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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Para la do Nosso Amor, Uma Nova Paixao



Cinquenta anos, eram os cinquenta anos de um guerreiro que nunca deixara de lutar por cumprir aquilo que achava ser o seu dever. Sempre presente quando mais precisavam de si. Nao era um Santo mas havia quem assim o chamasse, era um exemplo de bondade, um exemplo de homem a seguir e muitos diziam que nao merecia a solidao que tinha na sua vida mas que se a tinha era somente porque escolhera aquele estilo de vida.

Por vezes a solidao nao era uma escolha, um estilo de vida ou ate mesmo uma opcao mas sim uma mera coincidencia e tambem nao era a origem ou causa da solidao de Paulo Lopes nem sequer fora um desgosto de amor provocado por uma paixao nao correspondida. Ele ficara viuvo muito cedo, aos trinta anos, a esposa que morrera no parto dos seus filhos gemeos fora o unico amor da sua vida, parecia mentira mas desde que ficara viuvo a vinte anos atras nunca mais tivera um relacionamento com uma mulher nem mesmo fisico.

Vivera para o trabalho e para os seus filhos que eram um casal de gemeos. Eram as suas unicas paixoes, a familia e o trabalho, o resto, o resto como o proprio tinha habito de afirmar era algo secundario.

Professor Universitario de Historia geria a Cadeira do Curso de Historia de Arte de umas das mais importantes universidades de Lisboa, era considerado um dos melhores especialistas a nivel europeu e mundial. Paulo Lopes era um dos mais requisitados especialistas em artes para participar em palestras pelo mundo fora e se a sua vida pessoal se ressumisse ao que era o seu sucesso profissional e brilhante carreira entao seria um homem realizado, sem duvida.

Paulo Lopes era tambem um negociador de arte para algumas galerias e museus tinha por isso a funcao de ir a varios leiloes comprar pecas de arte e por vezes vender pelo mundo fora. Conheceu novas culturas, novas sociedades, novas formas de vida, conheceu cidades enormes nas quais Portugal inteiro mais pareceria um bairro, conheceu pessoas novas e diferentes coisas mas nada lhe agradara mais do que o seu ponto de partida em cada viagem, voltava sempre a Sintra vila onde vivia com certo gosto e paixao.

Outras das suas paixoes para alem do trabalho e da familia era a pintura artistica e sempre que possivel gostava de pegar nas suas tralhas e ir pintar ao ar livre num qualquer recanto escondido da serra ou para qualquer lado que lhe permitisse ver o mar, o mar que ele amara em outros tempos em que o mesmo mar que agora lhe servia de cenario e fonte de inspiracao para pintar, no passado lhe servira para ir de barco, no seu pequeno veleiro, dar um passeio com a falecida esposa.

O Professor nunca pensara em dedicar-se somente ao ramo dos negocios de compra e venda de pecas de arte somente porque adorava dar aulas, adorava ensinar os seus alunos e adorava ainda mais quando eles mostravam interesse na materia.

Nos ultimos tempos talvez pelos filhos irem tendo ja a sua vida propria ia sentindo-se um pouco solitario e envolvido num vazio imenso que comecava a nao conseguir dominar. Tudo tinha tendencia a piorar a filha tencionava ir estudar arte para Paris, pelo menos enchia-se de orgulho que a filha tivesse intencao se seguir as suas pegadas e o filho tencionava aceitar uma oferta de trabalho nos Estados Unidos como Engenheiro Informatico, resumindo Paulo Lopes sentia que a sua solidao iria aumentar quando ele se encontrasse a viver sozinho numa casa tao grande e por isso resolvera entao mudar-se para um apartamento mais pequeno em Lisboa e deixar a casa de Sintra fechada e unicamente para uso de passar ferias e alguns fins de semana.

Fazia uma vida normal de homem a viver sozinho e de meia idade as refeicoes eram quase sempre feitas no restaurante na esquina da rua onde morava e praticamente nao o viam na rua a nao ser quando sai-a de casa e quando chegava e quando ia ao cafe ou a mercearia ou ainda levar o saco do lixo a rua era igualmente considerado o tipico homem portugues.

Paulo Lopes nao falava muito com os vizinhos mas a vizinhanca respeitava-o. Via-se que era homem importante pelas visitas que recebia e que se faziam transportar em carros de top de gama, a forma como ele andava sempre vestido e a pasta de executivo nao deixavam nada a enganar a seu respeito, era gente importante, boa pessoa e gente fina.

Depois do almoco Lopes nao abdicava do seu cafezinho, o moscatel e um charuto cubano era um homem de fino requintes que mal chegara ao novo apartamento e pediu a porteira que lhe indicasse se possivel alguem para lhe ir limpar a casa semanalmente.

Nao tardou a que recebesse um dia uma chamada a pedir informacoes sobre o emprego e a mostrar interesse no mesmo e marcaram entao um encontro para se reunirem, combinar as coisas e tentarem chegar a um acordo.

Paulo como sempre e para nao variar estava mais do que atrasado e ja ligara para Camila duas vezes a pedir-lhe desculpa enquanto a mesma torrava ao sol daquela tarde de Verao em frente ao predio onde o Professor morava.

O Professor ate chegar junto ao predio imaginava vir a encontrar uma velha gorda e rabujenta o quadro tipico de uma empregada de limpezas mas quase caiu para o lado com aquilo que veio a encontrar na realidade.

Camila era uma jovem com a idade de algumas das suas alunas mais jovens e muito mais bonita que algumas. Paulo sentiu-se mal em olhar para uma mulher talvez com quase trinta anos mais nova, era a primeira que olhava para uma mulher com desejo desde que ficara viuvo. Camila com vinte anos tinha a idade dos seus filhos, tinha tantos anos de vida como ele de viuvez.

A jovem era muito madura para a idade que tinha e era muito inteligente. Camila queria voltar a estudar mas por enquanto fizera uma pausa porque precisava de arranjar dinheiro para ajudar os pais a pagar a operacao do irmao mais novo que era demasiado cara para uma familia de poucas posses e que tinha que ser realizado fora de Portugal.

Paulo comecara a testar a empregada tentando ver ate onde iam os seus padroes de honestidade e moral colocando bem diante dela coisas de valor para arrumar que pareciam esquecidas e por vezes ate dinheiro esquecido por exemplo no bolso das calcas que Camila sempre lhe entregava. Paulo comecou a notar que apesar das dificuldades Camila nao abria mao da sua honestidade e isso dava-lhe confianca e fazia ainda mais gostar da rapariga e a mesma apesar da idade tambem nao lhe mostrava ser indiferente a ele, parecia-lhe tambem ser sincera e nao estar a agir por interesse e com segundas intencoes.

O teste final que se seguiria era o seguinte Paulo iria mandar Camila ir receber uma quantia razoavel, suficiente para pagar a operacao do seu irmao a um cliente e iria ver o que acontecia se a mesma lhe traria o dinheiro ou se iria fugir e tentar ficar sem ele sem saber que estava a ser testada, sem saber que estava tudo combinado entre Paulo e o dito suposto cliente e muito menos sem saber que aquele dinheiro era falso.

Foi dificil para Camila e a tentacao foi grande. Aquela quantia de dinheiro seria o suficiente para pagar a operacao do irmao e para Paulo nao era quase nada, podia ate nao se tratar de um roubo, ela podia depois trabalhar para juntar a quantia, voltar e pagar tudo mais tarde. Era uma ideia tentadora mas nao era correcto, nao era honesto. Paulo tinha-a ajudado tanto e ja tinha feito tanto por si. Deu por si mais tarde a chegar a casa e a entregar o dinheiro a Paulo, coberta de orgulho e a sentir-se feliz por ser uma pessoa honesta.

Paulo ia ter a visita de um amigo de longa data em sua casa que era tambem dono da galeria em Paris onde Paulo ja expora alguns dos seus quadros anteriormente sem nunca realizar o desejo do seu amigo Pierre de expor na sua galeria uma exposicao de quadros unicamente sua e o mesmo Paulo comecava a pensar igualmente que era altura para isso, tinha quadros livres suficientes para isso era altura de dar o salto. A galeria de Pierre era uma das mais importantes do mundo.

Paulo e Pierre estavam a almocar em sua casa e a falar de detalhes da possivel futura exposicao ambos estavam animados por estarem a chegar a acordo, ambos queriam uma exposicao a envolver o nu feminino e ate o erotismo. Teria que ser algo arrojado, inovador, algo de chocante ate declarara Pierre o unico problema deles seria em encontrar uma modelo a altura para ser pintada. As melhores levavam muito caro embora dinheiro nao fosse problema para Pierre e para Paulo era preciso ter-se isso em conta. Quanto mais valessem os quadros e menos custasse a modelo maior seria o lucro para ambos...

Camila entrara na sala e Pierre ficara sem palavras a olha-la de alto a baixo tal como Paulo. A jovem estava naquele dia apresentada de uma forma diferente, nao estava provocante mas estava muito mais bem arranjada do que o habitual e Pierre fez sinal para Paulo que teve a certeza de estar a pensar o mesmo que Pierre.

A jovem era a pessoa certa para servir de modelo pensaram os dois amigos so que Paulo sabia que nao iria ser facil convence-la a aceitar a proposta. Sabia que o problema nao seria o dinheiro mas nao acreditava que Camila viesse a aceitar despir-se e a pousar nua para os quadros de Paulo assim com duas cantigas e Paulo lamentava isso.

Tal esperava Camila realmente mostrou-se um bocado receosa e rejeitou a ideia mas aceitou-a a um segundo pedido por parte de Paulo. A jovem exigia apenas que estivessem apenas os dois presentes no momento de pintar os quadros e nao queria receber qualquer dinheiro por parte de Paulo apenas por parte de Pierre. Para Camila o Professor de Historia de Arte ja a tinha ajudado bastante, seria uma forma de recompensa-lo e mostrar-lhe a sua gratidao.

Paulo estava pasmo com tal exigencia quando a mesma precisava tanto de dinheiro para ajudar na operacao do irmao mais novo que alem de ter que passar por uma operacao que era bastante cara, muito dinheiro para pessoas de poucas posses financeiras ainda tinha que ser realizada no estrangeiro e teriam que encontrar um coracao compativel entre os coracoes que eram doados. Havia ali qualquer coisa de estranho?

O dia para comecarem com os trabalhos de pintura chegara e Camila chegou a casa de Paulo com cara de caso e tensa, comunicou-lhe que tinha algo para lhe contar, algo de importante e serio. Teria ela desistido da ideia pensou Paulo?

Camila sentou-se no sofa olhou-o com o rosto baixo e fez-lhe uma revelacao que no fundo nao surpreendeu Paulo. Camila confessou-lhe que alem de ser virgem, ele Paulo seria o primeiro homem a ve-la nua e so aceitara aquele trabalho porque o Pintor, o Artista era ele.

Paulo olhou-a e estava mais decidido do que nunca que quando tudo aquilo terminasse iria abrir o seu coracao com Camila, era afinal um direito seu viver um novo amor para la do amor que vivera com a falecida esposa, nao iria faltar ao respeito a sua memoria e os seus filhos iriam entender, tinham de entender. Ele fizera o seu papel criara-os praticamente sozinho, ocupou dois lugares e foi pai e mae de ambos. Estivera vinte anos viuvo, sem viver um amor, sem olhar para uma mulher com desejo se possui-la, era altura de as coisas mudarem.

Estava completamente absorvido com aqueles pensamentos de forma tao profunda que nem reparou que Camila ja estava nua na sua frente tapando as partes do sexo timidamente com as maos e corando de vergonha.

Paulo pediu-lhe que a mesma relaxasse e se recorda-se apenas de que o Pintor como ela havia dito antes era ele. Um Pintor ao fazer aquele trabalho era como um Medico ou coisa parecida. Paulo estava feliz com Camila nunca tinha visto um corpo tao perfeito, sem nenhum erro, peso ideal, seios rijos e levantados, o cabelo loiro era mesmo natural via-se pelos cabelos nas restantes partes do corpo.

Tudo correra com normalidade durante alguns dias ocuparam-se unicamente com o trabalhos dos quadros nao so em casa de Paulo mas quando a jovem se sentira mais a vontade num recanto escondido da Serra de Sintra preferido por Paulo onde se podia ver a paisagem da serra e mais adiante o mar. Camila ficara fascinada pelo local e pessoalmente no seu interior decidira aque era ali que queria perder a virgindade e talvez o momento ate fosse com Paulo.

Tudo terminara os quadros estavam a ser levados da exposicao pelos compradores, alguns haviam passado as expectativas ja que as vendas haviam sido em leilao. Pierre pagara o combinado a Camila e a jovem nem cabia em si de contente, a quantia era mais do que suficiente para pagar o que faltava para cobrir a despesa da operacao do irmao e isso era algo de maravilhoso logo agora que surgira um coracao completamente compativel com o organismo do seu irmao mais novo.

Paulo e Camila tinham comecado a andar a pouco tempo e nada os fazia parecer incomodados com o facto de terem uma idade com tres decadas de diferenca e de o filho e filha de Paulo terem namorada e namorado da idade de Camila. Todos os tinham aceitado tambem tanto a ele como a ela.

Camila sabia que Paulo a ia fazer anos e queria dar-lhe um presente especial, a sua virgindade. Ao contrario de outras jovens romanticas e sonhadoras ela nao sonhava com jacuzzi, suite de hotel, cama de rosas, etc. Camila sonhava com Paulo a possui-la, a tirar-lhe a virgindade e a torna-la mulher na Serra em Sintra naquele recanto escondido onde tinham feito o ultimo quadro.

Paulo realizara o seu desejo e tudo fora maravilhoso so que tudo aquilo nao podia acabar assim. Paulo sentiu o desejo de faze-lo e depois de terem feito amor pela primeira vez o desejo aumentou, queria casar com ela e pediu-lhe em casamento ja em casa.

Um ano passara depois de tudo aquilo Camila e Paulo estavam casados e esperavam o primeiro filho, estavam felizes Paulo sentia que fizera a escolha certa somente depois de encontrar a pessoa certa e esta feliz por isso mesmo tendo que esperar vinte anos. Camila sempre se mostrara muito madura para a sua idade e isso fora um factor importante. Paulo terminara de almocar, bebera o seu moscatel e mais uma vez pensara que havia alturas em que o passado tinha que ser esquecido sobretudo quando se tinha que fazer uma nova vida e construir uma nova familia.

                                                                                                            Manuel Goncalves












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