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domingo, 5 de julho de 2015

Os Escritores Portugueses Com Honras de Panteao Nacional

 

Panteao Nacional para muitos a maior das honras que uma personalidade ja falecida pode ter. Embora Portugal tenha 6 panteoes so um e que e mesmo apontado como o grande Panteao extactamente o Panteao Nacional os restantes sao o Panteao dos Bragancas, Mosteiro de Santa Cruz, Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaca, Panteao dos Patriarcas de Lisboa e claro o Pantea Nacional situado tambem em Lisboa na Igreja de Santa Engracia.

Tambem um pouco pela Europa algumas cidades especialmente as capitais tem os seus panteoes onde se podem encontrar personalidades famosas das mais diversas areas e que cometeram os mais diversos feitos como o caso do Panteao de Paris que tem sepultados Alexandre Dumas, Emile zola, Marie Curie e Pierre Curie, Victor Hugo, Voltaire entre outros. Igualmente poderia falar do Panteao de Roma.

Como devem calcular falando do titulo da cronica a mesma nao passa so pelo Panteao Nacional como envolve igualmente as personalidades que la se encontram e sao de facto alguns dos mais importantes escritores portugueses embora dos meus favoritos nao se encontre de facto la nenhum presente Camilo Castelo Branco encontra-se no Cemiterio da Lapa no Porto, Eca de queiros encontra-se no Cemiterio de Santa Cruz em Baiao enquanto os poetas Luis Vaz de Camoes e Fernando Pessoa se encontrem ambos no Mosteiro dos Jeronimos em Lisboa embora o primeiro seja quase dado como certo ser completamente improvavel que seja os restos mortais do mesmo  que estao no tumulo. A razao apresentada foi porque o mesmo foi primeiro enterrado numa vala comum em estado de extrema pobreza acontece que ao dar-se o terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755 os terrenos sofreram alteracoes pelo que quando foram levantar os restos mortais para o conduzirem para o Mosteiro dos Jeronimos em 1880 e quase dado como certo que nao levaram os restos mortais do Poeta e o que ali esta e tudo simbolismo e uma forma no fundo de homenagear o grande Poeta e Heroi Nacional

Voltando ao Panteao Nacional onde se encontram personalidades como Teofilo Braga, Sidonio Pais, Oscar Carmona e Manuel de Arriaga todos eles politicos que foram presidentes da republica, Humberto Delgado e Amalia Rodrigues encontram-se no mesmo Panteao os escritores que esta cronica pretende homenagear e que sao Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, Joao de Deus e a Escritora e Poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. Poderiam estar muitos outros como Antonio de Oliveira Salazar, Florbela Espanca, Vasco Santana ou Jose Hermano Saraiva mas por vezes uma ida para  o Panteao Nacional alem do aprovamento parlamentar passa tambem pela a aprovacao da familia do falecido. Eusebio e ja dado como certo que vai para o Panteao Nacional no proximo dia 3 de Julho e o recem falecido Manuel de Oliveira tambem e uma hipotese e espero que isso venha a acontecer sobretudo para reunir num so edificio algumas das mais prestigiadas personalidades nao so da Politica Portuguesa do cinema ou literatura mas em geral da Cultura Portuguesa. A forma como escolhi para apresentar e falar dos escritores que ai se encontram pela data de nascimento, falecimento ou ida para de ida para o Panteao Nacional. Desta vez deu-me para falar dos mesmos escritores seguindo uma ordem alfabetica segundo o nome pelos quais os mesmos escritores se tornaram mais conhecidos.


Joao Baptista da Silva Leitao de Almeida Garrett e mais tarde ainda 1.º Visconde de Almeida Garrett (4 de Fevereiro de 1799 - Lisboa, 9 de Dezembro de 1754) foi um Escritor, Poeta, Dramaturgo Romantico, Politico, Orador, Par do Reino, Ministro e Secretario de Estado honorario portugues.

Almeida Garrett como habitualmente e conhecido foi um dos impulsionadores do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do Romantismo portugues, foi ele tambem quem propos a edificacao do Teatro Nacional de Dona Maria II e tambem a criacao do Conservatorio de Arte Dramatica.

Entre muitas homenagens ao Escritor apos a sua morte foi-lhe posto o seu nome numa Biblioteca na cidade do Porto.

Joao Leitao da Silva veio ao mundo no dia 4 de Fevereiro de 1799, na antiga Rua do Calvario, n.ºs 18, 19 e 20 (actualmente e a Rua Dr. Barbosa de Castro n.ºs 37, 39 e 41), na freguesia da Vitoria, na cidade do Porto, segundo filho de Antonio Bernardo da Silva, Selador-Mor da Alfandega do Porto, e de Ana Augusta d'Almeida Leitao. Passou a sua infancia, altura em que alterou o seu  nome para Joao Baptista da Silva Leitao, tendo acrescentado o sobrenome Baptista do padrinho e trocando a ordem dos seus apelidos, na Quinta do Sardao, em Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia), propriedade pertencente a seu avo materno Jose Bento Leitao. Algum tempo mais tarde viria a escrever algo acerca desse mesmo proposito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No periodo de sua adolescencia foi viver para os Acores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleao Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruido pelo tio, Dom Alexandre, que era o Bispo de Angra do Heroismo. De seguida partiu para o continente. Ja em 1816 encontrava-se em Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1818 adoptou em definitivo os apelidos Almeida Garrett (Garrett seria o apelido da sua avo paterna que era irlandesa, vindo para Portugal no sequito de uma Princesa) apelidos esses pelos quais ficou para sempre conhecido, passando a fazer a assinatura como sendo Joao Baptista da Silva Leitao de Almeida Garrett. Ja em 1821 publicou O Retrato de Venus, trabalho que fez com que fosse processado por ser considerado materialista, ateu e imoral, acabando por vir a ser absolvido.


Almeida Garrett participou na Revolucao Liberal de 1820, de seguida foi para o exilio em Inglaterra em 1823, apos a Vilafrancada. Antes disso casou-se com uma jovem senhorita, Luisa Midosi, era muito jovem mesmo tinha apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o Movimento Romantico um dos Movimentos Literarios, descobrindo assim autores, escritores e dramaturgos como Shakespeare, Walter Scott e outros autores, passou a visitar castelos feudais, ruinas de igrejas ou abadias goticas, vivencias que se reflectiriam na sua obra posterior.

Em 1824, pode partir para Franca e assim o fez, nessa mesma viagem e epoca escreveu o muitissimo conhecido Camoes (1825) e Dona Branca (1826, nao tao conhecido como o anterior mas nao menos importante), poemas geralmente considerados como as primeiras obras da Literatura Romantica em Portugal. Ainda no ano de 1826 foi chamado e regressou a Patria com os ultimos emigrados dedicando-se entao ao jornalismo, fundando e dirigindo o jrnal diario O Portugues (1826-1827) e  semanario O Cronista (1827). Garrett tambem colaborou na Revista Universal Lisboense (1841-1859) e na semana de Lisboa (1893-1895).

Teria no entanto de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei tradionalista Dom Miguel I. Ainda no ano de 1828 perdeu sua filha recem-nascida. Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828).

Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim Antonio de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833. Tambem fundou o Jornal "Regeneracao" em 1851 a proposito do Movimento Politico de regeneracao.

A vitoria do Liberalismo permitiu-lhe regressar e instalar-se novamente em Portugal, apos uma curta estadia em Bruxelas na Belgica como Consul-Geral e Encarregado de negocios, onde le Schiller, Goethe e Herder. Novamente em Portugal exerceu alguns cargos politicos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como sendo um dos maiores oradores nacionais da altura. Foram da sua ideia e iniciativa a criacao do Conservatorio de Arte Dramatica, da Inspeccao-Geral dos Teatros, do Panteao Nacional e do Teatro Normal (Actualmente Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Almeida Garrett procurou sobretudo renovar a producao dramatica nacional segundo os canones ja vigentes no estrangeiro. Com a vitoria cartista e o regresso de Costa Cabral ao Governo, Garrett afasta-se da vida politica mas nao em definitivo somente ate 1852. No entanto, em 1850 subscreveu, com mais 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa mais conhecida por "lei das rolhas".

A vida do Escritor Almeida Garrett foi tao apaixonante quanto a sua propria obra. Revolucionario nos anos de 1820 e 1830, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dandi, ou janota, tornando-se arbitro de elegancias e principe dos saloes mundanos. O Escritor foi de facto um homem de muitos amores, considerado uma especie de homem fatal. Foi em 1821, em plena representacao de sua tragedia Catao, Drama Classico, que se apaixonou perdidamente por uma jovem de 14 anos, Luisa Candida Midosi, de seu nome, com quem se casaria onze meses depois, a 11 de Novembro de 1822 ele proprio era um jovem de 23 anos. Foi contudo um casamento infeliz tendo o casal acabado por separar-se em 1836 (suspostamente a causa da separacao fora por adulterio da parte dela; ela voltaria a casar-se era afinal ainda uma jovem embora desde o casamento se tivessem passado ja 14 anos mas ela ainda nao chegara aos 30 anos; casou com um tal Alexandre Desire Letrillard). Garrett passou entao a viver amancebado com Adelaide Deville Pastor, de 17 anos (continuava a ter tendencia para se apaixonar e envolver-se com mulheres mais novas), viveu assim ate a morte desta, em 1841. Tiveram uma filha, Maria Adelaide (que mais tarde viria a casar e tivera descendencia) cujo infortunios e ilegitimidade inspiraram e levaram o pai a escrever a Peca Teatral Frei Luis de Sousa (1843).

Mais tarde, Garrett veio a tornar-se amante de Rosa Montufur y Infante, uma certa Fidalga espanhola que era filha do 3º Marques de Selva Alegre, mulher de Joaquim Antonio Velez Barreiros, 1º Barao e 1º Visconde de Nossa Senhora da Luz e por duas vezes (277º e 286º) Comandante da Ordem da Imaculada da Conceicao de Vila Vicosa, Ministro e Governador de Cabo Verde, a quem celebrou no seu ultimo e provavelmente melhor livro de poemas, Folhas Caidas.

Segundo filho do Selador-Mor da Alfandega do Porto, acompanhou a familia quando esta se viu obrigada a refugiar nos Acores, onde tinha propriedades, fugindo assim da segunda invasao francesa quando as tropas de Napoleao Bonaparte com um exercito comandado pelo Marechal Soult que entrando em Portugal por Chaves se dirigiu para o Porto, ocupando-o.

Garrett passou entao a adolescencia na ilha Terceira, tendo sido destinado a partida para seguir a vida eclesiastica, devendo entrar na Ordem de Cristo, por intercedencia do tio paterno, Frei Alexandre da Sagrada Familia, Bispo de Malaca e depois de Angra do Heroismo.

Em 1816, tendo regressado ao continente, inscreveu-se na Universidade, na Faculdade de leis (segundo parece a ideia de seguir a vida eclesiastica ja estava posta de parte), sendo que entrou ai em contacto com os ideais liberais. Em Coimbra organiza uma loja maconica, que sera depois frequentada por alunos da Universidade como o caso de Manuel Passos. Em 1818, comeca a usar o apelido Almeida Garrett, assim como toda a sua restante familia.

Almeida Garrett participa entusiasticamente na revolucao de 1820, da qual parece ter tido conhecimento atempado, como parece provar a poesia, As ferias, escrita em 1819. Enquanto Dirigente Estudantil e Orador defende o vintismo com ardor escrevendo um Hino Patriotico recitado no Teatro de Sao Joao. Em 1821, funda a Sociedade dos Jardineiros, e volta aos Acores numa viagem de possivel motivacao maconica. Novamente de regresso ao continente, estabelece-se em Lisboa, onde continua a publicar seus escritos patrioticos. Concluindo a licenciatura em Novembro desse ano.

Ainda em Coimbra publica o poema libertino O Retrato de Venus, que lhe vale ser acusado de materialista e ateu assim como de <<abuso da liberdade de imprensa>>, de que seria absolvido ja em 1822. Torna-se depois disso Secretario Particular de Silva Carvalho e Secretario de Estado dos Negocios do Reino, ingressando em Agosto na respectiva Secretaria, com o posto de Chefe de Reparticao da Instrucao Publica. No fim do mesmo ano, em 11 de Novembro, casa com Luisa Midosi.

A Vilafrancada, o colpe militar de Dom Miguel que, em 1823, acaba com a primeira experiencia liberal em Portugal, leva-o para o exilio. Estabelece-se em Marco de 1824 no Havre, cidade portuaria francesa na foz do Sena, mas em Dezembro esta desempregado, facto que o leva a ir viver para Paris. Nao lhe sendo permitido o regresso a Portugal, volta ao seu antigo emprego no Havre. Em 1826 esta de volta a Paris, para ir trabalhar na Livraria Aillaud. A esposa Luisa Midosi regressa a Portugal.

E finalmente amnistiado apos a morte de Dom Joao VI, regressando depois novamente a Portugal com os ultimos emigrados, apos a Outorga Carta Constitucional, reocupando em Agosto o seu lugar na Secretaria de Estado. Em Outubro comeca a editar <<O Portugues, diario politico, literario e comercial>>, acabando por ser preso em finais do ano seguinte. Libertado, volta novamente ao exilio em Junho de 1828, devido ao restabelecimento do regime tradicional por Dom Miguel I, De 1828 a Dezembro de 1831 vive novamente em Inglaterra, indo no entanto depois tambem novamente viver em Franca, onde se integra num batalhao de cacadores, e mais tarde, em 1832, parte para os Acores local onde tambem ja havia vivido integrado na expedicao comandada por Dom Pedro IV. Tambem ainda nos Acores transfere-se para o Corpo Academico, sendo mais tarde chamado, pelo Estadista, Jurisconsulto e Politico Mouzinho da Silveira, para ser Secretario de Estado do Reino.

Participa na expedicao liberal que desembarca no Midelo e ocupa a cidade do Porto em Julho de 1832. No Porto e reintegrado como Oficial na Secretaria de Estado do Reino, acumulando a mesma funcao com o trabalho na comissao encarregada do projecto de Criacao do Codigos Criminal e Comercial.

Em Novembro parte para uma missao a varias cortes europeias, mas a missao e dissolvida em Janeiro e Almeida Garrett ve-se abandonado em Inglaterra, indo para Paris onde se encontra com a mulher.

So com a ocupacao de Lisboa em julho de 1833, consegue apoios para assegurar o seu regresso, que acontece ja em Outubro, Em 2 de Novembro e nomeado Vogal-Secretario da Comissao de Reforma Geral dos Estudos. E por essa altura que tera se instalado no Palacio dos Condes de Almada (tambem conhecido por Palacio da Independencia ou Palacio de Almada), em Lisboa, onde reunia a referida comissao. Em Fevereiro do ano seguinte e nomeado Consul-Geral e encarregado de negocios na Belgica, onde chegara em Junho, mas e de novo abandonado pelo proprio governo.

Regressa entao a Portugal em principios de 1835, regressando ao seu posto em Maio. Estava em Paris, em tratamento, quando foi substituido sem aviso previo na Embaixada belga. E nomeado Embaixador na Dinamarca, e demitido mesmo antes de abandonar a Belgica.

Estes sucessivos abandonos por parte dos governos cartistas, levam Garrett a envolver-se com o Movimento  Politico de ideais de politica mais a esquerda de um Movimento Liberal conhecido como Setembrismo, dando assim origem ao inicio da sua carreira parlamental. Logo em 28 de Setembro de 1836 e incumbido de apresentar uma proposta para o teatro nacional, o que faz propondo a organizacao de uma Inspeccao-Geral dos Teatros, a edificacao do Teatro Nacional de Dona Maria II e a criacao do Conservatorio de Arte Dramatica. Os anos de 1837 e 1838, sao preenchidos nas discussoes politicas que levarao a aprovacao da Constituicao de 1838, e na propria renovavao do teatro nacional.

Em 20 de Dezembro e nomeado Cronista-Mor do Reino, organizando logo no principio de 1939 um curso de Leituras publicas de Historia. No ano seguinte o curso versa a <<historia politica, literaria e cientifica de Portugal no Seculo XVI>>.

Em 15 de Julho de 1841 ataca violentamente o entao Ministro Antonio Jose d'Avila, num discurso a proposito da Lei da Decima, o que viria a implicar e originar a sua passagem para a oposicao, e provoca a sua demissao de todos os cargos publicos que ocupa no momento. Em 1842, opoem-se a restauracao da Carta proclamada no Porto por Costa Cabral. Eleito Deputado nas eleicoes para a nova Camara dos Deputados cartista, recusa qualquer nomeacao para comissoes parlamentares, como toda a esquerda parlamentar. No ano seguinte faz violentos ataques ao Governo Gabralista, que compara ao absolutista.

E neste ano de 1843 que comecou a publicar, na Revista Universal Lisbonense, as Viagens na Minha Terra, descrevendo a viagem ao Vale de Santarem comecada em 17 de Julho. Anteriormente, em 6 de Maio, tinha lido no Conservatorio Nacional uma memoria em que apresentou a peca de teatro Frei Luis de Sousa, fazendo a primeira leitura do drama.

Continuando a sua forte oposicao ao Cabralismo, participa na Associacao Eleitoral, dirigida por Sa da Bandeira, assim como nas eleicoes de 1845, onde foi um dos 15 membros da minoria da oposicao na nova Camara. Em 17 de Janeiro de 1846, proferiu um discurso em que considerava a minoria com representante da <<grande nacao dos oprimidos>> pedindo em 7 de Maio a demissao do Governo, e em Junho a convocacao de novas Cortes.

Com o despoletar da Revolucao da Maria da Fonte, e da Guerra Civil da Patuleia, Almeida Garrett que apoia o movimento, tem que passar a andar escondido, reaparecendo em Junho, com a assinatura da Convencao do Gramido.

Com a vitoria cartista e o regresso de Costa Cabral ao Governo, Almeida Garrett e afastado da vida politica, ate 1852. Em 1849, passa uma breve temporada em casa de Alexandre Herculano (outro grande Escritor, Historiador, Jornalista e Poeta portugues da era do Romantismo) na Ajuda. Em 1850, subscreve com mais de 50 outras personalidades um Protesto contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, mais conhecida por «lei das rolhas». Costa Cabral nomeia-o, em Dezembro, para a comissao do monumento a Dom Pedro IV.

Com o fim do Cabralismo e o comeco da Regenaracao, em 1851, Almeida Garrett e consagrado oficialmente. E nomeado Sucessivamente para a redaccao das instrucoes ao projecto de lei eleitoral,  como plenipotenciario nas negociacoes com a Santa Se, para a Comissao de Reforma da Academia das Ciencias, Vogal na comissao das bases da lei eleitoral, e na comissao de reorganizacao dos servicos publicos, para alem de Vogal do Conselho Ultramarino, e de estar encarregado da redaccao do que ira ser o Acto Adicional a Carta.

Por vontade e decreto do Rei Dom Pedro V, datado de 25 de Junho de 1851, Garrett e feito Visconde de Almeida Garrett, em vida (tendo o titulo sido posteriormente renovado por duas vezes). Em 1852 detem, por poucos dias, a pasta dos Negocios Estrangeiros em Governo presidido pelo Duque Saldanha.

Em 1852 e eleito novamente Deputado, e de 4 a 17 de Agosto sera Ministro dos Negocios Estrangeiros. A sua ultima intervencao no Parlamento sera em Marco de 1854 em que ataca o Governo na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhaes.

Garrett falece a 9 de Dezembro de 1854, vitima de um cancro de origem hepatica, na sua casa situada na Actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, Lisboa. Foi de inicio sepultado no Cemiterio dos Prazeres, em Lisboa, tendo sido trasladado a 3 de Maio de 1903 para o Mosteiro dos Jeronimos. Finalmente os seus restos mortais foram posteriormente trasladados para o Panteao Nacional da Igreja de Santa Engracia aquando do termino deste edificio. A mesma cerimonia ocorreu em homenagem a si e a mais outras ilustres figuras portuguesas, entre os dias 1 e 5 de Dezembro de 1966.


Obras publicadas:

Primeiras edicoes ou representacoes:

. Lucrecia. (1819).
. Merope. (1820) - (nao chegou a ser representada).
. O Retrato de Venus; Catao. (1821) - (representado a 29 de Setembro, no Teatro do Bairro Alto, a S. Roque).
. O Toucador. (1822).
. Camoes. (1825).
. Dona Branca. (1826).
. Adozinda. (1828)
. Lirica de Joao Minimo; Da Educacao. (1829) - (Ensaio).
.  Portugal na Balanca da Europa. (1830) - (Ensaio).
. Um Auto de Gil Vicente. (1838) - (representado no Teatro Nacional da Rua dos Condes).
. O Alfageme de Santarem. (1841) - (1842 segundo algumas fontes; representado no Teatro Nacional da Rua dos Condes).
. Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomo 1. (1843).
. Frei Luis de Sousa. (1843) - (representado no teatro particular da Quinta do Pinheiro).
. O Arco de Sant'Ana - tomo 1; Flores sem fruto. (1845).
. Viagens na minha terra. (1846).
. Dona Filipa de Vilhena. (1846) - (representada em 1840 mas publicada apenas em 1846, inclui Falar Verdade a Mentir e Tio Simplicio; representada no teatro da Rua do Salitre, por alunos do Conservatorio Dramatico).
. As profecias do Bandarra. (1848).
. Um Noivado no Dafundo. (1848).
. A sobrinha do Marques. (1848).
. Memoria Historica de J. Xavier Mouzinho da Silveira. (1849).
. O Arco de Sant'Ana. - tomo 2. (1850).
. Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomos 2 e 3. (1851).
. Folhas Caidas. (1853).
. Discursos parlamentares e Memorias Bigraficas. (1871) - (Antologia Postuma).

Publicacoes periodicas:

. O cronista. (1827).
. Memorias de uma Africa sofrida, (1830).

Bibliografia ordenada e completa:

Poemas:

. Hino Patriotico, poema. (Porto, 1820).
. Ao corpo academico, poema. (Coimbra, 1821).
. Retrato de Venus, poema. (Coimbra, 1821).
. Camoes, poema. (Paris, 1825).
. Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. (Paris, 1826) - (pseud. de F. E.).
. Adozinda, poema. (Londres, 1828).
. Lyrica de Joao Minimo. (Londres, 1829).
. Miragaia, poesia. (Lisboa, 1844). - (eBook).
. Flores sem fruto, poesia. (Lisboa, 1845).
. Os Exilados, A Senhora Rossi Caccia, poesia. (Lisboa, 1845).
. Folhas caidas, poesia.(Rio de Janeiro e depois Lisboa, 1853).
. Camoes, poema, (. 4ª ed. revista com estudo de Camilo Castelo Branco. Porto, 1854).

Obras postumas de Poesia:

. Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. (Porto Alegre, 1859).
. Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. (Nova York, 1860).
. Bastardo do Fidalgo, poema. (Porto, 1877).
. Odes Anecreonticas: Ilha Graciosa. (Evora, 1903).
. A Analia, poesia inedita de Garrett. (Lisboa, 1932) - (redac, Porto 1819).
. Magrico ou Os Doze de Inglaterra, poema. (Coimbra, 1948).
. Afonseida, ou Fundacao do Imperio Lusitano, poema. (Lisboa, 1985) - (pseud. Josino Duriense, redac, Angra do Heroismo 1815-1816).
. Poesias, Despersas. (Lisboa, 1985).
. Magrico e Os Doze de Inglaterra, poema incompleto. (Lisboa, 1914).

Pecas teatrais:

. Catao, tragedia. (Lisboa, 1822).
.  O corcunda por amor. (Lisboa, 1822) - (edicao conjunta com Catao).
. Catao, tragedia. (Londres, 1830).
. Catao, tragedia. (Rio de Janeiro, 1833).
. Merope, tragedia. (Lisboa, 1841).
. Um Auto de Gil Vicente. (Lisboa, 1842).
. Frei Luis de Sousa. (1843) - (eBook).
. Catao, tragedia. (Lisboa, 1845).
. Dona Filipa de Vilhena, comedia. (Lisboa, 1846).
. Falar Verdade a Mentir, comedia. (Lisboa, 1846).
. A Sobrinha do Marques. (1848).
. Camoes do Rossio, comedia. (Lisboa, 1852) - (co-autoria de Inacio Feijo).
 
Obras postumas de Pecas teatrais:

. Um noivado no Dafundo ou Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso: proverbio n'um acto. (redac., Lisba, 1847). (Lisboa, 1857).
. Impromptu de Sintra. comedia. (redac., Sintra, 1822). - (Lisboa, Guimaraes, Libanio [1898] ).
. Atala, drama. (redac., Coimbra, 1817). - (Lisboa, 1914 [inacabado] ).
. Lucrecia, tragedia. (redac., Coimbra, 1819). - (Lisboa, 1914).
. Afonso de Albuquerque, tragedia. (redac., Coimbra, 1819). - (Lisboa 1914 [inacabado] ).
. Sofonisba, tragedia. (redac., Coimbra, 1819). - (Lisboa, 1914 [inacabado] ).
. O Amor da Patria, elogio dramatico. (redac., Coimbra, 1819). - (Lisboa, 1914).
. La Lezione Agli Amanti, opera bufa. (redac., Porto, 1819-1820). - (Lisboa, 1914).
. Conde de Novion, comedia. (redac., Lisboa). - (Lisboa, 1914).
. Edipo em Colona, tragedia. (redac., ilha Terceira (Acores), 1816; revisao, Coimbra 1818). - (Lisboa, 1952 [inacabado] ).
. Ifigenia em Tauride, tragedia. (redac., ilha Terceira (Acores), 1816). - (Lisboa, 1952 [inacabado] ).
. Falar Verdade a Mentir, comedia. (redac., Lisboa). - (Rio de Janeiro, 1958).
. As Profecias do Bandarra, comedia. (redac., Lisboa, 1845). - (Lisboa, 1877).
. Os Namorados Extravagantes, drama. (redac., Sintra, 1822). - (Coimbra, 1974).

Artigos, ensaios, biografias e folhetos:

. Proclamacoes Academicos, folhetos. (Coimbra, 1820).
. O Dia Vinte e Quatro de Agosto, ensaio politico, 53 p. (Lisboa, 1821).
. Aos Mortos no Campo da Honra de Madrid, folheto. (Lisboa, Jornal da Sociedade Literaria Patriotica, 1822).
. Da Europa e da America e de Sua Mutua Influencia na Causa da Civilizacao e da Liberdade, ensaio politico. (Londres, 1826).
. Da Educacao. (Londres, 1829).
. Portugal na Balanca da Europa: do que tem sido e do que ora lhe convem ser na nova ordem de coisas no mundo civilizado. (Londres, 1830).
. Relatorio dos Decretos nº 22, 23 e 24 (Reorganizacao da Fazenda, Administracao Publica e Justica, folheto. (Lisboa, 1832).
. Manifesto das Cortes Constituintes a Nacao, folheto. (Lisboa, 1837).
. Necrologia do Conselheiro Francisco Manuel Trigoso de Aragao Morato. (Lisboa, 1838).
. Relatorio  ao Projecto de Lei sobre a Propriedade Literaria e Artistica. (Lisboa, 1839).
. Memoria Historica do Conselheiro A. M. L. Vieira de Castro. (Lisboa, 1843).
. Conselheiro J. B. de Almeida Garrett, autobiografia. (Lisboa, 1844).
. Memoria Historica da Duquesa de Palmella: D. Eugenia Francisca Xavier Telles da Gama. (Lisboa, 1845).
. Memoria Historica do Conde de Avilez. (1ª ed., Lisboa, 1845).
. Da Poesia Popular em Portugal, ensaio literario. (Lisboa, 1846).
. Sermao pregado na dedicacao da Capela de Nª Srª  da Bonanca, folheto. (Lisboa, 1847).
. A Sobrinha do Marques, 176 p. (Lisboa, 1848).
. Memoria Histórica de J. Xavier Mousinho da Silveira. (Lisboa, 1849).
. Protesto Contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, abaixo-assinado / folheto. (Lisboa, 1850). - (subscrito a cabeca por Alexandre Herculano e mais cinquenta personalidades, contra o projecto de <<lei das rolhas>> apresentado pelo Governo).
. Necrologia de D.ª Maria Teresa Midosi. (Lisboa, 1950).

Obras postumas de Artigos, ensaios, biografias e folhetos:

. Discursos Parlamentares e Memorias Biographicas, 438p. (Lisboa, 1871, Imprensa Nacional).
. Necrologia do Sr. Francisco Krus; Monumento ao Duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein. (Lisboa, 1899). - (redac., Lisboa, 1839).
. Memorias Biograficas. (Lisboa, 1904, Empreza da Historia Nacional).
. Necrologia a Morte de D. Leocadia Teresa de Lima e Melo Falcao Vanzeler. (Lisboa, 1904). - (redac., Lisboa, 1848).
. Apontamentos Biograficos do Visconde D'Almeida Garrett, autobiografia. (Porto, 1916).
. Entremez dos Velhos Namorados que Ficaram Logrados, Bem Logrados. (Lisboa 1954) - (redac., 1841).

Romances, cancioneiros e contos:

. Bosquejo da Historia da Poesia e da Lingua Portuguesa. (Paris, 1826).
. Lealdade, ou a Vitoria da Terceira, cancao. (Londres, 1829).
. Romanceiro e Cancioneiro Geral, vol. I. (Lisboa, 1843).
. O Arco de Sant'Ana, romance, vol. I. (Lisboa, 1845, na Imprensa Nacional).
. Viagens na Minha Terra, romance. (Lisboa, 1846, Typ. Gazeta dos Tribunais). - (Vol. I. (eBook), Vol II. (eBook), I e II Vol. juntos (eBook).
. O Arco de Sant'Ana, romance,Vol. II,   (Lisboa, 1850, na Imprensa Nacional).
. Romanceiro e Cancioneiro Geral, Vols. II e III. (Lisboa, 1851).

Obras postumas de Romances, cancioneiros e contos:

. Helena: fragmento de um romance inedito. (Lisboa, 1871).
. Memorias de Joao Goradinho, aventuras picarescas. (Lisboa, 1881) - (redac., 1825).
. Joaninha dos olhos verdes. (Lisboa, 1941).
. Komurahi - Historia Brasileira, conto. (1956) - (redac., 1825).
. Cancioneiro de romances, xacaras e solaus e outros vestigios da antigas poesia nacional. (Lisboa, 1987). - (redac., 1824).

Cartas e diarios:

. Cartas de Guia para Eleitores, em Que se Trata da Opniao Publica, das Qualidades para Deputado e do Modo de as Conhecer, ensaio politico. (Lisboa, 1826).
. Carta de M. Cevola ao futuro editor do primeiro jornal liberal que em portugues se publicar, panfleto politico. (Londres, 1830) - (pseud.: Mucio Cevola).
. Carta sobre a origem da lingua portuguesa, ensaio literario. (Lisboa, 1844).

Obras postumas de Cartas e diarios:

. Diario da minha viagem a Inglaterra. (Lisboa, 1881) - (redac., Birmingham, 1823).
. Cartas a Agostinho Jose Freire, 132 p. (Lisboa, 1904) - (redac., Bruxelas 1834).
. Cartas intimas, edicao revista, coordenada e dirigida por Teofilo Braga. (Lisboa, 1904, Empresa da Historia de Portugal 172 p.).
. Cartas de Amor a Viscondessa da Luz. (Lisboa, 1955).
. Correspondencia do Conservatorio. (Lisboa 1995) - (redac. Lisboa, 1836-1841).
. Cartas de Amor a Viscondessa da Luz.

Discursos:

. Oracao Funebre de Manuel Fernandes Tomas. (Lisboa, 1822).
. Parnaso Lusitano ou Poesias Selectas de Autores Antigos e Modernos, 5 v. (Paris, 1826-1827).
. Elogio Funebre de Carlos Infante de Lacerda, Barao de Sabrozo. (Londres, 1830).
. Da formacao da segunda Camara das Cortes: discursos pronunciados pelo deputado J. B. de Almeida Garrett nas sessoes 9 a 12 de Outubro de 1837. (Lisboa, 1837, Imprensa Nacional).
. Discurso do Sr. Deputado pela Terceira J. B. de Almeida Garrett na discussao. (Lisboa, 1840).
. Discussao da Resposta ao Discurso da Coroa, pronunciado na sessao de 8 de Fevereiro de 1840. (Lisboa, 1840).
. Discurso do Sr. Deputado por Lisboa J. B. de Almeida Garrett, na discussao da Lei da Decima. (Lisboa, 1841).
. Elogio Historico do Scio Barao da Ribeira de Saborosa. (Lisboa, 1843).
. Parecer da Comissao sobre a Unidade Literaria. (Lisboa, 1846) - (dito Parecer sobre a Neutralidade Literaria, da Associacao Protectora da Imprensa Portuguesa, assinado por Rodrigo da Fonseca Magalhaaes, Visconde de Juromenha, Alexandre Herculano e Joao Baptista de Almeida Garrett).

Obras postumas de Discursos:

. Politica: reflexoes e opusculos, correspondencia diplomatica 2 v. (Lisboa, 1904).

Participacao em Publicacoes periodicas:

. Toucador - Periodico sem politica, dedicado as senhoras portuguesas. (Lisboa, 1822) - (direccao e redaccao).
. Heraclito e Democratico. Ano III, (4 marc.), [nº unico] (Lisboa, 1823).
. Portugues - Diario politico, literario e comercial. (Lisboa, 1826-1827) - (direccao e redaccao).
. Cronista - Semanario de politica, literatura, ciencias e artes. (Lisboa, 1827) - (direccao e redaccao).
. Chaveco Liberal, vol. I, 1-17. (Londres, 1829) - (direccao e redaccao).
. Precursor. (Londres, 1831).
. Portugues Constitucional. (1836).
. Entreacto: Jornal de Teatros. (Lisboa, 1837) - (fundacao, direccao e redaccao).
. Jornal do Conservatorio. (Lisboa, 1839-1840) - (fundacao, direccao e redaccao).
. Jornal das Belas-Artes. (Lisboa, 1843-1846) - (fundacao).
. Ilustracao - Jornal Universal. (Lisboa, 1845 - 1846) - (fundacao).

Algumas Obras disponiveis em formato digital na internet:

. Biblioteca Digital Garrettiana.
. Obra de Almeida Garrett no Project Gutenberg.
. Obras completas de Almeida Garrett. Grande edicao popular, ilustrada. (Prefaciada, revista, coordenada e dirigida por Theophilo Braga. Lisboa: Empreza da Historia de Portugal / Livraria Moderna, 1904). 2 volumes. (digitalizado em archive.org) Tomo I: Poesias - Teatro.

Garret na Biografia, teses de mestrado e doutoramento de outros autores:

. Amorim, Francisco Gomes de. Garrett, memorias biographicas. (Lisboa, 1881, Imprensa Nacional)
. Crabee-Rocha Andree, O Teatro Inedito de Garrett. (Coimbra: [s.n.], 1949).. Crabee-Rocha, Andree, O Teatro de Garrett. Tese de doutoramento em Filologia Romanica pela Universidade de Coimbra. (Coimbra: [s.n.], 1954).. Fernandes, Domingos Manuel. Biographia politico-literaria do visconde de Almeida Garrett. Typ. luso-brittannica de W.T. Wood (Lisboa, 1873). . Ferreira, Maria Gabriela Rodrigues, Jornal do Conservatorio: Comedia e drama de Almeida Garrett. Lisboa: Fronteira do Caos, 2010. (Tese de mestrado Faculdade de Letras / Universidade do Porto, 2007). Marinho, Cristina, "O jovem Garrett: fundamentos franceses de um teatro nacional", em Marinho, Cristina (1998), Teatro frances em Portugal: entre a alienacao e a consolidacao de um Teatro Nacional (1737-1820). Tese de doutoramento em Literatura Comparada. Porto: Faculdade de Letras /  Universidade do Porto. .. Monteiro, Ofélia Paiva, A Formação de Almeida Garrett: experiência e criação. Tese de doutoramento em Filologia Românica. (Coimbra 1971) - (Centro de Estudos Romanicos, 1971. 2 volumes).. Monteiro, Ofélia Paiva, Os namorados extravagantes: uma peça inédita da juventude de Garrett. (Coimbra, 1974).
. Monteiro, Ofélia Paiva, O essencial sobre Almeida Garrett. Lisboa, 2001: Imprensa Nacional-Casa da Moeda).
. Motta Junior, Jose Carlos A. Escorco litterario e politico do Visconde d'Almeida Garrett, Typ. Conflanca. (Braga, 1902).


No Seculo XIX e tambem em boa parte do Seculo XX, a obra literaria de Almeida Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da lingua e Literatura Portuguesa, inferior apenas a de Camoes (nao concordo visto preferir Camilo Castelo Branco e Eca de Queiros a Almeida Garrett). A critica do Seculo XX (notavelmente Joao Caspar Simoes) veio questionar esta mesma apreciacao, assinalando os aspectos mais fracos da producao Garrettiana.

No entanto, a sua obra conservara para sempre o seu lugar na historia da Literatura Portuguesa (isso realmente e inquestionavel), pelas inovacoes que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que lhe seguiram. Garret, ate pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece para alguns ser considerado o Autor mais representivo do Romantismo em Portugal.

Dados pessoais de Almeida Garrett:

Nome: Joao Baptista da Silva Leitao de Almeida Garrett.
Nascimento: Porto, 4 de Fevereiro de 1799.
Morte: Lisboa, 9 de Dezembro de 1854 (55 anos).
Nacionalidade: Portugues.
Genero: Poesia, romance, contos, biografias.
Ocupacao: Escritor, Dramaturgo, Poeta, Politico, Diplomata, Ministro e Secretario de Estado Honorario.
Educacao: Direito.
Alma Mater: Faculdade de Leis.
Obra(s) de destaque: Lucrecia, Um Auto de Gil Vicente, Folhas Caidas, Frei Luis de Sousa, Viagens na Minha Terra.


Aquilino Gomes Ribeiro (Sernancelhe, Carregal, 13 de Setembro de 1885 - Lisboa, 27 de Maio de 1963) foi um Escritor portugues.

Aquilino Ribeiro como vulgarmente e conhecido e considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do Seculo XX. Inicia a sua obra em 1907 com o folhetim "A Filha do Jardineiro" e depois em 1913 com os contos de Jardim das Tormentas e com o romance A Via Sinuosa, 1918, e mantem sempre uma enorme qualidade literaria na maioria dos seus textos, publicados com frequencia e regularidade e consegue igualmente um enorme exito e aceitacao tanto do publico como da propria critica da epoca.

Foi um dos que foi apontado de estar implicado no Regicidio de 1 de Fevereiro de 1908 em que foram assassinados o Rei Dom Carlos e o Princepe Real Dom Luis Filipe e sobreviveu o filho mais novo o Infante Dom Manuel que viria a ser o Rei Dom Manuel II ultimo Rei do Reino de Portugal e a sua mae a Rainha Dona Amelia agora tambem viuva do falecido Rei Dom Carlos. Tem uma Biblioteca com o seu nome em Moimenta da Beira.


Cronologia de Aquilino Ribeiro:

. 1885 - Nasce no Carregal (Concelho de Sernancelhe) no dia 13 de Setembro, filho natural mais novo de Joaquim Francisco Ribeiro e de Mariana do Rosario Gomes, tal como sua irma Maria do Rosario e seus irmaos Melchior e Joaquim. E baptizado na Igreja Matriz dos Alhais (Concelho de Vila Nova de Paiva).
. 1895 - Frequentava o Colegio da Lapa. Faz o exame de instrucao primaria.
. 1900 - Entra no Colegio de Lamego, em Lamego. Estuda Filosofia em Viseu. Entra depois no Seminario de Beja, obedecendo ao desejo da mae que queria ve-lo tornar-se Sacerdote.
. 1903 - Por falta de vocacao, abandona os seus estudos durante a primeira parte do curso de Teologia no Seminario de Beja e fixa-se em Lisboa.
. 1904 - Regressa a Soutosa (Concelho de Moimenta da Beira).
. 1906 - Vai para Lisboa. Colabora no jornal republicano A Vanguarda.
. 1907 - Em parceria com Jose Ferreira da Silva escreve A Filha do Jardineiro, obra de ficcao de propaganda republicana e de critica as figuras do regime.
. 1907 - Entra para a Loja Montanha do Grande Oriente Lusitano, em Lisboa, a convite de Luz de Almeida.
. 1907 - E presso por ser Anarquista na sequencia de uma explosao no seu quarto na Rua do Carriao, a 28 de Novembro, em Lisboa, na qual morre um carbonario.
. 1908 - Evade-se da prisao em 12 de Janeiro e durante a clandestinidade em Lisboa mantem os contactos com os regicidas, refugiado numa casa de Meira e Sousa, na Rua Nova do Almada, em frente da Boa Hora.
. 1910 - Estuda na Faculdade de Letras da Sorbone (Paris, Franca). Vem a Portugal apos o 5 de Outubro e regressa a Paris, onde conhecera a futura esposa, Grete Tiedemann.
. 1912 - Reside alguns meses na Alemanha.
. 1913 - Casa com Grete Tiedemann e regressa a Paris. Publica o livro Jardim das Tormentas.
. 1914 - Nasce o primeiro filho Anibal Aquilino Fritz Tiedemann Ribeiro. Declarada e iniciada a Primeira Guerra Mundial, Aquilino regressa a Portugal, sem ter terminado a licenciatura.
. 1915 - E colocado como Professor no Liceu Gamoes, onde ficara durante tres anos.
. 1918 - Publica A Via Sinuosa.
. 1919 - Entra para a Biblioteca Nacional de Portugal, a convite de Raul Proenca. Convive com o chamado grupo da Biblioteca onde pontificam Jaime Cortesao e o ja referido Raul Proenca. Publica Terras do Demo, e a primeira versao do seu conto "Valeroso Milagre" na Revista Atlantida (nº 32), cujo a trama se passa no Mosteiro de Nossa Senhora da Assuncao de Tabosa, situado na sua freguesia natal, aquando das invasoes francesas. E na Biblioteca Nacional que Aquilino Ribeiro e procurado por pessoas de suas relacoes para lhe mostrarem uma Acta do Regicidio.
. 1921 - Integra a Direccao da revista Seara Nova.
. 1922 - Publica O Malhadinhas integrado no livro Estrada de Santiago, o qual inclui tambem uma nova versao do "Valeroso Milagre".
. 1927 - Entra na revolta de 7 de Fevereiro, em Lisboa. Exila-se em Paris. No final do ano regressa a Portugal, clandestinamente. Morre a primeira a sua primeira mulher, Grete Tiedemann.
. 1928 - Entra na revolta de Pinhel. Encarcerado no presidio de Fontelo (Viseu), evade-se e volta a Paris.
. 1929 - Casa em Paris com Jeronima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado.
. 1929 -Em Lisboa e julgado a revelia em Tribunal Militar, e condenado.. 1930 - Nasce-lhe o segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado que viria a ser o 60.º Presidente da Camara Municipal de Lisboa - (1977-1979).
. 1931 - Vai viver para a Galiza.
. 1932 - Volta a Portugal clandestinamente.
. 1933 - Recebe o Premio Ricardo Malheiros da Academia das Ciencias de Lisboa, pelo seu livro As Tres Mulheres de Sansao.
. 1935 - E eleito socio correspondente da Academia das Ciencias de Lisboa.
. 1946 - Publica Aldeia, Terra, Gente e Bichos.
. 1951 - Publica Geografia Sentimental.
. 1952 - Faz uma viagem ao Brasil onde e homenageado por escritores e artistas, na Academia Brasileira de Letras.
. 1956 - E fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.
. 1957 - Publica A Casa Grande de Romarigaes.
. 1958 - Publica Quando os Lobos Uivam. E nomeado socio efectivo da Academia das Ciencias de Lisboa. E militante da candidatura de Humberto Delgado a presidencia da Republica portuguesa.
1960 - E proposto para o Premio Nobel da Literatura por Francisco Vieira de Almeida, proposta subscrita por Jose Cardoso Pires, David Mourao-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Jose Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Mario Soares, Vitorino Nemesio, Abel Manta, Alves Redol, Luisa Dacosta, Vergilio Ferreira, entre muitos outros.
. 1961 - Vai a Londres e Paris.
. 1962 - Nasce-lhe a primeira neta, Mariana, a quem dedica O Livro da Marianinha.
. 1963 - E homenageado em varias cidades do pais por ocasiao dos cinquenta anos de vida literaria. Morre no dia 27 de Maio. Nessa mesma hora, a Censura comunicava aos jornais nao ser mais permitido falar das homenagens que lhe estavam a ser prestadas. E sepultado no Cemiterio dos Prazeres.
. 1974 - E publicado o livro de memorias Um Escritor Confessa-se. Como escreve Jose Gomes Ferreira no prefacio Aquilino sabe mentir a verdade.
. 1980 - Vila de Oeiras. um livro sobre a vila de Oeiras.
. 1982 - A 14 de Abril e agraciado a titulo postumo com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.
. 2007 - A Assembleia da Republica decide homenagear a sua memoria e conceder aos seus restos mortais as Honras de Panteao Nacional. A cerimonia de trasladacao para a Igreja de Santa Engracia (Lisboa) ocorreu a 19 de setembro desse mesmo ano, nao obstante objeccoes por parte de alguns grupos de cidadaos devido ao seu suposto envolvimento no Regicídio de 1908.


A linguagem de Aquilino Ribeiro caracteriza-se fundamentalmente por uma excepcional riqueza lexicologica e pelo uso de construcoes frasicas de raiz popular, cheias do mais sincero e puro provincianismos.

Aquilino Ribeiro foi sobretudo um estilista e, por isso, a sua linguagem vernacula e arejada, frequentemente condimentada nos dialogos com diversas expressoes entre grotescas e satiricas.

Apesar de ter optado por uma literatura de tradicao, Aquilino procurou ao longo da sua vida uma renovacao continua de temas e processos, tornando-se assim muito dificil sistematizar a tematica da sua vastissima obra.

Num tambem numero consideravel de obras, Aquilino reflete, ainda que destorcidas pela imaginacao, cenas da sua vida: o convivio com as gentes do campo, a educacao ministrada pelos sacerdotes, as conspiracoes politicas, as fugas rocambolescas, os exílios.

Ate 1932, ano em que fixa residencia na Cruz Quebrada, Aquilino procurou ao longo da sua vida, todos os ambientes, contextos e personagens que Aquilino cria, remetem para a sua querida Beira natal.  O Malhadinhas, Andam Faunos pelos Bosques e Terras do Demo constituem o melhor exemplo desta situacao. De facto, ver-nos-emos, com uma extrema facilidade, envolvidos com personagens provincianas, beiras, os seus costumes, tradicoes e modos de falar tipico. Aquilino como Escritor nao pode ser enquadrado em nenhhuma das escolas ou tendencias da sua epoca.

Tem colaboracao na segunda Serie da Revista Alma Nova (1915-1918) comecada a publicar na cidade algarvia de Faro ainda em 1914 na revista luso-brasileira Atlantida (1915-1920), na ilustracao (1926-?), no Jornal Miau (1916) e na Revista dos Centenarios publicada por ocasiao da Exposicao do Mundo Portugues,

Obras publicadas:

Biografias:

. Luis de Camoes, Fabuloso e verdadeiro, um ensaio em dois volumes (1950).
. O Romance de Camilo. (1956) - (a mais importante Biografia de Camilo Castelo Branco jamais escrita e publicada).

Contos:

. A Filha do Jardineiro. (1907).
. Jardim das Tormentas. (1913).
. Valeroso Milagre. (1919).
. Estrada de Santiago. (1922) - (onde se inclui o Malhadinhas).
. Quando ao Gavião Cai a Pena. (1935).
. Sonhos de uma Noite de Natal. (1934).

Memorias:

. Cinco Reis de Gente. (1948).
. Um Escritor Confessa-se. (1974).

Obras para a Infancia e juventude:

. Romance da Raposa. (1924).
. Arca de Noe I, II e III. (todos de 1936).
. O Livro da Marianinha. (1967) - (lengalengas e todilhas em prosa rimada).

Romances e novelas:

. A Via Sinuosa. (1918).
. Terras do Demo. (1919).
. Filhas da Babilonia. (1920).
. Andam Faunos pelos Bosques. (1926).
. O Homem Que Matou o Diabo. (1930).
. A Batalha sem Fim. (1932).
. As Tres Mulheres de Sansao. (1932).
. Maria Benigna. (1933).
. Aventura Maravilhosa. (1936).
. S. Bonaboiao, Anacoreta e Martir. (1937).
. Monica. (1939).
. O Servo de Deus e a Casa Roubada. (1941).
. Volframio. (1943).
. Lapides Partidas. (1945).
. Caminhos Errados. (1947).
. O Arcanjo Negro. (1947).
. A Casa Grande de Romarigaes. (1957).
. Quando os Lobos Uivam. (1958).
. Arcas Encoiradas. (1962).
. Casa do Escorpiao. (1963).

Historia:

. Os avos dos nossos avos. (1943).
. Príncipes de Portugal. Suas grandezas e miséperias. (1952).

Na Cultura popular:

Televisao:

. Biografia produzida pela RTP com autoria e apresentacao de Oscar Lopes.
. "O Homem que Matou o Diabo", adaptacao do romance, filme produzido pela RTP em 1979, emitido como serie. Com Herman Jose, Joao Guedes e Ana Zanatti.
. O Romance da Raposa foi adaptado para uma Serie de Televisao, de 13 episodios de 13 minutos cada, em 1988. A serie foi produzida pela RTP, Topfilme e Telecine. A adaptacao esteve a cargo de Marcello Morais, os dialogos e letras das cancoes foram escritos por Maria Alberta Meneres e a musica foi de autoria de Jorge Machado. Ricardo Neto criou as personagens. A animacao esteve a cargo de Artur Correia e Ricardo Neto.
. Quando os lobos uivam foi adaptado ao cinema numa producao, de 2008, da RTP.
. Aquilino Ribeiro e personagem da Serie O Dia do Regicidio produzida pela RTP em 2008.


Dados pessoais de Aquilino Ribeiro:

Nome: Aquilino Gomes Ribeiro.
Nascimento: Carregal, Sernancelhe, 13 de Setembro de 1885.
Morte: Lisboa, 27 de Maio de 1963 (77anos).
Nacionalidade: Portugues.
Generos: Romance, novela, conto, biografias, literatura infantil, cronicas.
Ocupacao: Escritor, Professor, Cronista.
Educacao: Ensino.
Alma mater: Faculdade de Letras de Sorbone (nao termina o curso).
Obra(s) de destaque: Terras do Demo, O Malhadinhas, Andam Faunos pelos Bosques, O Romance da Raposa, Cinco Reis de Gente, A Casa Grande de Romarigaes, Quando os Lobos Uivam.


Abilio Manuel Guerra Junqueiro (Freixo de Espada a Cinta, 15 de Setembro de 1850 - Lisboa, 7 de Julho de 1923) foi um alto Funcionario Administrativo, Politico, Deputado,Diplomata, Jornalista, Escritor e Poeta. E considerado o Poeta mais popular de sua epoca e o mais tipico representante da chamada "Escola Nova". Um Poeta planfetario, a sua poesia ajudou a criar o ambiente revolucionario que veio a conduzir a Implantacao da Republica. Foi entre 1911 e 1914 o Embaixador de Portugal na Suica (o titulo era. "Ministro de Portugal na Suica"). Guerra Junqueiro formou-se em Direito na Universidade de Coimbra.

Nasce em Freixo de Espada a Cinta a 15 de Setembro de 1850, filho de um Negociante e Lavrador abastado de nome Jose Antonio Junqueiro e de sua mulher D. Ana Guerra. A mae no entanto faleceu quando Guerra Junqueiro contava com apenas tres anos de idade.

Estudou os chamados estudos preparatorios em Braganca, matriculando-se em 1866 no curso de Teologia da Universidade de Coimbra. Compreendendo mais tarde que nao tinha vocacao para a vida religiosa, dois anos depois, transferiu-se para o curso de Direito. Terminou o curso 1873.

Entretanto no funcionalismo publico da epoca, foi Secretario-Geral do Governador Civil dos distritos de Angra do Heroismo e de Viana do Castelo.

Em 1878, foi eleito Deputado pelo circulo eleitoral pertencente a Macedo de Cavaleiros.

 
Cronologia de Guerra Junqueiro:

. 1850 - Nasce no lugar de Linhares, Freixo de Espada a Cinta.
. 1864 - <<Duas paginas dos catorze anos>>.
. 1866 - Frequenta o curso de Teologia na Universidade de Coimbra.
. 1867 - <<Vozes Sem Eco>>.
. 1968 - <<Baptismo de Amor>>. Matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
. 1873 - <<Espanha Livre>>. Colaboracao de Guerra Junqueiro em <<A Folha>> de Joao Penha. E Bacherel em Direito.
. 1874 - <<A Morte de D. Joao>>.
. 1875 - Primeiro numero de <<A Lanterna Magica>> em que colabora.
. 1878 - E nomeado Secretario-Geral do Governador Civil em Angra do Heroismo.
. 1879 - <<A Musa em Ferias>> e <<O Melro>>. Adere ao Partido Progressista. E transferido de Angra do Heroismo para Viana do Castelo e eleito para a Camara dos Deputados.
. 1880 - Casa a 10 de Fevereiro com Filomena Augusta da Silva Neves. A 11 de Novembro nasce a filha Maria Isabel.
. 1881 - Nasce a filha Julia. Interditada por demencia vem a ser internada no Porto.
, 1885 - «A Velhice do Padre Eterno». Criacao do movimento «Vida Nova» do qual Guerra Junqueiro e simpatizante.
. 1887 - Segunda viagem de Guerra Junqueiro a Paris.
. 1888 - Constitui-se o grupo <<Vencidos da Vida>>. <<A Legitima>>.
. 1889 - Falece a sua esposa, Filomena Augusta Neves, facto que lamentara ate ao fim dos seus dias.
. 1890 - «Finis Patriae». Guerra Junqueiro e eleito deputado pelo circulo de Quelimane.
. 1895 - Vende a maior parte das colecoes artisticas que acumulara ao longo da vida.
. 1896 - <<A Patria>>. Parte para Paris.
. 1902 - <<Oracao ao Pao>>.
. 1903 - Reside em Vila do Conde.
. 1904 - <<Oracao ao Pao>>.
. 1905 - Visita a Academia Politecnica do Porto e instala-se nessa cidade.
. 1908 - E candidato do Partido Republicano pelo Porto.
. 1910 - E nomeado Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario da Republica Portuguesa junto da Confederacao Suica, em Berna.
. 1911 - Homenagem a Guerra Junqueiro na cidade do Porto.
. 1914 - Exonera-se das funcoes  de Ministro Plenipotenciario.
. 1920 - <<Prosas Dispersas>>.
. 1923 - Morre a 7 de Julho em Lisboa.
. 1966 - O seu corpo e solenemente trasladado quarenta e tres anos apos a sua morte para o Panteao Nacional da Igreja de Santa Engracia, em Lisboa, numa cerimonia ocorrida para homenagear tambem outras ilustres figuras entre os dias 1 e 5 de Dezembro. Antes disso encontrava-se no Mosteiro dos Jeronimos.


Guerra Junqueiro iniciou a sua carreira literaria de maneira bastante promissora em Coimbra no jornal literario A folha, dirigido pelo tambem Poeta Joao Penha, do qual mais tarde foi redactor. Aqui cria relacoes de amizade com alguns dos melhores escritores e poetas do seu tempo, grupo geralmente conhecido por Geracao de 70.

O mesmo Guerra Junqueiro desde muito novo comecou a manifestar um notavel talento poetico. O seu talento nao so poetico mas tambem literario nao conseguia passar despercebido a quase ninguem e poucos ficavam indiferentes ao mesmo talento de Junqueiro, e ja em 1868 o seu nome era incluido entre os dos mais esperancosos da nova geracao de poetas portugueses. No mesmo ano, no opusculo intitulado "O Aristarco portugues", apreciando-se o livro "Vozes sem eco", publicado em Coimbra no ano de 1867 pelo proprio Guerra Junqueiro, ja se prognosticava um futuro um futuro brilhante e auspicioso ao seu Autor.

No Porto, na mesma data, apareceria uma outra obra, "Baptismo de Amor", acompanhada de um preambulo escrito por Camilo Castelo Branco; em Coimbra publicara Guerra Junqueiro a "Lira dos catorze anos", volume de poesias; e em 1867 o poemeto "Mysticae nuptisae"; na cidade do Porto a Casa Chardron editara-lhe em 1870 a "Vitoria da Franca", que reeditou em Coimbra no ano de 1873.

No ano de 1873, sendo proclamada a Republica em Espanha, escreveu ainda nesse ano o veemente poemeto "A Espanha livre".

Em 1874 apareceu o poema "A morte de D. Joao", edicao realizada na Casa More, do Porto, obra que alcancou grande sucesso. Camilo Castelo Branco de seguida consagrou-lhe um artigo nas Noites de insonia, e Oliveira Martins, na revista "Artes e Letras".
 
Tendo ido Guerra Junqueiro residir para Lisboa foi colaborador em prosa e em verso de jornais politicos e artisticos, como A Lanterna Magica e O Antonio Maria (1879-1885; 1891-1898) com a importante colaboracao de desenhos de Rafael Bordalo Pinheiro um conhecido Artista Plastico portugues criador da famosa personagem satirica que se tornou um dos simbolos maximos representativos do povo portugues, Ze Povinho. Em 1875 escreveu o "Crime", poemeto a proposito do assassinio do Alferes Palma de Brito; a poesia "Aos veteranos da liberdade"; e o volume de "Contos para a infancia". No "Diario de Noticias" tambem publicou o poemeto Fiel e o conto Na Feira da Ladra. Em 1878 publicou em Lisboa o poemeto Tragedia infantil. Colaborou em diversas publicacoes periodicas, nomeadamente: Atlantida (1915-1920), Branco e Negro (1896-1898), A Illustracao Portugueza (1884-1890), A Imprensa (1885-1891), Jornal do domingo (1881-1888), A Leitura (1894-1896), A Mulher (1879), O Ocidente (1878-1915), Renascenca (1878-1879 ?), O Pantheon (1880-1881), A Republica Portugueza (1910-1911), Ribaltas e  Gambiarras (1881), Seroes (1901-1911) e na Revista de turismo iniciada em 1916.

Uma grande parte das composicoes poeticas de Guerra Junqueiro esta reunida no volume que tem por titulo A musa em ferias, publicado em 1879. Nesse ano tambem saiu o poemeto O Melro, que depois foi incluido na Velhice do Padre Eterno, obra que provocou acerbas replicas por parte da opniao clerical , representada na imprensa, entre outros, pelo conego Jose Joaquim de Sena Freitas.

Quando se deu o conflito com a Inglaterra sobre o "Mapa Cor-de-Rosa", que culminou com o ultimato britanico de 11 de Janeiro de 1890, Guerra junqueiro interessou-se profundamente por esta crise nacional, e escreveu o opusculo Finis Patriae e a Cancao do Odio, para a qual Miguel Angelo Pereira escreveu a musica. Posteriormente publicou o poema Patria. Estas composicoes tiveram uma imensa repercussao, contribuindo poderosamente para o descredito das instituicoes monarquicas.

Obras publicadas:
                                      
. Duas paginas dos Catorze anos. (1864).
. Misticae Nuptiae. (1866).
. Vozes sem Eco. (1867).
. Baptismo de Amor. (1868).
. Victoria da Franca. (1870).
. A Espanha Livre. (1873).
. A Morte de D. Joao. (1874).
. O Crime. (1875).
. A fome no Ceara. (1877).
. Tragedia Infantil. (1877).
. Contos para a Infancia. (1877).
. Aos Veteranos da Liberdade. (1878).
. O Melro. (1879).
. A Musa em Ferias. (1879).
. Viagens a Roda da Parvonia. (1879).
. A Velhice do Padre Eterno. (1885).
. A Lagrima. (1888).
. Marcha do Odio. (1890).
. Finis Patriae. (1891).
. Os Simples. (1892).
. Patria. (1896).
. Oracao ao Pao. (1902).
. Oracao a Luz. (1904).
. Theorie de Certaines Action Radio-biologiques. (1910).
. A Festa de Camoes. (1912).
. Edith Cavell. (1916).
. O Mostro Alemao. (1918).
. Poesias Dispersas. (1920).
. Prosas Dispersas. (1921).

Obras publicadas posteriormente a sua morte:

. Horas de Combate. (1924).
. Caminho do Ceu. (1925).
. Vibracoes Liricas. (1925).
. Prometheu Libertado. (1926).
. Horas de Luta. (1945).
. Antologia para a Juventude. (1950).


Dados pessoais de Guerra Junqueiro:

Nome: Abilio Manuel Guerra Junqueiro.
Nascimento: Freixo de Espada a Cinta, 15 de Setembro de 1850.
Morte: Lisboa, 7 de Julho de 1923 (72 anos).
Nacionalidade: Portugues.
Generos: Poesia, Romance.
Ocupacao: Politico, Jornalista, Escritor, Poeta, Diplomata.
Educacao: Direito.
Alma Mater: Universidade de Coimbra.
Obra(s) de destaque: Patria, Oracao ao Pao, Oracao a Luz.


Joao de Deus de Nogueira Ramos (Sao Bartolomeu de Messines, 8 de Marco de 1830 - Lisboa, 11 de Janeiro de 1896), mais conhecido de uma forma simples unicamente por Joao de Deus, foi um eminente Poeta Lirico e Pedagogo, considerado a epoca o primeiro do seu tempo, e o proponente de um metodo de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve uma grande aceitacao popular, sendo inclusive ainda utilizada nos dias de hoje. Joao de Deus gozou de um extraordinario nivel de popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objecto das mais variadas homenagens (algo nem sempre usual em Portugal). Foi considerado o Poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteao Nacional da Igreja de Santa Engracia, em Lisboa.

Joao de Deus de Nogueira Ramos nasceu em Sao Bartolomeu de Messines no dia 8 de Marco de 1830, filho de Pedro Jose dos Ramos e de Isabel Gestrudes Martins, um casal de origens a que parece humildes e eram modestos proprietarios dali (Sao Bartolomeu de Messines) naturais e residentes. O pai, tambem Comerciante, era conhecido entre os seus patricios por Pedro Malgovernado, nao que merecesse o cognome pelo mau governo em sua casa, mas pela facilidade em satisfazer as vontade dos filhos, com os quais tinha por habito gastar mais do que tinha (nada comum naqueles tempos) aparentemente nao se pode dizer que Joao de Deus talvez com uma infancia humilde e nada facil nao tivesse tido um pai sempre presente.


A familia era numerosa (algo tradicional muitas vezes na epoca), Joao de Deus era o quarto de catorze irmaos, nao lhe permitindo a situacao socio-economica da sua familia aspirar a uma carreira universitaria a ele ou a qualquer um dos seus irmaos, estudou latim na sua terra natal e ingressou no Seminario de Coimbra, entao na altura o unico caminho para prosseguir estudos abertos aos menos abonados socio-economicamente. Em 1850, aos dezanove anos, nao tendo vocacao para a vida eclesiastica, ingressou na Universidade de Coimbra como Estudante de Direito.

Preferindo as Belas Artes a ciencia do Direito, envolvido na vida boemia em Coimbra, teve na universidade um percurso academico demasiado conturbado, com diversas interrupcoes e reprovacoes sobretudo por faltas. Joao de Deus apenas se formou dez anos depois de ter ingressado no Ensino Superior, em 13 de Julho de 1859, e mesmo assim por instancias ameacas dos seus condiscipulos, entre os quais se incluia a melhor intelectualidade da epoca.

Porem apesar de boemio logo e de aluno que ao que parece nao se entregava aos estudos com muito interesse preferindo a boa vida, festas, farra e diversao logo no primeiro ano do ingresso na Universidade revelou seus dotes liricos, escrevendo versos que circulavam manuscritos no meio academico e com ajuda dos quais obtinha modestos rendimentos que o ajudavam na sua parca subsistencia. De 1851 conhece-se o poema Pomba e a Elegia Oracao, a qual foi a sua primeira obra publicada, tendo sido apresentada ao publico numa publicacao da Revista Academica em 1855, recebendo de pronto merecida e imediata aclamacao publica.

Nos anos seguintes, os fracos recursos familiares, a melancolia e a passividade do seu caracter em conjunto com o seu insucesso academico levaram a que Joao de Deus vivesse em Coimbra numa quase indigencia. Como forma de ajuda, os amigos e os condiscipulos coligiram as suas poesias, as quais foram aparecendo na imprensa de Coimbra da epoca. Sao desta fase os poemas publicados na Estrela Literaria, na Ateneu e no Instituto de Coimbra.

Com essas publicacoes a sua reputacao de Poeta Lirico foi crescendo, com a sua obra a merecer, ja em 1858, uma critica sempre fortemente elogiosa no artigo A proposito de um Poeta, publicado no instituto de Coimbra por Antero de Quental outro Poeta importante da Geracao de 70.

Finalmente em 1859, terminado o curso, opta por permanecer em Coimbra, praticando pouca Advogacia e continuando sempre a escrever, agora produzindo poesia de caracter satirico, entre as quais ressalta A lata (publicada em 1860 e a sua primeira obra em separata) e A Marmelada.

Tendo-se formado de facto mas nao tendo interesse pela Advogacia, em 1862 aceita o convite para ir para a cidade alentejana de Beja para exercer as funcoes de Redactor do periodico O Bejense, que era entao na altura o jornal de maior expansao no Alentejo. Neste periodo colaborou em diversos periodicos da Imprensa Regional do Sul de Portugal. Permaneceu em Beja ate ao ano de 1864, regressando nesse ano a sua terra natal.

Continuando a manter sempre colaboracao com a Imprensa Regional alentejana e algarvia e redigindo a Folha do Sul, em Sao Bartolomeu de Messines e na cidade algarvia de Silves tentou igualmente embora sem sucesso exercer a Advogacia, tendo em 1868 optado por partir para Lisboa, cidade onde passou a residir.

Em Lisboa ao contrario do que Joao de Deus poderia pensar antes de chegar as coisas nao eram mais faceis e o mesmo passou muitas e grandes privacoes. Passava o tempo nos cafes, em particular o conhecido e famoso Martinho da Arcada (na altura frequentado pelos intelectuais e escritores portugueses residentes em Lisboa), em constantes tertulias, sem nunca procurar encontrar uma forma estavel de ganhar a vida fosse escrevendo ou exercendo a Advogacia. Para conseguir sobreviver recorria a realizacao de pequenos trabalhos temporarios de traducoes, a escrita de sermoes e hinos para cerimonias religiosas e varias colaboracoes literarias. Nesse periodo diz-se que, entre outras actividades, costurou roupa de senhora.

Numa dessas famosas e ja faladas tertulias surgiu a ideia, talvez no contexto do tradicional bota abaixo dos politicos (o poema Eleicoes de Joao de Deus indicia isso mesmo), tentar a eleicao de Joao de Deus como Deputado as Cortes e por esta via obter uma subvencao que lhe permitisse viver condignamente.

A ideia nao ficou apenas no papel e foi levada avante, e Joao de Deus apresentou-se as eleicoes gerais de 22 de Marco de 1868 (para a 16 ª: legislatura da Monarquia Constitucional) como Candidato independente pelo Circulo de Silves.

Apesar da sua candidatura ser apoiada por Jose Antonio Garcia Blanco e Domingos Vieira, a eleicao nao foi de todo facil, tendo mesmo que haver lugar a uma votacao de desempate no dia de Abril imediato. Saindo do desempate como vitorioso, presta juramento nas Cortes a 18 de Maio de 1868, iniciando relutantemente a sua actividade parlamentar.

Sobre o Parlamento, em declaracoes que foram feitas e publicadas pelo Correio da Noite em 1869 tera dito: "Que diacho querem voces que eu faca no Parlamento? Cantar? Recitar Versos? Deve ser (...)gaiola que talvez sirva para dormir la dentro a ouvir musica dos outros passaros. Dormirei com certeza!." Estas palavras retratam a sua atitude perante a actividade parlamentar: em 1868 ainda participou, embora sem intervir, na maioria das sessoes parlamentares, mas no ano seguinte (1869), faltou a 10 das 13 sessoes parlamentares que se realizaram.

Em 1868, pouco depois da sua Eleicao Parlamentar, casa com Guilhermina das Merces Battaglia, uma certa senhora de boas familias, o casamento fe-lo ganhar estabilidade na vida pessoal.

Deste casamento nasceram Maria Isabel Battaglia Ramos, Jose do Espirito Santo Battaglia Ramos (que viria a tornar-se Visconde de Sao Bartolomeu Messines), Joao de Deus Ramos, que viria a continuar a obra pedagogica so seu pai e Clotilde Battaglia Ramos.

Com o casamento e a passagem pelas Cortes, reflectindo uma maior disponibilidade, inicia a publicacao sistematica da sua Obra Poetica e Dramatica. Logo nesse ano a Colectanea Flores do Campo, a que se segue uma pequena recolha de 14 poemas intitulada Ramos de Flores (1869), considerada a sua melhor Obra Poetica.

Ambas recolhas resultaram da seleccao feita por Jose Antonio Garcia Blanco entre os poemas publicados na imprensa periodica. Sao obras com laivos de Ultra-romantismo, representativas da sua primeira fase de producao poetica de Joao de Deus.

Estes textos seriam depois reunidos e organizados por Teofilo Braga. A compilacao dos seus textos liricos, satiricos e epigramaticos foi editada com o titulo Campo de Flores (1893), e os textos de prosa com o titulo de Prosas (1898). Na Colectanea Campos de Flores foi incluido o poema algo lascivo Cryptinas, o que na altura foi suficiente para provocar e originar algum escandalo sobretudo pela indignacao.

Ao longo dos anos seguintes Joao de Deus manteve colaboracao com a imprensa periodica e continuara a produzir traducoes e adaptacoes e obras de diversos autores com destaque para as comedias Amemos o nosso proximo, Ser apresentado, Ensaio de Casamento e A viuva inconsolavel.

O poema Horacio e Lydia (1872), uma traducao da obra homonima de Pierre de Rondard , demostra toda a pericia de Joao de Deus na versificacao e na manutencao do ritmo discursivo.

Demostrando a mutacao espiritual entretanto ocorrida, publica em 1873 os textos em prosa Ana, Mae de Maria, A Virgem Maria e A Mulher do Levita de Ephraim, traducoes livres da Obra Femmes de la Bible do Arcebispo frances Georges Darboy. Nesta mesma linha vao as obras Grinalda de Maria (1877), Loas da Virgem (1878) e Proverbios de Salomao.

Tambem por esta altura, talvez por influencia do seu amigo Antero de Quental, adere ao ideario Socialista, vindo a publicar na edicao de 29 de Agosto do Jornal Catolico Cruz do Operario uma carta onde se afirma Socialista dizendo que (...) e Socialista porque e Cristao, e Socialista porque ama os seus semelhantes (...).

Entretanto, em 1876, menos de um ano depois da morte de Antonio Feliciano de Castilho e perante toda a descrenca em que caira o Metodo Portugues de Castilho, Joao de Deus envolveu-se nas Campanhas de Alfabetizacao, escrevendo a Cartilha Maternal, um novo metodo para o ensino da leitura, que futuramente o haveria de distinguir como Pedagogo.

A Cartilha num processo muito semelhante aos esforcos que 25 anos antes Antonio Feliciano de Castilho empreendera com o seu metodo, incorpora, para alem daquela experiencia, os trabalhos de Johann Heinrich Pestalozzi e de Friedrich Wilhelm August Frobel, dando-lhe um caracter bem menos infantilizante.

A obra acabou por ser recebida de forma encomiastica, sendo saudada como utilissima e genial assim foi considerada pelos principais intelectuais da epoca, entre os quais se encontravam Alexandre Herculano e Adolfo Coelho.

Este mesmo metodo de ensino da leitura, relativamente inovador na epoca, foi dois anos depois, e por proposta do Deputado Augusto de Lemos Alvares Portugal Ribeiro, aprovado como o Metodo Nacional de Aprendizagem da Escrita da Lingua Portuguesa. Gracas a esta decisao, Joao de Deus alem de ver o seu trabalho reconhecido ao mais alto nivel teria a nomeacao vitalicia de "Comissario Geral da Leitura" para essa forma de ensinar, com uma Pensao Anual de 900$00 Reis, muito dinheiro para a epoca.

Para complementar o seu metodo, Joao de Deus publicou uma traducao adaptada da Obra Des devoirs des enfants envers leurs parents, de Theodore-Henri Barraus, a que se seguiram multiplos artigos de natureza pedagogica contendo exortacoes e instrucoes dirigidas aos mestres que deveriam futuramente vir a aplicar o metodo.

A expansao do metodo da Cartilha Maternal foi seguida fenomeno de culto pela figura do Poeta, tornando-o numa das figuras mais populares do ultimo quartel do Seculo XIX portugues. Nesse mesmo contexto foi organizada em 1895 uma grande homenagem nacional ao Poeta, alegadamente iniciativa de estudantes da Universidade de Coimbra. Durante a mesma homenagem o Rei Dom Carlos impos-lhe a Gra-Cruz da Ordem de Santiago da Espada e por todo o pais foram realizadas iniciativas comemorativas.

Na sequencia da Homenagem Nacional, o Diario de Noticias, do dia 8 de Marco de 1895, publicou  seguinte texto laudatorio: Joao de Deus e uma das personificacoes mais belas do nosso caracter peninsular; vivo e indolente, devaneador e apaixonado, crente e sentimental. E uma flor do meio-dia, cheio de seiva e colorido, dos poetas e nunca ninguem sentiu entre nos mais ardente a sua imortalidade do que Bocage. Com que entusiasmo ele exclamava ao ver seus versos elogiados na boca de Filinto: - Zoilos tremei; posteridade, es minha! Sob este ponto de vista Joao de Deus e a antitese completa de Bocage. Este tinha a inspiracao orgulhosa, cheia de fogo, rebentando quase num caudal de ironia e de sarcasmo. Joao de Deus tem a inspiracao serena, espontanea, quase inconsciente, Joao de Deus e como a flor do campo, que rebenta formosa sem cultivo, velada apenas pela graca de Deus, o Jardineiro supremo. As suas poesias sao verdadeiras flores do campo, mas das mimosas das encantadoras na sua singeleza, das que, guardadas num album, conservam perfeitamente a delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do calice, a disposicao encantadora das petalas.

Apesar da fama o Metodo da Cartilha Maternal tinha adversarios e pouco depois da Homenagem Nacional, por iniciativa de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, o Ministro do Reino decidiu mandar retirar das salas de aulas os quadros da Cartilha. Pouco depois desta estranha e polemica decisao, Joao de Deus caiu doente com uma enfermidade cardiaca.

Joao de Deus viria a falecer, aos 65 anos, no dia de 11 de Janeiro de 1896 deixando para tras a riqueza da sua obra.

Por um decreto de Governo presidido por Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro,  datado de 13 de Janeiro de 1896, foi concedida a viuva e filhos do Poeta e Pedagogo uma pensao vitalicia, isenta de impostos de 1000$00 Reis anuais.

O Poeta Joao de Deus e ainda hoje recordado em Lisboa pelo Museu Joao de Deus e em Sao Bartolomeu de Messines por uma Casa-Museu e por um grupo escultorico. A modestissima casa onde o mesmo nasceu ostenta na sua fachada uma lapide alusiva.

Ja em 1930, aquando da comemoracao do centenario do seu nascimento, foi-lhe erguida uma estatua no Jardim da Estrela, em Lisboa.

Em 1966, o seu corpo foi solenemente transladado do Mosteiro dos Jeronimos onde se encontrava ate entao para o Panteao Nacional da Igreja de Santa Engracia, em Lisboa, apos o termino da sua edificacao. A cerimonia decorreu entre os dias 1 e 5 de Dezembro, em conjunto com outras ilustres figuras portuguesas tais como Almeida Garrett e Guerra Junqueiro.

Na literatura da sua epoca, Joao de Deus acabou por ocupar uma posicao singular e destacada dos demais. Surgido nos finais do Ultra-romantismo, aproximou-se da tradicao folclorica de forma bem mais conseguida que qualquer outro Escritor romantico portugues. A sua poesia distinguiu-se, sobretudo, pela grande riqueza musical e ritmica envolvendo a mesma.

Grande parte da sua Obra Poetica esta presente em Flores do Campo (publicada em 1868), Folhas Soltas (1876) e Campos de Flores. Esta ultima obra, publicada em 1893, alem de conter outros poemas, engloba tambem o conteudo de Flores do Campo e Folhas Soltas, pelo que a mesma obra funciona como uma colectanea da sua Obra Poetica.

Foi, ainda, Autor de fabulas e de algumas obras destinadas ao teatro, estas mesmas obras relacionadas com o teatro a maior parte dos casos traducoes e adaptacoes de autores estrangeiros. Grande parte da sua producao feita em prosa foi reunida na Colectanea Prosas.

Mas a sua obra mais importante viria a ser a ja tantas vezes referida aqui a Cartilha Maternal, um metodo destinado a ajudar a aprendizagem da leitura as criancas, que ainda hoje mantem os seus seguidores.

Para alem das obras mencionadas deixou um Dicionario Prosodico de Portugal e Brasil (1870), e as obras poeticas Ramo de Flores (1869) e Despedidas de Verao (1880).

Algumas das suas composicoes em prosa que se encontravam dispersas e parte importante da sua correspondencia foram editadas apos a sua morte por Teofilo Braga (Lisboa, 1898).

Joao de Deus colaborou tambem em algumas publicacoes periodicas, de que sao exemplo O Panorama (1837-1868), Renascenca (1878-1879?), A Mulher (1879), Ribaltas e Gambiarras (1881), A imprensa (1885-1891), A Comedia Portugueza (1888-1902) e A semana de Lisboa (1893-1895).

O folheto avulso Cryptinas, normalmente atribuido a Joao de Deus, fi publicado em fac-simile pelas Edicoes Ecopy em 2008.

Em Maio de 1882, por iniciativa de Casimiro Freire, (...) reuniram-se algumas dezenas de cidadaos e fundaram a Associacao  de Escolas Moveis, com o fim de ensinar a ler, escrever e contar pelo metodo de admiravel rapidez, do Senhor Dr. Joao de Deus, os individuos que o solicitarem, ate onde permitam os seus meios economicos, enviando nesse intuito as diversas povoacoes da nacao portuguesa professores devidamente habilitados - nao se envolvendo em assuntos politicos, nem quaisquer outros alheios ao seu fim.

A Associacao e hoje a Associacao de Jardins-Escolas Joao de Deus, uma Instituicao Particular de Solidariedade Social dedicada a Educacao e a Cultura. No seu ambito funciona o Museu Joao de Deus de cariz Bibliografico, Pedagogico e Artistico situado em Lisboa e a Escola Superior de Educacao Joao de Deus e multiplos Jardins-Escolas.

Em 2002 a Associacao tinha ao seu servico quase 1000 pessoas entre educadores, professores, auxiliares de educacao e outros colaboradores, cuja actividade se repartia pela Escola Superior de Educacao Joao de Deus e por 34 jardins-escolas distribuidos por todo o pais.

Desde a sua fundacao ate 2003 passaram pelas escolas da Associacao aproximadamente 164 mil criancas.

Dados pessoais de Joao de Deus:

Nome: Joao de Deus de Nogueira Ramos.
Nascimento: Sao Bartolomeu de Messines, 8 de Marco de 1830.
Morte: Lisboa, 11 de Janeiro de 1896 (65 anos).
Nacionalidade: Portugues.
Generos: Poesia.
Ocupacao: Escritor, Pedagogo, Politico, Deputado.
Educacao: Direito.
Alma Mater: Universidade de Coimbra.
Obra(s) de destaque: Cartilha Maternal, Flores do Campo, Folhas Soltas, Campo de Flores.
                                                                    

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de Novembro de 1919 - Lisboa, 2 de Julho de 2004) foi uma das mais poetisas portuguesas do Seculo XX. Sophia de Mello Breyner foi tambem a primeira mulher a receber o mais importante galardao literario da lingua portugesa, o Premio Camoes, em 1999. Desde 2 de julho de 2014 esta no Panteao Nacional estando ao lado de grandes e ilustres nomes portugueses da politica e Literatura Portuguesa, foi a segunda mulher a conseguir tal feito depois da fadista Amalia da Piedade Rodrigues conhecida apenas por Amalia Rodrigues ter-se tornado a primeira figura feminina ilustre portuguesa a ir para o Panteao Nacional no dia 8 de Julho de 2001 dois anos apos o seu falecimento que se deu a 6 de Outubro de 1999.

Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de Novembro de 1919 na ciddade do Porto. Sophia era filha de Maria Amelia de Mello Breyner e de Joao Henrique Andresen. Sua origem pelo lado paterno era dinamarquesa. O seu bisavo, Jan Heinrich Andresen, desembarcou um dia no Porto e nunca mais abandonou esta regiao, tendo seu filho Joao Henrique comprado, em 1895, a Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botanico do Porto. Essa quinta "foi um territorio fabuloso com uma grande e rica familia servida por uma criadagem numerosa". A mae, Maria Amelia de Mello Breyner, era filha de Tomas de Mello Breyner, Conde de Mafra, medico e amigo intimo do rei D. Carlos. Maria Amelia e tambem neta do Conde Henrique de Burnay, um dos homens mais ricos do seu tempo.


Sempre criada e educada na velha aristocracia portuguesa, sempre igualmente educada nos valores tradicionais da moral crista (talvez o espelho de educacao e exemplo que Salazar queria para a juventude portuguesa), foi dirigente de movimentos universitarios catolicos quando a mesma frequentava Filologia Classica na Universidade de Lisboa (1936-1939) que na verdade nunca chegou a terminar os mesmos estudos. Colaborou com a revista Cadernos de Poesia, onde fez algumas amizades com autores influentes e reconhecidos tais como o exemplo de Ruy Cinatti e Jorge de Sena. Veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude politica liberal, apoiando mesmo o movimento monarquico e denunciando o regime salazarista e alguns dos seus seguidores. Ficou celebre como "cancao de intervencao" dos catolicos progressistas a sua "Cantata da Paz", tambem conhecida e chamada pelo seu refrao: "Vemos, Ouvimos e Lemos. Nao podemos ignorar!"

Casou-se, em 1926, com o jornalista, politico e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mae de cinco filhos: Uma Professora universitaria de Letras, um jornalista e escritor de renome (Miguel Sousa Tavares) tamvem foi advogado por mais de uma decada em Lisboa apos formar-se em direito mas acabou por dedicar-se ao jornalismo, um pintor e ceramista e mais uma filha que e terapeuta ocupacional e herdou o nome da mae. Os filhos motivaram-na a escrever contos infantis.

Em 1964 recebeu o Grande Premio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores pela a autoria da sua obra Livro sexto. Ja depois da revolucao de 25 de Abril de 1974, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo circulo do Porto numa lista do Partido Socialista (PS), enquanto o seu marido remava para o principal rival partidario dos socialistas rumo ao Partido Social Democrata (PSD).

Distinguiu-se tambem como contista Contos Exemplares(1962) e autora de contos infantis (A Menina do mar (1958), A Fada Oriana (1958), O Cavaleiro da Dinamarca (1964), O Rapaz de Bronze (1965), A Floresta (1968), etc. Foi igualmente tradutora de Dante Alighieri e de Shakespeare e membro da Academia de Ciencias de Lisboa. Para alem do Premio Camoes em 1999, foi tambem igualmente distinguida com o Premio Rainha Sofia, em 2003.

Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004, em Lisboa, no Hospital da Cruz Vermelha. O seu corpo foi sepultado no Cemiterio de Carnide. Ja cerca de uma decada mais tarde em 20 de Fevereiro de 2014, a Assembleia da Republica decidiu homenagear por unanimidade a falecida Poetisa com Honras de Panteao. A cerimonia de transladacao teve lugar a 2 de Julho de 2014. A data nao foi escolhida ao acaso visto que o mesmo dia 2 de Julho e o dia do falecimento da Poetisa.

Desde 2005, no Oceanario de Lisboa, os seus poemas com fortes ligacoes ao mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposicao, permitindo assim aos visitantes absorverem a forca da sua escrita e poemas enquanto estao imersos numa visao do fundo do mar.

Da sua infancia e juventude, a autora lembra-se e recorda sobretudo a importancia das casas, uma lembranca que tera enorme impacto nas suas obras ao longo da vida e carreira e lembra igualmente os objectos dentro das mesmas casas, dos quais se recorda. Explica isso do seguinte modo: "Tenho muita memoria visual e lembro-me sempre das casas, quarto por quarto, movel por movel e lembro-me de muitas casas que desapareceram da minha vida (...). Eu tento <<representar>>, quer dizer, "voltar a tornar presentes" as coisas de que gostei e isso que se passa com as coisas: quero que a memoria delas nao va a deriva, nao se perca".

Esta igualmente presente em Sophia tambem uma ideia da poesia com valor transformador fundamental. A sua producao correspondente a ciclos especificos, com a culminacao da actividade da escrita durante a noite, segundo ela: "nao consigo escrever de manha, (...) preciso daquela concentracao especial que se vai criando pela noite fora". A vivencia nocturna da autora e Poetisa e sublinhada e referida pela propria em varios poemas ("Noite", "O luar", "O jardim e a noite", "Noite de Abril" e "O Noite"). Aceitava a nocao de um Poeta inspirado, afirmava mesmo que a sua poesia lhe acontecia, como ao proprio Fernando Pessoa: "Fernando Pessoa dizia: <<Aconteceu-me um poema>>. A minha maneira de escrever fundamental e muito proxima deste <<acontecer>>. (...) Encontrei a poesia antes de saber que havia literatura. Pensava mesmo que os poemas nao eram escritos por ninguem, que existiam em si mesmos, por si mesmos, que eram como que um elemento do natural, que estavam suspensos imanentes (...). E dificil descrever o fazer de um poema. Ha sempre uma parte que nao consigo distinguir, uma parte que se passa na zona onde eu nao vejo". A sua propria vida assim como as suas proprias lembrancas sao uma inspiracao para a autora e poetisa, pois, como refere Dulce Maria Quintela, ela "fala de si, atraves da sua poesia".

Sophia de Mello Breyner Andresen fez-se Poetisa ainda na sua infancia, quando, tendo apenas tres anos, foi-lhe ensinada "A Nau Catrineta" pela sua ama Laura:

"Havia em minha casa uma criada, chamada Laura, de quem eu gostava muito. Era uma mulher jovem, loira, muito bonita. A Laura ensinou-me a "Nau Catrineta" porque havia um primo meu mais velho a quem tinham feito aprender um poema para dizer no Natal e ela nao quis que eu ficasse atras... Fui um fenomeno, a recitar a "Nau Catrineta", toda. Mas ha mais encontros, encontros fundamentais com a poesia: a recitacao da "Magnifica", nas noites de trovoada, por exemplo. Quando eramos um pouco mais velhos, tinhamos uma governanta que nessas noites queimava alecrim, acendia uma vela e rezava. Era um ambiente misto de Religiao e magia... E de certa forma nessas noites de temporal nasceram muitas coisas. Inclusivamente, uma certa preocupacao social e humana ou a minha primeira consciencia de dureza da vida dos outros, porque essa governanta dizia: <<Agora andam os pescadores no mar, vamos rezar para que eles cheguem a terra>> (...).

Com bases nas observacoes de Luisa Pessoa, passo a citar alguns dos topicos mais relevantes e significativos ou notaveis na sua rica criacao literaria:

A infancia e juventude - constituem para a autora um espaco de referencia significativa ("O jardim e a casa ", Poesia (1944); "Casa Branca", Poesia (1944); "Jardim Perdido", Poesia (1944); "Jardim e a Noite", Poesia (1944); "Casa", Geografia (1967) ).

O contacto com a Natureza tambem viria a marcar profundamente a sua obra. Era para a Poetisa um exemplo notavel de liberdade, beleza, perfeicao e de misterio tudo isso e largamente citado na sua obra, quer seja em citacoes pelas simples alusoes a terra (arvores, passaros, o luar), quer tambem pelas conhecidas referencias ao mar a quem dedicou inumeros poemas (praia, conchas, ondas).


O Mar e um dos conceitos chave na criacao literaria da autora Sophia de Mello Breyner Andresen: "Desde a onda do mar/ Onde tudo comecou intacto no primeiro dia de mim". O efeito literario da inspiracao no Mar pode-se ver em varios poemas da poetisa, como, por exemplo, "Homens a beira-mar". A Poetisa comenta isso do seguinte modo:

"Esses poemas tem a ver com as manhas da Granja, com as manhas da praia. E tambem com um quadro de Picasso. Ha um quadro de Picasso chamado Mulheres a beira-mar. Ninguem dira que a pintura de Picasso e a poesia de Lorca tenham tido uma enorme influencia na minha poesia, sobretudo na epoca do Coral... E uma das influencias do Picasso em mim foi levar-me a deslocar as imagens".

Outros exemplos em que claramente se percebe o motivo do mar sao: "Mar" em Poesia, 1944; "Inicial" em Dual, 1972; "Praia" em No Tempo dividido; "Praia" em Coral, 1950; "Acores" em O Nome das Coisas, 1977. Neles exprime-se a obsessao do mar, da sua beleza, da sua serenidade e dos seus mitos. O Mar surge aqui como símbolo da dinamica da vida. Tudo vem dele e tudo a ele regressa. E o espaço da vida, das transformacoes e da morte.

A cidade constitui outro motivo frequente repetido na obra da Poetisa acabando a mesma por ser um pouco mista com a calma do Mar e da Natureza e com a vida da cidade e a sua afazama ("Ha Cidades Acessas", Poesia (1944); "Cidade", Livro Sexto (1962); "Furias", Ilhas (1989). A cidade no entanto tem para a Poetisa um espaco negativo. Representa o mundo frio, artificial, hostil e desumanizado, ao contrario da Natureza e da seguranca.

Outro topico acentuado com alguma normalidade na obra de Sophia e o tempo: o dividido e o absoluto que se opoem. O primeiro e o tempo da solidao, medo e mentira, enquanto o tempo absoluto e eterno, une a vida e torna-se o tempo dos valores morais ("O Tempo Dividido", No Tempo Dividido (1954); "Este e o Tempo", Mar Novo (1958). Segundo o Professor, Escritor Ensaista portugues Eduardo Prado Coelho o tempo dividido e justamente o tempo do exilio da casa, associado com a cidade, porque afinal a cidade e tambem feita pelo torcer do tempo e pela propria degradacao.

Sophia de Mello Breyner Andresen era admiradora da Literatura Classica (tal como eu). Nos seus poemas aparecem com grande frequencia palavras de grafica antiga (Eurydice, Delphos ou Amphora). O culto pelas artes e tradicoes proprias da civilizacao grega sao lhe relativamente proximos e transparecem pela sua propria obra ("Soneto de Eurydice, No Tempo Dividido (1954); "Ressugiremos", Livro Sexto (1962); " Crespuculo dos Deuses", Geografia (1967);"Os Gregos", Dual (1972); "O Rei de Itaca", "Exilio", O Nome das Coisas (1977).

Alem dos aspectos tematicos ja anteriormente referidos no paragrafo acima, varios autores sublinham a enorme influencia do Poeta e talvez sua referencia de maior Fernando Pessoa na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen. O que dois autores tem em comum e: a influencia do conhecido filosofo e matematico grego Platao, o apelo ao infinito, a memoria de uma infancia, tambem o sebastianismo e o messianismo, o tom formal que evoca Alvaro de Campos. A figura de Fernando Pessoa encontra-se evocada multiplas vezes no poemas da Poetisa ("Homenagem a Ricardo Reis", Dual (1972); Ciclades (evocando o proprio Fernando Pessoa)", O Nome das Coisas (1977).
                                             

De um modo geral. o universo tematico da Poetisa e abrangente e pode ate ser representado pelo seguintes pontos resumidos:

. A busca da justica, do equilibrio, da harmonia e a exigencia moral.
. Tomada de consciencia do tempo em que vivemos.
. A Natureza e o Mar - espacos euforicos referenciais para qualquer ser humano.
. O tema da casa.
. Amor.
. Vida em oposicao a morte.
. Memorias da infancia.
. Valores da antiguidade classica, naturalismo helenico.
. Idealismo e individualismo ao nivel psicologico.
. O Poeta como pastor do absoluto.
. O humanismo cristao.
. A crenca em valores messianicos e sebastianistas.
. Separacao.

Quanto ao estilo de linguagem de Sophia de Mello Breyner Andresen, podemos constatar que a Poetisa tem um estilo caracteristico e proprio, cujas marcas mais evidentes sao: o valor hieratico da palavra, a expressao rigorosa, o apelo a visao clarificadora, riqueza de simbolos e alegoriais, sinestesias e um ritmo evocador de uma dimensao ritual. Nota-se facilmente uma "transparencia da palavra na sua relacao da linguagem com as coisas, a luminosidade de um mundo intelecto e ritmo se harmonizam numa forma melodica verdadeiramente perfeita.

A opniao sobre ela de alguns dos mais importantes criticos literarios portugueses e a mesma: o talento da autora e unanimemente apreciado. O Professor e Filosofo portugues Eduardo Lourenco afirma que Sophia de Mello Breyner Andresen tinha uma sabedoria "mais funda do que o simples saber", que o seu conhecimento intimo e imenso e a sua reflexao, por mais profunda que seja esta exposta numa simplicidade original. Seguem alguns exemplos de outros estudiosos e autores a comprovar essa mesma opniao:

"A sua sensibilidade de Poeta oscila entre o modernismo de expressao e um classicismo de tom, caracterizado por uma sobriedade extremamente dominada e por uma lucidez dialectica que coloca muitas das suas composicoes na linha dos nossos melhores classicos". (Alvaro Manuel Machado, Quem e Quem na Literatura Portuguesa).

"Sophia de Mello Breyner Andresen e, quanto a nos, um caso impar na poesia portuguesa, nao so pela difusa seducao dos temas ou pelos rigores de expressao, mas sobretudo por qualquer coisa, anterior a isso tudo, em que tudo isso se reflete: uma rara exigencia de essencial-idade ". (David Mourao-Ferreira, Vinte Poetas Contemporaneos).

"A poesia de Sophia Mello Breyner Andresen e (...) uma das vozes mais nobres da poesia portuguesa do nosso tempo. Entendamos, por sob a musica dos seus versos, um apelo generoso, uma comunhao humana, um calor de vida, uma franqueza rude no amor, um clamor irredutivel de liberdade - aos quais, como o Poeta ensina, devemos erguer-nos sem comprimissos nem vacilacoes". (Jorge de Sena, "Alguns Poetas de 1938" in Coloquio: Revista de Artes e Letras, nº 1, Janeiro de 1959).


Obras publicadas:

Poesia:

. Poesia. (1944).
. O Dia do Mar. - (1947, Lisboa).
. Coral. (1950, Porto).
. No Tempo Dividido. (1954, Lisboa).
. Mar Novo. (1958, Lisboa).
. Livro Sexto. (1962, Lisboa).
. O Cristo Cigano. (1961, Lisboa).
. Geografia. (1967, Lisboa).
. Grades. (1970).
. 11 Poemas. (1971).
. Dual. (Coimbra, 1972).
. Antologia. (1975).
. O Nome das Coisas. (1977, Lisboa).
. Navegacoes. (1983).
. Ilhas. (1989).
. Musa. (1994).
. Signo. (1994).
. O Buzio de Cos. (1997).
. Primeiro Livro de Poesia. (1999) - (infanto-juvenil).
. Mar. (2001). - (Antologia pela filha da Escritora e Poetisa, Maria Andresen de Sousa Tavares).
. Orpheu e Eurydice. (2001).

Poemas nao incluidos na obra poetica:

. "Juro que venho para mentir"; "Es como a Terra-Mae que nos devora"; "O mar rolou sobre as suas ondas negras"; "Historia improvavel"; "Grafico", Tavola Redonda - Folhas de Poesia, nº 7, Julho . (1950).
. "Reza da manha de Maio"; "Poema", A Serpente - Fasciculos de Poesia, nº 1, Janeiro. (1951).
. "Caminho da India", A Cidade Nova, suplemento nº 4-5, 3.ª serie, Coimbra. (1958).
. "A Viagem" (Fragmento do poema inedito "Naufragio"),Cidade Nova, 5.ª serie, nº 6, Dezembro. (1958).
. "Novembro"; "Na minha vida ha sempre um silencio morto"; "Inverno", Textos de Poesia, Fevereiro. (1972).
. "Brasil 77", Loreto 13 - Revista Literaria da Associacao Portuguesa de Escritores, nº 8, Marco. (1982).
. "A veste dos fariseus", jornal dos Poetas e Trovadores - Mensario de Divulgacao Cultural, nº 5/6, 2.ª serie, Marco/Abril. (1983).
. "Obliquo Setembro de equinocio tarde", Portugal Socialista, Janeiro. (1984).
. "Cancao do Amor Primeiro", Sete Poemas para Julio (Biblioteca Nacional, cota nº L39709). (1988).
. "No meu Pais" , Escritor, nº 4. (1995).
. "D. Antonio Ferreira Gomes. Bispo do Porto"; "Naquele tempo" (dois poemas ineditos), Jornal de Letras, 16 Junho. (1999).

Contos:

.Contos Exemplares. (1962).
. Historias da Terra e do Mar. (1984).

Contos infantis:

.A Menina do Mar. (1958).
. A Fada Oriana. (1958).
. Noite de Natal. (1959).
. O Cavaleiro da Dinamarca. (1964).
. O Rapaz de Bronze. (1965).
. A Floresta. (1968).
. O Tesouro. (1970).
. A Arvore. (1 de janeiro de 2004).

Teatro:

. Nao chores minha Querida. (1993).
. Filho de Alma e Sangue. (1998).
. O Bojador. (2000).
. O Azeiteiro. (2000).
. O Colar. (2001).

Ensaio:

. " A poesia de Cecilia Meyrelles", Cidade Nova, 4.ª serie, nº 6, Novembro. (1956).
.  Cecilia Meyrelles, in Cidade Nova. (1958).
. Poesia e Realidade, in Coloquio, Revista de Artes e Letras, nº 8. (1960).
. Holderlin ou o lugar do Poeta, Jornal de Comercio, 30 de Dezembro. (1967).
.  O Nu na Antiguidade Classica, in O Nu e a Arte, Estudios Cor. (1975).
. "Torga, os homens e a terra", Boletim da Secretaria de Estado da Cultura, Dezembro. (1976).
. "Luiz de Camoes. Ensombramentos e Descobrimentos", Cadernos de Literatura, nº 5. (1980).
. "A escrita (poesia)", Estudos Italianos em Portugal, nº 45. (1982).
. "A escrita (poesia)", Estudos Italianos em Portugal nº 47. (1984).

Traducoes:

.  A Anunciacao de Maria, de Paul Claudel. (1960).
. O Purgatorio, de Dante. (1962).
. "A Hera", de Vasko Popa. (1964).
. "A ultima noite faz-se estrela e noite, de Vasko Popa. (1964).
. "As cinzas", de Pierre Emmanuel. (1964).
. "Canto LI", de Pierre Emmanuel. (1964).
. "Canto LXVI", de Pierre Emmanuel. (1964).
. "Morrendo no gesto da imagem", de Edouard Maunick. (1964).
. "Gosto de te encontrar nas cidades estrangeiras, de Edouard Maunick. (1964).
. Muito Barulho por Nada, de William Shakespeare. (1964).
. Medeia, de Euripedes. (1964)
. Hamlet, de William Shakespeare. (1965).
. "Os reis Magos", traducao de um poema do Ere Frene. (1967).
. Quatre Poetes Portugais (Camoes, Cesario Verde, Mario de Sa-Carneiro, Fernando Pessoa)., de Sophia de Mello Breyner Andresen. (1970).
.  A Vida Quotidiana no Tempo de Homero, de Emile Mireaux. (1979).
.  Ser Feliz, de Leif Kristianson. (1980).
. Um Amigo, de Leif Kristianson. (1981).

Premios:

. Grande Premio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, atribuido a Livro Sexto. (1964).
.  Premio Teixeira de Pascoaes. (1977).
. Medalha de Verneil da Societe de Encourgement au Progres, de Franca. (1979).
. Premio da Critica, do Centro Portugues da Associacao Internacional de Criticos Literarios, pelo conjunto de sua obra. (1983).
. Premio D. Dinis, da Fundacao da Casa Mateus. (1989).
.  Grande Premio da Poesia Inasset / Inapa. (1990).
. Grande Premio Calouste Gulbenkian de Literatura para Criancas. (1992).
. Premio cinquenta anos de Vida Literaria, da Associacao Portuguesa de Escritores. (1994).
. Premio Petrarca Associacao de Editores Italianos. (1995).
. Homenagem da Faculdade de Teologia da Universidade Catolica de Lisboa, pelo cinquentenario da publicacao do primeiro livro Poesia. (1995).
. Outubro - Placa de Honra do Premio Francesco Petrarca, Padua, Italia. (1995).
. Homenageada do Carrefour des Litteratures, na IV Primavera Portuguesa de Bordeus e da Aquitania. (1996).
. Premio da Fundacao Luis Miguel Nava. (1998).
. Premio Camoes (primeira mulher portuguesa a recebe-lo). (1999).
. Premio Rosalia de Castro, do Pen Clube Galego. (2000).
. Premio Max Jacob Etranger. (2001).
. Premio Rainha Sophia de Poesia Ibero-americana. (2003).

Condecoracoes:

. Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'lago da Espada. (9 de Abril de 1981).
. Gra-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. (13 de Fevereiro de 1987).

. Gra-Cruz da Ordem Militar de Sant'lago da Espada. (6 de Junho de 1988).

Homenagens:

. Estatua de Autoria do escultor Francisco Simoes no Parque dos Poetas em Oeiras. (2003).
. Foi dado o seu nome, Miradouro Sophia de Mello Breyner de Andresen ao antigo Miradouro da Graca, em Lisboa e inaugurado um busto, replica do busto criada pelo escultor Antonio Duarte em 1950. (2009).

. Busto na Quinta do Campo Alegre ou Casa dos Andresen em Lordelo do Ouro, actual Jardim Botanico do Porto. (2011).
. Transladacao dos seus restos mortais para o Panteao Nacional na Igreja de Santa Engracia, em Lisboa. (2014).

Dados pessoais de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Nome: Sophia de Mello Breyner Andresen.
Nascimento: Porto, 6 de Novembro de 1919.
Morte: Lisboa, 2 de Julho de 2004 (84 anos).
Nacionalidade: Portuguesa.

Generos: Poesia, contos, literatura infantil.
Conjuge: Francisco Jose de Sousa Tavares.
Filhos(as): Maria Andresen de Sousa Tavares.
                     Isabel Andresen de Sousa Tavares.
                    Miguel Andresen de Sousa Tavares.
                    Sofia Andresen de Sousa Tavares.
                   Xavier Andresen de Sousa Tavares.
Alma Mater: Universidade de Lisboa.
Ocupacao: Escritora, Poetisa, Tradutora.

Educacao: Filologia (nao chegou a concluir o curso).
Alma mater: Universidade de Lisboa.
Premios : Foram varios e ja referidos numa lista mais acima sendo o primeiro em 1964 com Grande Premio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores pela autoria do livro Sexto de 1962 e o ultimo premio em 2003 o Premio Rainha Sophia de Poesia Ibero-americana, destaque em particular para o Premio Camoes em 1999 tendo sido a primeira mulher portuguesa a vencer o mesmo. 

Obras de destaque: Poesia, Mar Novo, Antologia, Mar, Nao chores minha Querida.


Esta na ideia e Opniao de cada um originada pelo gosto pessoal literario eleger  melhor dos escritores que estao no Panteao Nacional situado na Igreja de Santa Engracia, em Lisboa. Na minha opniao nao se pode considerar nenhum deles como o melhor Escritor portugues mas como disse sao meras opnioes pessoais e considero Camilo de Castelo Branco ou Eca de queiros como sendo os maiores escritores e romancistas portugueses e falando de poetas tambem considero o melhor de todos os poetas lusitanos como sendo Fernando Pessoa ou Luis Vaz de Camoes e quanto a poetisas de facto quase se pode considerar Sophia de Mello Breyner Andresen como sendo a melhor Poetisa portuguesa nao fosse de facto ter Florbela Espanca ao seu nivel ou talvez ate lhe sendo superior mas sao de facto e repito opnioes pessoais de cada um. Resta-me apenas acresentar neste sentido que uma ida para o Panteao Nacional nao depende so da qualidade ou merito de cada Escritor, Actoor, Politico, etc mas tudo muitas vezes passa por um jogo politico.

Caro(a) leitor(a) como sempre para finalizar resta-me apenas apresentar as despedidas desejando que a mesma cronica tenha sido do seu inteiro gosto como foi para mim escreve-la e fazendo votos de que nos encontremos brevemente, ate a proxima.

                                                                                                            Manuel Goncalves

            












 















































































 





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