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quinta-feira, 20 de julho de 2017

A Professora Primaria



Melissa estava impaciente naquela manha tinha quase a certeza mas depois de almoco tudo se ia comprovar sem mais duvidas se tinha conseguido o acesso ao Ensino Superior e se podia comecar mais uma caminhada, a ultima, para ser o que sempre sonhara vir a ser um dia Professora do Ensino Primario.

Sempre tivera as melhores notas mas nunca estivera numa competicao a nivel nacional para concorrer a um concurso onde as vagas eram poucas e os concorrentes eram muitos e a partida as hipoteses eram iguais para todas pouca diferenca fazia as notas que se tinham tido ate entao nos doze anos de estudo que tinham ficado para tras se a aprovacao para a entrada na faculdade em muito dependia daquele teste a que chamavam Prova Geral de Acesso (PGA). Melissa nao achara a prova complicada mas na sua sala fora uma das ultimas a termi-la muito em parte derivado aos nervos.

Estava a terminar o Pequeno-Almoco naquela manha quando vieram-lhe bater a porta a avisar de que a vizinha Celeste tinha ido para o hospital ao que parece o bebe de que ela estava a espera ja em final de tempo decidira nascer naquele final de manha e para desespero de Melissa a sua mae tambem nao estava em casa para ir para o hospital acompanhar o caso e daqui a pouco era altura de ela propria ir a caminho da escola ver a pauta com o resultado das notas.

Levara alguns minutos a decidir o que haveria de fazer mas tomara a decisao que todos achavam ser a mais sensata. A pauta com o resultado das notas estaria fixado na janela da sala de aula durante varios dias e umas horas a menos ou a mais nao fariam a diferenca iria ver isso mais tarde por agora iria ela mesma a correr para o hospital acompanhar o parto da vizinha Celeste que bem merecia e que alem do mais a convidara para ser Madrinha de Baptismo e fora ainda convidada a escolher o nome do menino.

Melissa no autocarro a caminho do hospital ia pensando como seria Lucas, era esse o nome que escolhera para o bebe de Celeste e nao lhes esperava uma tarefa facil. Celeste ficara gravida do namorado que abandonara a mesma apos essa recusar fazer um aborto aceitando entao com ajuda dos amigos, familiares e sobretudo de Deus assumir o papel de destaque de mae solteira, um papel que a sociedade ainda via com mais olhos ja que habitualmente para muitos uma crianca sem nome de pai nao era filho de uma mae solteira mas um filho da puta.

Esquecer tudo isso que o futuro podia ou nao reservar mas uma coisa nao lhe sai-a da cabeca, quem seria o pai de Lucas? Celeste chegara aquela casinha ali no bairro ja no inicio da gravidez e nunca fora vista com um homem, depois vieram os seus pais viver com ela para ajudar foram ganhando a simpatia de todos mas nunca se tinha visto Celeste com quem quer que fosse que se pudesse dizer ser o pai do bebe que a mesma esperava.

Lucas era lindo, encantador e Melissa nao queria deixar de desejar um dia vir a ter um filho assim seu por agora tinha um afilhado que adorava e agora pensava em tudo menos em ir ver as pautas com as notas de acesso a faculdade. Era um momento unico de enorme ternura estar assim com um recem nascido nos bracos, era um principio, um inicio de vida que estava ali nos seus bracos e sabia desde ja que ia ter um papel importante na vida daquele inicio de vida, amava-o como se fosse seu filho.

Melissa ficara ainda mais euforica quando viera a saber que no exame a nivel nacional a sua nota fora a melhor de todas o que lhe dava o direito a uma bolsa de estudo bastante gorda. A bolsa dava para pagar as propinas e para mais algumas despesas relacionadas com os estudos mas nao seria o suficiente para tudo e outra vantagem que a sua boa nota lhe dera seria que poderia escolher qualquer faculdade a disposicao para ir estudar e formar-se ja que ela tinha prioridade sobre todos os outros.

Os pais da jovem estavam orgulhosos da filha e organizaram uma festa para familia, amigos mais chegados e vizinhos para comemorar o facto e proeza que a filha havia conseguido obter e a data correspondia com o banquete de nascimento de Lucas pelo que no bairro a festa fora de arromba e durara ate as tantas. Melissa deu por si a ajudar Celeste a dar banho a Lucas, a mudar-lhe a fralda e a dar-lhe biberon, era ate ao momento uma grande ajuda para Celeste e talvez viesse a ser uma mais valia quando a mesma voltasse a ter que ir trabalhar.

Melissa estava a procura de um Part-time para conseguir acrescentar mais algum dinheiro ao valor mensal da bolsa de estudo e quando a convidaram para ser Ama de Lucas sentiu que nao podia recusar a oferta porem nao a queria aceitar pelo dinheiro e embora nao fosse muito gastava-o quase todo a comprar prendas para o afilhado ou a enche-lo de gulosices.

Passeava Lucas no parque no seu carrinho diariamente e foi ai que conheceu o namorado com quem viera a casar mais tarde e de quem se viera a divorciar apos anos e anos de uma vida de violencia domestica, agressoes fisicas e verbais, o seu casamento fora um inferno segundo a mesma e depois do divorcio tal como a mae de Lucas depois de ter sido abandonada gravida pelo namorado tambem ela Melissa nao olhara para mais homem nenhum.

Poucos anos se haviam passado Melissa vivia ainda o inicio do seu casamento e o mesmo era ja um inferno mas em alguns momentos ainda conseguia ser um paraiso o pior e que nao conseguia engravidar. Estava no seu primeiro ano a dar aulas tinha acabado a faculdade e estava no ano de estagio numa turma de primeira classe e para sua alegria um dos seus aluno era, Lucas.

Era para si uma alegria ver que o seu "Luquinhas" era o aluno mais inteligente daquela classe e tambem talvez ate nas classes de primeira classe naquela escola. O unico senao e que Lucas tinha tanto de inteligente como de violento, era uma crianca revoltado talvez devido a algum problema psicologico pela ausencia do pai. Diante dela Lucas era obediente, meigo, sossegado mais do que ate alguns dos seus colegas que apanhavam dele no recreio, todos os dias andava a pancada e nao a mae o conseguia controlar e conseguia isso sem o menor esforco.

Lucas ia crescendo e a familia tal como os medicos entenderam que para o ajudar a dominar a violencia era aconselhavel po-lo a praticar um desporto de luta, tendo sido dado a escolher ao mesmo, qual seria? Escolheu Boxe e desde entao tornara-se mais calmo no dia-a-dia, mais sociavel, fizera ate diversos amigos mas quando entrava no ringue parecia completamente alterado. Era dificil domina-lo e vence-lo tinha um estilo que confundia os adversarios de dar murros e dancar a volta dos mesmos. Lucas lamentava que Melissa nunca tivesse querido ver um combate seu e ela justificava isso com o facto do marido nao gostar de Boxe e ela arrepiar-se quando o via a apanhar mesmo sabendo que ele recuperava e que podia apanhar mas acabava por dar sempre mais e ganhar o combate, a promessa de um dia assistir a um combate seu era antiga.

O seu menino como ela o considerava estava crescido e andava ja no Ensino Secundario, ela nunca deixou de acompanha-lo nos estudos, o facto de serem vizinhos ajudava mas eram os lacos que os uniam que levavam aquela ligacao. Depois dos medicos e de Celeste, ela Melissa fora a primeira pessoa a pegar em Lucas, a segunda a beija-lo, dera-lhe banho, mudara-lhe as fraldas, fora sua Ama, quantos passeios no parque que ela tanto adorava tal como ele, lucas. Primeiro de carrinho de bebe, depois veio os passeios a pe e por fim quando ela conseguiu ensina-lo iam passear de bicicleta pelo parque. Como ela queria que o tempo voltasse atras, como ela procurava entender aquele estranho sentimento, sensacao incontrolavel que sentia por Lucas, ele ja nao era nenhuma crianca!

O seu casamento estava a atravessar uma fase pessima, o fim estava por um fio sobretudo agora que se sabia que o facto de nao conseguirem ter filhos nao era sua mas sim do marido. Odiava-o por isso e ele queria despechar nela toda a sua raiva, todo o seu fracasso. Todos os dias era raro que os vizinhos nao ouvissem gritos, barulho de pancada. Lucas ja quisera intervir por uma vez porem a mae e os avos nao o tinham deixado, nao o tinham deixado fazer o que ele queria ou melhor partir a cara ao marido de Melissa.

Fazia algum tempo que ambos tinham conhecimento que sentiam algo um pelo o outro mas nao parecia certo que avancassem. Ela era casada, mais velha, alem de ser sua madrinha de Baptismo fora sua Professora. Melissa cada vez que pensava em ter algo mais intimo com Lucas so sem conseguia lembrar de que ela lhe dera banho, lhe mudara as fraldas, o amamentara com o biberon e ainda havia o facto de a mae dele ser a sua melhor amiga.

Para ele nada mais fazia diferenca, a diferenca de idade nao se notava e nem ele a considerava como sendo um factor importante. Sim ela era casada mas a propria reconhecia que por pouco mais tempo conseguiria aguentar o inferno do casamento, fora sua Professora mas ja nao o era a muitos anos e quanto ao resto nem ele e nem ela haviam pedido ou querido que assim fosse.

Lucas adoecera, tivera uma apendicite aguda e fora operado. Era desde sempre um dos melhores alunos de suas turmas mas numa altura em que se preparava para fazer o exames de acesso ao Ensino Superior tinha posto em risco a entrada no mesmo naquele ano, estava em risco de reprovar porque perdera muita materias das disciplinas mais importantes para a entrada na faculdade no curso que escolhera, Medicina, infelizmente exigia uma nota muito alta e ele perdera muita materia ia ter que sem duvida ter algumas explicacoes particulares e esperar o "milagre".

As explicacoes com Melissa ajudavam na materia que tinha perdido mas ajudara a crescer ainda mais aquele sentimento que ambos sentiam e nutriam um pelo outro mas que escondiam. A sociedade em volta dos mesmos era conservadora e as familias de ambos tambem com alguma dificuldade podiam aceitar que Lucas se envolvesse e tivesse um caso com uma mulher que tinha actualmente mais 18 anos que ele mas nunca aceitariam que essa mulher fosse sua madrinha de Baptismo, sua antiga professora e ate sua Ama de infancia para alem de ser a melhor amiga da sua mae.

Lucas comecara a afastar-se ao sentir que estava a prejudicar a vida de Melissa ela era uma mulher casada, que tinha um casamento sofrido mas era casada e enquanto assim fosse ele nao podia, pelo nao devia pensar tanto nela. Os exames estavam ai e isso era igualmente importante era certo que tudo se complicara para ele e certamente iria ter que esperar mais um ano ele proprio sentia que era melhor assim porque no ano seguinte estaria melhor preparado e iria ter tambem uma nota muito mais alta do que aquela que iria ter naquele ano.

Ia naquela manha fazer o exame da sua vida, chegara a hora da verdade e fosse qual fosse o resultado so queria que tudo aquilo tivesse um fim. Decidira ir despedir-se de Melissa ouvi-la desejar-lhe "Boa sorte".

Batera a porta e ninguem respondera, estranhou. Melissa nunca sai-a tao cedo de casa nem nos  dias que tinha que dar aulas para dar sobretudo se tinha que dar explicacoes particulares. Deu a volta a macaneta da porta e a mesma nao estava trancada, tudo estava em silencio mas as luzes estavam acessas, podia estar enganado mas Melissa estava em casa, teria acontecido alguma coisa para ela nao responder?

Lucas subira ao primeiro andar em silencio e vira a luz do quarto acessa a porta estava entreaberta, Melissa estava a vontade porque considerava que estava sozinha em casa. Lucas pelo espaco da porta entreaberta assistira a um espectaculo que jamais pensara assistir. Melissa estava nua deitada na cama, comecara a masturbar-se e contorcia-se de prazer, Lucas estava em silencio e ainda nao despertara a minima suspeita de que se encontrava ali pelo que a Professora continuava a sentir-se a vontade, o jovem comecara a pensar que era melhor dar meia volta e ir embora sem levantar suspeitas de que estivera ali mas a curiosidade e o prazer de estar a assistir ao que estava a assistir fizeram-no permanecer ali. Melissa estava a atingir um orgasmo e estava prestes a chegar ao fim tudo aquilo mas comecara entao a gritar o que Lucas menos podia esperar mas certamente mais desejava ouvir "Lucas, Lucas, Lucas". Tinha mesmo que se ir embora mas estava decidido que iria revelar aquele episodio a Melissa mais tarde, eles nao podiam continuar daquela maneira, amando-se e sentindo desejo um pelo outro mas ao mesmo tempo, escondendo e fugindo do mesmo sentimento.

O exame correra dentro da normalidade, Lucas sentiu dificuldades pelo nervosismo que tinha no momento, por sentir que nao estava tao bem preparado como os outros embora tivesse ate mais capacidades e nao fosse menos inteligente que eles. Sentiu no final que tudo estava perdido, um ano que teria de adiar o seu sonho certamente, era so um ano mas eram sensacoes novas de tristeza que o invadiam, chorou ja fora da sala onde fizera o exame. Ele nunca havia chumbado e era injusto que isso acontecesse agora. Nao era so um ano que perdera e outro que teria de repetir mas era saber os sacrificios que a familia fazia para ele estudar, para ele chegar ali e agora ele falhava, redobrava os sacrificios que iriam ter que fazer por si naquele ano que teria de ser repetido certamente.

Em casa todos o entenderam e lhe deram apoio e forca moral. Todos sabiam que se nao fosse o tempo que estivera doente tudo seria diferente e mesmo assim havia que ter esperanca ate ao fim, nada estava perdido a verdade e que os resultados dos exames ainda nao tinham saido, nada estava perdido repetia o avo vezes sem conta, enquanto a vida a esperanca retorquia a mae sem se queixar uma unica vez dos sacrificios que fizera para ele chegar ate ali.

Saira de casa naquela manha sabia que era quase certo que nao traria nenhuma alegria a dar a familia mas as mas noticias tambem faziam parte da vida. Passara por casa de Melissa ela nao estava e nao queria que passasse daquele dia a conversa sobre o que ele acidentalmente assistira acerca da intimidade de Melissa, ela iria morrer de vergonha mas as coisas tinham que ser esclarecidas e eles ja eram adultos nao eram duas criancas.

A ma noticia que ele esperava la estava na pauta das notas mas mesmo sendo ma havia ainda uma esperava ele falhara o acesso ao Ensino Superior por meia decima o que fazia de si dos primeiros suplentes e que poderiam ainda ser chamados se alguem desistisse ou houvem mais vagas abertas. Nada estava perdido afinal.

Saiu dali vagueou pela avenida que dava acesso ao parque e jardim onde Melissa o levava a passear quando era sua Ama. Ele claro nao se lembrava disso mas a mesma gostava de o lembrar desses momentos. Sentou-se num banco do jardim e chorou. Lucas explodiu para fora de si toda a raiva e tristeza por ter reprovado no exame de acesso ao ensino superior, chorou por amar Melissa e nao ter coragem de se declarar e tambem por ela nao se libertar do Inferno em que vivia e daquele casamento que a estava a levar ao fim.

Parecia ela, seria mesmo um sonho, nao sonho nao podia ser ele estava bem acordado embora a viver um pesadelo. Ela estava ali sentada ao seu lado, chegara em silencio e sem se fazer notar. Deu-lhe primeiro uma mao e depois um abraco nada importava e ela nao parecia estar em melhores condicoes que ele, aquele lugar unia-os em muita coisa e era ali que iam quando a tristeza os invadia  e quando precisavam.

- Que se passa contigo, afinal? Importaste-me de dizer? - Comecou ela ja mais calma - Nunca te vi assim nesse estado!
- Reprovei no acesso ao exame para o ensino superior, e tu?
- Tem calma, para o ano consegues com uma perna as costas. Eu sei la... mais uma discussao com o meu marido, estou de rastos.- Pausou, respirou fundo e acendeu um cigarro, ele nao fumava mas ela ofereceu-lhe um que ele nao recusou - Es o primeiro a sabe-lo, vou pedir o divorcio.
- Se achas melhor - Lucas tentou comecar a abordagem do assunto que queria falar com ela - Existe outra pessoa, e isso?
- Na vida do meu marido nao sei, nem me importa e na minha existe sim.
- Quem? - Atacou com todos os trunfos, era agora ou nunca. - Estas apaixonada por outra pessoa?
- Sim, estou. Aos anos que estou e nao devia ter deixado a situacao chegar a este ponto mas ele era muito jovem. Quem disses tu, Lucas nao vamos mais esconder ou enganar a realidade.
- Melissa amo-te.
- Eu sei, sempre soube meu parvo nao precisas dizer-mo. Lucas da-me apenas um tempo, deixa-me divorciar depois assumimos as coisas que sentimentos perante tudo e todos se assim o entenderes.

Beijaram-se ali mesmo e com muita calma Lucas contou-lhe o episodio em que assistira ela a masturbar-se e ao atingir um orgasmo nao parar de chamar o seu nome "Lucas, Lucas, Lucas".

- Meu Deus que vergonha - sorriu ela -  nao vais contar a ninguem, prometes, juras.
- Sim prometo mas numa condicao, vais realizar esse teu desejo, esse teu sonho o mais rapidamente possivel.
- Eu quero isso, Lucas acredita que quero mas da-me um tempo ja nao digo divorciar-me mas deixa-me ao menos separar nao me sentiria bem. Apenas separar mesmo antes do divorcio mas nunca antes da separacao posso aceitar ser tua.

Lucas e Melissa nunca mais foram os mesmos apesar de nao dar totalmente nas vistas. Sabiam que a familia dele a aceitaria porque ela praticamente fazia parte da mesma familia. Melissa era vista como uma irma de Celeste a mae de Lucas e todos iriam acabar por aceita-la como namorada e talvez ate esposa de Lucas. A idade na familia de Lucas nao era um factor importante agora era preciso ver-se que ate entao Melissa era vista quase como que uma segunda mae para Lucas, fora sua madrinha de baptismo e sua Ama.

Passearam um pouco por um Centro Comercial e atreveram-se mesmo estando no meio de desconhecidos a trocar alguns beijos e abracos e a caminhar de maos dadas para ver como era a reaccao das pessoas.

A experiencia tinha corrido bem foram ao cinema, lancharam juntos e iam agora para suas casas ao aproximarem-se do bairro ja tinham que mostrar mais discrisao, tinha que ser assim pelo menos por enquanto, Melissa nao podia dar pontos ao marido agora que planeava e estava mesmo decidida a avancar com o pedido de divorcio. Nao podia dar indicios de estar envolvida com outra pessoa porque sabia que entao o marido ia dificultar as coisas, ia meter um preco muito alto para assinar o divorcio que ela tanto queria. Perguntava-se porque tinha casado com aquele homem se tinha sido Lucas que ela sempre amara? Ele era uma crianca quando ela se casara mas sim era ja a ele que ela amara naquela altura.

Em casa de Lucas por norma o jantar era servido um pouco mais tarde que nas outras casas. A avo passava o dia em casa mas o avo tal como a mae ainda trabalhavam e chegavam tarde a casa ele proprio por vezes arranjava um trabalhinho para fazer e nao conseguia cumprir com aquele habito de estar na mesa para Jantar entre as oito e meia e as nove da noite. Lucas comecara a pensar que uma boa forma de ajudar a familia seria arranjar um emprego de dia e ir estudar a noite no ano seguinte quando desse entrada na faculdade, no ano seguinte tinha a certeza de que iria entrar.

Estavam ja todos a mesa e tinham tido uma conversa com que cada um tentara animar Lucas o mais possivel, estranharam o facto de aparentemente no meio da tristeza toda ele parecer estar um pouco feliz, podia ser engano mas dava essa impressao, havia algo que nao deixara Lucas triste de todo e deprimido. Jantavam em silencio, um silencio que era apenas cortado pelo barulho dos talheres e pela televisao na qual iam assistindo as noticias como era habitual todas as noites. Tudo fora alterado quando o som do barulho de uma sirene de ambulancia cortou esse silencio, ia rua acima e na direccao da casa de Melissa.

Lucas pensou logo no pior e saiu a correr, prometendo apenas voltar logo que pudesse para trazer noticias. Ele sabia o que Melissa tinha em mente e nunca a deveria ter deixado ficar so. Certamente o marido nao gostou da ideia dela lhe pedir o divorcio e partira mais uma vez para a agressividade fisica. Se fosse isso que ele estava a pensar desta vez ele nao ia deixar as coisas ficarem daquela maneira e o marido de Melissa iria servir de seu saco de Boxe.

A rua estava fechada ao transito, bombeiros e policia tambem ali estavam Melissa saira de maca inconsciente e o marido exigia que a Policia se fosse embora para ele poder ir embora ou provocaria uma explosao da botija de gaz o que colocava em risco toda a rua e ainda uma grande area a volta da mesma.

A preocupacao de Lucas passou a ser o estado de Melissa iria de imediato para o hospital e so se acalmou quando os bombeiros e paramedicos lhe garantiram que o estado da mesma nao era critico, levara uma valente surra que a fizera perder os sentidos resultado de alguma pancada na cabeca.

Finalmente havia chegado pessoal da policia especialista em negociacoes do genero mas nao se estavam a safar, o marido de Melissa recusava a ideia de se entregar, ir preso e ainda aceitar o pedido de divorcio da mulher. As coisas complicavam-se nao apenas pela a ameaca que ele fazia de fazer explodir tudo a sua volta mas tambem porque estava armado.

Lucas acabou por considerar que nada fazia ali e era bem mais importante ir para o hospital saber noticias de Melissa e assim foi passou por casa primeiro contar as novidades e avisar que nao se preocupassem com ele, estava mais nao o disse a ninguem mas considerou que o unico lugar onde lhe era devido estar era no hospital junto da mulher que ele amava.

Melissa estava ja consciente e estavel quando ele foi autorizado a visita-la, abracaram-se, ela chorou e ele secou-lhe as lagrimas. Ele estava ali e isso era o mais importante, nao deixaria que nada de mal lhe acontecesse.

- Eu sabia que vinhas meu amor e nao me enganei, senti tua presenca desde que acordei.
- Como nao podia vir! Depois da maneira que vi passar quando entraste na ambulancia, se algo de mal te acontecesse matava o teu marido.
- Cala-te! Nao sejas louco.

Ligaram a televisao e por incrivel que parecesse a rua em que ambos viviam estava na imagem em directo. Temeram o pior ainda nao sabiam o que era mas aquela historia tinha terminado da pior maneira. Sim a reportagem em directo contava tudo e igualmente a Reporter contava como tudo terminara o homem que agredira a esposa acabara por se suicidar com um tiro na cabeca.

Melissa sentira uma certa tristeza, afinal sempre era o seu marido mas sentira igualmente que o seu Inferno chegara ao fim, em tragedia, da pior maneira, da maneira que ela menos queria mas chegara ao fim. Agora era comecar uma vida nova que afinal nao chegara a ser a vida de divorciada, olhou para Lucas era ali que estava o seu novo inicio de vida.

Algumas semanas no hospital recebendo sempre que possivel os mimos do namorado era sempre uma maravilha mas o tao desejado regresso a casa era agora uma verdade.

Estava a arrumar a casa com ajuda de Lucas era preciso mudar-se certas coisas como as roupas da cama, separar as roupas e alguns pertences daquele que apesar de tudo era o seu falecido marido, Melissa queria mandar as roupas e alguns pertences do mesmo para a caridade o resto seria para deitar fora. Lucas era sempre tao carinhoso e ela sabia o que ele mais queria mas resolvera fazer-lhe uma surpresa, o aniversario dele estava tao proximo, seria nesse dia que ela se iria entregar a ele de corpo e alma.

Tinham parado para fazer um lanche, Melissa fora buscar umas cervejas frescas no frigorifico quando Lucas chamou por ela para que viesse depressa o programa que estavam a assistir na televisao havia sido interrompido e estava a ser transmitida uma noticia de ultima hora. Um acidente com estudante portugueses que eram caloiros para iniciar o Curso de Medicina em Cuba havia custado a vida a alguns. A noticia era triste e embora Lucas soubesse o que isso podia significar nao se sentia particularmente feliz ate porque ja se mentalizara de que teria que esperar um ano para ele proprio seguir o mesmo caminho, bem logo se ia ver o que se seguiria fosse o que fosse havia de ter noticias.

Era o dia do seu aniversario e chegara a casa de Melissa radiante tinha sido triste de facto mas a morte dos estudantes caloiros do Curso de Medicina abrira novas vagas no mesmo curso e ele fora chamado para preencher uma dessa vagas como nao podia deixar de ser, afinal no exame ficara como primeiro suplente.

Melissa dera-lhe os parabens, beijara-o e chamara-o para o quarto, segundo ela estava na hora de lhe dar o primeiro presente de aniversario.

Despiram-se e trocaram beijos e caricias. Melissa nao deixara de sorrir, dera-lhe banho em crianca, lavara-lhe o penis e como o mesmo membro estava diferente, bem maior, melhor para ela.

Estavam deitados e abracados iam conversando e trocando mais beijos e caricias enquanto iam fazendo planos e trocavam juras de amor eterno, entretanto era ele que agora nao deixava que de sorrir. Ela acendeu um cigarro, sabia que ele nao fumava mas oferecera-lhe o mesmo para ele dar uma passa algo que ele aceitou por achar que no momento tinham que partilhar tudo, ela curiosa nao resistiu.

- Entao amor, que se passa? Nao paras de sorrir, fizemos amor ou assistimos a um filme de comedia?
- Nao, nao e isso! Estou aqui a pensar sabes, tu ensinaste-me a ler e a escrever, a fazer contas, ensinaste-me tanta coisa em crianca e agora acabas de me ensinar a fazer amor pode nao ser engracado mas nao deixa de ser curioso ou insolito.
- Serio, tu nao me digas que nunca tinhas feito amor?
- Nao, nunca. Estive todos estes anos esperando por ti, sabia que este dia havia de chegar.

A relacao de ambos foi aceite pelas familias de ambos sobretudo porque a familia dele adorava-a e sabia que nao podia haver melhor partido para Lucas e a familia dela nunca havia gostado do falecido marido dela. Na rua os vizinhos e amigos sorriam e diziam que eles tinham sido feitos um para o outro. Amavam-se era o mais importante para Lucas e Melissa o resto nao importava e so queriam que o filho que ambos esperavam viesse com saude, o resto de facto era irrelevante e nao fazia importancia.

                                                                                                                Manuel Goncalves






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