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sábado, 7 de março de 2015

A Aposta



Como se ela fosse  premio de se ganhar um jogo, uma corrida de carros ou de cavalos foi assim que eles decidiram fazer as coisas, ela agora era um premio ou trofeu, o vencedor seria aquele que primeiro a conseguisse levar para a cama. 

Tudo comecara agora ali no refeitorio do pessoal que trabalhava no hospital e que era compartilhado e frequentado por medicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ate pelo pessoal auxiliar do hospital ela trabalhava para uma empresa de limpeza e estava agora destacada para trabalhar ali no hospital eles eram medicos ambos jovens e ainda estagiarios havia um diferenca entre ambos apesar da forte amizade e ligacao que era o estatuto social enquanto um era rico, menino mimado e nao habituado a perder para alem de ter tudo o que sempre quisera o outro era pobre, humilde e simples, nao escondia as suas origens humildes e pobres. Todos no hospital os viam como uma dupla inseparavel formada pelo Palhaco rico e o Palhaco pobre.

Angelo era o rico e pensava que com as suas condicoes de vida facilmente poderia conquista-la. Ela era pobre, via-se que muito pobre pela sua maneira de vestir, nao se via nunca um sinal que estivesse com roupas novas e de marca, sempre que apresentava uma roupa nova via-se que era usada o que indicava que ela se vestia a custa de roupas que lhe davam. Angelo tinha condicoes de a levar aos melhores restaurantes e locais de diversao e por fim certamente,  quase certo leva-la para a cama. Era para alem de rico, um jovem belo e de bom aspecto como poderia ele perder uma aposta para alguem como Amilcar, um amigo de verdade realmente mas o seu oposto e sem as mesmas condicoes que ele.

Amilcar era pobre e pensava agora que a aposta estava mais do que perdida, sorria ao lembrar-se que tinha feito a mesma mas nao se preocupava com a derrota em causa estava apenas o seu orgulho e nada mais ja que a aposta consistia apenas em ver qual deles levava primeiro aquela funcionaria da limpeza primeiro para a cama. Amilcar so agora comecava a poder vestir-se em condicoes, a usar perfumes de marca e tudo mais. Tudo custava dinheiro e isso fora o que faltara em sua casa na infancia so pudera estudar por causa de uma tia solteirona que gostava dele aceitar pagar os estudos daquele seu sobrinho e afilhado. Amilcar era puro, ingenuo e considerava de inicio que o facto dela vir de um percurso semelhante era uma forma de a poder conquistar afinal ambos tinham passado as mesmas dificuldades era como se falassem a mesma lingua. Agora pensava se conseguiria tudo isso combater o dinheiro e condicoes de Angelo.

Ela afinal quem era ela? Poucos sabiam. Ela como ate entao a viam chamava-se Elisabete e era um jovem bela dos seus vinte e poucos anos. A idade era incerta no maximo dos maximos 25 anos mas em poucos lugares mesmo nas capas de revista, nos filmes com as mais belas actrizes de cinema se podia encontrar alguem de semelhante beleza e ainda mais dificil encontrar alguem mais belo. Era uma jovem no entanto timida, nada amiga de conversar o que a tornava anti sociavel no entanto bastante prestavel e nunca faltara ao respeito a ninguem ou deixara o seu dever por cumprir, todos a viam como uma excelente funcionaria.

Angelo e Amilcar tomavam o cafe da regra matinal antes de irem para o  trabalho Angelo era Medico de Clinica Geral e ia pegar no banco das urgencias enquanto Amilcar era Cardiologista e ia ter uma operacao dentro de uma hora. Os dois amigos tinham acabado de combinar uma partida de Tenis para  o proximo sabado quando viram entrar na cantina aquilo que nao sabiam ka se era uma mulher se era uma Deusa, Elisabete entrou na cantina tentando evitar os olhares de aprovamento que todos lhe lancavam ja estava habituada mas nao deixava de ficar sempre perturbada quando isso acontecia.

O que se seguiu foi que nao se preocupando com mais nada nome, idade da rapariga os dois amigos fizeram uma aposta, nada de dinheiro, ganharia o primeiro que conseguisse arranjar maneira de se envolver com Elisabete ao ponto de a levar para a cama. A ideia partira de Angelo que sempre tivera tudo o que queria da forma mais facil. Amilcar aceitou a aposta estava habituado a conquistar tudo com muito esforco e dificuldade.

Se Angelo pensava que o seu dinheiro comprava tudo inclusivamente a simpatia de Elisabete estava completamente enganado a mesma vezes sem conta recusara aproximar-se do Medico e jamais aceitara os cafes que ele se propora oferecer chegando mesmo a fazer-lhe uma vinganca cotra ele. Angelo certa vez para arranjar pretexto para falar com ela deitou um copo descartavel num local onde ela tinha acabado de limpar como resposta ela mostrando uma enorme inocencia e querendo parecer que havia sido sem ser provocado despechou-lhe com um saco de lixo em cima.

Angelo comecou a ter a sensacao que o dinheiro nao comprava tudo ou pelo menos mais facilmente compraria a mais cara das joias, o mais caro dos carros do que o afecto ou simpatia de Elisabete, sentia pela primeira vez a sensacao do que era o fracasso.

Amilcar procurava uma forma de aproximacao mais discreta e se possivel ate fora do ambiente de trabalho e de o hospital porem no momento estava mais preocupado em arranjar casa onde morar ou seja dividir uma casa com outras pessoas os pais estavam na provincia e ele sozinho nao aquentava as despesas nao podia continuar a viver assim numa casa ainda que minuscula sozinho com o valor das rendas. Amilcar tambem nao queria pedir mais ajudas a tia e ao mesmo tempo tambem madrinha, tinha intencao de quando deixe o estagio e comecasse a trabalhar e a ter sucesso a serio com o primeiro dinhero que comecasse a ganhar pagar tudo o que a tia gastara com ele, com os seus estudos, livros, propinas, material, etc.

Elisabete chegara a casa tinha uma chamada no atendedor automatico do telefone, era a pedir informacoes sobre o quarto que estava para alugar em sua casa e fora visto num dos placares dos supermercados. Pousara a bebe que trazia consigo ao colo no chao.

Sim Elisabete na sua vida tinha um segredo que nao revelava a praticamente ninguem os pais tinham morrido num acidente de carro recentemente nao eram idosos e tinham tido uma filha que era irma de Elisabete e com a qual a mesma quisera ficar a seu encargo, nao falava isso com ninguem que nao estivesse envolvido consigo e com a sua vida pessoal, amava demais a irma mas tinha receio que se as pessoas de fora soubessem comecassem a pensar que a mesma era sua, logo ela que tinha ainda outro segredo um pouco mais intimo por revelar e esse nem os familiares e amigos intimos sabiam. Elisabete era virgem.

Decidira alugar um quarto vago na casa onde morava com a irma e que herdara dos pais, nao importava se fosse rapaz, rapariga ou pessoa ja de idade desde que visse que era um pessoa de classe, nivel e que aceitasse viver com uma bebe em casa desde que pagasse a renda do quarto e as despesas em comum da casa era somente isso que importava. Precisava urgentemente de dinheiro para pagar uma operacao da irma, para pagar os estudos dela propria e para ajudar a ter uma vida melhor. A ideia de Elisabete era depois de reunir o o dinheiro para a operacao da irma abrir uma conta no banco para a mesma e colocar na mesma conta metade do dinheiro que conseguisse fazer todos os meses com o aluguer do quarto. A ideia nao lhe agradava de manter um estranho em casa ainda para mais se fosse uma pessoa do sexo masculino com idade equivalente a dela e tambem nao lhe agradava ter alguem em casa com a irma de dois anos e pouco na mesma. Tinha que ser mesmo assim  ela nao suportava as despesas sozinha, tinha que ser assim enquanto nao terminasse a faculdade e se torna-se Advogada.

A campainha tocara colocara a irma a brincar no meio da sala e fora atender, abrira a porta e quase caira ao chao de surpresa, espanto e ate de medo era o Doutor Amilcar como todos lhe chamavam no hospital embora o mesmo fosse apenas estagiario ja era bastante reconhecido e respeitado no mesmo por mostrar muito potencial e indicar que tinha tudo para ter uma carreira brilhante pela frente.

Era tudo o que ela menos queria ver alguem conhecido mas nao de forma intima tomar conhecimento da sua vida que ela por vergonha ou preconceito procurava ocultar de todos os que a conheciam mas nao estavam particularmente envolvidos com ela.

Para Amilcar mediante a aposta que fizera era como ter todo o jogo na mao, trabalhar no hospital onde ela era funcionaria de limpeza, viver em casa dela era ter todos os trunfos que haviam faltado a Angelo ate entao, ela sem opcao de escolha aceitou ter o medico ate entao um praticamente desconhecido em sua casa, o dinheiro fazia falta e o mesmo hospede parecia ser quase inofensivo.

Amilcar procurou nao tirar proveito por estar tao proximo de Elisabete para ganhar a aposta  e nem falou disso acerca com Angelo fosse o que fosse queria deixar o tempo correr e ver no que ia dar, estava certo que Angela jamais o iria perdoar se soubesse a historia da aposta e se isso acontecesse ela tinha toda a razao.

Com Amilcar agora ali em casa Rita, ou a Ritinha como todos lhe chamavam nao podia ficar doente que o jovem Medico logo estava a ver o que se passava e a tratar sa situacao. Quando o mesmo soube do problema cardiaco orginado por uma deficiencia numa arteria decidiu que ele proprio iria fazer essa operacao e ate la iria tratar de tudo para que isso acontecesse o mais rapido possivel so lhes faltava mesmo o mais importante. Com dinheiro a vista Ritinha nao teria que estar a espera da operacao e seria operada em uma clinica particular com todos os cuidados.

Angelo acabou por saber da situacao do problema de Elisabete e decidiu que ele proprio iria pagar essa operacao. Em conversa com Amilcar o jovem e arrogante Medico mostrara-se ja um pouco mais humilde e aceitara a derrota estava decidido logo que termina-se o estagio a partir numa missao humanitaria para Africa.

Elisabete tomara conhecimento da aposta os dois jovens medicos se juntaram e lhe pediram desculpa por um dia terem feito aquela aposta e por a terem tratado ou visto como um trofeu, ela simplesmente lhes perdou e disse que tinha a certeza que estava diante de dois jovens mas de grandes homens, ficaram os tres grandes amigos intimos. Elisabete agradecia a Deus ter ter encontrado aqueles dois Angelo iria pagar a operacao de Ritinha e as despesas de uma das melhores clinicas onde a mesma cirugia iria ser realizada quanto a Amilcar iria realizar a mesma operacao nao havia razao para que a mesma guardasse algum magoa dos dois medicos pela aposta que tinham feitos e tinham-na feito sem sonhar que ela era virgem, sorria ao lembrar isso.

Dia decisivo Elsibate estava que nao se podia com os nervos a flor da pele. Angelo estava com ela na sala da clinica a espera de noticias enquanto na sala de operacoes Amilcar ia realizando a cirugia.

- Nao tens que temer vai correr tudo bem - tentou animar Angelo - o Amilcar sabe o que faz e esse e mesmo trabalho dele, jamais deixaria que acontecesse alguma coisa de mal a Ritinha e alem do mais ele adora-te.
- Adora-me! Como tens tantas certezas disso?
- Porque falamos, eu e ele falamos, sabes disso ele ama-te muito. Porque achas que eu deixei de insistir na aposta? Foi porque vi que nao seria justo estar a meter-me no meio de duas pessoas que se amam.
- Quem te disse que eu amo o Amilcar! - questionou com surpresa. - O meu unico amor, a minha razao de viver esta naquela sala de operacoes mas nao e o Medico e a paciente.
- Basta olhar para voces para ver que nasceram um para o outro, Elisabete nao percas o Amilcar ele adora-te.
- Por acaso acho que nao andas a ver nada mal - sorriu - mas demos tempo ao tempo e por falar nisso acho que vou invadir aquela sala se a operacao demora muito mais tempo.

Nao foi preciso chegar a tanto passado minutos Amilcar chegou-se perto deles no um sorriso que dava a certeza que tudo correra da melhor maneira. Amilcar explicou que agora seria so o processo de recuperacao mas que isso nao era nada de preocupante.

Ritinha ja estava em casa naquela manha era Amilcar que a tinha ido levar ao infantario tinha o dia livre porque tinha tirado o dia para levar Angelo ao aeroporto que estava de partida para uma missao humanitaria da UNICEF. Regressou a casa onde Elisabete o esperava tinha ficado em casa a estudar para os exames finais da faculdade recebeu Amilcar com um abraco e um beijo como nunca lhe tinha dado embora tivessem comecado a namorar recentemente.

- Vem senta-te aqui quero falar contigo. - Pediu enquanto pegando na mao dele seguiu em direccao ao sofa da sala. - Acho que esta na hora, posso vir a arrepender-me mas agora e isso que quero.
- Tudo bem! Mas que se passa?
- Acho que chegou a hora de te tornar vencedor da aposta.

Entre um sorriso de ambos foram-se envolvendo, beijando e entrando no quarto de Elisabete onde ate entao ele Amilcar nunca havia entrado e estava ali ja a quase um ano. Amilcar ganhou a aposta mas queria mais o sentimento de vitoria era duplo, ganhara a aposta e a virgindade de Elisabete.

Amilcar ja tinha a vida mais organizada e queria comprar uma casa para ele que fosse maior mas custava-lhe a ideia de deixar a casa de Elisabete a mesma tambem ja tinha terminado o curso e tudo corria bem. Foi num convite para Jantar que Amilcar ganhou coragem e no final do Jantar a pediu em casamento, pedido esse que ela nem pensou recusar.

Com Angelo como padrinho de Amilcar e com todos os amigos, familiares e pessoal do hospital que o casamento e realizou e pela felicidade de ambos dava a certeza que aquele casamento era um casamento para toda a vida.

                                                                                                                   Manuel Goncalves




1 comentário:

  1. Muito bem! O dinheiro, mesmo sendo importante, nunca deve ser o critério para uma relação, para mim, pelo menos, nunca foi. Já agora, acabei de ler um artigo que achei muito interessante e compartilho: http://thephilosophersmail.com/relationships/how-we-end-up-marrying-the-wrong-people/

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