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domingo, 11 de outubro de 2015

Entre a Vida e a Morte



Entre a vida e a morte! Ainda lhe custava a acreditar mas era assim mesmo que ele se encontrava naquele momento e na verdade nao muito longe no tempo jamais pensava estar naquela situacao, um mes atras tal era impensavel. Era a vida tinha que se convencer disso e se os medicos nao o conseguissem salvar ia ter que aprender a conviver com isso durante todo o tempo de vida que lhe restava, seria melhor portanto procurar aproveitar cada momento.

Nada  o fazia sorrir nem sequer o aniversario que se aproximava nos ultimos tempos tinha passado mais tempo nos hospitais do que em casa ou seria a partir daquele momento o hospital a sua casa, nem aquela data que se aproximava o fazia sorrir ou sentir-se feliz antes pelo contrario sentia-se triste quando pensava que aquele aniversario poderia vir a ser o ultimo. Na podia ser sentia que lhe fazia falta algo mais, aquele lugar nao lhe pertencia, nao era dali, nao se sentia enraizado mas sabia que em mais lado nenhum o podiam salvar.

Era um sabado como outro qualquer quando tudo comecara ou pelo menos quando se mostrou que o caso era grave ja que insonias ele sempre tivera desde os 13 anos. Dores de cabeca qualquer um as tinha afinal. So que as mesmas dores de cabeca foram-se tornando dia para dia cada vez mais intensas algo que ele relacionou com o facto de usar oculos e ja a alguns anos que nao fazia uma revisao nas lentes. Era algo que iria tratar assim que estivesse de ferias em Setembro na semana do seu aniversario.

Algo se comecou a alterar quando comecou a sentir umas certas tonturas que ate lhe provocavam umas certas vertigens por vezes. O caso nao era para brincadeiras e ele ou parecia estar a querer brincar e ignorar coisas serias ou estava a brincar com a propria saude.

Como poderia ele estar bem quando as dores de cabeca eram ja diarias e quase que permanentes, as tonturas, vertigens, vomitos, insonias, cansaco quase que inexplicavel e depois chegava a cama e nao adormecia. Mais uma vez pensava e tomara uma decisao quando estivesse de ferias ia ao Medico.

O Almoco de sabado com amigos no restaurante do costume era a unica coisa que tinha por habito fazer na sua rotina diaria para conviver com os amigos o Almoco de sabado e seria assim ate ao fim fosse o final aquele que fosse. Estava ja sentado na mesa enquanto o amigo companheiro habitual daqueles famosos almocos tinha ido lavar as maos era uma das ultimas coisas que se lembrara e que antecedera aquela dor de cabeca explosiva.

O mundo parecia que ia explodir apenas o facto de ouvir as pessoas a falar a sua volta estava a ser incomodativo, o barulho dos talheres parecia-lhe infernal, queria levantar-se mas o chao parecia querer-lhe fugir e por fim faltavam-lhes a forca, uma nausea estava a sufoca-lo. Num esforco quase desumano com uma enorme tontura levantou-se de facto para andar dois ou tres passos e cair desmaido ali no meio do restaurante para espanto de todos em particular dos clientes habituais como ele e com quem por forca do destino e de frequentar o mesmo local onde ele fazia a maioria das suas refeicoes semanais travara ja um certo conhecimento e uma certa amizade.

Nao se recordara dos ultimos factos narrados como seria normal, ninguem que desmaia se lembra do que se passa durante o mesmo desmaio. Chamaram uma Ambulancia tambem nao se lembrara de nada nem de lhe terem prestado os primeiros socorros, suspeitaram de Epilepsia e ali mesmo prestaram-lhe os primeiros socorros para alivio de alguns embora desmaiado via-se que ele respirava bem e alem dos paramedicos tambem uma Enfermeira reformada de Portugal ajudara a tentar a reanimacao sem sucesso, foi levado para o hospital local para onde seguiram alguns dos seus amigos. Aquele Almoco de sabado estava simplesmente estragado.

No hospital depois de lhe prestarem os primeiros socorros seguiram-se como ja seria de esparar os exames o que mais preocupava os medicos e que ele nunca tivera nada assim era um problema recente entao ou pelo menos que so agora comecava a surtir efeito. O mais indicado segundo os medicos era fazerem-lhe ali os primeiros exames mas desde ja encaminha-lo para um hospital com melhores meios e especialidade em problemas neurlogicos. Ainda ele nao tinha recebido o resultado daqueles exames e ja tinha uma carta a envia-lo para os hospitais da University of Cambridge. Explicaram-lhe que nao tinha nada a temer e que as coisas funcionavam sempre assim como medida de precaucao era mais indicado enviarem-no para locais com melhores meios e cnhecimentos.

Os primeiros exames ainda ali no primeiro hospital estavam ja com os resultados expostos e pela cara dos medicos o assunto era grave, ele nervoso permanecia em silencio.

Um tumor cerebral era esse o seu problema, um pequeno tumor cerebral ou melhor dizendo um Glioma mas tinha que ir para Cambridge de urgencia para fazerem uma biopsia e ai avaliarem melhor a situacao. Era necessario ter-se a certeza da gravidade da situacao, nivel, tipo de glioma para o mais depressa possivel comecarem a tratar do seu problema. Ali foram sinceros com ele avisando-o de que se o tumor fosse maligno como estava numa zona delicada e sensivel a cirugia era de alto risco e podia mesmo estar fora de questao, estando ele condenando a morte e restando-lhe meses de vida com sorte talvez um ano ou pouco mais.

Em Cambridge chorou de sofrimento nao era mesmo nada facil fazer-se uma biopsia naquelas situacoes, recordou alguem, alguem com quem ele estava desde a pouco tempo meio chateado e agora nao tinha praticamente como avisa-la da situacao, ele acabara por bloquea-la no facebook e ela retribuira-lhe a gentileza numa outra rede social. Nao queria pensar nisso o problema com ela podia ficar para mais tarde, isso se houvesse salvacao para o seu problema.

Eram nomes de coisas que ele nunca ouvira falar como uma Biopsia Estereotaxica podia ser tudo menos de facil realizacao e inodor, ele mostrou-se forte apesar da dor, apesar do sofrimento e lagrimas deixou que lhe fizessem tudo o que tinham a fazer, queria te-la ali do seu lado e na realidade ela de nada sabia ainda.

Resultados finais. A coisa estava seria o Glioma era de Nivel 1 e portanto benigno ele sorriu quando soube que a coisa nao estava assim tao mal e sentiu-se bem pela primeira vez de nao estar num patamar mais alto nem queria imaginar se fosse um Glioma de Nivel 4 e ja agressivo.

Depressa perdeu a vontade sorrir  problema e que mesmo benigno o Glioma que era um Oligodendroglioma estava numa zona muito delicada e a gravidade do mesmo podia indo subir com o tempo tornando a situacao mais grave. Como quase todos os tumores do genero estava ali no encefalo do cerebro na zona temporal. A operacao seria delicada e de risco mas podia ser a melhor opcao entre a cirugia, radioterapia ou quimioterapia, teriam que esperar algum tempo para avaliar a situacao e a ultima palavra dependia do parecer de um Neurocirugiao Norte-americano que iria realizar brevemente algumas cirugias no Reino Unido a dele poderia ser uma delas.

Ao saber-se disso a Comunidade Portuguesa na cidade onde estava a residir bem depressa se reuniu a querer fazer festas de beneficiencia e queriam pedir ajuda da Comunidade Portuguesa no Reino Unido algo que ele agradeceu mas recusou desde a primeira hora.

Os portgueses na rua sobretudo aqueles que estavam no cafe no dia do desmaio olhavam-no com pena como se ele fosse um miseravel, um coitadinho ou condenado. Na verdade ele era apenas uma pessoa que estava doente mas nao precisava de ajudas de ninguem. A Seguranca Social viu-se obrigada a ajuda-lo porque ele era um dos seus contribuintes e era um contribuinte exemplar o facto de mesmo quando trabalhava pouco nunca ter pedido ajudada para nada era um trunfo a seu favor e ficara em casa a receber o ordenado por inteiro. Considerava isso uma ajuda mas era mais do que justo. Os medicamentos, tratamentos, possivel cirugia e despesas de hospital tambem seriam pagas pelo estado. Para que pedir ajuda, entao? So se ele quisesse estar a tirar proveito da situacao! Naquele momento nada era mais importante que a sua propria saude ja que nao podia ter o amor da mulher que toda a vida amara entao iria ser assim.

O aniversario dele chegara e ele acordara ia tentar fazer as coisas como fazia todos os anos e procurar esquecer que talvez nao tivesse oportunidade de completar mais nenhum aniversario. Era tudo estranho naquele ano. Como sempre tinha algum dinheiro junto que era o seu fundo de aniversario e que habitualmente gastava em cds, roupa e outras coisas. Foi comprar os cds com a esperanca de ter tempo para os ouvir e a tristeza invadiu-o.

Nao era justo ele mal comecara a viver a vida, a realizar alguns sonhos so muito recentemente conseguira comecar a publicar o que escrevia num jornal da internet e esse era um dos seus maiores sonhos. A escrita era a sua grande paixao e a qual ele dedicara grande parte da sua vida tal como era a Filosofia e tudo o que tivesse relacionado com Historia.

Fora almocar sozinho e tentou desviar os pensamentos negativos da sua mente estava proibido pelos medicos de fazer fosse o que fosse que lhe pudesse provocar uma falta de controlo emocional e enerva-lo. Olhou para o balcao do restaurante tinha vontade de mandar vir um jarrinho pequeno de Sangria mas nao podia ser, primeiro por causa do efeito dos medicamentos e depois porque os medicos nao o aconselhavam a beber naquela situacao. So ao final da tarde fora ao seu blog e notara uma mensagem dela desejando-lhe feliz aniversario, escreveu-lhe um SMS a contar-lhe o que se passava e depressa recebeu uma resposta ela tinha ficado devastada.

Eles tinham ja tido provas de que o amor deles era forte, sincero e puro mas por outras razoes fora algo que terminara e sempre procuraram manter contacto um com o outro mas recentemente por causa de uma mensagem dela tinha discutido e brigado de vez, nao se falavam mais e procuraram mesmo evitar o contacto ele assim que viu que ela o tinha desbloqueado no facebook bloqueara a mesma e ela fizera o mesmo com ele noutra rede social. Era o fim pensava ele e nao lhe contara nada ate entao mas agora era diferente. Ela mostra-se preocupada com ele e ele so queria ter uma forma de se despedir dela de outra forma podia ate ser por escrito mas nao por SMS.

Ele queria entre outras coisas dizer-lhe que se morresse nao era apenas ele que morrera mas alguem que sempre a amara. Queria pedir-lhe perdao por todos os erros e ofensas, queria agradecer-lhe pelos poucos mas bons momentos de amor que tinham tido mas nao tinha como faze-lo tinha apenas esperanca que ela acreditasse nisso e nos seus sentimentos. Ele fora, era e seria completamente louco e apaixonado por aquela mulher, sim iria continuar a se-lo se Deus o permitisse.

Passara pela Igreja achara a confissao algo importante naquele momento ou pelo menos era algo que lhe fazia sentir uma calma e paz de espirito estar o mais proximo de Deus. Nao era um Catolico praticante mas nunca deixara de ser crente sobretudo na Nossa Senhora de Fatima. O problema e que ele acreditava em Deus mas nao tanto nas religioes, algumas eram como partidos politicos, outras falavam mais de dinheiro e donativos que em Deus e por fim considerava que Deus e Jesus Cristo nao estavam na Igreja ou em qualquer Religiao deviam estar sim na mente e coracao de cada um.

Era uma sombra daquilo que fora aquele rapaz que era apaixonado pela fotografia e adorava fotografar a Natureza e ir fazer fotografias junto ao Nene River que ficava no Nene Park agora ia para la nao para fotografar perdera o interesse por quase tudo ate mesmo pela fotografia. Ia para a beira do rio atirava pedras pequenas a agua para perto ou nos momentos de furia para bem longe. Tinha 38 anos e a morte tao perto, era mesmo algo injusto.

Tinha prometido a si mesmo se sobrevivesse iria seguir uma regra, criar uma nova maxima pessoal. A vida eram dois dias e ele ja tinha vivido um nao podia desperdicar o outro, tinha mais era que gozar a vida.

Pensara agora na morte talvez mais do que alguma vez pensara a mesma nao  assustava mas sentia que tinha ainda tanta coisa por fazer. A vida era uma merda, uma bruta porcaria. Olhava velhos com mais de 80 anos que mais pareciam estar podres estarem quase que mais vivos que ele. Pensava na morte e considerava que era a unica forma de encontrar o pai cara a cara pela primeira vez. O mesmo morrera quando ele tinha 24 dias de vida e a unica forma de se reencontrarem era ele morrer. Ele acreditava plenamente em algo depois da morte e considerava que depois da morte o espirito era preparado para uma nova vida ate atingir uma certa perfeicao e ser digno de ficar no outro lado sempre junto de Deus. Considerava que a vida terrestre era uma forma um meio de aperfeicoamente. Por outro lado pensava que ele e  o pai esperavam por aquele momento mas ele tinha tantas coisas ainda por fazer, por realizar como viajar, fotografar o mundo ir por ai a aventura. Faltava-lhe o prazer de ser pai. Ele so agora comecara a viver e a morte rondava-lhe a porta.

Benjamin Solomon Carson era esse o Neurocirugiao que o iria ver era um Afro-americano algo que o marcou profundamente. Ele nao se considerava racista mas por ser Nacionalista por defender a ideia de que em Portugal primeiro estavam os portugueses muitas vezes o tomavam como tal, como racista. Os africanos, negros, gays, etc eram as suas principais vitimas nas anedotas que gostava de contar e agora a sua saude e talvez ate vida estavam nas maos de um africano de um negro que era tambem considerado um dos maiores Neurocirugioes do mundo.

Ben Carson como o chamavam era visto quase como um Neurocirugiao que fazia milagres desde de ser o primeiro Medico a realizar um cirugia a um feto dentro do utero (cirugia intrauterina) e ficara igualmente famoso pela realizacao de   hemisferectomias e separacao de gemeos siameses que estavam pegados pela cabeca em um procedimento que no passado, antes de ele ter tentado, poucos gemeos sobreviveram a cirurgia, devido a sua complexidade. Apesar das circunstancias sentia-se honrado de conhecer uma pessoa assim. Os sucessos do famoso Neurocirugiao fizera com que fosse feito um filme contando a historia do famoso Medico agora candidato em vista a presidencia dos Estados Unidos no filme Maos Talentosas podia-se assistir a sua historia desde da altura em que era um menino pobre e desmotivado que tirava notas baixas na escola tal como Einstein mas que se viera a tornar Director do Centro de Neurologia Pediatrica do Hospital Universitario Johns Hopkins, em Baltimore, EUA.

O Doutor Carson era um homem de certa idade ja mas como tal nao so pela idade mas pela experiencia a pessoa certa para tratar dele considerava-se entregue em boas maos. Aquele Medico da cidade de Detroit era demasiadamente humilde e de bom caracter nada fazia acreditar que fosse talvez o maior Neurocirugiao da actualidade mas era de facto assim como era tambem alguem que tinha a intencao de se candidatar a nomeacao republican  as eleicoes de 2016 . Sentira que o mito da America Negra ganhava alguma forca e que depois de Obama ja nao havia qualquer receio do Presidente dos Estados Unidos ser um Afro-americano. Pela humildade, caracter, simplecidade ele estava decidido a presentear o Dr Carson com uma cronica biografica no seu blog caso sobrevivesse a tudo aquilo pelo que estava a passar naquele momento.

Carson era tambem conhecido por ter acompamhado varios pulgilistas como o caso de Muahammad Ali que durante a carreira a conta de defender os socos dos adversarios com a cabeca acabara por causar danos no cerebro. Ali sofria da Doenca de Parkinson e tinha sido acompanhado em parte pelo Neurocirugiao. O mesmo na realidade ate estava ja aposentado devido as suas novas actividades mas nao recusara vir fazer uma serie de cirugias a Europa demasiado complexas e tambem viera para dar uma serie de palestras e no campo politico era sempre uma boa campanha e forma de ganhar alguns a forma como ele se mostrava disponivel a ajudar os que precisavam dele. Ele pensava que por o mesmo ser Medico a etica a isso o mandava tambem mas via-se o Doutor Carson era um bom homem.

O famoso Neurocirugiao garantiu-lhe que o risco da sua cirugia nao era assim tao grande como inicialmente se falava e garantiu-lhe igualmente que apos a mesma ele voltaria a ser a mesma pessoa se a cirugia corresse bem. Sim confessou-lhe que havia um certo risco mas nao era alto risco alem de que se ele nao fosse operado agora as coisas poderiam evoluir e ai seria um risco bem maior.

Ele ficou a saber como seria todo o processo na cirugia e depois da cirugia achou curioso que devido a um novo metodo ate agora usado apenas nos Estados Unidos e em dois hospitais com novos metodos agora usados o topo do cranio nao seria retirado. Seria usado o novo metodo que nao deixava qualquer cicatriz no cranio atraves de uma cirugia que poderia agora ser feita atraves da entrada dos olhos que era feita atraves de uma pequena incisao da palpebra que dava acesso a um osso muito fino que ficava atras dos olhos. Atraves desse osso era possivel ter-se acesso ao cerebro sem a necessidade de se retirar o topo do craneo e sem deixar cicatrizes na cabeca o Medico falou-lhe ainda na Cirugia transnasal no caso dele poderia-se usar esse metodo sem lhe causar transtornos de lhe deixar marcas de cicatrizes na cabeca para o resto da vida, sua recuperacao seria rapida se tudo desse certo. As ultimas frases do Medico marcaram-no "se tudo desse certo" sim ninguem lhe escondia que poderia nao dar.

Nunca tinha pensado que fosse possivel operar-se um tumor cerebral sem se abrir o cerebro mas agora ja era possivel Carson explicou-lhe isso e o que era o metodo de cirugia batizado como Cirugia Transorbital. As vantagens eram muitas com aquele metodo. O procedimento era menos invasivo o que fazia com que a dor do paciente fosse reduzida, o seu tempo de recuperacao fosse mais rapido e como ja lhe havia sido dito nao haveria cicatrizes como recordacao.

No entanto, o metodo nao podia ser usado para qualquer tipo de cirugia cerebral (na dele pelos visto era possivel). Era possivel usa-lo para cuidar de vazamentos de fluidos cerebrais, reparacao de fracturas na base do craneo e remocao de tumores (era o caso dele) assim como em casos de descompressao do nervo optico. Ate ao momento apenas dois hospitais nos Estados Unidos usavam esse metodo e uma das razoes de Carson estar ali na Europa era ensinar o metodo aos neurocirugioes europeus para que assim o pudessem usar ate porque o metodo estava a ter sucesso e todos os pacientes submetidos recuperaram com sucesso.

Mais uma vez Ben Carson explicou-lhe que ele tinha tido sorte de o tumor ter sido detectado praticamente logo no comeco e quase que heronicamente explicou-lhe que se nao fosse a zona onde o mesmo estava situado nao ser a melhor aquele tumor mais se podia chamar um quisto. Despediram-se com um aperto de mao.

Tivera sorte apesar de tudo tivera sorte por ser um homem de aparencia fraca e fragil e com aquele tumor o seu cerebro ter-se feito logo sentir se fosse um pessoa com capacidade de suportar mais tempo um mal daqueles podia vir a ser tarde demais. Ele compreendeu que o Medico nao estava a ser nem confiante demais e muito menos frio demais perante a sua situacao. Entendeu que ao longo da carreira coberta de sucessos como separar gemeos siameses ligados pelo cerebro certamente Carson ja tinha lidado com centenas de casos como o dele enquanto ele era a primeira vez que vivia algo assim.

Abandonou o National Hospital for Neurology and Neurosurgery from Londres situado na Queen Square com uma nova esperanca. Recordara de um ler algo relativo a uma crianca que era um dos protegidos da falecida Princesa Diana em que ja depois da mesma ter falecido a crianca estava a morte com um tumor cerebral qualquer e ele recordara que lera qualquer coisa referente a que a mesma cirugia so podia ser realizada naquele hospital, so ali tinham essas condicoes era sem duvida um ou talvez o melhor hospital do mundo naquela especialidade medica. Sentia-se confiante estava nas maos de um dos melhores neurocirugioes, num dos melhores hospitais para o genero do mundo mas sentia que sem a ajuda de Deus nada era possivel.

Gostava de a ter ali ao lado no dia da operacao e acreditava que so nao a tinha fisicamente porque a tinha no coracao. Naquele momento nao era altura para resentimentos, raivas ou odios era altura de fazerem um cessar fogo eles estavam um pouco zangados porque ela o magoara muito com certas palavras frias acerca da relacao que ambos tinham tido em que afirmava que ja nao conseguia viver os momentos irracionais e "loucos" que tinham vivido. Ele ja estava um pouco mal na altura mas isso deitara-o muito abaixo e afastou-se um pouco dela durante algum tempo nao sem antes trocarem algumas acusacoes que terminaram por acabar por se bloquearem um ao outro em redes sociais diferentes.

Ele estava decidido a nao lhe contar nada e a deixar que ela ficasse sem saber  que se estava a passar aparentemente como ela falara com ele naquela madita mensagem ja nada os ligava e o estado de saude dele nao era da conta dela. Porem ela mandou-lhe um mensagem nos anos dele para o blog dele e como ele ja tinha mencionado estar doente numa outra publicacao achou por bem revelar-lhe a verdade e aparentemente na medida do possivel ela mostrou-se preocupada com ele ao contrario daquilo que inicialmente ele pensara.

Era chegado quase que o Dia D nao quisera ser operado antes do aniversario dela e nao resistiu a enviar-lhe uma mensagem com a felicitacao de Feliz Aniversario era o minimo que podia fazer. Faltavam ainda cerca de um dia mas era chegado a hora de ir para o hospital em Londres, a operacao era no dia seguinte.

Nao se despedira dos amigos pessoalmente. Detestava certas situacoes e nao queria ser novamente visto como um coitadinho ou uma pessoa gravemente doente estava de facto abatido e debilitado mas ate aquele momento tinha conseguido fazer tudo por ele mesmo. Estava doente, era algo um pouco grave mas paciencia nao era por isso que o tinham de ver como um coitadinho ou ser inferior, nao queria que tivessem pena dele afinal se tudo corresse mal talvez ate fosse para um sitio melhor. Ele acreditava nessa teoria da vida depois da morte e tinha a certeza que dificilmente ficaria a perder se aquela fosse a sua etapa final.

Tinha destinado que caso morresse os seus pertences e coisas de valor como roupas, cds, livros, etc seriam entregues a instituicoes de caridade para serem vendidos de novo. O ouro que tinha nao era muito e algum ate o acompanhara agora que era um crucifixo numa corrente que ele adorava mas tambem teria destino. O dinheiro das contas bancarias seria o suficiente para pagar as despesas funebres e o restante sabia que quem iria ficar com ele a partida seria o seu descendente mais proximo e considerava isso ate injusto. Teria uma mae que nada fizera por ele ser um homem de bem, integro e honrado direito a alguma coisa. Fora apanhado de surpresa com tudo aquilo e os ultimos tempos tinham sido demasiado devastadores para conseguir mudar rumo a essa situacao.

Sentia igualmete que se a vida fosse apenas uma missao a dele tinha sido apenas ama-la como nunca amara outra mulher e sentia-se triste por nem sempre o ter conseguido demostrar da melhor maneira como tambem de certos problemas que lhe tinha causado. Queria pedir-lhe perdao mas tinha a certeza mesmo sem ouvir isso da boca dela que ela ja o tinha perdoado. Ela podia e ate tinha alguns defeitos afinal ninguem era perfeito mas tinha tambem um bom coracao. Sorria quando lembrava o facto de ela chama-lo a atencao por isso a forma como ele era capaz de se irritar e perder a calma com muita facilidade o que nao deixava de ser verdade mas seriam ja efeitos do tumor?

Dois ou tres meses atras nao acreditava que pudesse estar a passar por tudo aquilo agora. Olhou a sua volta as paredes do quarto sem saber se um dia iria voltar a ver todas as coisas que ali tinha e algumas tinham ate a ver com certos episodios marcantes da sua vida. As lagrimas caiam-lhe pelo rosto. Voltaria ele a estar ali no seu quarto? Ali onde ele passara os momentos mais marcantes da sua vida, onde ele a descobrira pela primeira vez no facebook, ali onde ela lhe mandara a mensagem quando tudo terminara. Saiu com a mala na mao onde levava as suas roupas e pertences, nao quisera partir sem levar o seu computador portatil fiel companheiro de tantas historias na internet. Olhou entao para junto da janela onde tinha uma miniatura da Nossa Senhora de Fatima e como crente na mesma e homem de fe nao a podia deixar ali, pegou na mesma colocou-a no bolso iria ser tambem sua companheira naquela aventura, talvez a ultima. Como ele queria nao estar a passar por tudo tudo aquilo como ele queria ter mais anos de vida para a poder voltar a ver e dizer simplesmente o quanto a amava. Voltou ainda atras a moldura com a foto do pai tambem iria acompanha-lo naquela jornada.

Ps: Com este emocionante conto breve atingo a meta de publicar 25 contos breves neste ano ou mais, para assim atingir os 50 contos breves. Espero sinceramente agora que atingi o mesmo objectivo que Deus me permita supera-lo em muito.

                                                                                                              Manuel Goncalves



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