Página

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Batalha de Aljubarrota, 14 de Agosto de 1385

                                                                  

Faz ja realmente algum tempo que nao me dedico a escrever uma cronica sobre aquela que e a minha area favorita de eleicao. Penso que ja o referi aqui varias vezes mas se nao prestou atencao estou a falar da Historia, em particular como nao podia deixar de ser da Historia de Portugal. Faz exactamente alguns meses que nao tenho referido nada sobre o tema seja de Historia Universal, Historia da Religiao, Historia Antiga ou como ja salientei Historia de Portugal, 28 de Marco deste ano foi a ultima vez que fiz uma publicacao que englobava o tema Historia de Portugal, O Regicidio de 1 de Fevereiro de 1908, foi quase a 5 meses.

Se existem assuntos que gosto de estudar em historia sao datas historicas, alias sempre tenho dito que para se ser bom em Historia so e necessario ter-se alem de paixao e vocacao para o assunto e tema e alem disso preciso ter-se uma boa memoria para decorar nomes, datas e locais penso que e o necessario para se obter sucesso.

Na Historia de Portugal se existe evento e data historica da qual nos podemos sentir orgulhosos e sem duvida a tarde do dia 14 de Agosto de 1385 (foi realmente coincidencia mas faz este mes dentro de dias 630 anos sobre a mesma data) que se passou a Batalha de Aljubarrota e a mesma vitoria foi um marco para a Historia de Portugal, a independencia do pais estaria em causa em caso de derrota como esteve apos a Batalha de Alcacer-Quibir, 4 de Agosto de 1578 em que apos o desaparecimento de El Rei Dom Sebastiao sem descendentes fomos governados pelos reis espanhois Filipe II, Filipe III e Filipe IV de Espanha que em Portugal foram por sua vez Filipe I, II e III de Portugal apos a crise dinastica entre 1580 e 1640. Ao contrario de Alcacer-Quibir os portugueses podem sentir-se duplamente orgulhosos sobretudo pelo facto nao so da vitoria mas porque as forcas do exercito portugues estavam claramente em desvantagem numerica.

 
A batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de Agosto de 1385 entre as tropas portuguesas com os aliados ingleses, comandados por Dom Joao I de Portugal e o seu Condestavel Dom Nuno Alvares Pereira, e o exercito Castelhano e seus aliados que eram muitos mais e estavam igualmente em muito maior numero liderados por sua vez por Dom Juan I de Castela. A batalha deu-se no Campo de Sao Jorge, pertencente a Freguesia de Calvaria de Cima, Concelho de Porto de Mos, nas imediacoes da vila de Aljubarrota, entre o referido concelho e Alcobaca.

O resultado nao deixou de ser uma surpresa e a prova viva que muitas vezes a vantagem numerica nao garante a vitoria e o mesmo resultado foi a derrota definitiva dos castelhanos, o fim da chamada Crise de 1383-1385 e a consolidacao e reconhecimento por parte dos adversarios de Dom Joao I, Mestre de Avis, como Rei de Portugal, o primeiro Soberano da Dinastia de Avis. A Alianca Luso-Britanica saiu reforcada desta batalha e seria selada um ano depois, com a assinatura do Tratado de Windsor e o casamento de Dom Joao I com Dona Filipa de Lencastre. Como forma de agradecimento pela impressionante vitoria na Batalha de Aljubarrota, Dom Joao I mandou edificar o Mosteiro da Batalha. A paz com o Reino de Castela so viria a estabelecer-se no entanto em 1411 com o Tratado de Ayllon, ratificado em 1423.

A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras batalhas campais da Idade Media entre dois exercitos regios e um dos acontecimentos mais decisivos da Historia de Portugal. Inovou a Tactica Militar, permitindo que os homens de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo diplomatico, permitiu a alianca entre Portugal e Inglaterra, que perdura ate aos dias de hoje. No aspecto politico, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do Reino de Castela e Leao, permitindo a afirmacao de Portugal como Reino Independente, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das epocas mais marcantes da Historia de Portugal, a Era dos Descobrimentos.

Directamente associada a vitoria portuguesa nesta batalha, celebrizou-se a figura lendaria da Heroina Brites de Almeida, mais conhecida como "a Padeira de Aljubarrota", que com a sua pa tera morto sete castelhanos que encontrara escondidos no seu forno.

No fim do Seculo XIV, a Europa encontrava-se a bracos com uma epoca de crise e revolucao. A Guerra dos Cem Anos devastava a Franca, epidemias de Peste Negra levavam vidas em todo o continente, a instabilidade politica dominava e Portugal nao era uma excepcao.

Em 1383, El-Rei Dom Fernando I morreu sem deixar um filho Varao que herdasse a Coroa. A sua filha Dona Beatriz casada com o Rei Dom Juan I de Castela. A Burguesia mostrava-se insatisfeita  com a Regencia da Rainha Dona Leonor e do seu favorito Conde Andeiro e igualmente com a ordem de sucessao, uma vez que isso significaria a completa anexacao de Portugal por parte do Reino de Castela. As pessoas alvorocaram-se em Lisboa, o Conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao entao Mestre de Avis, Dom Joao, filho legitimo de Dom Pedro I de Portugal, que ficasse como Regedor e defensor do Reino.

O periodo de interregno que se seguiu ficou conhecido como a Crise de 1383-1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, Dom Joao, Mestre da Ordem de Avis, e aclamado Rei pelas cortes que estavam reunidas em Coimbra, mas o Rei de Castela nao desistiu do Direito a Coroa Portuguesa, que considerava e entendia pertencer-lhe por direito proprio devido ao seu casamento com Beatriz de Portugal, unica filha legitima e presumivel herdeira do Rei Dom Fernando tendo posteriormente reclamado para si, ou para a sua mulher, a Coroa portuguesa.

Perante a revolucao da populacao portuguesa em varios pontos e cidades do Reino de Portugal, O Rei de Castela, decide por sua vez em 1384 entrar em Portugal com as suas tropas. Entre Fevereiro e Outubro desse ano monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar.

Por sua vez e pelo lado das tropas lusas, uma frota portuguesa vinda da cidade do Porto enfrenta, a 18 de Julho 1384, a entrada em Lisboa, a frota castelhana, na Batalha do Tejo. Os portugueses perdem tres das naus da sua frota e sofrem varios prisioneiros e mortos; no entanto, a frota portuguesa apesar das dificuldades no campo da batalha consegue romper a frota castelhana, que era muito superior numericamente, e descarregar no Porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta mesma ajuda alimentar veio-se a revelar de extrema importancia pela enorme utilidade que teve para a populacao que teimava em defender Lisboa.

O Cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por nao resultar, muito por causa da determinacao das forcas portuguesas em resistir ao cerco, ao facto de Lisboa estar bem murada e defendida, a ajuda de extrema importancia dos alimentos trazidos do Porto e por fim devido a epidemia de Peste Negra que assolou as forcas das tropas castelhanas que estavam acampadas no exterior das muralhas e que apesar das dificuldades insistiam em tentar entrar dentro das muralhas e da cidade de Lisboa.

Em Junho de 1385, Dom Juan I de Castela decide tentar invadir novamente Portugal, desta vez a frente da totalidade do seu exercito e auxiliado por um forte contingente de Cavalaria francesa que era agora sua aliada.


Quando as noticias da invasao chegaram, e reunido o Conselho Militar no coracao do Ribatejo, em Abrantes para decidir o que fazer-se. O Rei decide invadir Castela pela zona de Sevilha para atrair para ai o exercito invasor. O Condestavel opoe-se e defende dar batalha para travar o passo ao inimigo; nao se entendem e Dom Nuno Alvares Pereira parte com a sua hoste para a cidade de Tomar. O Rei pensando melhor manda informar Dom Nuno que estava de acordo com ele e encontrando-se novamente os dois em Tomar. Ja com os aliados ingleses, o exercito portugues intercetou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidao com que os castelhanos avancavam, Dom Nuno Alvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favoravel para a batalha que se estava ja mais que certa. A opcao recaiu sobre um pequena colina de topo plano rodeado de ribeiros, perto de um local chamado Aljubarrota.Contudo o exercito portugues nao se apresentou a castelhano nesse sitio, inicialmente formou suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, ja em presenca das hostes castelhanas mudado para um sitio predefinido, isto provocou bastante confusao nas tropas de Castela, talvez a intencao de Dom Nuno Alvares Pereira, o Condestavel fosse mesmo essa, a desvantagem numerica mesmo com os aliados ingleses ao lado da tropas portuguesas era enorme porque Castela tinha tambem os seus aliados e esses eram muitos mais, sendo franceses, castelhanos e aragoneses.

Assim sendo pelas dez horas da manha do dia 14 de Agosto de 1385, o exercito tomou a sua posicao na vertente Norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos e seus aliados eram esperados. A disposicao portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com 200 arqueiros ingleses, 2 alas nos flancos,  com mais besteiros, cavalaria e infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforcos e a cavalaria comandada por Dom Joao I de Portugal em pessoa. Da mesma posicao altamente defensiva, os portugueses iam observando a chegada das tropas inimigas ao campo de batalha protegidos pela vertente da colina.

A vanguarda do exercito de Castela chegou ao teatro da batalha por volta da hora do Almoco, sob o sol escaldante de Agosto que se fazia sentir. Ao ver a posicao defensiva ocupada por aquilo que consideravam ser os rebeldes, o Rei de Castela tomou a esperada decisao de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30000 soldados que constituiam o seu efectivo, o exercito Castelhano comecou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente Sul da colina tinha um desnivel mais suave e era por ai que, como Dom Nuno Alvares Pereira previra, pretendiam atacar.

O exercito portugues inverteu entao a sua disposicao e dirigiu-se a vertente Sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contigente portugues atingiu a sua posicao final muito antes do exercito Castelhano se ter posicionado. Dom Nuno Alvares Pereira havia ordenado a construcao de um conjunto de palicadas e outras defesas em frente a linha da infantaria, protegendo esta mesma linha e os arqueiros. Este tipo de tactica defensiva, muito tipica das antigas legioes romanas, ressurgia na Europa nessa mesma altura.


Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda nao completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, comecar o ataque.

E discutivel pelos entendidos se de facto houve a tao famosa tactica do "quadrado" ou se simplesmente esta e uma visao imaginativa de Fernao Lopes de umas alas reforcadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a batalha acabou por seguir para a historia.

O ataque comecou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em forca, de forma e com intento de romper a linha da infantaria adversaria. Contudo as linhas defensivas portuguesas conseguiram repelir o ataque. A pequena largura do campo que serviu de teatro para a batalha, dificultava as manobras da cavalaria, as palicadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distancia necessaria para a passagen de um homem, o que nao permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lancada pelos besteiros (auxiliados por duas centenas de arqueiros ingleses comandados por Sir Leon Baade) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, ja a cavalaria do exercito inimigo se encontrava completamente desorganizada e confusa, rumando sem nexo. As baixas da cavalaria do exercito castelhano foram pesadas e o efeito do ataque quase que completamente nulo.

Ainda nao perfilada no terreno, a retaguarda castelhana  demorou a prestar auxilio e, em consequencia, os cavaleiros que nao morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses.

Depois deste reves, a restante e mais substancial parte do exercito castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa pelo elevado numero de soldados. Ao avancar em direccao aos portugueses, os castelhanos foram obrigados a apertar-se (o que mais uma vez desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaco entre os dois ribeiros. Enquanto o exercito de Castela se desorganizava, os portugueses redispuseram as suas forcas, dividindo a vanguarda de Dom Nuno Alvares Pereira em dois sectores, de modo a enfrentar a nova ameaca. Vendo e calculando que o pior estava para chegar, Dom Joao I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e  avanco da retaguarda atraves do espaco que estava aberto na linha da frente.

Desorganizados, sem espaco de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avancada, os castelhanos pouco puderam fazer senao morrer ou fugir. Ao por-do-sol, a Batalha de Aljubarrota ja estava perdida para as forcas do Reino de Castela. Precipitadamente, Dom Juan de Castela ordenou a retirada geral sem organizar a cobertura. Os castelhanos debandaram desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria portuguesa lancou-se em perseguicao dos fugitivos, dizimando-os sem piedade.

Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, mas acabaram mortos as maos do povo.

Surge aqui uma tradicao ou talvez nao mais que um mito e lenda em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada e conhecida como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas proprias maos alguns castelhanos em fuga. A historia e por certo uma lenda da epoca. De qualquer forma, pouco depois Dom Nuno Alvares Pereira ordenou a suspensao da perseguicao e deu treguas as tropas fugitivas.

Na manha do dia seguinte, 15 de Agosto de 1385, a catastrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem visivel: os cadaveres eram tantos que chegaram a barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina. Para alem dos soldados de infantaria, morreram tambem muitos fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela ate 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota contra as tacticas de infantaria, depois de Crecy e Poitiers. A Batalha de Azincourt, ja em pleno Seculo XV, mostra que Aljubarrota nao foi a ultima vez em que isso aconteceu.

Com esta vitoria, Dom Joao I tornou-se Rei incontestado de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis.

Para celebrar a vitoria e agradecer o que considerava ter sido um auxilio divino que recebera na Batalha de Aljubarrota, Dom Joao I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitoria e fundar a vila da Batalha. Assim como, passado sete anos da batalha, o nosso Condestavel Dom Nuno Alvares Pereira mandou construir a Ermida de Sao Jorge, em Calvaria de Cima, onde precisamente esta o Campo de Militar de Sao Jorge e ele havia depositado o seu estandarte nesse dia. Hoje nesse mesmo ultimo local, ha tambem um moderno centro de interpretacao que explica o desenrolar dos acontecimentos, seus antecedentes e consequencias.

Dados da Batalha de Aljubarrota:

Data: 14 de Agosto de 1384.
Local: Campo de Sao Jorge, Calvaria de Cima, perto de Aljubarrota, Portugal.
Desfecho final: Vitoria decisiva de Portugal.
Combatentes: Portugal com aliados ingleses.
                           Reino de Castela com aliados aragoneses, italianos e franceses.
Comandantes: Dom Joao I de Portugal e Dom Nuno Alvares Pereira. - Portugal.
                            Dom Juan I de Castela. - Castela.
Forcas:
                Portugal: 4000 peoes portugueses.
                                   1700 lanceiros portugueses.
                                   1100 arqueiros portugueses.
                                   300 arqueiros ingleses.
                                  200 cavaleiros portugueses.
                     total:  7300 soldados.

               Castela: 15000 peoes castelhanos.
                               6000 arqueiros castelhanos.
                               3000 lanceiros castelhanos.
                               2000 lanceiros italianos.
                               2000 cavaleiros franceses.
                               1000 arqueiros italianos.
                               1000 arqueiros aragoneses.
                               500 arqueiros aragoneses.
                   total: 30500 soldados.
Baixas:
                Portugal: 500 lanceiros portugueses.
                                   300 arqueiros portugueses.
                                   200 cavaleiros portugueses.
                       total: 1000 soldados.

               Castela: 2100 peoes castelhanos.
                               2000 cavaleiros franceses.
                   total: 4100 soldados.

Uma das razoes pela qual coloquei a Etiqueta, Casos Insolitos, nesta cronica foi por ver a diferenca numerica dos dois exercitos e por ser o mais numeroso o derrotado. Qualquer um pode notar que Portugal tinha 7300 soldados no seu exercito e que so em peoes o exercito de Castela tinha 15000 homens duas vezes o total do exercito portugues e ainda sobram 400 soldados dos 30500 tropas do exercito de Castela. O numero de baixas tambem e bem evidente entre um total de 1000 no exercito portugues e de 4100 no exercito castelhano. E um facto insolito sem duvida mas creio sem a menor da duvidas que se o campo de batalha fosse mais largo o desfecho seria completamente diferente o mesmo campo era de facto demasiado estreito para a grandeza numerica do exercito de Castela.

Como ja foi aqui descrito ha um episodio que tenha sido realmente real ou talvez uma lenda e mito ficou marcado nao apenas na historia da Batalha de Aljubarrota mas na Historia de Portugal, a Padeira de Aljubarrota. Embora nao tenha colocado a Etiqueta de Mitos e Lendas nesta cronica porque o assunto nao e propriamente a mesma lenda mas sim a Batalha de Aljubarrota e um pouco da Historia de Portugal nao vou deixar de perder a oportunidade para descrever a mesma lenda.

 
Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota foi uma figura lendaria e Heroina portuguesa cujo o nome esta associado a vitoria dos portugueses, contra as forcas castelhanas, na Batalha de aljubarrota em 14 de Agosto de 1385. Com auxilio da sua pa de Padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.

Brites de Almeida teria nascido no Algarve, na cidade de Faro, em 1350, de pais pobres e condicao humilde, donos de uma pequena taberna local. O relato da narrativa da lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada, cabelos crespos e um aspecto muito masculino. Estaria entao talhada e destinada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.

Teria segundo a narrativa da lenda 6 dedos nas maos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso nao teria no entanto sucedido. Sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que viriam a falecer precocemente. Aos 26 anos ela estaria ja orfa, facto que se diz nao a ter afligido muito.

Vendeu os parcos haveres que possuia, resolvendo depois levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas sao as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua propria espada, ate a fuga para Espanha a bordo de um batel que viria a ser assaltado por piratas argelinos que a venderam como Escrava a um poderoso senhor da Mauritania.

Acabaria, entre uma lendaria vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar na localidade de Aljubarrota, onde se viria a tornar dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto a sua vida, casando com um certo Lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos e pode-se dizer que humilhados visto o seu exercito estar em muito maior numero de soldados. Diz a lenda no entanto que sete desses mesmos castelhanos do exercito derrotado fugiram do campo de batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites de Almeida, que estava vazia porque a mesma Brites teria saido para ajudar nas escaramucas que ocorriam ainda nas redondezas apos a batalha.

Quando a Padeira voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presenca de inimigos e entrou destemidamente mas alvoracada em casa a procura de castelhanos. Tera encontrado os sete homens dentro do seu forno escondidos. Intimidando-os a sair e a renderem-se, e vendo que os mesmos nao respondiam pois fingiam dormir ou nao entender, bateu-lhes com aquilo que considerou ser a melhor arma ou simplesmente com aquilo que encontrou primeiro mais a mao e apropriado para a ocasiao, sua pa de Padeira, matando-os a todos. Diz-se tambem que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma especie de milicia que perseguia os inimigos, matando-os sem do nem piedade.

No entanto os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata apenas de uma lenda mas, assim mesmo, e inegavel que a historia desta Padeira se tornou celebre e Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota foi transformada numa personagem lendaria portuguesa continuando a ser a Padeira de Aljubarrota mas tornando-se igualmente na Padeira mais famosa de Portugal, sendo uma Heroina celebrada pelo povo nas suas cancoes e historias tradicionais.
 
Termino com a alegria de poder dizer que volto a escrever uma cronica sobre a Historia de Portugal e que o regresso fica desde ja marcado por a um dos momentos mais importantes da mesma historia. O que teria sido de Portugal em caso de derrota? Eis uma boa pergunta, teria ficado entregue nao a Espanha visto que essa ainda nem sequer existia mas sim ao Reino de Castela um dos reinos que no ano de 1492 apos ter expulsado os invasores de vez da Penisula Iberica se viu formado.

Caro(a) leitor(a) foi um prazer escrever esta cronica que relata um dos episodios que mais enche de orgulho a nossa historia espero que tenha para si igualmente um prazer ler a mesma, abraco e ate breve.

                                                                                                                 Manuel Goncalves















1 comentário:

  1. E aqueles que por obras valorosas, se vao da lei, da morte libertando, cantando espalharei por toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e arte.

    ResponderEliminar