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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Agnes, o Meu Primeiro Amor



Vivi muitos amores e romances na vida uns mais faceis do que outros de esquecer mas o primeiro, o primeiro tal como em muitas outras pessoas o primeiro a gente nunca esquece. A primeira em quase tudo e marcante no amor alem de nao ser diferente julgo que e ainda mais marcante.

Meio da adolescencia era o tempo de com 14 ou 15 anos como todos os adolescentes da minha idade e do meu grupo de amigos de ver  as revistas pornograficas da epoca que nao eram nada baratas mas faziam aumentar certos desejos que tinhamos de estar com esta ou aquela rapariga. Ainda na altura da epoca dos filmes de video e das cassetes VHS passavamos tardes na casa deste ou daquele a ver filmes porno as escondidas que milagrosamente conseguiamos pedir "emprestado" ao pai de algum sem que ele soubesse ou pudesse sequer imaginar ou sonhar com o sucedido. Eramos miudos e tinhamos os nossos desejos e sonhos de adolescentes entalados entre o adolescente e o adulto. Se bem que os adolescentes do meu meio social eram um pouco diferentes, isso era mais para putos da classe baixa e media da sociedade, eu e os meus amigos quase em geral eramos meninos ricos.

A minha vida era um pouco diferente ja que mal completei o Ensino Primario o meu pai tratou de me matricular num colegio particular no estrangeiro e entao foi dado a escolher entre ir para a Suica para o Instituto le Rosey ou para o Reino Unido para o famoso Colegio Eton. O dinheiro para o meu pai nao era problema mas ja que essencialmente para gerir os negocios era sempre bom falar-se bem ingles optamos pelo Colegio Eton e la fui para o Reino Unido sem saber sequer que com aquela escolha Eton ou Rosey tinha feito o meu pai gastar em Eton mais de metade do que gastaria em Rosey.

Em Eton como em muitos outros colegios particulares havia muita disciplina desde de andar vestido a rigor com uniforme e com muitas regras para cumprir sobretudo para aqueles que como eu eram alunos internos que passavam ali o tempo todo e so nas ferias iam a casa.

Os fim-de-semana em Eton eram havendo vontade da nossa parte de plena actividade fisica onde podiamos fazer Esgrima, Hipismo, Equitacao, Remo, Canoagem e tambem se podia ocupar o tempo com o ensino da Musica, da representacao com o Teatro e de tantas outras artes mas o que mais gostava era a facilidade com que se fazia amigos em Eton. A passagem pelo mesmo colegio foi uma grande experiencia para mim.

Todos os anos vinha a Portugal nas ferias mas no ano anterior aquele em que tudo acontecera fiquei no Reino Unido tendo os meus pais alugado uma casa em Londres e foi ali que passamos as ferias viajando igualmente por todo o reino. Eles estavam um pouco abatidos com a morte da Empregada la de casa em Lisboa e que fora minha Ama. Como nao eramos uma familia grande e estando eu no Reino Unido a estudar entendia-se que uma Empregada apenas servia perfeitamente para a casa pelo que eramos muito pegados a Jacinta e tinhamos enorme estima por ela ao ponto de Jantar a mesa conosco.

O meu pai era um Empresario que negociava em obras de arte e queria que eu um dia viesse a gerir os negocios e as galerias que tinhamos pelo mundo fora e onde faziamos fortunas a conta de estar-mos unidos aos melhores museus de arte do mundo e o facto do meu pai ter muito bom olho para o negocio e para ganhar lances em leiloes.

A mala estava feita e ia a Portugal a primeira vez desde que Jacinta falecera e iria encontrar, conhecer a nova Empregada que certamente deveria ser uma mulher ja de certa idade e sem grande beleza que a minha mae por ciumes deveria ter insistido em contratar para nao vir a ter ciumes da mesma por causa do meu pai. Como se desse para pensar que o meu pai pudesse pensar em ter outra mulher quando se via que era louco pela minha mae e ela retribui-a a gentileza.

Lisboa nao parecia muito diferente e tudo parecia estar no mesmo sitio ou pelo menos tudo parecia estar igual e mal o aviao aterrara mesmo antes de chegar a area das chegadas ja tinha ligado a dois ou tres amigos a combinar uma ida a discoteca para uma noite dessas. So queria descansar, gozar a vida, aproveitar um pouco aquelas ferias no final do ano lectivo e que ano.

Conseguira ser o melhor aluno de todas as turmas do meu ano algo que fora vital para me candidatar a uma boa carreira universitaria. Fora um ano muito exigente e desgastante eu estava desfeito com tantos estudos e exames mas o meu pai dizia que me tinha preparado uma surpresa como prenda da alegria que lhe dera quando o meu Director de Turma lhe ligara a dar-lhe os parabens pelo filho ter sido o meu aluno do ano do Colegio de Eton nas turmas do decimo segundo ano escolar.

A unica prenda que eu queria era que ele me abracasse e mostrasse o orgulho que de facto tinha em mim. Queria convence-lo a deixar-me fazer a pausa de um ano nos estudos porque aquele que passara tinha sido muito exigente e desgastante. Aquele ano tinha sido diferente nao estava apenas em causa passa-lo mas seria necessario obter boas notas que me dessem melhor acesso a estudar o que queria na Universidade.

O meu pai estava a minha espera depois de um caloroso abraco seguimos para o parque de estacionamento onde me esperava a primeira surpresa do dia. No parque de estacionamento o meu pai dirigiu-se a um Ferrari Testarossa e entregou-me a chave.

- E a tua prenda, comprei-o para ti filho, como presente de teres passado o ano estares prestes a entrar na universidade e de facto das-me uma grande alegria. - Pausou- poderas conduzi-lo assim que tires a carta.
- Nem sei o que dizer pai, nao era preciso eu so fiz o meu dever.
- Mas mostraste estar acima de tudo, mostraste a garra de um Figueiredo Abrantes e estas no bom caminho. Eu nao te exigi que fosses o melhor aluno do colegio e tu foste-o encheste-me de orgulho.
- Pai eu gostaria de falar consigo... - estava dificil de sair- Eu nao pretendo ir ja para a Universidade, ou melhor queria fazer uma pausa para descansar, um ano no maximo.
- Acho que fazes perfeitamente bem e assim entras um pouco mais no mundo dos negocios ficas a ajudar o Director da galeria em Lisboa e podes-me acompanhar nas viagens a leiloes. - Sorriu- E ja agora vais tirar a carta o mais rapido possivel para conduzir esta bomba.

Eu nao estava a espera que o meu pai aprovasse a minha decisao daquela maneira e que ate a achasse sensata e ainda me oferecera aquele aviao. Conduzi muitos ferraris foi sempre o meu carro de eleicao e conducao, fui sempre trocando de modelo conforme iam sendo renovados mas aquele Testarrosa marcou-me foi o unico que recebera de presente, sem ter que trabalhar para isso embora o meu pai assim nao o considerasse.

O facto de ser filho unico fez ser uma pessoa um pouco solitaria mas esse mesmo facto de ser filho unico e neto unico fez me de facto ser muito beneficiado com isso, fui um previlegiado. Sempre tive o que os outros nem sempre podiam ter as roupas e tenis de marca, perfumes caros, joias, ferias onde queria e entendia. Tive aulas de Equitacao, Hipismo, Vela e tantas outras coisas mas nao deixava de dar valor aquilo que considerava mais importante e valioso na vida, uma amizade verdadeira e sincera que perdurasse anos e anos a fio.

Estava finalmente em casa e sentia-me como que regressado as raizes ou pelo ao lar. Gostava de Inglaterra e ate do Colegio de Eton ou dos passagens em Londres mas nao havia nada como a nossa casa, a mesma fazia quase como que parte do nosso corpo ou pelo menos era aonde nos o guardavamos. A minha mae correu a vir receber-me abracar-me nao tinha podido ido esperar-me ao aeroporto porque tinha tido uma reuniao com um cliente que ja havia sido cancelada anteriormente. Estavamos sozinhos em casa porque aquele era o dia da folga semanal da nova Empregada Domestica e o restante pessoal que trabalhava na casa era por uma agencia de trabalhos temporarios como por exemplo o Jardineiro.

Cada vez que pensava na mesma Empregada mesmo sem a conhecer imaginava que de nova so deveria ter o estatuto de trabalhar ali em casa porque ja deveria ter certamente uma certa idade. Os meus pais gostavam de contratar gente experiente e bons profissionais o que nos dias que corriam era dificil de encontrar nas pessoas que trabalhavam e que eram mais jovens.

Jantamos calmamente no D'Bacalhau na zona da Expo e depois de Jantar demos um pequeno passeio e terminamos a noite no Pavilhao Atlantico o meu pai tinha comprado bilhetes para irmos ao concerto de Andrea Bocelli pois sabia que alem de eu gostar imenso de Opera adorava Bocelli, estava destinado que nao era ainda naquela noite que iria conhecer a nova Empregada Domestica Interna la de casa e com quem eu iria passar grande parte do tempo sozinho enquanto estivesse em casa ja que os meus pais trabalhavam durante o dia.

O Pequeno-Almoco estava na mesa e eu sentia-me um pouco com preguica mas nao queria deixar de tomar o Pequeno-Almoco com os meus pais que tinham feito tudo na vida para eu ser o que era ate aquele momento sem nunca me terem exigido nada a nao ser uma boa educacao pelo que sempre procurei ser um exemplo com um comportamento exemplar.

Levantei-me e antes de me sentar a mesa beijei os meus pais como de costume sem reparar ou ligar importancia a criatura que estava virada de costas para mim e que tinha ido buscar mais alguma coisa que nao me lembro, era a Empregada, a nova Empregada.

O que era aquilo so podia estar a ver mal quando a mesma se aproximou e a minha mae tratou de fazer as apresentacoes e ela veio me servir o Pequeno-Almoco. Era jovem, muito jovem, talvez um pouco mais velha do que eu e perguntava-me como e que a minha mae a tinha aceite alguem que era tao exigente a contratar empregados fora contratar alguem que nao parecia ter muita experiencia e anos de trabalho.

Agnes, como vi a saber era romena e a minha mae contratara a mesmo porque tivera as melhores referencias de uma amiga que era a dona da agencia onde Agnes estava inscrita. Nao se importou sequer com a pouca experiencia da romena achando interessante que a mesma falasse correctamente portugues quando nao estava em Portugal a dois anos.

Agnes fisicamente era alta, loira e uns olhos azuis que completavam aquela beleza enorme. O corpo era de sonho. Era muito calada e nao dava muitas confiancas nem oportunidades de aproximacoes e por mais que eu insistisse a tratar-me pelo meu nome, unicamente pelo meu nome ela nunca deixava de me chamar de Senhor mesmo quando estavamos sozinhos em casa.

Pensava eu que ela se fosse aproveitar da sua beleza para me tentar seduzir e conseguir tirar alguns proveitos com isso, estava redondamente enganado. Quando la consegui alguma intimidade e comecar a falar mais com ela so me falava na familia que estava na Romenia e no namorado que estava a tentar tratar da documentacao para vir para Portugal. Via claramente que ela nao tinha qualquer interesse em tentar conseguir alguns privilegios comigo.

Eu podia conduzir um Ferrari, como conduzia, podia vestir roupas de marca e usar perfumes e tenis caros que nada chamava a atencao daquela beldade e passavamos os dois sozinhos praticamente o dia em casa ja que os meus pais trabalhavam durante o dia. Ela fazia o trabalho dela na casa, preparava o Jantar e ate chegar a hora de o servir passava quase o tempo todo no quarto, era livre para o fazer desde que o servico de casa estivesse todo feito e nao precisassemos dos servicos dela.

Chegara o calor e so queria ganhar coragem para a convidar para irmos a praia entao resolvi aplicar o golpe de outra maneira. Ela nao sabia que eu tinha conhecimento que a mesma iria a Praia de Carcavelos no dia da folga dela e o meu plano era ir tambem mas sem ela e fazer parecer que tudo tinha sido uma coincidencia, uma enorme e feliz coincidencia depois convidava-a para ir ate a esplanada comer um gelado, beber alguma e logo se via.

O plano estava em andamento e agora ali estava eu na praia a apanhar banhos de sol a espera de encontrar uma sereia chamada Agnes e sorrir-lhe com ar de quem se encontra ali atraves de uma enorme coincidencia. O dia nem estava muito quente e um frescura envolvia o calor naquele final de manha. A praia estava calma por ser um dia de semana e ainda ser de manha, era final de manha mas ainda o era. Depois de muitas olhadelas a minha volta encontrei uma figura loira la ao fundo entre as ondas do mar com algum esforco apercebi-me a distancia que era Agnes.

O que era aquilo ali ao fundo uma onda parecia empurrar Agnes para dentro do mar e parecia querer leva-la ela estava em apuros, via-se que estava e a besta do Nadador-Salvador parecia estar a dormir ou noutro mundo. Nao pensei em armar-me em heroi, menino bonito ou principe que ia a correr salvar a donzela. Nao o fiz por ser Agnes mas talvez o tenha feito sem hesitar e ainda mais decidido por ser ela. Corri que nem um louco e enviei-me pelo mar a dentro. Naquele momento so Agnes me importava e achei uma estupidez que o pessal que estava pasmo a beira mar a assistir a cena nao me procurasse ajudar.

Depois de muito esforco e luta la consegui trazer Agnes quase inanimada para terra e afinal estava ja uma ambulancia a nossa espera, bem pelo menos alguem sempre fizera alguma coisa de util. Os paramedicos tentaram reanimar Agnes ali e acabaram por ter sucesso parecia que tinha sido mais o susto e a minha sereia recusou por completo ser levada para o hospital garantindo que estava bem, tinha sido segundo ela apenas mais o susto.

Nao podia ser, Agnes nem queria acreditar. Tinha sido salva de morrer afogada por mim, justamente por mim a quem ela parecia ignorar por completo. Olhou-me nos olhos, deu-me um beijo no rosto e pediu-me por tudo para que guardasse segredo e que nem aos meus pais viesse a contar o que tinha acontecido. Eu claro prometi nao contar nada e como recompensa fosse por a ter salvo, fosse por ir guardar segredo pedi-lhe que aceitasse o meu convite para almocarmos os dois no restaurante da praia.

Agnes parecia ver-me de outra maneira, estava-me grata e falava mais comigo, chegavamos ate a sair os dois e fomos mesmo ate ao cinema mas ela falava-me constantemente no namorado e sempre no namorado o que me tirava a esperanca de conseguir roubar aquele coracao para mim e ela ate sabia o que sentia por ela. Agnes fora sincera o mais sincera que podia ser e confessou-me que tambem eu nao lhe era indiferente mas gostava daquele rapaz a muitos anos, namoravam desde miudos e so se tinham separado porque ela conseguira visto para vir para Portugal e ele devido a alguns problemas burocraticos que estavam quase resolvidos no momento nao tivera a mesma sorte na altura mas assim que tudo estivesse resolvido ele viria para Portugal.

Naquela manha Agnes saira para ir fazer as compras que a minha mae lhe mandara fazer e eu estava sozinho em casa quando o carteiro chegou e naquele dia ao contrario do habitual trazia apenas uma carta da Romenia para Agnes. Deixei-a junto da porta do quarto dela e procurei-a ajudar com os sacos mal ela chegou, ajuda essa que a mesma sempre recusara visto que quem estava ali para trabalhar era ela e nao eu.

A mesma nao parecera ficar satisfeita com a carta que recebera mas dai ate passar a tarde a chorar ja era outra coisa muito diferente. Tentei que ela me contasse o que se passava mas a mesma so chorava, tentei acalma-la mas em vao o maximo que consegui foi ouvi-la dizer que se queria ir embora, que queria morrer. So quando a minha mae chegou e que a mesma ficou mais calma, pediu as contas e queria ir-se embora no dia seguinte, queria voltar para a Romenia quase que sem apresentar qualquer explicacao. A minha mae pediu-lhe que se acalmasse e que falariam no dia seguinte com mais calma e de cabeca fria.

A minha mae ficou preocupada, nao estava preparada para uma decisao daquelas por parte de Agnes e iria tentar convence-la a ficar ou pelo menos a ficar ate se arranjar uma substituta. A minha mae considerava que nao podia deixar os negocios dela para ficar a tomar conta da casa e realmente nao podia. Ela corria de um lado para o outro na rede de boutiques que tinha espalhadas pelo pais e pelo mundo e ainda mais agora que queria lancar uma marca de roupas.

Agnes no outro dia acordou como se nada fosse, pediu desculpa pelo que se passara no dia anterior e para alegria de todos retirou ou melhor voltou com a palavra atras em relacao ao pedido de demissao. Ela tinha segundo a mesma vindo para Portugal para comecar uma vida nova e seria assim que iria ser, fosse como fosse e fosse com quem fosse.

Faltava agora saber o que tinha acontecido e isso tinha a certeza de que iria arrancar a verdade de Agnes quando os meus pais saissem para os respectivos trabalhos, o meu pai nao ligou importancia ao assunto tentava manter-se afastado dos assuntos com os empregados de casa sobretudo quando se tratavam de mulheres deixando isso para a minha mae ele procurava nao tomar muita intimidade com os empregados internos para que a minha mae nao julgasse que havia alguma intencao dele na Empregada ou coisa parecida.

Agnes estava diferente e parecia-me ligar mais importancia e estar menos fria mal acabou os afazeres que tinha a fazer bateu-me na porta do quarto e perguntou-me se podia entrar e conversar, era agora, era finalmente agora que o misterio da crise de Agnes no dia anterior ia ser esclarecido. A unica certeza que tinha ate entao e que envolvia a carta que ela tinha recebido.

Ela sabia que aquele momento ia chegar ia ter que conversar, desabafar com alguem e nao tinha muitos amigos em Portugal com quem falar muito menos familiares, eu era o escolhido para receber tal tarefa e missao.

O namorado tinha-lhe escrito uma carta a terminar com tudo pois conhecera outra pessoa e queria ficar com ela. Agnes fazia parte do passado para ele e nao havia retorno a dar e ja nem ela queria. Foi sem mais grandes explicacoes que o namorado a informou do fim do namoro mas apos ligar para a Romenia Agnes veio a saber que ele se envolvera com uma antiga amiga dela e estavam prestes a casar. A ideia de ele vir para Portugal, de eles casarem, construirem uma familia ali em Portugal era um sonho que estava completamente desfeito.

Inicialmente a ideia de Agnes era ir a Romenia, pedir, exigir mesmo uma justificacao ao ex-namorado e partir a cara a antiga amiga mas aquela noite de sono e de aconselhamento com a almofada fizera mudar muita coisa nas suas ideias e planos.

Deixar Portugal quando tinha uma boa vida, um bom ordenando, comida na mesa e cama onde dormir gratuitamente seria um erro. Um erro ainda maior era ficar a chorar, a desesperar por um homem que nao a merecia quando tinha tantos outros que fariam tudo para ter a sua atencao, a sua amizade, o seu amor. Queria agora ficar em Portugal, erguer a cabeca, seguir e construir outro futuro e logo que chegassem uns documentos da Romenia voltar a estudar e sem se deixar ir abaixo. Lembrava os conselhos da falecida mae, nenhum homem merece as lagrimas de uma mulher.

Foi sem qualquer interesse que Agnes praticamente passou a ser a minha sombra e onde eu estava sempre que possivel ela estava. Quando ela podia iamos ao clube ate a piscina ou jogar Tenis comigo sempre a tentar dar um passo em frente mas ela ja me tinha confessado algum receio porque era Empregada dos meus pais. Nao queria que eles ficassem irritados por nos andarmos e que a despedissem, nao queria que se pensasse que ela andava comigo por interesse o que era dificil de se poder imaginar porque apesar de estarmos cada vez mais intimos, cada vez mais proximos ela nunca deixou de se comportar e agir dentro de casa como uma empregada que era.

O meu aniversario chegara e Agnes chamou-me a parte nao tinha tido tempo e nem sabia o que me oferecer com o ordenado dela que era acessivel era mesmo assim dificil de se pensar o que se haveria de oferecer a um rapaz que conduzia um Ferrari e tinha tudo o que alguem podia querer e deu-me um abraco perguntando-me o que eu gostaria de ter como prenda de aniversario. Ela ja devia calcular mas tal como eu estava a fazer o seu jogo em cumplicidade.

De pronto respondi-lhe que queria um beijo e ela sorridente sem protestar deu-me dois beijos no rosto e eu respodi que nao era assim que eu queria e ja a sorrir e a espera respondeu-me.

- Se quiseres de outra maneira da-me tu um como quiseres, eu nao me importo e ate sou capaz de gostar.

Sem dizer nada, nem uma palavra aproximei-me dela, acaricie-lhe o rosto como se fosse uma crianca com um pensamento apenas <<faz tempo que estava a espera desta oportunidade>> e dei-lhe um beijo na boca ate ficar-mos sem ar. Nao queria abusar da sorte e com vontade de dar outro fiquei-me pela vontade mas quem nao se ficou foi ela e retribuiu-me o beijo e a caricia.

Sabiamos que estavamos a brincar com o fogo e ela respondeu-me que nao era aquilo que tinha ideia de me oferecer. Curioso perguntei-lhe o que era e ela mandou-me fechar os olhos e so abrir quando ela mandasse. Queria entrar no jogo e mesmo nao sabendo o que estava na cabeca dela tratei de obedecer so assim saberia ate onde ela queria chegar.

Quando Agnes me deu ordem para abrir os deparei-me com ela completamente nua na minha frente e nao estava a espera daquilo mas nao a ia recusar.

- Nao sei o que podes pensar de mim mas sei que a muito que querias isto, e a tua prenda de aniversario - sorriu - so te peco para seres carinhoso comigo o mais que possas porque eu... eu...
- Tu, tu! - foi a minha vez de sorrir- es virgem?
- Sim sou - respondeu-me ela com os olhos baixos e com aparente vergonha- eu sou virgem e quero que sejas tu o primeiro, tinha guardado isto para este dia. - Abracou-me - guardei este momento para este dia porque sei que mereces e prefiro dar a virgindade a alguem que mereca do que a um que nao mereca.
- Sim entendo e sinto-me honrado, agora e a minha vez de te confessar de que tambem sou virgem.

Sorrimos estavamos feitos um para o outro e caimos na cama antes que os meus pais chegassem e foi o melhor momento da nossa vida. Desfrutei cada segundo daquele momento com Agnes, explorei cada curva do seu corpo, perdi-me naqueles seios que nenhum homem tocara e os vira nus ate entao. Fizemos, voltamos a fazer e repetimos a dose mais uma ou duas vezes naquela tarde ate pouco antes dos meus pais chegarem.

Os meus pais levaram-me a jantar fora num daqueles restaurantes de luxo a beira do Tejo e para minha alegria convidaram Agnes para que fosse conosco e ao ve-la assim tam bonita como ela se tinha arranjado igualmente para grande alegria minha a minha mae virou-se e afirmou ja que nao tinha tido uma filha tao bela como ela nao se importava de ter uma nora assim.

Jantamos sem pensar em mais nada nem sequer no minuto e na hora que se seguiria. Era como se a vida fosse apenas o passado e o presente e o futuro fosse uma mentira mas os meus pais notaram uma certa cumplicidade entre mim e Agnes mas fingiram de nada perceber porque consideravam que isso era assunto meu e de Agnes.

O que era previsivel depois de termos feito amor regularmente sem tomar precaucoes e andar a fazer sexo como quem joga na roleta russa aconteceu, Agnes estava gravida e nem ela ou eu queriamos ou sequer pensavamos no aborto. Os meus pais quando souberam la nos deram um sermao mas pouco tempo depois la aceitaram e estava tudo bem. Os meus pais concordaram que eu e Agnes pudessemos vir a casar depois do bebe nascer desde que eu fosse fazer o meu curso superior para Inglaterra ou ate mesmo em Portugal para estar mais perto do meu filho ou filha e esposa. A minha mae tambem exigira que a futura nora dela deixasse de ser Empregada Interna la de casa e comecou-a a instruir nos seus negocios.

Tudo estava bem, mas a vida nao era um mar de rosas como tantas vezes pensamos e a felicidade era tanta que tinha mesmo que haver algo de mau no nosso caminho, ninguem e completamente feliz por muito tempo, existe sempre um obstaculo na felicidade que se nao for destruido ou contornado se torna em infelicidade e penso que infelizmente foi o que aconteceu para minha tristeza e desespero dos meus pais eu nunca mais fui o mesmo desde entao.

O momento do parto chegara e o mesmo adivinhava-se complicado devido a posicao em que o bebe se encontrava e Agnes ser muito estreita. As coisas estavam a complicar-se cada vez mais e eu que decidira assistir ao parto estava a desesperar Agnes desesperava em dores e mais dores e eu eloquecia com isso foi entao que Agnes me deu a mao sorriu apesar das dores e fechou os olhos. A minha Agnes nao resistira ao parto complicado tal como o meu filho "era um rapaz" tambem nascera ja morto.

Eu sobrevivera a tragedia mas uma parte de mim morreu igualmente com ela, nunca mais fui verdadeiramente feliz, amei mas nunca nenhuma mulher como amei Agnes e nem aceitei casar com a mae dos meus filhos respeito e amor a mesma. E tambem, igualmente, um ritual meu todos os anos no dia do seu aniversario, no dia da sua morte ir ate ao cemiterio e passar algum tempo junto do seu tumulo e ficar ali um pouco em silencio. No meio daquele silencio, olhando a sua foto parece-me sentir que a mesma esta ali ao meu lado e talvez ate esteja orgulhosa por eu sentir que tive muitos romances e ate amores mas como o de Agnes outro a minha pessoa jamais tivera.

                                                                                                               Manuel Goncalves



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