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quinta-feira, 9 de maio de 2019

A Religiao No Antigo Egipto

 

E sabido de todos ate porque eu nao escondo isso da minha paixao pela Historia, sobretudo pela Historia Antiga, pelas civilizacoes antigas em particular as tres civilizacoes antigas que para mim comandavam o Mundo.

O Mundo era comandado pela Roma Antiga (753 A.C-476 D.C) e tudo o que Roma ditava o Mundo fazia. Havia tambem o poderoso Antigo Egipto (3100 A.C-30 A.C) que apesar de toda a sua forca e poder tambem eles estavam dependentes do poder e vontade de Roma e por fim existia a Grecia Antiga (1100 A.C-146 A.C). O Mundo inteiro estava dependente destas tres nacoes que acabaram por influenciar em varios sentidos todos os outros tanto politicamente como culturalmente como igualmente nas artes e a criacao de muitos oficios ainda hoje partiram de uma destas civilizacoes. Um dos temas que mais gosto de discutir e aprofundar em relacao as civilizacoes antigas e sem duvida o facto de as mesmas terem varios Deuses e ao que parece todos se pareciam dar bem.

Escolhi desta vez a Religiao no Antigo Egipto porque fazia algum tempo que nao escrevia sobre civilizacoes antigas e sobre os egipto, os faraoos e por ai a fora so o tinha feito ainda duas vezes pouco para quem ja escreveu 306 cronicas e diz sentir uma paixao tao grande pela Historia e pelas civilizacoes antigas.


A Religiao no Antigo Egipto refere-se ao complexo conjunto de crencas e rituais praticados no Antigo Egipto. Nao existiu propriamente uma Religiao egipcia, pois as crencas frequentemente diferentes de Religiao para Religiao - nao eram consideradas ou vistas como sendo a parte mais importante, mas sim o culto aos deuses, que eram considerados os donos legitimos do solo, terra que tinham governado num passado distante.

Este conjunto de crenca foi posto em pratica no Antigo Egipto, desde o Periodo Pre-Dinastico, cerca de 3000 anos A.C, ate o surgimento do Cristianismo. Inicialmente, era uma Religiao Politeista por crer em varias divindades, como forcas da Natureza. Com o passar dos seculos, a crenca se diversificou, sendo entao considerada como henoteista, porque acreditava em uma Divindade criadora do Universo, tendo outras forcas independentes, mas nao iguais em poder a esta. Tambem pode ser considerada Monoteista, pois tinha ja aa crenca em um unico Deus, as outras divindades eram Neteru (Plural de Neter), participantes da criacao e manutencao da realidade, mas ainda assim inferiores em poder ao grande Ser supremo. Amenofis IV (1440 A.C-1360 A.C) instaurou o Monoteismo que teve um termo logo que Amenofis IV faleceu. A Religiao era praticada em templos e santuarios domesticos. Actualmente, algumas minorias ainda cultuam e adoravam os deuses egipcios antigos, mas de facto em menor escala. O Kemetismo, por exemplo, e uma reconstrucao Neopaga da Religiao egipcia ainda praticada actualmente.


As fontes para os estudos da antiga Religiao egipcia sao variadas: templos, piramides, estatuas, tumulos e textos. Em relacao as fontes escritas, os egipcios nao deixaram obras que sistematizassem de forma clara e organizada, as suas crencas. Em geral, os investigadores modernos centram os seus estudos em tres obras principais: O Livro das Piramides, O Livro dos Sarcofagos e O Livro dos Mortos.

. O Livro das Piramides e uma compilacao de formulas magicas e hinos cujo o objectivo e proteger o Farao e garantir a sua sobrevivencia no Alem. Os textos encontram-se escritos sobre os muros dos corredores das camaras funerarias das piramides de Sacara. Do ponto de vista cronologico, situam-se na epoca da V Dinastia Egipcia.

. O Livro dos Sarcofagos e uma recoha de textos escritos em caracteres hieroglificos cursivos no interior dos sarcofagos de madeira da Epoca do Imperio Medio (2050 A.C-1710 A.C) tambem conhecido como O Período de Reunificacao, tinha tambem como funcao ajudar os mortos no outro Mundo.

. Por ultimo, O Livro dos Mortos, que inclui os textos das obras anteriores, para alem dos seus proprios textos originais, datando do Imperio Novo (1550 A.C-1069 A.C) tambem conhecido como Imperio Egipcio. Esta obra era escrita em rolos de papiro pelos escribas e eram vendidas as pessoas para serem colocadas nos tumulos.

Outras fontes escritas sao os textos de autores gregos e romanos com os relatos do Geografo e Historiador grego. Herodoto (485 A.C-425 A.C) no Seculo V A.C e pelo Historiador, Biografo, Ensaista e Filosofo grego, Plutarco (cerca de 46 D.C-120 D.C) no Seculo I D.C.


As varias divindades egipcias existentes caracterizavam-se pela sua capacidade de estarem em varios locais ao mesmo tempo e de sobreviver a ataques. A maioria delas era benevolente, com excepcao de algumas divindades com personalidades mais ambivalentes como eram as deusas, Sacmis (Deusa da Vinganca, Guerra e Medicina do Antigo Egipto) e pela Deusa Mut.

Um Deus poderia tambem assumir varias formas e possuir outros nomes. O exemplo mais claro e o da Divindade Solar, Ra (Deus do Sol) tambem conhecido como Re ou por Khepri, representado como um escaravelho, quando era o sol da manha. Recebia o nome de Atum enquanto o sol do entardecer, sendo visto como velho e curvado, um Deus esperado pelos mortos, que se aquecem com os seus raios. Durante o dia, Ra anda pela Terra como um falcao. Estes tres aspectos e outros setenta e dois sao invocados numa ladainha sempre na entrada dos tumulos reais.

Estas divindades eram agrupadas de varias maneiras, como em grupos de nove deuses (as Eneades), de oito deuses (Ogdoades), ou de tres deuses (Triades). A principal Eneade era a da Cidade de Heliopolis, presidida pela Divindade Solar Ra.


O principio do Universo e a formacao unica de Deus, que nao se fez de nada, e sim, autocriou seus aspectos. Os aspectos de Deus, como dito anteriormente, chama-se Neteru. A inicio tudo vem de um liquido infinito cosmico chamado Nun (Nu ou Ny): este e o "Ser Subjectivo". Quando esse liquido se autocria e torna-se real, e Atum, o "Ser Objectivo". Essa passagem e semelhante a passagem de inconsciente para consciente do Ser Humano. Atum criou uma massa unica universal que por sua vez deu origem a uma explosao, porem pre-planeada. Atum tambem tem o poder de "tornar-se a si mesmo", que, segundo os antigos egipcios, e algo muito complicado para um Humano, seria uma "Obra Divina". Mas isto e o principio da Terra. A Oracao para a transformacao de Atum e a seguinte:

"Saudamos Atum!
Saudamos a vos, aquele que se torna a si mesmo!
Vos sois em vosso nome o Altissimo!
Vos tornais em vosso nome Khepri, aquele que se torna a si mesmo!"

Khepri e um nome dado ao primeiro Neter da Terra, Ra, o que e outra forma de Atum. Para criar a Terra, Ra deu origem ao Sol da manha, enquanto o Sol da tarde era Atum. Cuspiu o Deus Egipcio, Shu tambem conhecido de Chu e a Deusa Egipcia Tefnis tambem chamada de Tefenete ou Tefenute que era irma e esposa de Shu. Os dois deram origem ao Ar e a Humidade. A seguir eis outro texto da Obra Divina:

"Fui anterior aos dois anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os dois anteriores que criei. Visto que meu nome e anterior ao deles, porque criei-os antes dos dois anteriores".

Os proximos Neteru a serem gerados foram Geb (Deus Egipcio da Terra) tambem conhecido como Gebe e a sua esposa Nut (Deusa Egipcia que representava o Ceu e era significativamente invocada como a Mae dos deuses) tambem conhecida como Nuit, os dois, Geb E Nut criaram os ambientes da Terra: o Ceu e a Terra plana. Estes tambem deram aos quatro Neteru da vida: Osiris, Isis, Seti tambem conhecido como Seth, Set, ), Setesh, Sutekh, Setekh ou Suty (Deus Egipcio do Caos, Seca e Guerra) e Neftis. Osiris criou a vida no Alem e todo o processo de jornada ate ao Ceu. Isis e responsavel por todos os seres vivos. Seti representa os opostos, mas tambem coisas mas, como Odio e Caos. Neftis o deserto, a orientacao e o acto de morte. A Historia destes quatro Neteru e a origem do proximo a ser gerado. Lembrando que as proximas historias sao semelhantes aos humanos porque esses Neteru eram de especies bem proximas aos humnos. Existem mesmo milhares de versoes, no geral a Historia e a seguinte: Osiris era o Neter que criou o ciclo da Vida e Morte, por isso governava a Terra. Seti, movido pela inveja, resolveu armar uma forma de mata-lo.

Entao, de forma incerta, provavelmente mostrando outra intencao, o trancou em um caixao e lancou o mesmo no Rio Nilo para se perder e ninguem nunca o achar. Neftis percebeu isso e avisou Isis, quando comecaram a procurar e encontraram um caixao, e recuperaram Osiris. Seti como era uma forma do mal, esquartejou a forma material de Osiris em 40 pedacos e espalhou-os por todo o deserto e no Nilo. Isis, depois de muito tempo, conseguiu encontrar todos eles, excepto o penis, que foi devorado por tres peixes, Isis entao fez ela mesmo um penis para Osiris, entao Osiris uniu-se a Iris e geraram um filho. O filho era Horus (Deus Egipcio dos Ceus, dos Vivos e da Guerra), o herdeiro que lutou entao contra Seti, perdendo um olho na batalha, mas consegue vence-lo. Esse mesmo olho que ele perdeu ficou conhecido como "O Olho de Horus", que foi reconhecido como um simbolo de proteccao pelos egipcios. Foi criada uma Oracao relacionada com isso:

"O benevolente Isis
que protegeu seu irmao Osiris,
que procurou por ele incansavelmente,
que atravessou o Pais enlutada,
e nunca descansou antes de te-lo encontrado.
Ela, que lhe proporcionou sombra com suas asas
e lhe deu ar com suas penas,
que se alegrou e levou o seu irmao para casa.
Ela, que reviveu o que, para o desperancado, estava morto,
que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro,
e que se alimentou na solidao,
enquanto ninguem sabia quem era...

Horus tambem era conhecido como o "Salvador da Humanidade". Depois disso, Seti se tornou um Neter menor.


Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como locais onde residia a Divindade (Hut-Netjer, "Casa do Deus"), que poderia ser acompanhada pela sua familia e por outras Divindades, sendo, por isso, muito diferentes dos edificios religiosos modernos.

Os templos dos periodos mais antigos da Historia do Antigo Egipto, como o Imperio Antigo (cerca de 2686 A.C-2181 A.C) tambem conhecido como a "Era das Piramides" ou "Era dos Construtores de Piramides" e o Imperio Medio, nao chegaram em bom estado ate aos dias de hoje, pelo que sao as construcoes do Imperio Novo e da Epoca do Ptolomaica (305 A.C-30 A.C) tambem conhecido como Reino Ptolomaico que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "Classica" dos templos egipcios podem ser distinguidas tres partes: o patio, as salas hipostilas e o santuario.

A entrada de um templo, encontravam-se obeliscos e estatuas monumentais, que antecediam o Pilone. Nos templos do Imperio Novo, e comum a existencia de uma avenida de acesso ladeada por esfinges com corpo de leao e cabeca de carneiro (que se acreditava protegerem  o Templo e o Deus), na qual desfilava a procissao em dias de festa.

Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapezio, entre as quais se situava a entrada propriamente dita. Nas paredes do pilone, representavam-se as divindades ou, muitas vezes, a cena classica na qual se ve o Farao a atacar os inimigos do Egipto.

Passado o pilone, existia um grande patio (Uba), a unica zona acessivel ao publico, onde a estatua da Divindade era mostrada nos dias de festa. O patio era rodeado por colunas e possuia por vezes um altar (Aba), onde se efectuavam os sacrificios.

Esse patio precedia uma sala hipostila (ou seja, uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridao, que antecedia outras salas onde se guardavam a mesa de oferenda e a barca sagrada. Finalmente, achava-se o Santuario de Deus (Kari). Se os faraos entendessem ampliar um Templo construiam-se entao novas salas, atrios e pilones.

Os templos mais importantes poderiam possuir um lago sagrado, nilometros, per ankh (casas de vida), armazens e locais para a residencia dos sacerdotes.


Teoricamente, o Rei egipcio (Farao) tinha o dever de realizar a liturgia em cada Templo. Uma vez que era fisicamente impossivel estar presente em forma fisica em todos os templos que existiam no Egipto, o Soberano nomeava representantes para realizarem as cerimonias a Deus. Os reis so visitavam os templos em ocasioes especiais associadas a festivais, o que nao impedia que fossem representados nos templos fazendo oferendas as Divindades.

A vida nos templos seguia o curso de uma vida normal. Antes do nascer do Sol, abatiam-se os animais que seriam oferecidos as divindades. Os sacerdotes purificavam-se com agua, e, vestidos com trajes brancos, entravam em procissao no Templo. No patio do Templo, os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e queimavam incenso. Um Sacerodote dirigia-se ao Santuario da Divindade, uma sala especialmente consagrada, localizada na parte mais reservada do Templo. Ai, o Sacerdote acendia um archote e abria o Naos, tabernaculo onde se guardava a estatua da Divindade. O Sacerdote apresentava-se a divindade e anunciava vir cumprir os seus deveres. Limpava o tabernaculo, queimava incenso, lavava a estatua e aplicava sobre ela oleos, vestia-a, maquilhava-a e colocava-lhe a coroa. Terminado este processo, o sacerdote colocava a estatua no Naos, abandonando a sala e apagando o archote e as pegadas que havia feito. Ao Meio-Dia, poderia ser feita uma nova cerimonia na qual se ofereciam alimentos 


No Antigo Egipto, nao existiu uma estrutura sacerdotal centralizada; cada Divindade possuia um grupo de homens e mulheres dedicados ao seu culto. O termo mais comum para designar um Sacerdote em egipcio era "Hem-Nejter", o que significa, "Servo de Deus".

Nao se sabe ao certo em que epoca da Historia Egipcia se estruturou o grupo sacerdotal. Na epoca do Imperio Antigo, os sacerdotes nao estavam ainda organizados em corpos fixos como se viria a suceder no Imperio Novo. De acordo com os Textos das Piramides, datados ainda do Imperio Antigo, os reis tinham cinco refeicoes diariamente: tres no Ceu e duas na Terra; estas ultimas estavam a cargo dos sacerdotes funerarios.

As fontes do Novo Imperio mostram que os sacerdotes estavam organizados em quatro grupos (em Grego: Phyles), cada um dos quais trabalhava durante um mes cada tres meses. Durante os oito meses que tinham livres, os sacerdotes levavam uma vida comum inserida na comunidade, junto das suas esposas e filhos.

O Clero egipcio estava estruturado de forma hierarquica. O Rei era, em teoria, o Lider de todos os cultos egipcios, mas, como ja foi anteriormente referido, este delegava o seu poder a outro homem devidamente preparado por Deus: o Sumo Sacerdote, que, na hierarquia, era seguido do Segundo Sacerdote, por sua vez seguidos do Terceiro e Quarto Sacerdotes. O grupo seguinte era o dos "pais divinos" e "dos puros". Existiam tambem o dos sacerdotes leitores, os que calculavam o momento ideal para realizar uma determinada cerimonia atraves da observacao do Sol ("horologos") e os que determinavam os dias fastos e defastos ("horoscopos"). Finalmente, pode distinguir-se um grupo dedicado ao servico de manutencao do Templo (Imiu-sete).

As mulheres tambem trabalhavam nos templos seguindo o mesmo regime de rotatividade dos homens. Frequentemente, essas mulheres eram esposas de sacerdotes. As mulheres poderiam ser cantoras (Chemait), musicas (Hesit), ou dancarinas (khebait). Durante o Imperio Antigo e o Imperio Novo, muitas mulheres de classe abastada serviram a Deusa Hator (Deusa do Ceu). No culto de Amon, o cargo mais importante ocupado por mulheres era o de "Adoradora Divina". As mulheres que ocuparam este cargo foram filhas ou irmas do Farao governante.


Caro(a) leitor(a) fico-me por aqui e penso que esta e uma cronica que embora nao tenha a Etiqueta de Cultura Geral por falta de espaco e tendo que ser sempre alguma coisa posta de fora nestes casos mais uma vez fica uma Cronica com um assunto que pode enriquecer a Cultura Geral de cada um sem o mesmo titulo nas etiquetas.

Considero que certamente muitas coisas mudaram entre os tempos do Antigo Egipto e os tempos de hoje mas creio que existem fortes semelhancas entre a adoracao aos deuses egipcios de antigamente com corpo de homem e cabeca de chacal ou aguia e os santos que hoje se mantem postos nos altares de algumas igrejas. A afirmacao pode ser polemica e chocante mas creio que muitos nao fundo nao me deixarao de dar uma certa razao.

Mais uma vez termino como sempre com os votos habituais de tudo de bom para cada leitor (a) e com a certeza de que cada vez mais este ano esta a ser notavel para o blog com as cronicas apresentadas a terem uma enorme qualidade e conteudo com potencial para se destacarem a seu tempo no Blog, abracos e ate a proxima, brevemente, espero.

                                                                                                     Manuel Goncalves

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