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domingo, 26 de fevereiro de 2017

Para ti Maria, Simplesmente Maria



Maria, simplesmente Maria e nao era preciso saber-se nada mais sobre ti, mas eu queria saber mais e mais, queria saber tudo?

O teu nome era Maria isso ja era importante mas algo te fazia ser ou parecer ser diferente das outras Marias que se conheciam por ai. Maria era um nome se nao vulgar tao facil de se encontrar por ai mas desde do inicio que sentia que nao havia, nao podia haver outra Maria como tu, melhor ainda nao havia outra mulher como tu. Eras a unica que me conquistava o coracao e isso ja queria dizer muita coisa.

Soube por acaso que depois de Maria te chamavas Cristina e entao passaste a ser Maria Cristina mas muitas vezes ainda eras somente simplesmente Maria. Era uma teimosia de nao te ver de outra forma senao como a minha Maria e o sentimento foi crescendo, e o persistencia foi-se mantendo e ja muitos achavam que nao era amor mas ja uma doenca em que eu comecava a ficar obcecado e a fugir cada vez mais da realidade ja que todos diziam que nao eras mulher para mim mas eu preferia viver a fantasia. Era feliz assim e mesmo que fosse de fantasia era sempre importante ter alguem, era o completar da outra metade da laranja.

Quantas desilusoes, quantas esperancas, quantas eu ja nem me lembro cheguei a pensar que me estavas a tirar anos de vida, e talvez ate estivesses tal nao era a dor que sentia sempre que me abandonavas depois de tu propria me teres procurado, era sempre assim ate que um dia a coragem e o que restava do meu bom senso me levou a afastar-me de vez era melhor assim.

Nao deixei de te amar, nao deixei de sentir que eras a minha Maria, a minha Maria Cristina mas optei por seguir esse caminho e creio que foi o melhor. Hoje penso que e melhor nao ter nada do que se julgar que tem, ou pior ainda ter mas viver na angustia de nao se saber ate quando.

O teu medo, as tuas indecisoes, os teus erros que pareciam meus pois quem mais pagou e sofreu por eles fui eu, a tua instablidade tudo me leva a perguntar hoje se eras realmente uma pessoa normal?

Nao tinhas limites, nao conhecias as fronteiras do ate onde podias ir mas ias sem pensar no futuro, sem pensar sequer no amanha e talvez ate sem pensar no mal que me estavas a fazer. Tenho orgulho de algo e que fosse como fosse e fossem as mesmas quais fossem sempre aceitei, sempre respeitei as tuas decisoes mas nao dava mais e tu propria nao me permitiste isso, lembras-te Maria, foste tu, tu que me abandonaste.

Como velha cancao de amor que descreve uma historia de um amor triste ou ate de um falso romance assim vejo que foi o nosso amor. Nao se pode ir muito longe numa relacao so quando apenas um e livre e o outro embora pudesse se-lo simplesmente insiste em nao se-lo apesar de inicialmente ter sido a propria a insistir para se viver tudo aquilo que se ia viver.

Vejo os teus textos, as tuas mensagens, lei-o os teus poemas e sinto que foi tudo uma ilusao. Afinal Maria diz-me de que adianta alguem dizer que me vai amar sempre se depois me abandona e o sempre nao passou de uma simples estacao. Preferiste continuar a viver uma ilusao de que eras completamente feliz com o que tinhas do que acreditar e apostar em algo diferente que podia ser uma felicidade de verdade. Sera que alguma vez foste realmente feliz?

Sim sei que tambem me fizeste muita coisa de bem mas acredita que isso nao compensa nem em metade o mal que me foste fazendo. Tantos anos, tantos momentos, tanto amor, romantismo, carinho que deitei fora como aquelas conversas inuteis em que a unica utilidade mesmo e estar a gastar-se saliva e latim.

Nao tenho muitas boas recordacoes, seria quase que impossivel te-lo depois de me teres dado tantas desilusoes, ao lembrar as mesmas pergunto se o fazias pensando que eu nao era um ser humano com sentimentos, que ficava magoado quando as pessoas que eu amava me abandonavam ou que das duas uma ou te sentias superior a tudo e a todos ou pior ainda me consideravas um ser inferior ao qual podias magoar e ferir quando entendesses.

Afinal quem eras tu? Ou ainda melhor, quem julgavas que eras? Serias a dona do mundo, a dona e senhora da razao. Nao, nao eras. Eras apenas uma pessoas que se podia chamar de instavel, muito instavel ou verdadeiramente instavel mas isso nao te parecia incomodar porque no fim quem pagava por isso era eu.

Sei que a vida e feita de escolhas, assim ja dizia o meu avo mas olha la nao podias ter feito outra escolha que nao me tivesse feito sofrer tanto na vida? Nao podias ter evitado isso, nao isso nao podias porque era mesmo isso que tu crias. Querias amor, querias ser amada mas estavas longe de querer um comprimisso, pelo menos comigo.

O coracao de um homem ferido e uma coisa lixada, as vezes fala demais e quando fala nunca mais se cala e o pior, bem o pior e quando diz as verdades todas de uma ponta-a-outra. O coracao de um homem romantico e uma coisa fragil deves calcular isso e nao e facil viver com isso quando as fragilidades sao muitas. Quanto a ti tinhas as tuas fragilidades essas tuas constantes mudancas, isso que te ia na alma e tudo mais mesmo assim entendeste que nao tinhas o direito de prejudicar e fazer sofrer aqueles que te eram mais proximos, ou seja, a tua descendencia directa e eu nao fazia parte dela, por isso para eles nao serem prejudicados, para eles nao sofrerem acabou por me tocar isso a mim.

O tempo passa as boas recordacoes ficam e essas embora bem menos que as outras recordacoes tambem foram algumas. Hoje sei que nao significo nada, aquilo que houve ou deixou de haver nao teve valor para ti. Vagueando a noite as vezes por ai lembro-me de ti ou tambem nos meus sonhos insistes em aparecer. Os fantasmas estao sempre persistentemente a surgir mas sigo o meu caminho.

Se sou feliz, sim tambem sou ou pelo menos ja fui mais infeliz. Fui infeliz em cada vez que depois de me teres chamado me abandonavas, fui infeliz quando acreditei que um dia serias minha, que um dia terias coragem para o ser mas a tua covardia, o teu medo falou mais alto e o eu nao contei nada.

Nao penses que o odio existe, nao de facto nao existe. Quando se ama demais como eu te amei nao ha lugar para o odio mesmo quando nao o amor mas a relacao acaba, o amor, a paixao pode existir mesmo depois da relacao estar terminada. Basta um esforco, basta um ligeiro querer e com ajuda de um simples acreditar nunca conseguimos odiar no presente e no futuro alguem que amamos tanto no passado. O importante e o querer o acreditar e o nao deixar que o mal consiga dominar e vencer o bem no que diz respeito aos nossos sentimentos, as nossas vidas, as nossas memorias e recordacoes do passado.

Parecia-lhe surpresa mas ele estava diferente, muito diferente daquilo que fora um dia. Nao se queria vingar dela, tinha motivos e razoes para isso mas considerara se um dia pudesse vir a saber de algo e se sentisse vingado queria que isso tivesse vindo das maos e da vontade de Deus. Sabia que esse dia ia chegar e esse dia seria quando ela olhasse a volta se sentisse sozinha e solitaria. Todos iriam partir um dia e nada mais seria como fora anteriormente, haveria de chegar o dia em que ela nao iria querer voltar para casa porque ai nada tinha a sua espera.

Ele sentia que lhe queria dizer que nao a odiava, que apesar do afastamento nada mudara, ela nunca seria somente uma estranha e iria ter sempre um papel de extrema importancia na sua vida mesmo longe dele, mesmo quando o expulsara da sua vida depois do ir buscar para fazer parte da mesma ainda que as escondidas, ainda que por dias e semanas e transformando isso em alguns, poucos mas alguns momentos que ele nunca iria esquecer. Ela seria sempre a sua Maria, nao a vizinha Maria, a tia Maria ou a Maria com quem trabalhava ela era a sua Maria, simplesmente Maria.

                                                                                                         Manuel Goncalves



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