Página

domingo, 5 de janeiro de 2014

O Taxista

 
 
 Duarte, Simplesmente Duarte para os amigos, Duarte do Taxi para os conhecidos e vizinhos era assim que se poderia descrever o nome na apresentacao de mais um homem que vivia para o trabalho e que estava na flor da idade, reservado na personalidade mas simpatico por natureza, escolhera por opcao propria a noite para seu horario de trabalho que por graca respondia que o seu trabalho estava em andar sob rodas voltando sempre ao mesmo destino. Partia para onde o cliente entendesse e mal se punha a conduzir ja muitas vezes estava a conversa com os mesmos, procurava sempre saber se desejavam o radio com musica ou noticas e tinha por habito ter um conjunto de jornais desses gratuitos que oferecia aos clientes para irem entretidos se assim o desejassem durante a viagem.

Estava realmente na flor da idade quase acabado se sair da tropa e ter cumprido o servico militar que o fizera como voluntariado, porem uma heranca recente fizera com que conseguisse organizar a vida e passado poucos meses de comecar naquela vida deixara de ser Taxista por conta de outrem e comprara o seu proprio Taxi, sentia que era aquilo que queria fazer o resto da vida. Estava ja a pensar em comprar outro Taxi e por alguem a trabalhar para si, quanto ao resto que o ajudara a sentir-se um homem realizado fora a compra do apartamento onde morava todo ele pago a pronto e ainda ficara com algum dinheiro de reserva para uma emergencia ou simplesmente poupanca.

Viver fora de Lisboa nem pensar, fora daquele mundo e vida ainda muito menos e sentia que vivia para estar sentado com as maos ao volante era essa a sua posicao preferida, para si era uma verdadeira nova aventura ou epopeia cada vez que deixava a praca de taxis no aeroporto com um novo cliente para levar o mesmo ao destino desejado, habitualmente grande maioria da sua clientela eram homens porem ele preferia as mulheres, nao por ser mulherengo sabia separar as coisas era muito profissional e nunca agira de outra forma mas porque achava ele e os colegas as senhoras clientes mais simpaticas.

Na sua vida pessoal tudo estava ainda em tempos de espera como habitualmente se costuma dizer continuava solteiro mas como ele proprio lembrava havia um tempo para tudo, actualmente estava de coracao livre mas sabia que era por pouco tempo pretendentes e namoradas nunca lhe tinham faltado, considerava-se um homem charmoso e talvez bonito.

Era senhor do seu tempo, do seu nariz e de uma rotina diaria onde nada era diferente de um dia para o outro no entanto nao sentia desgaste de cansaco ou monotonia. Acabada a noite era altura de ir tratar do estomago como ele proprio frisava. O tratamento era no cafezinho tipico genero Taberna ou Tasca mas muito asseado ali mesmo ao lado de casa e onde toda a clientela ja estava familiarizada. Aquela hora da manha espalhada entre o final de mais uma noite e o inicio de um novo dia trincava uma bifana ou sandes de presunto com manteiga todas as manhas e numa golada de imperial tao calmo era aquele lugar nada parecido com o mesmo barulhento das noites de competicoes europeias em Futebol mas a familiaridade com o local dava-lhe a certeza que era ali o mesmo lugar.

Seguia para casa sentia-se orgulhoso de ter todas as comodidade ao seu dispor, uma casa com quatro assoalhadas, Tv plasma, Hi-fi, a ultima Playstation, Computador, Jacuzzi e tudo mais, desfazia a barba, lavava os dentes, tomava banho, desligava a aparelhagem onde tinha posto um Cd qualquer de musica romantica sua compra mais recente que costumava ouvir tambem no Taxi, embora ai ouvisse mais estacoes de radio por causa das noticias e do futebol como ali nao tinha televisao era a unica forma de se manter informado e actualizado na hora. Adormecia, era assim todas as manhas.

Acordava sempre por volta das duas da tarde e raramente com ajuda do despertador, ia almocar ao mesmo sitio onde horas antes havia tomado o Pequeno-Almoco, habitualmente gostava de almocar um peixe assado a carne ficaria para o Jantar que seria no mesmo lugar, bebia o seu copo de sangria de vinho branco ao Almoco ao Jantar como depois ia conduzir nunca consumia alcool.

Era sempre assim, o resto do dia passava-o a visitar museus e exposicoes sobretudo, sentia-se um homem reservado mas bem disposto e simpatico, no seu intimo estava ciente do perigo da sua profissao mas fora ele que a escolhera. Jamais esquecera quando no inicio de comecar naquela vida o episodio onde fora ajudar um colega seu que estava a ser vitima de assalto, recordava aquela noite em que apos o aviso da central que pelo radio captara a conversa e as ameacas do assaltante para o Taxista em minutos todos os taxistas livres correram em auxilio do colega, amigo ou camarada. Tudo terminara bem e da melhor maneira. Duarte ia agora comecar mais uma noite e mais um conjunto de aventuras e epopeias como ele lhe chamava, sorria ao cliente nao apenas por simpatia mas porque adorava faze-lo, amava ser Taxista.

                                                                                                                 Manuel Goncalves



3 comentários:

  1. Dedicado a todos os taxistas sobretudo nocturnos que com uma calma e simpatia enorme apesar do perigo vao desempenhando as suas funcoes.

    ResponderEliminar
  2. Gostei do teu relato, até me parece que puseste algo de autobiográfico, talvez inconscientemente. Parece-me que o personagem está de bem com a vida, será que o autor também está?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado Manuela, so nao entendim muito bem essa do autobiografico, o autor vai fazendo o que pode para viver a vida dele da melhor maneira tal como as personagens que cria. Ja me dizeram ontem quando me ligaram que notam que eu passo muitos tracos psicologicos, ideias, gostos e formas de ver e viver a vida minhas para as personagens, acredito que sim.

      Eliminar