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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A Prostituicao na Grecia Antiga



E chamada a profissao mais antiga do Mundo e considero que alem de se poder chamar uma profissao pode ser considerada tao antiga como a humanidade embora realmente nao me conste que Eva tenha sido Prostituta de Adao.

Se vermos bem as razoes e conceitos leva-me a acreditar que desde o principio a Prostituicao era vista como um meio de se ganhar muito dinheiro, facil ainda por cima. Ja nas civilizacoes antigas muitas vezes eram vistas socialmente como pessoas com quem nao era bom ter-se intimidade e socializar-se, sobretudo com a socializacao de uma Prostituta com uma mulher que nao fosse Prostituta. Ja nas civilizacoes antigas havia tambem varias herarquias que dividiam as prostitutas que iam das prostitutas de luxo as prostitutas de rua. Nesse ponto pouco mudou tambem em relacao aos dias de hoje com as chamadas acompanhantes de luxo ou escorts e as chamadas rameiras e prostitutas de rua e tambem ja no tempo da Grecia Antiga (1100 A.C-146 A.C) se apontava a existencia de Prostituicao Masculina um tema que mesmo no Seculo XXI ate a pouco tempo era um pouco tabu.

Pouca coisa mudou ja que na altura da Grecia Antiga se abordava tambem a personagem do Proxeneta vulgarmente tambem chamado de Chulo e se fala igualmente da escravidao sexual. Como e evidente a Prostituicao que havia na Grecia Antiga, havia no Antigo Egipto e na Roma Antiga (753 A.C-476 D.C) talvez com algumas diferencas e muitas semelhancas mas hoje, no momento e altura de falar apenas na Prostituicao na Grecia Antiga.


A Prostituicao era uma componente da vida cotidiana dos gregos antigos. Nas cidades gregas mais importantes, e sobretudo em particular importancia nos portos fluviais, empregava tambem uma parte nao negligenciavel da populacao, acabando por representar uma forte actividade economica de relevo. A Prostituicao nao era ilegal ou um acto clandestino: as cidades onde a mesma existia nao a puniam e os proprios bordeis trabalhavam claramente a vista da populacao.

Na capital, em Atenas, era atribuido a Solon (638 A.C-558 A.C) um Estadista, Jurista, Escritor e Politico grego a criacao de bordeis estatais com precos pelos servicos efectuados regulados. A Prostituicao envolvia de forma desigual os sexos: mulheres de todas as idades e jovens do sexo masculino prostituiam-se para uma clientela maioritariamente masculina. Sendo assim e sendo a maioria dos clientes homens e a maioria dos profissionais do sexo mulheres apresenta um cenario normal que ainda e praticado nos dias de hoje. Porem nao deixa de indicar que ja nessa altura podia haver casos de homosexualidade de homens procurarem homens e por vezes talvez ate de pedofilia assim como igualmente de mulheres procurarem prostitutos algo mais raro ainda nos dias de hoje ou ate de mulheres procurarem prostitutas.

A Naturalidade com que era percebida a Prostituicao sobretudo feminina e indicada por uma passagem de Contra Neera (122) do Seculo IV A.C atribuida ao pseudo-Demostenes (384 A.C-322 A.C) um reconhecido Politico e Orador grego da epoca natural da Cidade de Atenas):

"Temos as cortesas para o prazer; as concubinas para nos proporcionar cuidados diarios e esposas para que deem filhos legitimos e para que sejam guardias fieis de nossa casa".

Em simultaneo, as leis condenavam severamente as relacoes com mulheres livres, fora do contexto do casamento, pois delas mesmas se esperava a castidade e a guarda da virgindade. Em caso de adulterio, o marido enganado e traidor tinha o direito de matar o ofensor e traidor, caso o apanhasse em flagrante delito; aplicava-se o mesmo direito em caso de violacao. No entanto, nada acontecia se o marido recorresse aos servicos de uma Hetera (prostitutas refinadas que alem da prestacao de servicos sexuais ofereciam companhia, sabedoria e cultura aos seus clientes na Grecia Antiga) ou se trouxesse uma Concubina para casa. A idade media de casamento, para os homens, era de 30 anos. Portanto, se um jovem ateniense desejasse manter relacoes sexuais so poderia faze-lo com prostitutas.

A Prostituicao feminina destinada a mulheres encontra-se pouco documentada. Em O Banquete (C. 380 A.C) tambem conhecido como Simposio que e um dialogo platonico, do Filosofo e Matematico grego Platao (C. 428/427 A.C-348/347 A.C), tambem o Dramaturgo grego, Aristofanes (C. 447 A.C-C. 385 A.C) menciona as, Hetairistriai, no seu famoso, Mito do Amor. Para ele, "as mulheres descendentes de mulheres primitivas nao tem grande gosto pelos homens: elas preferem as mulheres; sao as chamadas Hetairistriai". O verdadeiro significado desta palavra "Hetairistriai" e obscuro e desconhecido. Supoe-se que se trate de prostitutas que atendiam uma clientela de lesbicas. O Escritor, Biografo e Filosofo, Luciano de Samosata (C. 125- ? (C.185) ) refere-se a elas no Dialogo das Cortesas, mas e possivel que seja apenas uma alusao a passagem da obra de Platao.


As prostitutas da Grecia Antiga podiam ser como as dos dias de hoje enquadradas em varias categorias. Na parte inferior da escala ou seja no nivel mais baixo encontravam-se as que eram chamadas de Pornai, palavra que deriva de, pernemi, "vender". Essas mulheres eram prostitutas porque eram geralmente escravas, propriedade de um Pornoboskos, isto e, de um Proxeneta, que retirava para si uma quantia do dinheiro ganho por elas. O Pornoboskos podia ser um Cidadao, pois o Lenocinio ou seja Proxenetismo era considerado uma actividade economica igual a qualquer outra. O Filosofo Grego, Teofrasto (372 A.C-287 A.C), escreveu inumeras obras, na obra, Caracteres (VI, 5), o mesmo Filosofo cita o Proxeneta na lista de profissoes correntes na epoca. Onde se incluiam o Dono de uma hospedaria e o Colector de impostos. O Proxeneta tambem podia ser um Meteco (Estrangeiro ou Estrangeira).

Na Epoca Classica (500 A.C-338 A.C) as prostitutas eram habitualmente escravas de origem Barbara. Durante o Periodo Helenistico (323 A.C-146 A.C), juntaram-se a elas tambem as jovens que eram abandonadas pelos pais, que eram consideradas como escravas ate que conseguissem provar o contrario. As prostitutas trabalhavam em bordeis, que se encontravam geralmente situados em zonas da cidade associadas a Prostituicao, como o Pireu (que era o Porto Fluvial de Atenas) ou o Ceramico tambem chamado de Cerameico e que era um cemiterio situado na Regiao Atica da Grecia. A sua clientela em grande maioria era compostas por marinheiros e cidadaos pobres.
 Nessa mesma categora mais baixa da Prostituicao em que as prostitutas eram chamadas de pornai tambem se enquadravam as mulheres que trabalhavam nos bordeis estatais de Atenas. Segundo Ateneu Naucratis um certo Escritor da Grecia Antiga numa das suas obras (Banquete dos eruditos, XIII, 23), citando o Dramaturgo (Adelfas, Fragmento 4) e o Historiador, Medico e Escritor grego, Nicandro de Colofon (250 A.C-170 A.C), (Historia de Colofon, Fragmento 271-272, Fragmento 9), foi Solon quem "preocupado em acalmar os ardores dos jovens (...) tomou a iniciativa de abrir casas de passe e de ali instalar jovens compradas". O mesmo Solon tera mandado erguer, com dinheiros que eram provenientes de tributos sobre a Prostituicao, o Templo de Afrodite Pandemos, "Afrodite do Povo". Embora, na realidade, pairam duvidas sobre a exatidao desses relatos, pode-se depreender que a Prostituicao fosse, efectivamente, parte integrante da Democracia ateniense.


Um grau mais elevado no estatuto que as Pornai encontravam-se ja as prostitutas independentes que trabalhavam nas ruas. Para alem de se apresentarem e mostrarem os seus encantos e atributos directamente aos clientes, essas mulheres recorriam a verdadeiras tecnicas publicitarias , usando um calcado proprio, que era composto por umas sandalias especiais cuja a sola das mesmas estava preparada para deixar inscrito no solo em grego "ΑΚΟΛΟΥΘΙ / AKOLOUTHI" que sendo traduziado deixavam ficar escrito no solo "Segue-me", que era uma forma de convite ou de alerta para que os possiveis clientes soubessem que ali estava o que os mesmos procuravam. Essas prostitutas utilizavam tambem uma maquilhagem garrida.

Essas mulheres eram de origem diversa: mulheres estrangeiras: mulheres estrangeiras que nao conseguiam encontrar ainda emprego na cidade a que tinham chegado, viuvas pobres, antigas Pornai que tinham adquirido a sua liberdade (mas que tinham que paga-la). Na capital em Atenas estavam sujeitas ao pagamento de uma taxa e tinham que ser registadas.

Podem ainda ser incluidas nesta categoria as musicas, bailarinas ou dancarinas que trabalhavam nos banquetes. O Filosofo grego, Aristoteles (384 A.C-322 A.C), na sua Constituicao dos Atenienses, menciona entre as atribuicoes especificas dos dez astinomos encontrava-se o nao permitir que as tocadoras de flauta, lira e de citara fossem contratadas por mais de dois dracmas por noite. Os servicos sexuais, fossem quais fossem, faziam parte da prestacao dos servicos das mesmas artistas, tendo os precos tido uma tendencia para aumentar, apesar do controlo dos astinomos.

As hetairas ou heteras (companheiras, amigas) eram as prostitutas da mais alta categoria. Ao contrario das outras, nao se limitavam somente a oferecer servicos sexuais e nao trabalhavam "por peca". As hetairas eram acompanhantes comparaveis, em certa medida, as queixas (dancarinas e cantoras japonesas popularmente conhecidas pelo traje e maquilhagem tradicional): tinham uma boa educacao, o que lhes permitia dialogar com figuras cultivadas. As hetairas eram independentes e podiam gerir sozinhas os seus proprios bens e ganhos.

Uma das hetairas mais famosas foi, Aspasia (470 A.C-400 A.C) que foi uma Sofista grega, amante de Pericles (ca 495/492 A.C-429 A.C) um Politico, Estadista, Orador e General grego. Aspasia era originaria de Mileto (uma antiga cidade da Asia Menor, cuja a regiao actualmente faz parte da Turquia), sendo a mesma portanto uma estrangeira em Atenas, Aspasia conviveu com Dramaturgo grego Sofocles (497 ou 496 A.C), com o Escultor grego, Fidias (480 A.C-430 A.C) e com aquele que e considerado o pai da Filosofia,  Socrates (ca 469 A.C-399 A.C) e igualmente com alguns dos seus discipulos. O Historiador, Biografo e Filosofo grego, Plutarco (C. 46 D.C-120 D.C) na sua obra (Vida de Pericles, XXIV, 2) refere-se a ela como uma personalidade detentora de poder, que teve sob a sua redea aos homens politicos mais importantes.

Para alem de Aspasia, conheceram-se outras hetairas da Epoca Classica embora nao tanto famosas e conhecidas como a mesma como o caso de Teodota, companheira do Militar, General e Politico ateniense, Alcibiades (450 A.C-404 A.C) tambem conhecido como Alcibiades Clinias Escambonidas, com a qual o conhico Filosofo Socrates dialoga nos Memoraveis (III, 11, 4); Neera, tema de um discurso do Pseudo-Demostenes; e Mnesarete conhecida tambem pelo apelido de Frine ou Frinea, Modelo para a famosa Estatua conhecida como Afrodite de Cnido, obra-prima do Escultor, Praxiteles (C. 395 A.C-330 A.C), de quem Mnesarete tera sido amante, tendo tambem mantido uma relacao com o Politico, Orador, Militar e Advogado grego, Hiperides (C. 389 A.C-322 A.C) foi o mesmo que sendo Advogado fez o mesmo papel defendendo-a quando a mesma foi acusada de impudicia.


A Grecia nao conheceu na mesma escala o fenomeno da Prostituicao Sagrada que existiu nas civilizacoes do Proximo Oriente ou Sudoeste Asiatico, Asia Ocidental ou Medio Oriente. Os unicos casos conhecidos referem-se a franjas remotas do Mundo grego (Sicilia, Chipre, reinos do Ponto e Capadocia) e a Cidade de Corinto cujo o Templo de Afrodte albergava um numero significativo de servidores pelo menos desde a Epoca Classica. Em 464 A.C, um homem chamado Xenofonte, cidadao de Corinto vencedor das provas desportivas de Corrida e Pentatlo nos Jogos Olimpicos, dedicou a Afrodite cem jovens em sinal de agradecimento. Durante a Era Romana, Estrabao (63 ou 64 A.C- C.24) um Historiador, Geografo e Filosofo grego refere que este templo possuia mais de cem prostitutas sagradas.

De todas as cidades da Grecia Antiga, Esparta era conhecida por nao abrigar nenhuma Porne. Plutarco (Vida de Licurgo, IX, 6) explica o fenomeno pela ausencia de metais preciosos e de uma verdadeira moeda - Esparta na verdade utilizava uma moeda de ferro que nao era reconhecida em nenhum outro sitio - razoes pelas quais nenhum Proxeneta tinha interesse em ali se instalar. A unica evidencia que parece contradizer a inexistencia de Prostituicao refere-se a um vaso do Seculo VI A.C que mostra mulheres a tocar o aulos (flauta) num banquete. No entanto julga-se tratar-se da reproducao de um tema iconografico e nao de uma representacao daquilo que era a realidade espartana da epoca. A presenca de elementos como um Demonio alado, frutas, plantas e de um altar sugerem que podia tratar-se de um banquete em honra de umas divinidades da fertilidade, como Artemis Ortia ou Apolo Jacinto.

Contudo, igualmente durante a Epoca Classica a Cidade de Esparta acabou mesmo por conhecer as hetairas. Ateneu refere as cortesas com as quais Alcibiades Clinias Escambonidas se encontrou durante o seu exilio na cidade (415 A.C-414 A.C).

A partir do Seculo III A.C, quando grandes quantidades de moeda estrangeira circulavam na Laconia, Esparta enquadra-se na norma das outras cidades gregas em materia de Prostituicao. Na Epoca helenistica Polemon de Atenas descreve ao retrato da celebre Hetaira e a vaca de bronze por si dedicada.


A condicao das prostitutas era dificil de avaliar; pelo simples facto de serem mulheres, ja se encontravam desde logo a nascenca relegadas a uma posicao inferior diante da sociedade grega. Nao se conhecem testemunhos directos sobre as suas vidas sem descricoes dos bordeis onde trabalhavam. E muito provavel que os bordeis da Grecia Antiga fossem simplesmente semelhantes aos de Roma Antiga, descritos pelos escritores e preservados em locais como Pompeia: locais escuros, estreitos e malcheirosos. Um dos terrenos correntes entre os gregos para designar uma Prostituta era χαμαιτυπής / khamaitypếs, o que significa "que toca a terra", sugerindo que a prestacao do servico tinha lugar no chao.

Alguns autores colocam as prostitutas a falarem de si mesmas nas suas obras. E o Luciano de Samosata no Dialogo das Cortesas e Alcifrao, (um Sofista grego que nao se sabe ao certo sobre a sua vida ou periodo da Historia em que viveu), nas suas cartas, mas importa ter presente que se tratam de obras de ficcao. As prostitutas apresentadas nestas obras sao independentes ou hetairas, nao se referindo as prostitutas escravas, a nao ser para considera-las como fonte de lucro. Os textos revelam claramente que as prostitutas eram censuradas pela natureza mercantil da actividade que exerciam. Para um grego uma pessoa que se prostituia, fosse mulher ou homem, o fazia por necessidade economica, por gosto ou pelo lucro vantajoso. A ganancia das prostitutas e assim um tema recorrente na comedia grega. Deve ser referido que em Atenas elas eram as unicas mulheres a lidar com dinheiro, o que provavelmente o que provocava o ressentimento dos homens. Outra explicacao possivel para este possivel gosto pela ganancia relaciona-se com a curta duracao da carreira de Prostituta: para poderem guardar algum dinheiro para a futura velhice tornava-se conveniente acumular o maximo de dinheiro em pouco tempo.

Os trabalhos de Medicina fornecem um olhar, se bem que imparcial e ate incompleto, sobre a vida quotidiana das prostitutas. Para as prostitutas escravas tornava-se necessario a evitar a todo o custo a gravidez. Os metodos contraceptivos da epoca usados pelos gregos sao hoje menos conhecidos do que aqueles que era, utilizados pelos romanos. No entanto, num tratado atribuido a um Medico grego chamado Hipocrates (460 A.C-370 A.C), descreve-se o caso de uma Dancarina "que tinha por habito ir com os homens", a qual recomendava saltar para desta forma fazer sair o esperma, evitando assim o risco de gravidez. E igualmente tambem muito provavel que as Pornai recorressem ao aborto e ao Infanticidio por exposicao.

A ceramica grega permite igualmente conhecer a vida das prostitutas. A representacao das prostitutas pode ser dividida em quatro categorias:

. Cenas de banquetes.
. Cenas de actividades sexuais.
. Cenas de satisfacao de necessidades fisiologicas.
. Cenas de maus-tratos.


Nas cenas de satisfacao de necessidades fisiologicas, e frequente que a Prostituta seja retratada com um corpo pouco gracioso. Ja nas cenas de relacoes sexuais reconhece-se a presenca de uma Prostituta pela presenca de uma bolsa. A posicao sexual que era mais representada corresponde a mulher sendo penetrada, encontrando-se de joelhos, o que acaba por corresponder a penetracao vaginal ou anal. A pratica do sexo anal nao era bem vista, era apontada e considerada como sendo degradante, e aparentemente esta posicao era descrita como sendo pouco agradavel para a mulher. Alguns vasos mostram cenas nas quais sao ameacadas com um pau ou uma sandalia e obrigadas a se submeter a actos considerados degradantes, como a pratica do sexo oral e anal.

Apesar de as hetarias serem as mulheres mais livres da Grecia Antiga, deve ser referido que muitas delas desejavam serem respeitadas pela sociedade que nao as viam com bons olhos e procuravam encontrar um marido.

No tempo da Comedia Nova (final do Seculo IV A.C-comeco do seculo III A.C) as prostitutas, junto com os escravos, tornaram-se as verdadeiras estrelas da comedia. Isso pode ser explicado pelo enfase dado pela Comedia Nova a aspectos da vida privada e quotidiana, por oposicao aos temas politicos tratados pela Comedia Antiga (486 A.C-403 A.C).

Na Obra, Amores (16 A.C) publicado em cinco volumes, Publio Ovídio Naso, conhecido como Ovidio (43 A.C-17 ou 18 D.C) que era um certo Poeta romano afirma: "Enquanto os escravos forem falsos, os pais severos, as coscuvilheiras perfidas e as meretrizes faceis, Menandro (C. 342 A.C-291 A.C) vivera". No Teatro de Menandro, a Prostituta poderia ser uma amiga de infancia do Protagonista, que entrou no Mundo da Prostituicao depois de ter sido abandonada ou raptada por piratas; reconhecida pelos pais, abandona o Mundo da Prostituicao para se casar.


A Grecia Antiga possuia igualmente tambem uma grande quantidade de πόρνοι, Pornoi, ou seja prostitutos. Alguns deles nao se limitavam a atender homens e a cometer actos de homosexualidade e trabalhavam tambem para uma clientela feminina, encontrando-se atestada a existencia de proxenetas e gigolos desde a Epoca Classica. Na Comedia, Pluto, Aristofanes, coloca em cena uma mulher ja de idade avancada que gastara todo o seu dinheiro com um amante que posteriormente passa a rejeita-la. Contudo, a maioria dos prostitutos trabalhava de facto para uma clientela de maioria masculina.

Ao contrario da Prostituicao feminina, que envolvia mulheres de todas as idades, a Prostituicao masculina encontrava-se praticamente confinada ao grupo de adolescentes.

O periodo durante o qual os adolescentes eram considerados desejaveis estendia-se entre a puberdade e o aparecimento da barba, constituindo a ausencia de pelos um elemento de erotismo entre os gregos. Sao mesmo conhecidos casos de homens que tinham como amantes homens mais jovens que se mantinham depilados.

Da mesma maneira que acontecia com a Prostituicao feminina, a Prostituicao masculina nao era para os gregos tema para escandalos. Os bordeis de rapazes existiam nao apenas nas zonas do Pireu, Keramaikos, no Monte Licabeto, mas um pouco por toda a Cidade de Atenas. Um dos mais celebres jovens prostitutos foi sem duvida Fedon de Elis que depois de Prisioneiro na sua juventude, Escravo, portador de uma extrema beleza fisica. Feito Escravo durante a tomada da sua cidade, o jovem trabalhou num bordel ate que Socrates o conheceu, tendo o Filosofo comprado a sua liberdade. O jovem tornou-se seu Discipulo, tendo o seu nome sido atribuido a dos Dialogos de Platao, o Fedon que narra os instantes finais da vida de Socrates. Os profissionais do sexo masculinos estavam tambem sujeitos ao pagamento de uma taxa.

A existencia de uma Prostituicao masculina em larga escala revela que os gostos pederasticos nao estavam restritos a unicamente uma classe social. Os cidadaos que nao tinham tempo ou disponibilidade para seguir os rituais da pederastia (observar os jovens no ginasio, fazer corte e oferecer presentes), poderiam entao recorrer aos prostitutos, que a semelhanca das prostitutas encontravam-se protegidos pela lei contra as agressoes fisicas. Outra das razoes que explica o recurso a Prostituicao relaciona-se com os tabus sexuais: os gregos consideravam a pratica do sexo oral como degradante. Assim, numa relacao pederastica o erastes (amante mais velho) nao poderia pedir ao eromenos que praticasse esse acto, que estava reservado aos prostitutos.

Apesar do exercicio da Prostituicao ser um acto legal, era mesmo assim uma pratica vergonhosa, encontrando-se associada aos escravos ou estrangeiros. Em Atenas tinha para um Cidadao consequencias politicas, nomeadamente a perda dos direitos civicos (atimia). Na obra, Contra Timarco, Esquines (C. 389 A.C-314 A.C) um Orador, Politico e Diplomata grego natural de Atenas defende-se dos ataques de Timarco (Seculo IV A.C) que era um Orador e Estadista grego com a acusacao deste ter praticado a Prostituicao durante a sua juventude, devendo por isso considerar retirar-lhe os seus direitos politicos, como o de apresentar queixa contra a alguem.

Tal como no caso das mulheres, os precos cobrados pelos servicos variavam consideravelmente. Ateneu refere-se a um rapaz que oferecia os seus servicos sexuais por um Obolo, mas o valor e considerado demasiado baixo. Estratao de Sadres, Autor de, Epigramas, refere uma transaccao por cinco dracmas. Uma carta do Pseudo-Esquines estima em 3000 dracmas o dinheiro ganho por um tal Melanopo, provavelmente durante toda a sua carreira.


Caro(a) leitor(a) quase a terminar esta cronica e ja praticamente em modo de despedidas e ate a proxima como e costume devo acrescentar que umas das coisas que me deu mais prazer nesta cronica foi ver que passando-se mais de 2000 anos e tem coisas que nao mudam, possivelmente jamais mudarao e jamais deixaram de ser como sao.

A Prostituicao continua a ser um mundo obscuro, sujo, que gere muito dinheiro, que atrai muitos clientes e que demostra que mais uma vez a ganancia pelo dinheiro, o desejo de ganhar dinheiro, muito dinheiro da maneira mais facil leva mulheres e ate homens a nao se preocuparem com questoes morais, dignidade, etc. O Mundo em certos pontos de facto nao muda.

Caro(a) leitor(a) e meu desejo que esta cronica tenha sido do seu agrado, pode ser de forma mais irregular e sem tanta assuidade mas acrescento que continuo a fazer este trabalho com o mesmo amor e dedicacao de antigamente, ate a proxima, beijos e abracos.

                                                                                                               Manuel Goncalves











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