Duas noticias no mesmo dia de deixar qualquer um caido de quatro fora o que acontecera naquele dia. Era um dia aparentemente normal e tinha chegado da escola, final de ano com os nervos a flor da pele e o medo de reprovar um novo ano e o meu severo e conservador pai cumprir com o juramento que fizera no inicio do ano.
- Se chumbas este ano bem te podes preparar para passar as ferias a trabalhar como castigo - era assim o velho Militar que fazia questao de por disciplina militar em casa, nem o facto de ser filho unico me salvara - nao estou para estar a sustentar mandrioes que so pensam em passar o Verao na praia a apanhar banhos de sol e a olhar para o rabo das miudas.
O tio Frank morrera era uma ma noticia que tinham para me dar a outra ainda nao se sabia se era boa se era ma a tia Matilde agora viuva iria deixar a Australia onde ate ao momento vivera com o agora falecido tio Frank e vinha viver para Portugal.
Nao gostei da ideia claro e a minha mae tambem nao mas o meu pai lembrou-nos que nao se podia fazer nada e que ela estava no direito dela. Aquele casarao em que viviamos em Sintra era uma heranca deixada pelo meu avo ao meu pai e a minha tia e ela era tao dona como ele se ambos nao estivessemos de acordo o caso so seria solucionado com a compra de um apartamento em Lisboa confortavel certamente mas com uma area muito menos espacosa. Contrafeitos la aceitamos a chegada da irma mais nova do meu pai que por sinal era so quinze anos mais velha que eu.
Fiquei ainda mais em brasa quando o meu pai fez-me o favor de pedir para orientar a tia Matilde, acopanha-lo onde ela tivesse que ir e sobretudo respeita-la. A ideia nao me agradou tinha outros projectos para as minhas ferias saidas com miudas, apanhar muito sol na praia e farras com amigos meu pai sabia disso e disse-me que tudo era compativel certamente a irma nao era uma crianca recem nascida que tivesse que ser acompanhada vinte e quatro horas ao dia, convenceu-me com a promessa de um aumento na mesada e ate com o fechar os olhos ao eu ter que ir trabalhar nas ferias se chumbasse aquele ano como ele jurara anteriormente.
Senti que tinha o velhadas na mao e quanto ao ter que ir trabalhar nas ferias como castigo de reprovar o ano era quase certo que isso nao ia acontecer quanto ao resto lembrei o meu pai que a tarefa de que ele me estava a incumbir era tambem de facto um trabalho, sorrimos os dois, ele deu-me um abraco e uma palmada amigavel nas costas e com a sua voz frontal e directo deu-me os parabens, sentia que eu me estava a tornar um homem.
Fui buscar a tia Matilde, a tia que mal conhecia e a qual nao via a mais de dez anos ao aeroporto e confesso que estava a espera de algo completamente diferente. Imaginava uma mulher parecida com o meu pai mas enganei-me em nenhum aspecto eles eram semelhantes o que o meu pai tinha de conservador a irma tinha de liberal sobretudo na forma de vestir, uma mulher com trinta e cinco anos nao se vestia como uma rapariga de dezoito mas a tia Matilde fazia-o o que parecia ser escandaloso mas nao era, aparentemente toda a gente a poderia considerar uma jovem dos seus vinte a vinte e dois anos.
A tia Matilde era uma morena de cabelo negro o mesmo cabelo comprido ficava-lhe a matar com todas aquelas ondulacoes e logo no primeiro momento em que a vi comecei a olhar de forma diferente a tarefa da qual o meu me entregara.
Matilde como era exigiu que eu a tratasse obrigando-me a esquecer titulo de tia rapidamente pareceu querer criar o seu proprio espaco mas sempre invadindo o meu e criando o nosso espaco o que comecara a ser visivel e acabou por nao agradar a minha mae e criou-se uma certa antipatia e quase inamizade com as duas. Para a minha mae a Tia Matilde estava a querer tomar o seu lugar perante mim, melhor dizendo estava a tia matilde a querer fazer de minha mae.
Bem depressa Matilde se tornou a minha sombra quandio quis saber em que ginasio eu andava e passou a frequenta-lo e tive uma verdadeira companhia naquelas ferias que fazia furor, provocava o lancar de olhares dos homens e comentarios quando chegavamos a praia. Na discoteca entre o meu grupo de amigos passavams com se fossemos namorados.
Matilde fora na juventude uma Pianista de Musica Classica promissora e tudo indicava que teria uma carreira de sucesso mas ao casar com tio Frank um australiano rico mas demasiado conservador e antiquado com o ideal metido na cabeca de que o lugar de uma mulher era em casa procurando sempre ser uma boa dona de casa e mae de familia a tia Matilde teve que desistir de todos os seus sonhos e curiosamente tambem nao conseguiu realizar por completo o ideal de esposa para o tio Frank. O mesmo era esteril, ficara assim quando tivera papeira e so se veio a saber isso quando depois de varios anos a tentar sem sucesso uma gravidez com exames e mais exames a verdade veio a tona de agua, a tia Matilde com aquele marido nunca poderia ter filhos.
Fomos ficando intimos e muito proximo o voce ou a senhora rapidamente me foi ordenado que fosse retirado ao falar com ela nao havia razoes para isso declarava ela eramos do mesmo sangue e nao de todo estranhos. Com o tempo fomo-nos descobrindo e envolvendo cada vez mais o meu pai era Militiar de alta patente e passava grande parte do tempo fora em missoes a minha mae era Medica e nao tinha horas para chegar a casa e tambem sempre em congressos e palestras. Os empregados da casa eram poucos e fechavam os olhos eram gente de confianca que me amavam e conheciam desde de crianca.
A minha tia parecia querer estar a brincar com o fogo da maneira como andava pela casa quando estavamos sozinhos a noite em lingerie do quarto para a casa de banho ou para a cozinha e eu era homem nao era de ferro comecei a deseja-la um pouco a medo da reaccao dela e sem saber onde tudo aquilo iria dar.
Convidava-me para passear, para ir para o quarto dela ver televisao, abracava-me e penso que so por respeito ao meu pai nao tentei algo com a tia Matilde de mais intimo se tentasse e fosse descoberto seria o escandalo e ainda pior para as relacoes instaveis comigo e com o meu pai sobretudo agora que ele ja sabia que eu queria seguir para a universidade e nao me passava pela cabeca seguir o meu caminho na Academia Militar, a casa veio abaixo nesse dia mas a minha mae la o convenceu que nao ia dar certo obrigar-me a fazer fosse o que fosse contrafeito.
Os meus pais tinham partido numas ferias para Italia deixando-me estranhamente entregue a tia Matilde e a mesma entregue a mim, estavamos portanto a merce de nos proprios ou por conta propria. Parecia que as coisas estavam a acontecer de proposito.
Ela chegara a casa em silencio mas sorridente e dirigiu-se a mim mostrando-me o convite que ela tivera para ir tocar num recital de musica classica no Porto e queria-me como companhia uma das cabecas de cartazes do recital e uma das estrelas principais do mesmo jamais se podia apresentar sozinha. Jamais pensei em recusar o convite a ida ao Porto era a grande oportunidade que eu procurava, seria no Porto ou nunca que eu e a tia Matlide iriamos acabar envolvidos fisicamente e acabando por ir para a cama.
Ja no carro e logo no inicio da viagem deu-me para aperceber que a minha vontade era a mesma vontade que a da minha tia ela explicou-me que devido ao recital, a mais uns eventos culturais que passavam pelo Fantasporto e ao derby de futebol entre Porto e Benfica havia tornado-se impossivel conseguir arranjar um hotel decente com dois quartos para reservar, ficavamos os dois no mesmo quarto e teriamos que dormir juntos ou isso ou em caso de desacordo da minha parte e falta de concordancia iriamos para uma pensao rasca qualquer sem nivel e mal frequentada. Fingim uma cara de nao estar satisfeito mas ca por dentro veio-me um sorriso de orelha a orelha as coisas estavam mesmo a correr como eu queria.
Tiramos o final de tarde para passear o concerto seria so no dia seguinte mas pronto combinamos passar o fim de semana na chamada Cidade Invicta chegando na sexta-feira ao final da tarde e estariamos de regresso no domingo a noite.
Comecamos por um passeio junto a Torre dos Clerigos o ex libris da cidade e fomos ate a ribeira continuar o passeio Matilde adorou a Ribeira e a Ponte D. Luis I eu pessoalmente tomei preferencia pela Ponte D. Maria Pia mas pronto eram questoes de gosto e esses nao se discutem. Dali passamos a Avenida dos Aliados palco da festa das vitorias do Futebol Clube do Porto ou ate do Boavista FC e o regresso a Baixa para irmos Jantar o menu ja estava mais que escolhido tanto da minha parte como de Matilde nao pdiamos deixar de nos deliciar com uma Francesinha restava apenas escolher o local ali junto ao Coliseu tinham-nos falado muito bem do Santiago um restaurante genero snack da melhor qualidade a confecionar francesinhas, optimo atendimento e muito requinte e o preco razoavel e realmente assim o foi, de regresso ao hotel agradecemos mil vezes ao Empregado que nos atendera na recepcao mil vezes a sugestao.
No quarto de hotel da forma como as coisas estavam preparadas deu-me a sensacao que ela tinha planeado tudo e que nada estava a acontecer por acaso ainda na recepcao pude observar de que haviam quartos vagos de modo que nesse sentido a historia de Matilde era falsa no entanto ate acabei por preferir assim.
Matilde nao perdeu tempo e sem qualquer tipo de pudor despiu-se ali na minha frente a trocar de roupa em vez de ter ido para a casa de banho quase nao resisti afinal um homem nao era de ferro e ainda para mais na minha idade. Ja deitados quanto mais me afastava mais ela se aproximava ate que nao deu mais. O abraco louco, os beijos ferozes na boca e o despirmo-nos bem mais rapido do que nos tinhamos vestido. Naquela noite ja nada havia a fazer eu nao era sobrinho ela nao era tia, eu nao filho do irmao e ela nao era irma do pai. Naquela noite nao houve tia e sbrinho fui apenas um homem e ela uma mulher nada mais que isso e pouco importante foi os anos de diferenca.
No dia seguinte so no dia seguinte caimos em si e ficamos sem saber que fazer com o futuro estavamos certos do nosso amor e paixao queriamos ficar juntos sem pensar em mais nada mas sabiamos que a realidade seria bem diferente. A minha familia era uma familia tipicamente conservadora e religiosa, jamais aceitariam um relacao do genero. Era tambem sabido que a uniao entre uma tia e um sobrinho nao era legalmente aceite, enfim feitas as contas sabiamos que tinhamos tudo contra a nos.
Saimos pela manha e fomos dar um passeio pelo famoso Mercado da Ribeira onde nao resisti e comprei flores para Matilde as primeiras de muitas pensava eu mas o futuro viria a mostrar-me algo contrario o passeio matinal soube-nos e Matilde confessou-me estar a ficar com os nervos a flor da pele mas em alguns artistas era sempre assim quando chegava a hora da actuacao.
Sem motivos para tal nervosimo Matilde teve uma actuacao brilhante e foi aplaudida de pe por uma audiencia em delirio se e que se pode utilizar esse termo em concertos de musica classica onde realmente e tal como hoje e verdadeiramente lamentavel ver-se a falta de juventude, eu devia mesmo ser um dos espectadores mais novo.
Depois do recital fomos cear num restaurante perto da Casa da Musica onde tinha sido o concerto e mais uma vez falamos do futuro das dificuldades que nos esperavam e combinamos que seria melhor por enquanto manter-mos toda a relacao em silencio, de volta ao hotel como nao podia deixar de ser a noite foi novamente de amor, pecado, loucura talvez e de paixao incontrolavel.
So ja na viagem de regresso me dei ao trabalho de ligar o telemovel curiosamente nao tinha nenhuma mensagem dos meus pais que estavam prestes a regressar da viagem de ferias romanticas a Italia no entanto tinha varias chamadas nao atendidas de amigos proximos, da governanta do casarao em Sintra e mensagens de voz a pedir que contactasse com urgencia, fiquei nervoso mas nao quis pensar de todo no pior. Tentei contactar alguns daqueles contactos que durante aquele fim de semana tinham tentado chegar ate mim mas desta vez eram eles que estavam incontactaveis para meu desespero.
Chegado ao casarao tudo estava em silencio e todos os empregados se aproximaram queriam falar-me o ambiente estava pesado e de cortar a faca, o que tinha acontecido queria eu saber afinal? Os meus pais tinham ambos falecido num acidente de automovel em Italia.
Ficamos loucos da vida encaramos tudo como castigo divino e quase caimos no arrependimento os primeiros tempos foram muito dificeis e Matilde recusou todos os convites tanto de recitais como de trabalho queria ficar perto de mim, cuidar do sobrinho que tao jovem e menino( tinha quase vinte anos mas para ela era um menino) tinha ficado sem ninguem na vida ela queria ser um pouco como minha protectora e praticamente estavamos a fazer uma vida em comum publicamente.
O tempo passara e ja la ia quase um ano quando Matilde chegou a casa com cara de caso e aparentemente parecia ter algo de grave para me contar, ela estava gravida. A minha primeira reaccao foi de medo, de receio sabiamos bem que devido aos lacos de sangue os problemas de saude que essa crianca poderia ter mas iamos mais uma vez seguir em frente assim pensava eu no entanto Matilde queria abortar. Discutimos imenso como nunca o tinhamos feito na vida e sai de casa por algumas horas.
Numa discoteca era numa discoteca que eu estava naquele momento ja com uma bruta bezana e depois de fumar umas gansas coisa que nunca fizera anteriormente nunca soube ao certo o seu nome e nem sequer como nos envolvemos mas cheguei a casa na companhia de uma escort brasileira chegados a casa nem medi os riscos fui para a cama com a mesma Matilde tinha-me mandado uma mensagem a dizer-me que ia ficar uns dias no apartamento alugado em Lisboa mas nao fora logo assim e estava em casa foi-me apanhar com a outra na cama.
Matilde abandonou a casa, a minha vida tambem era natural sentia-se traida e acabara por fazer o aborto estive alguns anos sem a ver e so no meu casamento e que ela regressara a Portugal e a gente voltara a ver-se casara novamente tambem e depois disso passaram-se trinta anos. Fora o tempo em que apesar de bem casado e feliz sentia que nao era aquela mulher que fora o amor da minha vida.
Eu acabara por ficar viuvo e recordava todos os bons momentos com a minha falecida quando recebo um telefonema Matilde tinha-se separado do marido e preparavam um acordo para fazerem um divorcio amigavel, a tia Matilde no fundo a mulher que fora o amor da minha vida estava de regresso a Portugal, agora mais maduro estava disposto a tudo para reconquistar aquela mulher de novo e voltar a amar a tia Matilde, tudo era possivel quando se tratava do amor da minha vida e agora eramos de novo livres para amar.
Manuel Goncalves
:)
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