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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Despedida de Solteiro



Podia ser uma despedida de solteiro de um amigo qualquer mas nao daquela vez era a despedida de solteiro dele mesmo.

Eugenio Tavares era ate o momento um conhecido Plaboy de quem a sociedade falava e que conhecia a noite lisboeta melhor do que ninguem e que recentemente tinha ficado enfeiticado por uma morena que ate entao ninguem conhecia. Ele logo ele um conhecido dominador de mulheres parecia que estava agora a ser dominado, virava-se o feitico contra o feiticeiro sem que ele se apercebesse estava a apelar a ela que aceitasse casar com ele era entao o fim de uma vida de solteiro com quase quatro decadas e poderia ter sido ate muito mais tempo se nao fosse a conquistadora do impossivel como era ja conhecida a antiga morena que ninguem conhecia e que agora ia casar com Eugenio Tavares.

Eugenio era um daqueles casos populares de pessoas que tinham subido na vida a muito custo e esforco mas que igualmente a quem a fama nao dera e nem trouxera fortuna, pelo menos ate entao. Apos concluir o curso de Barman na escola de hotelaria e turismo alugara um pequeno bar e era ai que trabalhava, ganhava a vida e fizera muitas das suas anteriores conquistas. Porem agora parecia que aquele lugar iria so ficar mesmo o seu lugar de trabalho e onde ganhava a vida, honestamente.

Nao se preocupava muito com o que iria perder comecava a sentir falta de algo mais serio. Eugenio gozara bem a vida mas comecava a sentir falta de algo mais, algo que nunca tivera e comecara entao a pensar se nao seria altura de trocar os jeans e os tenis por um pijama e pantufas ou simplesmente trocando por miudos se nao era ja tempo de comecar a ficar a noite em casa a ler calmamente o jornal e a disfrutar do calor da lareira nas noites de Inverno em vez de fazer noitadas atras de noitadas no seu bar ou em farras que arranjava ou nas quais participava.

Ela era inicialmente uma cliente como outra qualquer e fazia parte de um grupo de amigo que frequentava o seu bar mas dos seus membros ele pouco sabia. Nao se preocupava muito em saber quem eram os clientes desde momento que cumprissem as regras da casa e pagassem a conta tudo bem. Aquele grupo via-se que era gente de dinheiro a forma como vestiam, os carros em que chegavam, os cocktails que consumiam e a despesa que faziam alem da gorjeta que deixavam sempre nao deixava a dizer, era gente de papel.

Ele por mais que se esforcasse nao conseguia arranjar maneira de conseguir a quantia que o dono do bar lhe pedia para ele o poder comprar e deixar de estar a gerir um negocio alugado e passar ele a ser o dono de tudo aquilo. Tentara regatear mas o dono daquilo, o verdadeiro dono de tudo aquilo que ele tomara de aluguer nao estava com meias medidas o preco era aquele, era mais do que justo e era pegar ou largar.

Liliana era assim que a conquistadora do impossivel assim lhe alcunharam e em breve seria sua esposa mas na realidade de quem pouco, muito pouco sabia. A familia era composta por ela filha unica e pela mae que trabalhava e vivia nos Estados Unidos viria agora a Portugal ao casamento da filha e finalmente Eugenio iria conhecer a futura sogra. O pai de Liliana tinha falecido a alguns anos atras e deixara um pequeno patrimonio que a mae da noiva conseguira fazer crescer. Eugenio deu por ele a pensar que pouco sabia da noiva praticamente apenas a morada, e o que fazia para ganhar a vida alem de alguns amigos, poucos amigos. Nao se preocupava muito com isso ate entao mas agora seria diferente dentro de semanas iria casar com ela e queria saber quem realmente eram os convidados dela e os amigos dela.

Ele nao tinha segredos para Liliana e nada de escondia. Ela sabia tudo o que se passara na vida e ao final do dia ele contava-lhe quase tudo o que fizera e no entanto sobre ela, sobre ela ele nao sabia quase nada e a mesma procurava sempre desviar o assunto e quando lhe falava sobre alguma coisa relacionada com isso era sempre de uma forma incompleta. Comecara quase a pensar que Liliana nao tinha passado, nao tinha tido outras relacoes, nao tinha vivido noutros lugares e com outras pessoas.

Um amigo de longa data e cliente do bar que era Inspector na Policia Judiciaria conseguira fazer uma investigacao sobre Liliana mas nao se descobrira nada de grave e importante acerca da mesma embora o passado do seu pai nao fosse propriamente o melhor mas Eugenio considerou que o pai era o pai e a filha era a filha alem do mais no relatorio da investigacao o pai de Liliana fora apontado como suspeito de trafico de armas e diamantes vindos de Angola na altura da Guerra Colonial mas nada ficara comprovado.

Estava ele ali ao balcao pensado em tudo aquilo com os seus botoes e nem notara que ja nao estava sozinho e alguem lhe sorria com delicadeza no olhar como cliente que estava calmamente a espera para ser servida.

Tinha um aspecto de ser gente fina pensou ele. O perfume era suave mas bastante atraente assim como a forma de vestir mas o que mais chamava a atencao naquela mulher era o sorriso tao semelhante com o sorriso de Liliana que o fizera cair de amores e ver o feitico virar-se contra o feiticeiro.

Amelia era uma mulher de cinquenta e poucos anos que facilmente passaria por alguem no meio dos trinta e picos. Rosto bem tratado, corpo atraente bem torneado e com as curvas bem evidentes dentro daquele vestido apertado e com um decote provocante.

Ele passado pouco tempo nao sabia se era ele que estava a seduzir Amelia se era Amelia que estava a fazer ele seduzi-la mas passado alguns minutos falavam abertamente de assuntos como se ja se conhecessem a imenso tempo e fossem amigos intimos.

Eugenio via-se numa situacao dificil e era como se lhe estivessem a fazer um teste para ver se ele conseguiria manter-se fiel a Liliana e certamente se assim o fosse ele iria reprovar o teste. Liliana nao precisava de saber e Amelia podia ser a sua ultima aventura de solteiro. Ela estava no papo pensou ele quando a mesma o convidou para ir ate ao hotel onde estava hospedada e poderiam ter ai uma agradavel despedida de solteiro. A sos so ele e ela prometera-lhe Amelia.

Encontraram-se no final da noite de trabalho Amelia estava a espera de Eugenio a porta do bar no seu carro desportivo e partiram para o hotel pelo caminho sempre que tinham de parar nos semaforos ja iam trocando caricias como beijos e apalpadelas, a noite prometia pensara Eugenio e tinha-lhe saido um premio na lotaria logo numa noite em que Liliana nao podia estar com ele.

Logo a chegada ao quarto foram arrancando as roupas um do outro e saltaram para a cama com caricias que eram o aquecimento para o acto sexual so que quando estavam quase a chegar ao ponto Amelia afastou-se com a desculpa de que tinha de ir a casa de banho numa daquelas situacoes de imprevisto.

Eugenio esperou por Amelia um tempo que ja lhe parecia ser uma eternidade e quando a mesma saiu da casa de banho vinha ja vestida e o pior e que nao vinha sozinha, Liliana estava ali ao lado com cara de raiva e ao mesmo tempo de desprezo e magoa.

Amelia era na realidade a mae de Liliana que Eugenio nao conhecia e tudo aquilo que acontecera fora uma armacao de mae e filha para testar Eugenio. Liliana entregara-lhe ali mesmo o Anel de Noivado e tudo terminara ali segundo ela. Ele tinha chumbado no teste que ela decidira coloca-lo porque se realmente a amasse de verdade nao teria chegado aquele ponto.

Eugenio foi embora amaldicoando tudo e todos sobretudo a sua ingenuidade e a forma como se tinha deixado envolver com Amelia. Lera alguns meses mais tarde que Liliana estava casada e feliz com outro homem, outro homem que poderia ter sido ele. Mais uma vez em tantas semanas ja Eugenio amaldicoou aquela despedida de solteiro.

                                                                                                         Manuel Goncalves


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