marta, porque tudo isto?
- Como pensas que se pode pagar propinas, calcar, vestir bem, divertir-me? Como pensas que tudo isso e possivel com um part-time de merda e com uma mesada que nem da para o tabaco.
- Nao sei mas penso que fizeste tudo isto nao por necessidade mas por dinheiro e ambicao.
- Sim e verdade, tens razao - sorriu - mas diz-me um lugar onde eu possa trabalhar dignamente e receber por vezes quinhentos euros numa noite por sair com um tipo, Jantar e ir para a cama.

Tomas nao suportou e deu-lhe um estalo. Os seus olhos pareciam querer quase que explodir de raiva.

- Podes fazer o que quiseres, o teu ciume fala mais alto mas sei que foi a Ricardina que arranju tudo isto mas ja que e assim, toma - entregou-lhe um envelope com um dvd. - Aqui esta a prova que a Ricardina e o teu pai tambem nao sao santos nenhuns nesse dvd estao as gravaces que fiz numa camera oculta em casa do teu pai quando la nao estavamos. Ai podes ver que ela nao e melhor que eu e podes ver qual a razao pela qual o teu pai tanto a defendia.

- E tu! Que vais fazer agora? Certamente nao vais voltar para casa do meu pai?
- Nao, nao vou mas descansa estou cansada vou deixar o trabalho na casa de massagens, tenho algum dinheiro guardado e vou a vida arranjo um trabalho e um quarto rapido.
- E os estudos?
- Vou continua-los claro. -Marta acariciou-lhe a cara. - Agora entendes porque razao eu nao queria me envolver muito contigo? Era para nao te magoar. Vou deixar esta vida na esperanca de um dia merecer o teu perdao.
- Ja te perdoei, esquece isso o que la vai la vai na verdade penso que quando dizias que nao prestavas logo ai nao me estavas a esconder nada.
- Tudo bem, ve o dvd e depois diz-me alguma coisa, nao lhes guardes odio no fundo eles sao como nos.

Tomas chegou a casa sentou-se calmamente frente a televisao e ligou-a colocou o dito dvd com o qual Marta em parte se defendia afirmando que com o mesmo provava que a irma nao era melhor do que ela.

A filmagem era no quarto do pai dele com o mesmo chegando ao quarto com Ricardina se abrancando, se despindo, Tomas nem queria acreditar. De um momento para o outro com aquelas imagens do pai na cama fazendo amor com Ricardina tudo se esclarecia e dava para entender. Ia ser complicado falar-se uns com os outros. Tomas era um jovem liberal e sabia que embora fosse insolito nao era nada do outro mundo nos dias que corriam ele envolver-se amorosamente com uma prima em segundo grau tal como o pai se envolver com uma prima em primeiro grau ainda que a mesma tivesse idade de ser filha dele.

Todos sabiam que socialmente a relacao nao era aceite e era ate vista com maus olhos pela lei em Portugal o casamento entre primos nao era aceite mas poderiam se fosse essa a vontade irem casar-se num lugar onde a lei o permitisse isso viria-se depois agora naquela tarde de sabado estavam todos sentados a mesa tentando conversar como gente civilizada que apesar de ter sido por amor tinham cometido alguns erros.

As gemeas tinham-se perdoado uma a outra e chegando a conclusao que aquela inamizade era um erro ainda para mais quando eram so duas irmas tinham mais era que se unir. Pai e filho estavam a conversa assumiam os erros mutuamente o que era sempre bom e tinham chegado a um entendimentos no fim da conversa os quatro concordavam lutar pelo amor que ambos sentiam uns pelos outros Marta e Tomas pelo seu amor tal como o de Ricardina com o pai de Tomas, foram comemorar havia motivo para isso.

Com os cursos terminados estavam em pleno Brasil no Rio de Janeiro passado ja algum tempo era ai que tinham decidido irem casar aqueles dois casais com o apoio de toda a familia e ignorando qualquer preconceito social, viva o amor, pensavam todos os presentes quando se ama era assim que tinha que ser.

                                                                                                            Manuel Goncalves





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