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sábado, 16 de janeiro de 2016

O Roubo da Taca Julies Rimet em 1983 no Brasil


 
O insolito roubo da Taca do Campeonato do Mundo de Futebol em Inglaterra no ano de 1966 e um caso que muitos e muitos adeptos e amantes do desporto rei ja certamente ouviram falar.

O caso chega a envolver um cao de pequeno ou medio porte ja que foi ele quem descobriu a taca escondida entre arbustros de um jardim da capital britanica uma semana depois da mesma ter sido roubada do Central Hall, de Westmister. Porem no dia 27 de Marco de 1966 a mesma  estava descoberta por um cao que se tornara heroi nacional e que ganhara ate raccao gratuita oferecida por uma marca para o longo da sua vida, da sua curta vida, Pickles cerca de um ano depois da descoberta viria a morrer acidentalmente a sua coleira ficou presa no galho de uma arvore enquanto o mesmo corria atras de um gato, morreu enforcado.

A historia deste episodio em Inglaterra ja eu conhecia a mais de 20 anos no entanto so muito recentemente em pesquisas a procura de material para formar cronicas aqui para o blog fiquei a saber que uma replica da Taca foi roubada em 1983 no Brasil mas desta vez porem jamais foi recuperada. A mesma claro que podia ser vendida pelos ladroes e era arriscado pedir-se um preco para a devolver mas os ladroes consideraram que roubando a mesma e derretendo formando depois barras de ouro o roubo traria igualmente um enorme lucro.

No Brasil pais de Samba e Futebol com um alto nivel de criminalidade e algumas das cidades mais perigosas do mundo o caso talvez nao tivesse tido tanta propaganda a nivel mundial alem do mais era uma taca, um trofeu que pertencia ao Brasil apos tornar-se tri-Campeao Mundial (1958, 1962 e 1970) ganhava o direito de a possuir para sempre no entanto a taca do episodio em Londres era a taca que iria ser conquistada pelo futuro Campeao Mundial tinha mesmo que aparecer sem a mesma o evento desportivo podia mesmo estar em causa.


O roubo da Taca Jules Rimet em 1983 foi o roubo do Trofeu conquistado no Campeonato Mundial de Futebol de 1970 no Mexico treze anos depois de ser conquistada na final contra a Italia por 4-1 em 21 de Junho de 1970 (Pele 18 m, Boninsegna 37 m, Gerson 65 m, Jairzinho 70 m, Carlos Alberto 86 m) na noite de 19 de Dezembro de 1983. O roubo aconteceu num predio da Confederacao Brasileira de Futebol (CBF) na Rua da Alfandega, 70, no Centro do Rio de Janeiro. Antes disso ja havia sido roubada no ano de 1966 em Londres e foi achada depois por um cao, Pickles. O caso no Brasil em 1983 foi de grande impacto para a populacao pois a Taca  Jules Rimet era um dos maiores simbolos do "orgulho nacional". A Policia Federal foi mobilizada para procurar o trofeu, que tinha aproximadamente 3,8 quilos de ouro e na epoca mesmo desfeita depois de derretida e em barras de ouro a antiga taca poderia valer 18 milhoes de cruzeiros, o que na actualidade dos dias de hoje equivale a mais de R$  189 mil na moeda brasileira. O caso teve uma grande repercursao. Jornais tanto nacionais como internacionais falavam e divulgavam o caso, noticiavam com assombro o insolito roubo do simbolo do Tricampeonato.

Dados do roubo da Taca Jules Rimet em 1983 no Brasil:

Local do crime: Rua da Alfandega 70, Rio de Janeiro.
Reus: Sergio Pereira Ayres. (Sergio Peralta)
           Francisco Jose Rocha Rivera. (Chico Barbudo)
           Jose Luiz Vieira da Silva.
Advogado de defesa: Jorge Santoro Filho (Chico Barbudo).
Promotor: Murilo Bernardes Miguel.
Juiz(a): Maria Helena Salcedo.
Local do julgamento: Forum Criminal da Barra Funda, Sao Paulo.
Situacao e pemas: Sergio Peralta condenado a 9 anos de Prisao, Chico Barbudo a 9 anos de prisao e mais tarde ganhou a apelacao da pena, Luiz Bigode condenado a 9 anos de prisao e Juan Carlos Herandez condenado a tres anos de prisao.

Os envolvidos:

. Sergio Peralta:

Sergio Pereira Ayres (1948-2003), ou como era conhecido, Sergio Peralta nasceu numa familia humilde do Rio de Janeiro. Passou a infancia onde viveu no Bairro Nabuco de Freitas e na epoca do crime tinna 35 anos de idade, era solteiro e morava numa pensao, no Bairro de Santo Cristo.

Era representante do Clube Atletico Mineiro na Confederacao Brasileira de Futebol  desde 1974, juntamente a CBF e a Federacao Carioca de Futebol. Foi tambem Assessor Administrativo da CBF e trabalhou com seguros no Banco Agrimisa. De acordo com o inquerito inicial Peralta tinha conhecimento da Sede da CBF por ter acesso como representante do Atletico Mineiro (facto desmentido pelo mesmo clube) e ele estava ciente de que o trofeu original estava sendo mantido e guardado em um armario de virdro blindado simples, segurado apenas por uma moldura de madeira, enquanto apenas uma copia foi colocada segura num cofre da CBF.

De acordo com quem o conhecia, gostava de frequentar bailes e nao fazia nada "fora de rotina" e de acordo com as palavras de relato e testemunho de Percialina Alves, a dona da pensao onde Peralta morou durante quatro anos em Santo Cristo, ele gostava de brincar com criancas e nunca havia feito algo fora de rotina, e muito menos ainda mais algo fora da lei. Quem convivia com ele na CBF alegava e afirmava que ele era bem conhecido e um "cara legal", mas no dia do roubo, estava diferente, estava agitado e nervoso. Morreu de infarto devido a uma doenca Coronariana Grave, em Agosto de 2003.

No dia 19 de dezembro de 1983, ficou do lado de fora do predio e orientou seus comparsas sobre como chegar ate a taca. Nao era difícil. Inacreditavelmente ela ficava exposta em uma vitrine na sala de reunioes, no nono andar. A replica estava muito melhor guardada, dentro de um cofre na propria CBF. "Lembro-me bem daquele dia. A tarde, o Peralta subiu com dois lanches para os ladroes que ja estavam no predio. Ele aeé me ofereceu uma coca-cola. O Peralta era um cara legal, bem conhecido na CBF. Muita gente daqui tomava cafe com ele. Mas naquele dia ele estava muito agitado, nervoso", contou Luiz Carlos Machado, na epoca Guardador de Carros na Rua da Alfsndega e hoje funcionario da CBF. "Nao o conheci. Se voce nao tivesse me dito eu nem lembraria mais o nome dele", afirma o presidente da CBF na epoca do roubo, Giulite Coutinho.

Dados pessoais de Sergio Peralta:

Nome: Sergio Pereira Ayres.
Nascimento: Rio de Janeiro, 1948.
Morte: Rio de Janeiro, Agosto de 2003 (55 anos).
Nacionalidade: Brasileiro.
Crime(s): Assalto a mao armada.
Pena: 9 anos de prisao.
Situacao actual: Morto.

. Chico Barbudo:

Francisco Jose Rocha Rivera (??-1989), ou como era conhecido, Chico Barbudo, foi um dos dois homensque invadiu a Sede da CBF na noite do crime, juntamente com  Jose Luiz Vieira da Silva (Luiz Bigode). Era filho do Policia Adelino Pereira Rivera e o proprio foi Detective na Policia entre 1974 e 1978, na Delegacia de Paracambi. Acabou por ser afastado da corporacao pelas suspeitas que tenha sido o Autor de um suposto roubo de uma metralhadora, mas acabou por nao ser totalmente expulso, pois acabou por ser constatado que Chico Barbudo tinha problemas psiquiatricos. Foi apenas submetido a dois anos de tratamento e foi afastado das suas funcoes devido a nao estar em condicoes mentais de as exercer.

Passou a viver da compra de ouro e de joias. Revendia o que comprava (a maioria, produtos de origem suspeita) nas "bocas de ouro". Teria sido convidado por Sergio Peralta para executar o mesmo crime juntamente com Jose Luiz Vieira da Silva, o Luiz Bigode. Foi assassinado a tiro por cinco homens num bar no dia 28 de Setembro de 1989.

Dados pessoais de Chico Barbudo:

Nome: Francisco Jose Rocha Rivera.
Nascimento: Rio de Janeiro, data incerta.
Morte: Rio de Janeiro, 28 de Setembro e 1989.
Nacionalidade: Brasileiro.
Crime(s): Assalto a mao armada.
Pena: 9 anos de prisao.
Situacao actual: Morto.

. Luiz Bigode:

Jose Luiz Vieira da Silva, ou como era conhecido, Luiz Bigode, foi um dos dois homens que invadiram o predio da CBF na noite do crime, juntamente com Francisco Jose Rocha Rivera (Chico Barbudo). Nasceu no Bairro de Santo Cristo e trabalhava na decoracao de festas e casamentos. Era um velho amigo de Chico Barbudo e tambem conhecia Sergio Peralta, o mentor do crime. Foi um dos primeiros capturados pelo roubo, e apesar de torturado, nunca confessou o crime. Antes mesmo do roubo, ele ja era um conhecido da policia derivado a outros dois episodios anteriores por crimes de estelionato. Ao contrario do que muitos dizem, o que foi guardado no congelador de um bar nao foi a taca e sim umas calcas e canga contendo a quantia de 850 mil cruzeiros.

Em sua casa foi encontrada uma mala, contendo no seu interior uma arma, uma quantia de dinheiro, 2 cordoes de ouro e 1 cheque, segundo o mesmo, a arma seria para se "proteger", o dinheiro seria para "brincar com a filha" e o cheque, que era de 12 milhoes e cruzeiros, teria sido recebido por um servico de decoracao e o mesmo seria sem fundos. O cheque acabou por desaparecer, e a Policia Federal nao anotou os dados do cheque anteriormente, que poderia ser da venda da Taca Jules Rimet. A policia alega que Bigode teria sido o encarregado de descontar o tal cheque, que havia sido recebido dado pelo argentino Juan Carlos Hernandez para pagar pelo ouro da taca, mas Bigode fugiu com o dinheiro. 

Dados pessoais de Luiz Bigode:

Nome: Jose Luiz Vieira da Silva.
Nascimento: Rio de Janeiro, Brasil data incerta.
Nacionalidade: Brasileiro.
Crime(s): Assalto a mao armada.
Pena: 9 anos de prisao.
Situacao actual: Liberdade condicional.

. Juan Carlos Hernandez:

Juan Carlos Hernandez (1947) foi o Ourives argentino apontado como o responsavel pelo derretimento da taca. Antes disso, ja havia tido problemas com a Policia Federal por viver clandestinamente no Brasil ha anos, respondendo a um inquerito. Ao chegar no Brasil, comecou a trabalhar com a compra e venda de ouro e joias. Por 3 anos e meio manteve diversos escritorios na cidade, inclusive, foi justamente um desses escritorios que despertou a atencao das pessoas. No dia 16 de Janeiro de 1984 alugou um andar de um predio na Avenida Rio Branco e o nomeou de Aurimet Comercio de Metais Preciosos Ltda. Hernanez colocou a sua mulher, Maria Blanco de Hernandez, como Socia maioritaria. Depois do roubo, mudou-se para um imovel de luxo alugado no Humaita, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Alguns viam o nome da nova empresa de Hernandez como um acto de provocacao, pois Auri significa ouro em latim, e rimet fazia uma referencia ao trofeu roubado. Fazia negocios com Chico Barbudo, o que reforcou o facto de que ele foi o homem que derreteu a taca. Porem, a taca era formada por mais de 3,5 quilos de ouro, e o equipamento de Hernandez derretia apenas 250 gramas de cada vez. Ou seja, a taca teve que ser cortada em pedacos e foi derretida em barras de ouro. A mesma operacao tera demorado pelo menos sete horas a ser realizada.

Dados pessoais de Juan Carlos Hernandez:

Nome: Juan Carlos Hernanez.
Nascimento: Buenos Aires, Argentina, 03 de Agosto de 1947.
Nacionalidade: Argentino.
Crime(s): Receptacao, trafico de drogas.
Pena: 3 anos de prisao (receptacao).
Situacao actual: Liberdade condicional.

Outros envolvidos:

Antonio Setta:

Antonio Setta (1925-1985), ou como era conhecido Broa, foi o principal denunciante do roubo. Era considerado um dos melhores arrombadores do Rio de Janeiro e vivia de pequenos furtos. Foi indicado em 18 inqueritos desde 1940 ate 1983, entre esses inqueritos estavam acusacoes de: roubo, furto, receptacao, formacao de quadrilha, lesoes corporais e homicidio. Conheceu Sergio Peralta, o mentor do crime, no Clube do Omar, na Vila Militar do Rio de Janeiro. Os dois frequentavam o Bar Vila Verde e foi nesse bar que ele recebeu o convite para o roubo de Sergio Peralta, mas ele recusou, por patriotismo e tambem porque seu irmao, Giacomo, teve um infarto ao ver pela televisao o Jogador Carlos Alberto Torres (1944) levantando a Taca Jules Rimet no Tricampeonato. Dias depois, ele viu a noticia do roubo da taca e denunciou Peralta, dando assim inicio as investigacoes. Morreu no dia 03 de Dezembro de 1985 em um acidente de carro. No dia, ele ia depor numa audiencia.

Dados pessoais de Antonio Setta:

Nome: Antonio Setta.
Nascimento: Rio de Janeiro, Brasil, 17 de Outubro de 1925.
Morte: Rio de Janeiro, Brasil, 03 de Dezembro de 1985 (60 anos).
Nacionalidade: Brasileiro.
Situacao: Morto.


O mentor do crime, Sergio Pereira Ayres, o "Sergio Peralta", era Gerente do Banco Agrimisa, onde trabalhava com seguros, e tinha acesso ao predio da CBF como representante do Clube Atletico Mineiro, facto negado pelo proprio clube. Foi uma das pessoas que viu a verdadeira Taca Jules Rimet, exposta num vidro blindado pregado numa moldura de madeira. Ele tinha conhecimento avancado do predio da CBF, e isso foi um dos factores que colaboraram para o roubo. Sergio era frequentador do Bar Vila Verde, assim como um amigo, Antonio Setta, o "Broa". Durante um jogo de cartas, Peralta propoe o roubo a Broa, considerado um dos melhores arrombadores do Rio de Janeiro na altura dos factos. Ele recusou, por patriotismo e tambem porque seu irmao, Giacomo, teve um infarto ao ver pela televisao o Jogador Carlos Alberto Torres levantando a Taca Jules Rimet apos a conquista do Tricampeonato. Broa nao tocou mais no assunto.

Dias depois, Peralta convidou um outro conhecido e amigo, Francisco Rivera, ou como era conhecido "Chico Barbudo", para participar do roubo. Chico era tambem experiente na area de compra e venda de ouro e aceitou a proposta. Jose Luiz Vieira da Silva, o Luiz Bigode, era amigo de Chico Barbudo e aceitou um convite do mesmo para participar do roubo. Sergio Peralta chegou a fazer um mapa do predio da CBF e Chico Barbudo foi tentar entrar na CBF, fingindo-se passar por Jornalista para assim ter acesso ao nono andar do predio, onde estava a Taca Jules Rimet. No entanto ele foi impedido por Sonia Mecare, Secretaria da CBF na epoca. Ele insistiu para ter acesso ao mesmo andar para "entrevistar" o Presidente, sem qualquer tipo de sucesso. Ate que na noite 19 de Dezembro de 1983, numa segunda-feira, as 21:00 horas, dois ladroes mascarados (que seriam Luiz Bigode e Chico Barbudo) invadem o predio da CBF, imobilizam o Vigilante, Joao Batista Maia, de 55 anos, o amarram e vendam seus olhos com esparadrapos.

Os dois conseguiram as chaves das salas e subiram ao nono andar do predio, aonde estava o Trofeu Jules Rimet. Eles utilizaram um pe de cabra para tirar a moldura de madeira e tirar o vidro blindado o qual envolvia e protegia a taca, juntamente com tres tacas de ouro as tacas Independencia, Equitativa e Jurrito. Enquanto isso, Sergio Peralta esperava os comparsas do lado de fora, ate que eles trouxessem a taca.

No dia seguinte ao roubo, 20 de Dezembro, o roubo repercutiu pelos jornais cariocas e se espalhou por toda a imprensa nacional e como nao pdia deixar e ser internacional. Jornais noticiavam com assombro o roubo de um dos maiores simbolos do "Orgulho Nacional". Ao mesmo tempo em que isso acontecia, a Policia levava o caso apenas como um simples furto, ate que a Policia Federal transferiu o caso para sua matriz e foi mobilizada para recuperar o objecto. E durante as investigacoes iniciais, dois suspeitos foram encontrados: dois empregados de limpeza da CBF, denominados Antonio Carlos Aranha e Paulo Murilo. Os dois chegaram a ficar presos, mas rapidamente foram soltos por falta de provas. Anos mais tarde, Antonio Carlos Aranha viria a ser assassinado com 7 tiros em 1989. Depois da libertacao dos dois empregados de limpeza. chegou-se a suspeitar do Vigilante, Joao Batista Maia, e de sua filha, Silvia Regina de Almeida Maia, pois chegou a ir procurar pelo pai no predio da CBF perto da hora do roubo. Tal suspeita foi rapidamente tambem descartada.

Quando Antonio Setta, o Broa, viu a noticia do roubo, nao pensou duas vezes: Sergio Peralta foi o responsavel por roubar a Taca Jules Rimet. O Clube do Omar, onde Broa conheceu Peralta, era frequentado por policias e localizava-se de um batalhao e de um regimento. Broa alertou a Policia sobre o convite de Peralta, mas eles inicialmente nao lhe deram valor e nem atencao. Depois que deixaram de suspeitar de Joao Batista Maia e de sua filha Silvia Regina de Almeia Maia, a atencao se voltou para a historia que Broa revelara. Ele havia denunciado como mentor intelectual do assalto, e que o mesmo lhe teria feito um convite para participar, que foi prontamente recusado por patriotismo e motivos emocionais. Sergio Peralta foi preso no dia 25 de Janeiro de 1984 mais de um mes depois do assalto e roubo da taca enquanto andava na Avenida Beira Mar, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Os policias que estavam tomando conta da investigacao foram pressionados para solucionar rapidamente um crime de repercussao mundial, e de acordo com o proprio Peralta, ele ficou com o rosto coberto por um capuz e foi atirado para o chao de um carro. Em seguida ele foi levado para um local desconhecido, onde ficou 3 dias sem comer. Peralta alega ter sido torturado, e segundo o proprio, "por causa dos chutes que eu levei, eu tenho um escroto maior que o outro". Ele mais tarde alegou que apenas tinha confessado o crime por ter sido torturado, apesar de uma testemunha, um Arrumador de carros de nome Luiz Carlos Machado ter visto Peralta ali perto do local e hora do crime. De acordo com a nova testemunha, Luiz Carlos, Peralta subiu no predio com lanches para os assaltantes e inclusive, ele (Peralta) chegou a oferecer a ele (Luiz Carlos) uma Coca-Cola. Sergio Peralta possivelmente nao querendo pagar sozinho pelo crime ou forcado (torturado) a confessar acabou apontando os outros dois cumplices e comparsas do assalto: Luiz Bigode e Chico Barbudo.

Luiz Bigode acabou por ser preso e levado por 3 policias a paisana para o Parque da Quinta da Boa Vista. De acordo com ele mesmo, os policias so batiam nele e perguntavam pela taca.

Chico Barbudo foi preso em casa, e nao sofreu qualquer tipo de agressao ou tortura, mas por outro lado acusou os policias que o prenderam de lhe roubarem 2,5 quilos de joias de ouro da sua propriedade e de seus clientes. Chico Barbudo confessou o crime, mas negou logo depois em um novo depoimento, alegou tambem que nunca havia entrado no predio da CBF, alegacao essa que viria a ser contradita por Sonia Mecare a Secretaria que antes do roubo o havia impedido de ir ao nono andar do predio alegadamente no papel de Jornalista para "entrevistar o Presidente". Ao confessar o crime, Chico Barbudo relatou que havia sido um receptador e nomeou mais um alegado envolvido no crime: o argentino Juan Carlos Hernandez.

A Policia Federal sem querer perder tempo foi atras do tal quarto criminoso envolvido no mesmo polemico e badalado e noticioso crime, aquele que havia ficado com a mercadoria roubada. Uma loja e comercio de ouro foi invadida em Fevereiro de 1984 por doze policias. Tempos antes a loja se chamava J.C. Hernandez, mas o nome naquele momento era "Aurimet", que poderia ser lido como Auri (Ouro)+Rimet (Jules Rimet). Foi descoberto na altura que J.C. Hernandez, na verdade significava "Juan Carlos Hernandez". Em 1983, ano do roubo, Juan Carlos havia se mudado para Humaita, onde morava num imovel de luxo. Depois de condenado, em 1988 fugiu para Franca, onde cumpriu sete anos de prisao por trafico de drogas. De acordo com o Proprietario do imovel Gustavo Adolfo Engelke, ele nunca mais pagou a renda depois do roubo da taca. Gustavo chegou a ir ao escritorio de Hernandez para receber as rendas em atraso mas o local estava rodeado de cameras de vigilancia. Em 1990 Engelke encontrou Juan Carlos numa churrascaria. Ali, o argentino mostrou-lhe uma identidade falsa, dizendo-lhe: "O senhor conheceu Juan Carlos Hernandez. Agora, sou o Joao Carlos Fernandes". Depois do episodio na churrascaria, Engelke, nunca mais teve noticias dele.


Finalmente mais de quatro anos depois em 31 de Marco de 1988, os criminosos foram julgados e condenados. Sergio Peralta, Chico Barbudo e Luiz Bigode foram todos condenados a 9 anos de prisao cada um e Juan Carlos Hernandez foi condenado a 3 anos de prisao. Mas mesmo depois de condenados, os criminosos fugiram. Chico Barbudo que ficou foragido, mais tarde ganhou a apelacao da pena. Enquanto aguardava o julgamento em liberdade, Chico Barbudo foi assassinado a tiro por cinco homens no dia 28 de Setembro de 1989 num bar, em Santo Cristo. Antes disso, Antonio Setta, o Broa, morreu no dia 03 de Dezembro de 1985 em um acidente de automovel perto da Lagoa Rodrigo de Freitas, quando ele ia depor numa audiencia. O acidente levou algumas suspeitas e em ambas as mortes suspeita-se de queima de arquivo.

Sergio Peralta fugiu da pensao onde morava e trabalhou como Caseiro do Empresario de Futebol, em Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro. A casa ficava perto de um Batalhao da Policia Militar. Peralta era amigo de policias e vizinhos e ate mantinha uma conta aberta em um banco. De acordo com os amigos nos bares, conversava muito sobre Futebol. Ninguem ali desconfiava que ele estava envolvido ate a raiz dos cabelos no roubo da Taca Jules Rimet mas ele Peralta tinha sido o mentor do mesmo roubo. Sergio Peralta so voltou a ser preso no dia 13 de Julho de 1994, conforme um Mandado de Prisao expedido pelo Juiz Leomil Antunes Pinheiro ordenava. Foi levado para o Presidio Esmeraldino Bandeira e conheceu ai Waldemir Garcia, o "Miro", contraventor que estava preso por formacao e organizacao de quadrilha. Miro foi quem arranjou um Advogado para Peralta, que ganhou Liberdade Condicional em Setembro de 1998.

Luiz Bigode foi preso em 1995. Acabou por ficar 3 anos preso em Bangu, um Bairro de Classe Media e Classe Media-Baixa da cidade do Rio e Janeiro e cumpriu pena na Colonia Agricola de Mage ate 1998. Hoje vive no Rio de Janeiro e se recusa a dar entrevistas. Jose Luiz Vieira da Silva, o Luiz e o unico dos tres assaltantes que ainda se encontra vivo.

Juan Carlos Hernandez, o receptador, foi preso em 1998, em um Terminal Rodoviario de Sao Paulo. Foi levado por um Policia disfarcado do local de onde se encontrava, na Estacao da Luz, para o Terminal Rodoviario do Tiete. Ali, o homem revelou ser Delegado da Policia Federal, Marcelo Itagiba, estava agora acompanhado de outros cinco policias. Juan Carlos carregava uma mala, que continha 7,750 quilos de Cocaina boliviana . O destino da droga seria a cidade do Rio de Janeiro, aonde seria vendida por um valor ate 200,000 reais. Na delegacia, Hernandez foi prontamente reconhecido por Itagiba, como o argentino que derreteu a Taca Jules Rimet, Ficou preso ate 21 de Marco de 2005, quando ganhou a liberdade condicional. Ele jamais cumpriu sua pena pelo roubo da taca, mas sim pelo trafico de drogas.

O mandante do crime, Sergio Peralta, sofria de problemas com dilatacao de coracao. Passou a ser um Empregado na casa de Miro, em Jacarepagua. Passou a ser evitado pela familia, que nao queria se envolver com um ex-Condenado. Em conversas com Miro, ele ainda negava ter roubado a Taca Jules Rimet, alegando que havia comentado com amigos sobre o local onde a taca estava guardada, e meses depois eles apareceram e disseram-lhe que a taca agora estava com eles. No final dos seus dias, voltou para o Bairro Nabuco de Freitas, onde cresceu. Sergio Peralta morreu de Infarto, em Agosto de 2003. Ele ainda foi socorrido por vizinhos e foi levado de urgencia para o Hospital Getulio Vargas. De acordo com muitos, inclusive Miro, ele morreu "pobre e sozinho".

No dia 01 de Junho de 2006, o Programa brasileiro de Televisao, Linha Direta de Justica, da Rede Globo, dedicou na altura uma reportagem ao caso contou com entrevistas de ex-jogadores da seleccao brasileira, como Edson Arantes do Nascimento (1940) Pele, Roberto Rivelino (1946) Rivelino e Gerson de Oliveira Nunes (1941) Gerson, do Promotor do caso na epoca Murilo Bernardes Miguel e do Advogado de Chico Barbudo na epoca Jorge Santoro Filho. Os actores Francisco "Chico" Díaz Rocha (1959) Chico Diaz, Anderson Muller David (1969) Anderson Muller, Luiz Nicolau e Enrique Diaz Rocha (1967) Enrique diaz interpretaram respectivamente os papeis dos criminosos Sergio Peralta, Luiz Bigode e Chico Barbudo e o receptador Juan Carlos Hernandez em cenas da mesma reportagem. O Actor Mario  Schoemberger (1952) viveu a personagem em que representava o denunciante Antonio Setta nas cenas da mesma reportagem.

A finalizar esta Cronica devo dizer que a realizacao da mesma foi um desejo meu desde a primeira hora em que li sobre o caso que ate ao momemto me era completamente desconhecido. A ideia inicial seria reunir material para elaborar uma Cronica sobre o roubo da Taca Jules Rimet mas sobre o caso do roubo de 1966 em Inglaterra. Achei curioso que tal tivesse acontecido talvez no pais onde o Futebol e mais amado em todo o mundo.

A intencao de escrever esta Cronica foi tambem de mais uma vez (visto nao ser a primeira) em que escrevo uma Cronica com a ideia de transmitir a mensagem de que o crime nao compensa, reparem na forma como terminaram os intervinientes deste assalto e roubo. As palavras de que Sergio Peralta morreu "pobre e sozinho" nao sao minhas. O roubo nao o iria impedir de morrer sozinho mas estando em jogo tanto dinheiro tinha por obrigacao nao o deixar morrer pobre, nenhum dos mesmos ficou rico antes pelo contrario.

Caro(a) leitor(a) espero que esteja de acordo comigo nestas minhas ultimas palavras acima escritas e que a mesma Cronica tenha sido do seu inteiro agrado como foi para mim escreve-la, ate a proxima, brevemente, espero eu.

                                                                                                                Manuel Goncalves




















                              






4 comentários:

  1. Gostei muito de ler. Sim, o crime é sempre trágico e alvo de castigo, seja na altura, seja muitos anos depois, é estranho que ainda tanta gente enverede por ele. Nisso estou, obviamente, de acordo com o autor :) Abraço

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    1. Caroline a ideia desta cronica foi transmitir algo que muitos amantes do futebol mais novos desconhecem mas conhecem outro semelhante bem mais antigo, por ser bem mais conhecido, pelo menos comigo era assim.

      Fiquei admirado como isso aconteceu em pleno Brasil um pais que vive para o Futebol, que para para o Futebol. No fundo neste caso valores mais altos falaram.

      A ideia final foi mais uma vez mostrar de que o crime nao compensa.

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  2. Esse se pode dizer que e o trofeu que o Brasil ganhou dentro de campo, mas quatro linhas e depois, perdeu.

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    1. Sem duvida anonimo de 17 Janeiro de 2016 as 19:20, penso que todos ficaram a perder com este roubo a comecar pelos ladroes.

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