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quarta-feira, 15 de julho de 2015

Uma Escolha Dificil



A vida era assim mesmo ao longo da mesma tinha-se que fazer montes de escolhas e por vezes nem sempre se fazia a melhor ou a mais sensata mas aquela que aparentemente a primeira vista parecia ser a mais facil, so que nem sempre era assim.

A paixao por tudo o que dizia respeito a danca em particular o Ballet fizera a jovem Carla abdicar de tudo, deixara os estudos e uma possivel ida para a faculdade para depois o sonho de ser Medica tinha que esperar eram duas carreiras exigentes e a mesma tivera que escolher uma. Assim como deixara para tras tantas outras coisas comuns nos jovens como as noitadas. Vivia para aquele sonho tornar-se Bailarina profissional para estar em melhor forma a alimentacao era a mais saudavel, tabaco e bebidas alcoolicas era coisa que jamais soubera o que era.

Deixara a escola depois de ser aceite no conservatorio e nao media esforcos para mostrar o seu talento a vida de Artista nao era facil mas ninguem a obrigara a escolher a mesma e na verdade tudo aquilo que ela estava a realizar era ver o seu sonho, o seu unico sonho tornar-se real.

De facto nem tudo eram aplausos no mundo do Ballet Classico mas os mesmos compensavam qualquer sacrificio especialmente quando o publico presente na sala de espetaculos aplaudia de pe.

Jamais poderia esquecer aquele olhar de um rapaz jovem e aparentemente de beleza rara e apesar da distancia e dos poucos metros que separava o palco da plateia embora ele tivesse na primeira fila nao deixaram de trocar sorrisos envergonhados do genero de quem se acaba de apaixonar a primeira vista, algo estranho logo com ela que nunca acreditara nesse tipo de amor e considerava isso alem de irreal como paixoes platonicas, o amor era algo que se construia com o tempo e nao a primeira vista com uma simples troca de olhares.

Sentia que estava a poucos metros de um "Deus" grego  quando na verdade ele era um humano, fora das ultimas bailarinas a abandonar o palco e correu para o camarim fosse la o que fosse aquilo era uma estupidez, uma mera atraccao, nao passava disso e ela nao tinha tempo a perder com essas coisas era preciso recordar-se que tinha mais era de concentrar-se no trabalho isto se queria ser uma das seleccionadas na Europa a ir para a ir fazer parte da Companhia de Ballet Classico do Teatro Bolshoi que por muitos era considerada a melhor Companhia de Ballet do mundo, apos a renovacao do teatro em 2011 estavam agora tambem a renovar os artistas, musicos, bailarinos, etc e ela estava n bom caminho.

Nada seria assim tao simples o "Deus" grego estava a espera dela na rua junto a porta dos artistas e afinal nada tinha de divino era bem humano, estava ali a sua frente e ate tinha nome, chamava-se Daniel.

O primeiro frente a frente foi banal meteram conversa, apresentaram-se e confessaram achar inexplicavel o que acontecera no final do espectaculo. Convidou-a a irem cear qualquer coisa na cervejaria onde habitualmente os artistas iam depois dos espectaculos terminarem.

Foi ja sentados na mesa que ela decidiu que naquela noite ia cometer exageros e mandou vir uma pizza igual a dele nao conseguiu imita-lo na bebida nem pensou nisso quantas vezes melhor  sumo natural de frutos tropicais do que uma imperial.

Carla foi escutando e conversando. Daniel era bom conversador mas tambem um bom ouvinte. Era Jogador de Futebol na equipa B do Benfica ainda era Junior e estava a espera de uma oportunidade para se revelar, quando ela lhe perguntou se ele marcava muitos golos ele sorriu e confidenciou que na sua posicao era dificil mas ja tinha marcado alguns de bolas paradas, penaltys, livres directos, Daniel era Guarda Redes.

Conversa puxa conversa e sairam dali quase intimos mas porque tinham horarios a cumprir tinham que ir para casa, ele so pudera estar ali ate aquela hora porque era a noite que antecedia ao seu dia de folga e ela tambem tinha obrigacoes de estar em casa a uma certa hora. Levou-a a casa de carro e confessou-lhe que ele era um daqueles chamados "Betinhos" de Cascais, eis a razao porque tao jovem em inicio de carreira desportiva a nivel profissional e tinha um carrao daqueles, a porta de casa dela puxou do telemovel, trocaram os numeros e um beijo no rosto que futuramente prometia ir mais longe e a boca estava ali tao perto pensaram ambos, entretanto ele tirou um papel do bolso era um bilhete para ela ir assistir ao proximo jogo da Seleccao de Juniores portuguesa na qual ele era Guarda Redes titular.

Nunca tivera num estadio mas estava ali no momento a espera de ve-lo ao longe desta vez seria ele a estar diquemos que no palco so que o espectaculo dele era outro. Estava numa zona de primeira classe e via tudo na perfeicao apos tocar o Hino Nacional conseguiu que ele a encontra-se com um olhar fez-lhe adeus e ele sorriu, acenou-lhe tambem.

Portugal nao fizera um jogo particularmente fantastico mas a vitoria por 1-0 chegava para garantir o apuramento para o proximo Mundial de Juniores, entretanto dois minutos para jogar contra ataque rapido do adversario e quando um jogador contrario surgiu isolado frente a Daniel um colega da defesa nao conseguiu cortar a bola sem fazer penalty. Vermelho directo e agora se o jogo terminasse 1-1 ja nao seria um bom resultado estariam praticamente de fora os portugueses, injusto demais pensavam todos no estadio e estava tudo nas maos de Daniel, ele podia ser  heroi se defendesse aquele penalty e essa era a sua especialidade.

O adversario correu para a bola durante a corrida Daniel viu-lhe nos olhos que ia atirar para o lado esquerdo o seu lado forte ja que era canhoto por natureza, remate potente e bem colocado mas a ponta dos dedos de Daniel fizeram meio milagre a bola bate no poste e sem ter entrado por completo na baliza sai para fora mandavam as regras e todos sabiam quais eram as mesmas a bola tinha de entrar por completo, Daniel era o heroi no final do jogo, os colegas queriam abraca-lo, os amigos dar-lhe os parabens os jornalistas entrevista-lo e ele, ele so queria estar com Carla.

Finalmente livres e sos foi com ela que ele foi comemorar aquela vitoria e o resto pouco importava, tinha tido uma exibicao de classe e com a lesao do titular do Benfica estando o segundo Guarda Redes castigado era mais do que certo que seria ele o puto da equipa B depois daquela exibicao a ir defender as balizas do clube encarnado no proximo Derby de Lisboa, mas ele, ele so queria estar com Carla.

O  beijo avassalador acontecera pouco depois e a corrida para o hotel tambem iam passar uma noite de amor inesquecivel talvez. Ela pensava se ele nao estaria a pensar que ela era uma rapariga facil demais mas se era isso que em que ele pensava entao iria ter uma bela surpresa, Carla era virgem.

Ja deitados e depois de fazerem amor falavam dos planos que tinham para a suas carreiras ela so queria ir para a tal companhia de bailado em Moscovo e ele sorriu semanas antes tivera uma conversa com o seu Empresario e havia tambem um clube russo a procura de um bom Guarda Redes se faltavam hipoteses agora com aquela vitoria sobre a Russia certamente Daniel tinha todas as hipoteses para comecar a despertar interesse no tal clube.

Carla sentia-se diferente e nem a confirmacao de que a companhia moscovita a queria contratar a fizera sentir diferente, o namoro com Daniel alterara certas coisas em si, pensava agora de uma forma diferente e na forma como via o amor, mas ela sabia que nao era isso.

Algo a preocupava, mais um dia e aquele atraso nada comum ela sempre fora muito regular, correra a farmacia e comprara o teste depois dos mesmos serem feitos o resultado dera positivo, ela estava gravida.

Daniel aceitou as coisas com naturalidade e a familia igualmente mas nada era assim tao simples e facil, ela nao podia ter um bebe agora, naquele momento a carreira ficaria em risco com aquela paragem no minimo de um ano ou mais. Iriam partir em digressao brevemente e com tudo aquilo bem podia esquecer a ida para a companhia de bailado em Moscovo, a Companhia de Ballet Classico do Teatro Bolshoi nao a iria aceitar naquelas condicoes e poderiam nao estar dispostos a esperar tanto tempo por ela e ao mesmo tempo era a oportunidade da sua vida, talvez unica na sia carreira.

Queria tanto aquele bebe e sabia que Daniel tambem, ele deixara tudo nas maos dela mas sabia que se decidisse pelo aborto a tristeza do mesmo seria enorme, ja falava em oferecer a defesa de um penalty ao filho e tudo mais. Ela queria aquela crianca o tempo passava e ja nao podia quase praticar e ensaiar receava fazer algo mal ao bebe que agora estava a gerar.

Nao, nao podia ter aquela crianca dizia-lhe o outro lado oculto do seu pensamento de forma nenhuma nao podia ser. Tantos anos de esforcos, de horas a ensaiar, de treinos no ginasio e tudo mais a carreira estava em perigo jamais iria ser como a sua idola Agripina Yakovlevna VaGganova um nome que tanto lhe custava a pronunciar mas que era a sua referencia maxima no mumdo do Ballet Classico.

A companhia em Lisboa fora clara com ela com aquela gravidez ate mesmo o contrato com a mesma estaria em risco e a ida para Moscovo isso era para esquecer, estava decidida tinha mesmo que ser iria ter um filho ou filha um dia mas nao seria certamente nos tempos proximos, iria culpar-se por isso a vida toda mas tinha mesmo que ser, ser mae era algo para um futuro ainda longe.

Ligara para Daniel que a fora buscar para a levar a clinica perguntou-lhe ainda se era mesmo aquil que ela queria ao que a mesma lhe respondeu que sim, abracou-o pediu-lhe desculpa ele disse que a entendia a carreira dele tambem estava acima de quase tudo mas referiu que nao da vida humana.

No carro o silencio era forte e nem se ouvia o radio tocar como era habitual ambos sabiam que nao era aquilo que queriam mas era aquilo que tinha de ser feito, era  caminho mais facil.

O transito estava parado mas nao por causa dos semaforos la mais a frente havia um acidente entre um carro e uma moto com o vidro da janela da porta aberto Carla pode ouvir dizer que o da moto ja foi levado daqui em estado de cadaver, os pais estavam ali mais a frente haviam sido chamdos. Carla olhou para a frente e viu um casal abracado a chorar como nunca vira ninguem chorar na vida. Pensou se a dor de perder um filho nao era mais forte que perder uma carreira de Bailarina e teve naquele momento a certeza que sim.

Daniel sabia o que lhe ia no pensamento e estava na esperanca que toda aquela cena a fizesse mudar de ideias e fe-lo Carla chorava com as maos sob a barriga e so dizia que queria aquele filho, era mais importante que tudo na vida, ele nao pedira para estar ali, mandou Daniel virar na proxima rotunda iam sim para uma clinica fazer uma ecografia talvez ja desse para ver se era menina ou menino.

Sairam do carro, abracados, nao sabiam qual seria o futuro da carreira de Carla como Bailarina mas ja tinham a certeza iam mesmo ter aquele filho, certamente que sim, embora a escolha tivesse sido tao dificil.

                                                                                                             Manuel Goncalves
                    

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