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domingo, 6 de novembro de 2016

Novamente Sozinho



Era dificil estar sozinho mas ela tinha-lhe dado novamente com os pes para nao dizer que tinha levado um tremendo pontape no traseiro. Era injusto o que ela decidira mas que ele ja estava a espera quando a mesma o foi buscar para o levar ao seu destino final.

Ela chegara e ele estava impaciente, sabia-se la quando se iam voltar a ver e queria claro fazer amor nos ultimos momentos da despedida, sabia-se la quando se voltariam a ver, se por acaso se voltassem a ver era obvio mas a reaccao dela fora fria e distante ele nunca a sentira assim.

- E melhor nao, nao estou com vontade.

Sem mais para meio entendedor meia palavra bastava e ele sentiu que vinha ai algo ainda pior. Ela sabia perfeitamente o quanto ele a amava, quantas vezes ja o tinha provado e se estavam naquela situacao fora porque ela assim o decidira igualmente no passado. Agora que ele se ia embora de regresso ao sitio de onde talvez nunca devesse ter saido simplesmente o recusara amar. Sabia-se la quando isso seria novamente possivel isso se realmente viesse a acontecer e agora parecia-lhe que nao.

Durante toda a viagem de carro chorou primeiro interiormente e depois as lagrimas sem lhe pedir licenca corriam-lhe pelo rosto. Ela talvez por ir ocupada com a conducao talvez nem se tivesse apercebido do mesmo e fora melhor assim. Talvez tambem nao fosse so a preocupacao com a conducao mas tinha de arranjar a melhor maneira de lhe comunicar aquilo que decidira, aquilo que pretendia dali para a frente.

Algum tempo atras ela insistia que ele a viesse ver, queria ve-lo, passar algum tempo com ele, ama-lo e ser amada como nao era por mais ninguem e muito menos por quem deveria ser e tinha sido ele a compensa-la por todas essas lagunas que agora como era habito dizer-se igualmente, ia a viola. Era injusto ela desafia-lo para um envolvimento, para uma relacao clandestina mas relacao e depois simplesmente enxota-lo, manda-lo embora da vida dela naquele aspecto erotico, carnal e dizer-lhe que queria unicamente manter a relacao de amizade.

Ela ainda nao se apercebera o mal que lhe fizera assim como parecia nao entender de forma alguma que ela para ele nunca poderia ser unicamente uma amiga. Ela era a unica mulher que ele realmente amara em quase quarenta anos de vida, e que vida. O que iria ser dele agora novamente sozinho? Novamente desprezado e abandonado. O que iria ser dele pensou assim que ouviu as primeiras palavras daquele discurso que parecia ter sido bem ensaido, talvez para o magoar o menos possivel embora nao o magoar fosse impossivel.

Olhou-a ouviu o que ela lhe tinha para dizer em silencio e so no fim falou. Aceitou a decisao dela mas ela nao o podia obrigar agora a que ele aceitasse as coisas simplesmente como ela queria. Te-la, ve-la apenas como uma amiga era missao quase impossivel e nem ele aceitava tal coisa.

Nao era impossivel esquece-la ele costumava dizer que impossivel ou sem solucao so mesmo a morte no entanto o melhor mesmo era afastar-se dela, viver a sua vida como ele propria lhe dizera depois de ela o deixar ali sozinho e que ela lhe tinha dado as maiores alegrias da vida e as piores desilusoes da mesma.

Como se podia amar alguem e deixa-lo assim com tanta facilidade, como se podia amar alguem e estar constantemente a magoa-lo seria ele apenas o complemento ou a compensacao daquilo que ela nao tinha em casa? Era capaz de ser isso ela nao podia ama-lo tanto assim como dizia.

Fora como um balde de agua fria que ele ouvira as suas palavras embora ja as esperasse mas custava sempre ser tratado assim. Ele que tudo fizera para a fazer feliz enquanto lhe fosse possivel, enquanto estivesse ali perto dela era assim que era recompensado. Merda de vida e justamente quando ele pensava que ela ficaria ali ate chegar o momento da sua partida ela levanta-se e diz que nao pode continuar ali, tem coisas para fazer e alem do mais ele ja estava entregue.

Andou pelo aeroporto pensando na vida, pensando nos momentos que tinha passado com ela e por vezes nao conseguia evitar as lagrimas no meio de tanta gente felizmente tudo conseguia passar despercebido. Ele recordara quando comecara a amar aquela mulher tinha dezassete anos e agora estava quase a chegar aos quarenta. Resumindo tudo nao tinha sido apenas cerca de vinte e tres anos mas tambem os melhores anos da sua vida. Os momentos de felicidade nao eram suficiente para o compensar pelas tristezas e desilusoes que aquela relacao lhe trouxera por mais de duas decadas.

Estava novamente sozinho e era assim que iria ficar talvez ate ao seu ultimo suspiro, ele sentia-se fraco e ja lhe iam faltando as forcas a idade nao perdoava e a sua saude tambem ja conhecera piores e melhores dias. Sabia que um dia ela o ia voltar a contactar e ele nao a iria desprezar, ouviria o que ela lhe tinha para dizer e falaria tambem no fim mas na sua mente ia pensando se nao era altura de finalmente lhe dar outro tipo de resposta.

                                                                                                     Manuel Goncalves

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