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sábado, 2 de maio de 2015

Revolucao Egipcia de 2011

 

Com esta cronica procuro redimir-me um pouco para com um amigo egipcio com quem acabei por ter ainda uma troca de impressoes ao ele comentar no messenger do facebook de forma negativa um conto breve meu, A Muculmana, editado o ano passado no dia 13 de Dezembro.

Para Ramisis um Guia Turistico de Luxor que faz visitas guiadas a grupos de turistas portugueses e espanhois dai a razao de nos conseguirmos entender ao escrever em portugues ao contrario do que esta descrito no conto nao houve qualquer Golpe de Estado no Egipto que levou a queda do Presidente Mubarak mas sim revolucao pura, o Egipto na opniao de Ramisis nao tem Guerra Civil mas sim uma luta contra ao terrorismo. Ramisis aconselhou-me a ir ao Egipto para ver a realidade pelo menos Ramisis diz que onde ele vive as coisas sao assim.

E sabido que ao longo de algum tempo nao foi essa a ideia que a imprensa internacional mostrou, apresentou e divulgou ao mundo de facto com alguma pena minha nao posso ir ao Egipto ver se Ramisis tem ou nao razao no entanto apresento agora este trabalho para descrever um pouco o que foi a revolucao egipcia de 2011.


A Revolucao no Egipto, tambem conhecida como Dias de Furia, Revolucao de Lotus e Revolucao do Nilo, foi uma serie de manifestacoes de rua, protestos, e actos de desobediencia civil que ocorreram no Egipto de 25 de Janeiro de 2011 ate 11 de Fevereiro de 2011. Os organizadores das manifestacoes contaram na altura com a recente revolta na Tunisia para inspirar as multidoes egipcias a se mobilizarem, assim como ocorreu em grande parte do mundo arabe. Os primeiros motivos para o inicio das manifestacoes e tumultos foram a violencia policial, as leis de Estado de excepcao, o desemprego, o desejo de ver aumentado o ordenado minimo, a falta de moradia, a inflacao, a corrupcao, a falta de liberdade de expressao, as mas condicoes de vida e factores demograficos estruturais. O principal objectivo dos protestos era derrubar o regime do entao Presidente Hosni Mubarak, que esteve no poder por tres decadas. 

Enquanto protestos localizados ja eram comuns em anos anteriores, grandes protestos e revoltas se espalharam por todo o pais e rapidamente foram ganhando forca a partir de 25 de Janeiro, que viria a acabar por ficar conhecido como o "Dia da Ira", a data estabelecida por grupos de oposicao do Egipto e outros para uma grande manisfestacao popular. Os protestos de 2011 foram tambem chamados de "sem precedentes" para o Egipto e "a maior exposicao de insatisfacao e desagrado popular na memoria recente" no pais, sendo que o Cairo estava sendo descrito como "uma zona de guerra" por um correspondente local do Jornal The Guardian. Pela primeira vez,  os egipcios de todas as esferas sociais, com diferentes condicoes socioecnomicas se foram juntando os protestos. As mesmas foram as maiores manifestacoes ja vistas no Egipto desde de 1977.

O ainda Presidente da Republica da altura Hosni Mubarak acabou por dissolver seu Governo e nomeou o Militar e ex-Chefe da Direccao Geral de Inteligencia Egipcia Omar Suleiman, como Vice-Presidente, numa ultima tentativa de sufocar a dissidencia. Mubarak pediu ao Ministro da Aviacao e ex-Chefe da Forca Aerea do Egipto, Ahmed Shafiq, para formar um novo Governo. A oposicao ao regime de Mubarak se aglutinou em torno de Mohamed ElBaradei, com todos os principais grupos de oposicao dando assim apoio ao seu papel de negociador de alguma forma de Governo transitorio. Muitos estrangeiros procuraram sair do pais, enquanto os egipcios realizaram manifestos ainda maiores. Em resposta a crescente pressao Mubarak acabou por anunciar que nao iria tentar uma reeleicao em Setembro.

O objectivo principal dos protestos, enfim, foi somente atingido no dia 11 de Fevereiro de 2011, quando o ainda Vice-Presidente egipcio Omar Suleuman anunciou, pela emissora estatal de televisao, a renuncia do ate entao Presidente Mubarak, o que causou festejos de comemoracao por parte da populacao revoltosa na Praca Tahrir, no centro do Cairo, e em varias outras cidades do Egipto.

A partir de 11 de Fevereiro, o poder passou para o Conselho Supremo das Forcas Armadas. Ja em 24 de Maio o antigo Presidente Mubarak foi obrigado a ir a julgamento sobre a acusacao de assassinato premeditado de manifestantes pacificos e, se condenado, poderia enfrentar a pena de morte.

A junta militar, chefiada entao pelo Chefe de Estado efectivo, Mohamed Hussein Tantawi, anunciou em 13 de Fevereiro que a Constituicao seria suspensa, ambas as Camaras do Parlamento dissolvidas, e que as Forcas Armadas passariam a governar pelos seis meses seguintes ate que as eleicoes pudessem ser realizadas. O gabinete anterior, incluindo o Primeiro-Ministro Ahmed Shafik, continuaria a servir como um Governo interino ate que um novo fosse formado. Shafik viria no entanto a renunciar ao cargo em 3 de Marco, um dia antes de grandes protestos para leva-lo a renunciar. Foi substituido por Essam Sharaf, o ex-Ministro dos Transportes.

Embora Mubarak tenha renunciado, os protestos continuaram em meio a preocupacoes sobre quanto tempo a junta militar durara no Egipto, alguns receiam que os militares irao governar o pais por tempo indeterminado.

A Revolucao Egipcia, juntamente com os acontecimentos na Tunisia, tem influenciado as manifestacoes em outros paises arabes, incluindo Iemen, Bahrein, Jordania, Siria e Libia.


Hosni Mubarak chegou a Chefe do Governo da Republica Semi-Presidencial do Egipto apos o assassinato do Presidente Anwar El Sadat em 1981, e continuou no poder ate 2011. O Governo de Mubarak mostra um reinado de trinta anos e fez dele o Presidente mais longevo da historia do Egipto, com o Governo do Partido Democratico Nacional (NDS) mantendo um regime unipartidario sob um continuo estado de emergencia. O Governo de Mubarak ganhou o apoio do Ocidente e uma continua ajuda anual dos Estados Unidos pela manutencao de politicas de repressao aos militares islamicos e a paz com Israel. Hosni Mubarak, foi muitas vezes comparado a um Farao egipcio pela midia e por alguns dos seus criticos devido ao seu regime autoritario.

Gamal Mubarak, o mais jovem dos dois filhos de Hosni Mubarak, comecou a ser preparado para suceder a seu pai como o proximo presidente do Egipto por volta do ano 2000. Gamal comecou a receber consideravel e especial atencao nos meios de comunicacao egipcios, ja que nao havia outros herdeiros aparentemente para a presidencia. A ascensao de Bashar al-Assaf ao poder na Siria em Junho de 2000, poucas horas apos a morte de  Hafez al-Assad, provocou um acalorado debate na imprensa egipcia sobre as perspectivas de um cenario semelhante estava ocorrendo no Cairo.

Ao longo da decada cresceu a percepcao de que Gamal iria suceder a seu pai e tornar-se o proximo Presidente do pais. Ele detinha um poder crescente como Secretario-Geral Adjunto no NDP. Os analistas politicos chegaram ao ponto de descrever a ultima epoca de Mubarak no poder como "a era de Gamal Mubarak". Com a saude de Hosno Mubarak em declinio e o Lider recusando-se a nomear um Vice-Presidente, Gamal era entao considerado por alguns como o Presidente do Egipto de facto.

Uma lei de emergencia (Lei nº 162 de 1958) foi promulgada logo apos a Guerra dos Seis Dias de 1967. Foi suspensa por 18 meses no inicio de 1980 e de forma continua, ficou em vigor desde do assassinato do Presidente Sadat em 1981. Sob a lei, os poderes policiais sa estendidos, os direitos constitucionais suspensos, a censura e legalizada, e  Governo pode prender individuos indefinidamente e sem razao. A mesma lei limita drasticamente qualquer tipo de actividade politica nao-governamental, incluindo as manifestacaoes de rua, organizacoes politicas nao-aprovadas, e doacoes financeiras nao registadas. O Governo de Mubarak citou a ameaca do terrorismo, a fim de ampliar a lei de emergencia, reivindicando que os grupos oposicionistas como a Irmandade Muculmana poderia vir a chegar ao poder no Egipto, se  actual Governo renuciasse as eleicoes parlamentares e nao viesse a suprimir o grupo por meio de accoes permitidas pela tal lei de emergencia. A eleicao parlamentar em Dezembro de 2010 foi precedida por uma ofensiva a midia, prisoes, ate mesmo proibicoes de alguns candidatos (especialmente do Grupo da Irmandade Muculmana) e algumas supostas alegacoes de fraudes envolvendo a vitoria quase unanime pelo partido governante do parlamento. As organizacoes de direitos humanos estimam que em 2010 entre 5000 a 10000 pessoas foram detidas por longos periodos sem qualquer acusacao ou julgamento e na Decada de 1990 consta que o numero de detidos tenha sido superior a 20.000 detidos.

A corrupcao politica no Ministerio do Interior de Mubarak veio a aumentar dramaticamente, devido ao maior poder sobre o sistema institucional. A ascensao de empresarios poderosos no partido governante e na Assembleia Popular trouxe trouxe uma grande e enorme desconfianca por parte da populacao durante o mandato do Primeiro-Ministro Ahmed Nazif. Um bom exemplo e o monopolio de Ahmed Ezz na industria siderugica no Egipto contrland 60% de quota do mercado. Estima-se igualmente que o ex-Presidente egipcio, Hosni Mubarak, possa ter uma fortuna pessoal de cerca de 70.000 bilioes de dolares, o que o torna o homem mais rico do mundo, se tomarmos como referencia a prestigiosa lista da Forbes. Aladdin Elaasar, um Biografo Egipcio e Professor americano, estimou que nao so Hosni Mubarak mas toda a familia Mubarak possuia $50 a $70 bilhoes de dolares.

Em 2010, a Transparencia Internacional em seu Indice de Percepcoes de Corrupcao, classificou o Egipto na posicao 98, com uma pontuacao 3.1, com base no grau de corrupcao tanto no sentido governamental como empresarial (sendo 10,0 como ausencia de corrupcao e 0,0 como corrupcao total e extrema).

A populacao que em 1950 era cerca de 20 milhoes e em 1980, trinta anos depois como e evidente, era ja de 44 milhoes, em 2009 atingia ja 83 milhoes de pessoas tendo em pouco mais de meio seculo quase quadriplicando a taxa de nascimentos. A maioria dos egipcios vivem as margens do Rio Nilo em uma area extremamente pobre mas a unica que e fertil do pais de 40.000 Km². A emergente crise de superpopulacao tem causado ainda maiores problemas de pobreza, saude, educacao e habitacao, bem como a reducao de terras ferteis disponiveis.


Cronologia dos acontecimentos da Revolucao Egipcia de 2011:

 Janeiro:

. Dia, 25 de Janeiro, "Dia da Revolta":

Em 25 de Janeiro os protestos tiveram inicio em varias cidades do Egipto, incluindo Cairo, Alexandria, Suez e Ismailia. Milhares de pessoas protestaram na capital, com mais de 15 mil pessoas ocupando uma das principais pracas da cidade, a Praca Tahrir.

. Dia, 26 e 27 de Janeiro:

As revoltas continuaram trazendo consigo o aumento de violencia, tanto pelos manifestantes quanto pelas forcas policiais, comecando a provocar os primeiros incidentes mortais. Predios sao incendiados e o exercito egipcio e chamado a auxiliar a policia que comeca a nao ter controlo da situacao sozinha.

. Dia 28 de Janeiro, "Sexta-Feira da Ira":

Milhares de pessoas  tomam as ruas por todo o Egipto. Pouco antes da 01:00 da manha (horario local), o Governo egipcio cortou a internet no pais, juntamente com alguns servicos de telemovel e SMS - a legislacao egipcia permite ao Governo bloquear tais servicos, e as operadoras sao obrigadas a cumprir.

Os protestos continuaram por todo o pais. Em Suez, os manifestantes tomaram uma Estacao Policial e libertaram todos os presos, a maioria capturada nos dias anteriores. No final da tarde, foi incendiado do predio do Partido Nacional Democratico, no Cairo.

. Dia, 29 de Janeiro: 

Os protestos continuam, e os manifestantes pedem a saida do Presidente Mubarak. E imposto um toque de recolher as 18:00 horas da tarde a toda populacao, que nao cumpre e desobedece. Cmecam a acontecer alguns saques, e a populacao se organiza em unidades familiares e de vizinhos para tentar se defender e proteger.

O acesso as piramides e fechado e encerrado citando-se e alegando-se "condicoes atmosfericas". Relatos dizem que a populacao tenta proteger os "artefactos preciosos", mas alguns itens foram danificados e duas mumias foram destruidas.

A china passa a censurar noticias relacionadas as manifestacoes dos egipcios e da revolta popular pelo Egipto fora.

. Dia, 30 de Janeiro:

O Banco Central Egipcio diz que todos os bancos e a bolsa de valores permanecerao encerradas. Paises como os Estados Unidos e a Inglaterra pedem aos seus turistas que deixem o pais.

O Governo egipcio fecha a emissora de TV Al Jazeera, que vinha relatando os eventos pelo mundo todo 24 horas por dia, e tenta cativar os militares colocando altos oficiais em ministerios e altos cargos do Governo, enquanto isso o exercito da uma demostracao de forca, com colunas de tanques ocupando a famosa Praca Tahrir no centro do Cairo e avioes fazendo voos rasantes.

No final do dia, desafiando o toque de recolher, o Diplomata e vencedor do Premio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei juntou-se a multidao revoltosa, dando forca aos protestos e discursando contra o ainda Presidente Mubarak (algo que me parece incomum afinal da a entender que um Nobel da Paz estava a incentivar a violencia).

. Dia, 31 de Janeiro:

Os manifestantes revoltosos convocam uma greve geral no pais por tempo indeterminado. O Presidente Mubarak faz o anuncio de uma troca de ministros, numa derradeira tentativa de contornar a crise. O exercito anuncia que nao vai abrir fogo contra a populacao. O Aeroporto do Cairo vive um dia de caos, com estrangeiros tentando a todo o custo e maxima rapidez abandonar o pais. Devido a quantidade de cancelamentos e atrasos, o aeroporto parou de anunciar os horarios dos voos, o que so veio a agravar e piorar ainda mais a situacao. Entao Israel enviou no mesmo dia armamentos para o Governo egipcio.

Fevereiro:

. Dias, 1 a 4 de Fevereiro:

Na terca-feira, mais de um milhao de pessoas reuniram-se na Praca Tahrir, no Cairo. A manifestacao e "pacifica e festiva". Tambem ocorreram manifestacoes em outras cidades egipcias, tal como em Alexandria e Suez.

Manifestantes contra e a favor do Presidente Hosni Mubarak se enfrentaram na Praca Tahrir e ruas ao redor, e surgem os primeiros mortos, alem dos mais de 600 feridos. O Presidente Mubarak sustenta sua posicao e afirma dizendo que nao renunciara ate Setembro, quando havera eleicoes, as quais ele igualmente afirmou que ja nao iria concorrer mais. Conflitos se estenderam pela madrugada do dia 2 ate dia 3 de Fevereiro. Manifestante pro-Mubarak armados com  coqueteis Molotov e algumas armas automaticas atiram contra a multidao matando pelo menos no minimo cinco pessoas. Eventualmente o exercito interveio e conseguiu remover as armas. Pela madrugada do dia 3 a situacao voltou a ficar mais calma.

Durante os violentos, sangrentos e ate mortiferos confrontos destes dois dias ocorreu uma "caca aos jornalistas estrangeiros", levada a cabo alegadamente por manifestantes pro-Mubarak. A salientar Bert Sundstrom, um Jornalista da televisao sueca que sofreu graves ferimentos apos sofrer multiplas facadas.

O proprio Comite para a Proteccao de Jornalistas acusa o Governo Egipcio de querer eliminar as testemunhas dos seus actos.

No dia seguinte, milhoes de pessoas se reuniram na Praca Tahrir mais uma vez no centro do Cairo para cumprir e realizar as oracoes islamicas de sexta-feira. Os protestos no entanto continuaram embora pacificamente apos as oracoes, e o dia 4 ficou conhecido como Dia da Saida.

. Dias 5, 6 e 7 de Fevereiro:

Depois do "Dia da Saida" ter terminado com Hosni Mubarak ainda Presidente do Egipto, novamente e pelo decimo segundo dia consecutivo, a multidao concentra-se no local do costume a Praca Tahrir pedindo a sua demissao imediata. Na altura foram muitos os que ignoraram o recolher obrigatorio imposto e permaneceram durante a noite na praca.

Um gasoduto explode no Sinai, uma penisula montanhosa e desertica do Egipto, e a rede de televisao estatal egipcia o facto dos acontecimentos a um acto terrorista.

Omar Suleiman, Vice-Presidente Egipcio, sobreviveu a uma tentativa de assassinato e dois dos seus guarda-costas morreram. O Governo dos Estados Unidos confirma o ocorrido, mas o Governo egipcio desmente.

A lideranca do Partido Nacional Democratico, o partido do Presidente Hosni Mubarak, renuncia, incluem-se entre eles Gamal Mubarak, o filho e herdeiro politico do entao ainda Presidente egipcio, e Safwat el-Sharif, Secretario-Geral do partido, substituido por Hossam Badrawi, que vinha sendo excluido por causa de suas criticas ao Governo.

Ja no dia seguinte houve um encontro com as liderancas politicas do Egipto, e o Vice-Presidente Omar Suleiman acabou por aceitar fazer concessoes. Garantias quanto a liberdade de imprensa tambem acabaram por ser discutidas, bem como a nao-aceitacao de influencias de outros paises no futuro processo de formacao para um novo Governo. Foi proposto que o Vice-Presidente assumisse o poder no lugar do Presidente Hosni Mubarak - o que e permitido pela constituicao Egipcia -, mas o mesmo nao aceitou.

Alguns deputados da base governista da Alemanha desde logo se propuseram a acolher Hosni Mubarak no pais caso ele abandonasse o Egipto e partisse para o exilio como muitas vezes foi usual em casos semelhantes.

No dia 7, apesar das reunioes entre as liderancas politicas, a populacao ainda se recusa a voltar a vida "normal" que sempre fizera no dia a dia, continuando assim a protestar tendo sempre preferencia pela Praca Tahrir como local para faze-lo.

. Dias 8 e 9 de Fevereiro:

No dia 8 foram registados os maiores protestos desde o inicio dos acontecimentos, com algumas centenas de milhares de pessoas na Praca Tahrir. Como parte das reformas prometidas, o Governo egipcio comeca a libertar presos politicos, entre eles Wael Ghonin, executivo do Google no pais, que ficou preso por 12 dias.

. Dia, 10 de Fevereiro:

O Presidente Hosni Mubarak faz um pronunciamento e informa que passou a autoridade do pais para as maos do Vice-Presidente Omar Suleiman, mas que nao renunciara ate as eleicoes de Setembro, Imediatamente apos o pronunciamento, Suleiman falou a nacao egipcia e pediu a povo que voltasse para suas casas. A populacao, entretanto, reagiu da pior maneira e demstrou sua furia, exigindo a saida imediata de Mubarak. Mohamed ElBaradei, uma figura chave da oposicao, manifestou preocupacao:

"O Egipto vai explodir. O exercito precisa salvar o pais imediatamente. A credibilidade do exercito esta em jogo". - Palavras de Mohamed ElBaradei.

. Dia, 11 de Fevereiro:

Milhares de pessoas continuam a protestar pelo decimo oitavo dia consecutivo. O Presidente Mubarak deixa a capital Cairo indo de aviao para o balneario de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, e faz um novo pronunciamento desta vez anunciando o que muitos desejavam ouvir desde o inicio da revolta ou seja sua renuncia ao cargo de Presidente do Egipto. A multidao festeja nas ruas, a festa entra pela madrugada.

O Governo da Suica manda congelar os bens de Hosni Mubarak no pais. A fortuna da familia Mubarak pode chegar a 70 bilhoes de dolares americanos.

A vitoria da revolta popular no Egipto (e aqui da para compreender que o meu amigo Ramisis tem razao na forma como fala do problema no Egipto) deixou o alerta outros governantes de paises arabes, e outros regimes autoritarios e de ditadura politica imediatamente vieram a publico anunciar concessoes a populacao, como Bahrein, Siria, Jordania, Iemen e Argelia. Na Arabia Saudita nao ha relatos de concessoes, mas uma campanha de Reforma Constitucional comecou a se formar no facebook.

Em Sao Paulo, um grupo de aproximadamente 100 pessoas se reuniu na Avenida Paulista para comemorar a vitoria da revolucao no Egipto.

Reacoes internacionais:

. Irao: Apoio aos protestos.
. Estados Unidos: Apoia, mas nao necessariamente a renuncia do Presidente Hosni Mubarak.
. Uniao Europeia: Apoia, mas nao necessariamente a renuncia do Presidente Hosni Mubarak.
. Republica Popular da China: Acompanha de perto, mas censurou informacoes sobre o evento em seu pais.
. Brasil: Apoia a vitoria da democracia.
. Italia: O Primeiro-Ministro Silvio Berlusconi elogiou publicamente o Presidente egipcio, Hosni Mubarak.
. Alemanha: Deputados governistas propoem receber Hosni Mubarak no pais.
. Franca: O Presidente Nicolas Sarkozy afirmou, durante um discurso, que espera que o Egipto se mova para a democracia, e nao para outra ditadura.


Dados da Revolucao do Egipto de 2011:

. Periodo: 25 de Janeiro a 11 de Fevereiro de 2011 (continua a agitacao).
. Local: Cairo, Egipto.

. Resultados:

. Deposicao do Governo de Hosni Mubarak.
. Renuncia dos Primeiros-Ministros Nazif e Shafik.
. Tomada do poder pelas Forcas Armadas.
. Suspensao pela constituicao dissolucao do Parlamento.
. Dissolucao do Servico de Investigacao de Seguranca do Estado.
. Dissolucao do Partido Nacional Democratico (NDP), o antigo partido dirigente do Egipto, e a transferencia de seus bens para o estado.
. Accao penal contra Hosni Mubarak e sua familia alem de seus ex-ministros.
. Levantamento de 31 anos de Estado de emergencia.

. Causas:

. Violencia policial.
. Estado de leis de emergencia.
. Fraude eleitoral.
. Censura politica.
. Corrupcao generalizada.
. Elevada taxa de desemprego.
. Inflacao dos precos dos alimentos.
. Baixos salarios minimos.
. Factores demograficos estruturais.
. Inspiracao de protestos regionais simultaneos.

. Caracteristicas:

. Desobediencia civil.
. Resistencia civil.
. Manifestacoes.
. Tumultos.
. Accoes de greve.
. Auto-imolacao.
. Activismo online.

. Mortes:

. Durante a revolucao: 846 pessoas.
. Pos-revolucao: 300 +/-.

. Feridos: 6467 pessoas.
. Presos: 12,0000 pessoas.


Caro(a) leitor(a) um pouco a margem do pensar do meu amigo Ramisis a crise no Egipto e mesmo uma pura revolta popular tal como o mesmo defendia ao contrario do que muitos em 2011 tentaram mostrar ao mundo atraves das imagens violentas querendo mostrar apenas um Colpe de Estado e queda de Mubarak. Nao se pode dizer que Hosni Mubarak tenha sofrido um Colpe de Estado ja que foi o mesmo a demitir-se renunciando ao cargo de Presidente do Egitpo.

Com a renuncia e abandonar o poder em 2011, Mubarak que aparentava estar doente fisicamente em um hospital no Egipto, compareceu a todas as sessoes do julgamento apos sofrer um ataque cardiaco, durante os interrogatorios judiciais foi julgado e condenado a Prisao Perpetua por Crimes de Guerra e Contra a Humanidade. Mubarak foi sentenciado pela morte de 850 manifestantes da revolucao egipcia de 2011. Mas foi absolvido posteriormente em 29 de Novembro de 2014 pelas mortes de 2011 e foi mandado para o hospital.

O Egipto continua um pouco sem rumo mas creio que se pode considerar que as coisas ja estiveram bem piores e nao se pode pedir que o mesmo volte a ser aquela nacao que foi o Imperio do Antigo Egipto porem e apenas importante que as revoltas nao destruam o patrimonio como chegou a acontecer com algumas mumias. Creio que de forma nenhuma actos de violencia do presente podem destruir algumas das obras do passado.

Caro(a) leitor(a) termino esta cronica desta vez dedicada em especial a pessoa que me levou a ter a ideia de a escrever, coloquei a etiqueta Actualidade nesta cronica por considerar que apesar da revolucao e da raiz do tema terem-se passado em 2011 o mesmo esta longe ainda de uma solucao, ate breve.

                                                                                                          Manuel Goncalves


















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