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domingo, 29 de junho de 2014

Amor Com Toque de Samba Tropical e um Triste Fado

 

Sentia-se cansado, desiludido a beira de uma depressao. Era assim que se sentia Leornardo Castanheira um dos melhores fotojornalistas freelancer do momento em actividade do momento que apesar de tudo nao se conseguia sentir realizado profissionalmente e muito menos pessoalmente.

Era requisitado pelas melhores revistas e jornais para ir fazer reportagens das festas do jet set rodeadas de pessoas VIP que muitas vezes comecavam a beber e depois so depois e que se viam do que eram capazes de fazer aquelas senhoras da alta sociedade quando ja nao conseguiam controlar-se e comportar-se com dignidade, algumas por vezes nem mesmo conseguiam andar. Como as revistas e jornais muitas vezes eram propriedade dessas mesmas pessoas da alta sociedade era por vezes frequente que muitas fotos nao fossem publicadas, Leonardo ao principio sentia revolta, sentia que afinal ainda havia censura mas com o tempo aprendeu a viver com isso.

Sentia-se descastado nao era aquilo que ele queria fazer sempre quisera ser Fotografo especializar-se em Fotojornalismo mas nao era aquele tipo de trabalhos que ele ambicionava continuar a fazer. Sua ambicao o seu grande sonho era fazer um reportagem fotografica de uma guerra, de um campo de batalha. Sonhava publicar suas fotas nas melhores revistas de Fotografia ter uma Foto como capa de revista na National Geographic, ver um filme ganhar o Oscar de Melhor Fotografia com uma foto sua. Eram esses os sonhos daquele jovem de espirito aventureiro.

Os seus sonhos estavam dificeis de se realizarem de nada de adiantava ter estudado nas melhores escola de fotografia e design do mundo como a escola de arte do instituto de Chigaco, de nada de lhe valeu as melhores notas ai tiradas os estagios feitos na National Geographic e na Kodak no regresso a Portugal tudo parecia promissor e realmente trabalho nao lhe faltava, faltava-lhe era tempo para aceitar todas as propostas que lhe eram feitas. So que eram sempre reportagens de temas banais quando nao era uma festa do Jet-set surgia a cobertuta fotografica de qualquer outro acontecimento social banal do dia a dia ou uma passagem de modelos, no Verao eram tambem os concertos de rock enquanto ele Leonardo Castanheira queria algo com mais adrenalina onde o espirito de aventura estivesse mais presente mesmo que isso o pudesse levar a colocar a propria vida em risco. O sonho dele era mesmo esse a reportagem de uma guerra ou uma reportagem fotografica de um local como a selva amazonica.

A vida pessoal estava virada do avesso nos cinco anos de carreira como fotojornalista vivera demasiado para a profissao mesmo nao gostando do que estava a fazer actualmente, muitas noites fora, pouco tempo disponivel e tantos outros factores foram a rutura para que o seu casamento tivesse durado apenas tres anos, estava divorciado a alguns meses e curiosamente a ex mulher era a sua melhor amiga.

Acordado cedo e ainda ensonado levantou-se foi tomar o duche matinal  que era incapaz deixar de tomar, foi ao cafe da esquina tomar o Pequeno-Almoco era sempre assim todos os dias era incapaz de fazer fosse o que fosse sem tomar o Pequeno-Almoco ate mesmo de preparar o mesmo. Era tambem uma forma de conviver com a humanidade ele que vivia um pouco isolado de tudo e todos.

- Bom dia. - cumprimentava habitualmente com educacao e num tom suave de voz. - Entao Neves como vao as coisas?
- Como habitual senhor Castanheira, deixe-me acabar so de atender aqui esta senhora que ja vou fazer a sua torrada e o galao da ordem.

Era sempre assim todas as manhas Leonardo ali era o senhor Castanheira nunca era o Leonardo ou o Castanheira e apesar da confianca com o dono do cafe nascida das conversas diarias sobre os habituais temas que os homens discutiam, futebol, politica e mulher ele Leonardo nunca deixava de ser o senhor tal como ele o dono do cafe tambem tinha o habito de chamar as pessoas nao pelo nome mas pelo sobrenome no entender de Leonardo isso parecia ser mais nobre e respeitavel.

Sempre de camisa fora das calcas, bermudas ou calcas jeans era assim que se vestia num estilo puramente desportivo, calcava sandalias algo que nao dispensava no Verao assim como o bone e os habituais oculos escuros. Aquela maneira de vestir desportiva e descontraida ja o fizera perder alguns clientes que foram incapezes de confiar em alguem que chegava a uma reuniao de trabalho vestido daquela maneira mas ele entendia que era um fotografo, fotojornalista nao era nenhum medico, engenheiro muito menos o Presidente da Republica para andar de fato e gravata.

Chegado da viagem matinal diaria ao cafe ligava o computador e ia ver os E-mails muitas propostas de trabalho comecavam assim com um convite para um encontro e uma reuniao convite esse feito inicialmente quase sempre por E-mail os interessados falavam da proposta, deixavam contacto e combinava-sse uma reuniao para se discutir a proposta, acertar numeros e assinar-se o contrato, habitaulmente era sempre assim.

Estava ele agora na sala de espera do escritorio de uma das principais agencias de turismo que inicialmente parecia que queriam requisitar os seus servicos para ir ao Brasil fazer uma reportagem fotografica para uma revista de fotografia e turismo. Aparentemente a agencia queria publicar uma reportagem fotografica na mesma revista onde as fotos pudessem mostrar que um dos principais destinos de viagem ao Brasil, Rio de Janeiro, nao era um destino assim tao perigoso como as noticias da imprensa divulgavam recentemente e que levara a uma enorme quebra de viagens turisticas ate ao Rio de Janeiro um destino que sempre tivera muitas solicitacoes. A mesma reportagem iria ajudar de uma vez por todas a limpar essa imagem de um Rio de Janeiro como destino perigoso e coloca-lo novamente na lista dos destinos paradisiacos.

Acertara tudo muito rapidamente e agora via-se ele ja depois de atravessar o oceano Atlantico prestes a aterrar no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeao - Antonio Jobim. A viagem claro tinha sido cansativa apesar de todo o conforto e simpatia das hospedeiras de bordo haviam sido mais de seis horas a bordo praticamente sem se mexer e a olhar as nuvens e o oceano como um especialista em fotografia nunca perdia a hipotese se ficar a apreciar a paisagem.

Seguiu para o hotel logo que recebeu a bagagem nao aceitara o servico de guia que a agencia lhe queria oferecer e ainda lhes propocionara o trabalho com um enorme desconto o que agradara bastante a quem o contratara e recebera a promessa de novas ofertas de trabalho no futuro, Leonardo alegara que ia aproveitar tambem ele para tirar umas ferias e que aquele trabalho seria apenas uma tarefa de ferias o que o levou a considerar a amabilidade de fazer um desconto no mesmo trabalho alem demais tinha as despesas de alojamento totalmente pagas e um cartao de credito com um limite bem acessivel para ele custear a sua estadia com compras, jantares, almocos, deslocacoes e tudo o que entendesse e ainda lhe tinham adiantado metade do valor do trabalho logo de inicio que ficara a descansar na sua conta bancaria.

Pela manha tomava o Pequeno-Almoco no hotel e ia ate a praia onde nessa altura podia dar o seu mergulho depois de pedir ao empregado de mesa de uma das esplanadas da praia para lhe guardar a mochila com o equipamento fotografico habitualmente desde que fosse cliente nao havia problema em se fazer esses pedidos e depois uma boa gorjeta ajuda sempre em qualquer situacao de seguida apanhava um pouco de sol. Ia buscar a maquina e ai comecava a trabalhar fotografava a praia as paisagem a sua volta, fotografava as brazucas e as estrangeiras depois de lhes pedir autorizacao, claro.

Em poucos dias Leonardo ja era conhecido em Copacabana, Ipanema, Barra da Tijuca, visitara o Monte do Corcovado, tirara imensas fotos ao Pao de Acucar e apaixonara-se pela estatua emblematica do Rio de Janeiro e um dos simbolos maximos do seu expoente a Estatua do Cristo Redentor. Procura tambem o outro lado da questao fotografou como pode a Favela da Rocinha e em algumas fotos mostrou que mesmo numa favela nem tudo era crime.

Domingo um dia em que ele tirava apenas para passear e descansar embora durante o passeio a mochila com o equipamento fotografico nunca ficasse na suite do hotel. Leonardo dera por si num bairro de Ipanema e de frente para um Restaurante que tinha uma bandeira de Portugal e o nome bem original para uma mistura luso brasileira, Lisboa Tropical.

La dentro parecia que se entrava num novo mundo cedo soube que o dono era portugues um fadista lisboeta retirado que decidira partir para terras de Vera Cruz e apostar naquele Restaurante, segundo ele uma aposta de sucesso. Todo o Portugal estava bem representado no Restaurante desde do Minho ao Algarve, passando pelas ilhas. A ementa como nao podia deixar de ser era portuguesa e brasileira. Apos falar um pouco com o dono e dizer o que estava a fazer ali no Rio foi logo convidado para ficar e assistir a noite de fados onde nao iriam faltar uma sardinhada e o caldo verde, Leonardo ficou ia aproveitar para tirar algumas fotos e apresentar na reportagem.

Tudo parecia faze-lo lembrar Lisboa, Alfama, Mouraria e Bairro Alto a fadista essa sim era brasileira e ao cantar Amalia Rodrigues mal se notava o sotaque, era bem bonita e jovem a aritista que insistia em cantar e com sua voz homenagear Amalia, Leonardo levantou-se tirou algumas fotografias e voltou a sentar-se nao podia incomodar a assistencia, estava pasmo com a voz e o talento da jovem fadista que quanto muito teria ai os seus vinte e dois anos. Tirou um charuto do maco era o ultimo sem hesitar abriu a mochila e tirou um novo maco de charutos. Deixou-se levar pelos pensamentos para longe dali.

- Gostou do Show? - era a jovem Fadista que decidira vir ter com ele no final da actuacao. - Espero que sim.
- Sim, claro. - confessou Leonardo. - Fiquei sem palavras!

Leonardo fez-lhe sinal que senta-se e foram conversando ao sabor das caipirinhas que lhe iam servindo alternadas da sangria de vinho tinto. Ficou a saber que a mesma se chamava Regina e era filha do dono do Restaurante o que levou a que no final da noite na altura de pedir a conta o dono do Restaurante se recusasse a aceitar um tostao do fotojornalista portugues.

Regina estava ainda a recuperar de uma depressao e o facto de o pai a ver a conversar e a sorrir animadamente com alguem e a sorrir pela primeira desde da morte da mae fez com que Leonardo conquista-sse desde logo a simpatia do senhor Norberto Reis, senhor Reis como ele logo o comecou a chamar no final da noite Leonardo e Regina combinaram novo encontro fora dali os dois a sos iriam dar um passeio.

Na manha seguinte o Fotojornalista foi acordado com um telefonema de Regina ela estava a sua espera na recepcao do hotel. Levantou-se a correr e foi ter com ela la teria que ser queria ver ate onde iria aquilo agora.

Deu por si a passear com ela na Barra da Tijuca, a tomar banhos de sol em copacabana nos dias seguintes junto com ela, subindo o monte Corcovado num teleferico e ja abracados a tirar fotos junto do Cristo Redentor. Beijaram-se entao.

Leonardo estava a viver a sua ultima noite no Brasil nao queria acreditar que estava na hora de regressar e nao mais ver Regina, ela estava a sua espera na recepcao do hotel e fizera questao de ser ela a subir ate a suite nao ser ele a descer ao encontro dela, abracaram-se e logo fizeram amor pela primeira vez e como parecesse que iria ser a ultima e talvez o fosse mesmo Leonardo no dia seguinte estaria ja em Lisboa e Regina iria ficar no Rio de Janeiro nao queria deixar o pai sozinho a morte da mae ainda era uma coisa recente. Regina foi com leonardo ate ao aeroporto e ai se despediu dele com uma mensagem final que deixava muito a esperar.

- Um dia te vou fazer uma surpresa, gato. - sorriu beijou-o pela ultima vez e virou costas.

A reportagem foi um sucesso muito devido a qualidade das fotos Leonardo era agora ainda mais respeitado no mundo do fotojornalismo e ja havia acertado detalhes com uma agencia de noticias que na proxima guerra ou conflito seria ele o fotojornalista escolhido para fazer a cobertura.

Os dias de Leonardo haviam voltado a mesma rotina, agora a unica diferenca e que a solidao era ainda maior e nao conseguia tirar da cabeca a ultima noite passada com Regina e os momentos de amor, as caricias, o sorriso dela e sobretudo a ultima advertencia " - Um dia te vou fazer uma surpresa..." a campainha tocara quem seria agora aquela hora da manha, fazia exactamente dois meses que Leonardo deixara o Rio de Janeiro, era ela, era Regina ele nem queria acreditar Regina estava em Lisboa.

O abraco ali a porta foi uma coisa muito rapido logo voaram para a cama e mataram as saudades um do outro, deram continuidade a sessao de amor que tinham feito no hotel do Rio de Janeiro e meteram a conversa em dia. Regina viera ao seu encontro porque o amava e porque o pai tinha insistido para a filha ir e lutar pela sua felicidade estivesse a mesma onde estivesse. Leonardo adorou aquela prova de amor.

Ainda nem um ano se tinha passado e ja Leonardo estava de novo no Rio de Janeiro agora esperava Regina que vestida de noiva e prestes a dar o sim no matrimonio com ele estava ainda mais bela, Leonardo abencoou mais uma vez a hora em que tivera que atravessar o oceano Atlantico para fazer aquela reportagem fotografica, agora enquanto apertava a mao do futuro sogro e recebia a noiva e futura esposa no altar.

                                                                                                   Manuel Goncalves

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