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sábado, 21 de dezembro de 2019

Entre um Amor e um Gin Tonico



Sentara-se naquele inicio de manha depois de dormir uma noite tranquila sem crises de insonias coisa que era rara acontecer nas ultimas tres decadas, sofria de insonias desde os treze anos.

O charuto era uma coisa rara mas estava ja na boca aquela hora da manha algo realmente invulgar para quem nao fumava mas nos ultimos anos nao resistia aquela tentacao do que melhor Cuba tinha e apresentava ao Mundo agora livremente depois dos Estados unidos terem abrandado com a lei daquele embargo a Cuba e tambem era muito raro beber mas tinha ao seu lado um Gin Tonico a sua nova perdicao que ele sabia preparar melhor do que ninguem. Era estranho tais excessos vindo dele que nao era fumador e nem sequer era de beber muito mas fazia-o como ritual sempre que tinha vontade de escrever algo importante para um dos diversos jornais e revistas do qual era colaborador.

"Dei Tudo de Mim Por Ti, Por te Amar", era de facto uma grande verdade que so ele e as pessoas mais proximas de si podiam testemunhar. Dera tudo de si por ela, e o que ganhara com isso, afinal?

A analise e que nao ganhara nada por tudo o que fizera e ela nao dera valor a nada do que ele fizera por ela nem mesmo quando se prejudicara a ele proprio para salvar a imagem, o nome, o estatuto dela e o proprio emprego para tudo isso ele chegara a se prejudicar a si mesmo e ela nao dera qualquer valor a isso.

O tema do artigo a escrever debatia tudo isso, era um assunto semelhante agora a abordar e que ele agora trazia a memoria.

Primeira baforada no charuto depois de um gole no Gin Tonico e viera-lhe a ideia igualmente que perdera muito em nunca ter querido beber Gin julgando que pela a aparencia fisica em estaddo puro fosse semelhante a vodka que ele detestava beber em estado puro.

Tinha feito tudo por ela por ama-la. Por aquele amor, aquela paixao fizera loucuras, amara-a durante anos a fio sem lhe pedir nada em troca e sem levar nada em troca. Era uma realidade ela nao lhe mostrara aparentemente nada de concreto, nada que pudesse provar de que ela tambem o amara, muito, como dizia.

O amor nao se mostrava afastando as pessoas junto de si para longe, desprezando-as, ignorando-as e mostrando-lhes toda a frieza possivel e imaginavel quando estavam juntos. Que amor era esse afinal? Nao era amor, se era amor era a forma de ela amar e de facto entao deixava muito a desejar, era melhor nao ter amor, era melhor estar-se sem ser amado.

Amor, falsas promessas e juras nao cumpridas era assim que ele podia definir o amor que ela lhe dera, isso se aquilo era amor.

Nao podia ir mais longe do que simplesmente acreditar que ela o seduziu, mentiu-lhe, aplicando uma mentira tao grande na qual ate mesmo ela propria podia acreditar. Era dificil acreditar que ela o amara da forma que dizia ter amado com aquela forca e intensidade ou com outra qualquer, fosse qual fosse a forma.

Veridicto ela nao o amara, veridicto ela apenas o usara e seduzira para ter dele o amor, carinho que nao tinha em casa, veridicto ele fora apenas uma peca ou objecto que ela usara a seu belo prazer, como capricho e uma mulher que fazia isso era de facto muito perigosa pois nao olhava a meios e nem a metodos para atingir e conseguir o que desejava.

Deus era grande e havia de o recompensar assim como a havia de castigar. Castigo ele achava que nao a merecia por te-la amado porque o castigo dele ja lhe estava dado. Perdera anos de vida, os mais importantes talvez a amar aquela mulher que merecia tudo menos ser amada por ele com todo o carinho, com toda a verdade e pureza e sentia que nunca mais iria amar outra mulher com tanta entrega e intensidade, iria ter medo de o fazer, seria louco se o fizesse.

O que lhe devia ele, nada. O que lhe devia ela, tudo. Fora a mulher mais amada que podia haver ao redor do Mundo, ele fizera tudo para a fazer feliz e ela simplesmente lhe fizera o que fizera ter escolhido nao a familia como ela dizia mas sim o marido ele ainda podia aceitar isso agora vir a saber que ela o deixara e que agora tinha com toda a certeza outro amante e que ja era bem diferente sobretudo depois das coisas que ela lhe tinha dito.

Nunca fora tao amada, ele era o homem que ela mais amara em toda a sua vida e tantas outras coisas e agora o triangulo amoroso era com outro ocupando o lugar que um dia fora seu. Como ele lhe disse um dia ela dera-lhe as maiores desilusoes da sua vida e servira isso em dose abundante de bandeja sem se preocupar se o magoava e feria, primeiro estava ela, somente ela e o seu bem estar. Era assim que tinha sido e seria assim que ela iria ser a vida toda em certos momentos so ela importava, so ela existia.

Respirara fundo o artigo estava escrito, enviado por email para a revista o publicar, bebera o ultimo gole do Gin Tonico, dera a ultima baforada no Charuto Cubano, ama-la nunca mais. Desligara o computador era hora de almoco e o Dom Bacalhau no Parque das Nacoes o seu restaurante preferido de eleicao em Lisboa esperava por si, ja quase nem se lembrava de que fora naquele restaurante que jantara com ela pela primeira vez mas eram pequenos pormenores sem importancia e que antes de terem ido Jantar ali onde ele iria agora tinham estado toda a tarde a fazer amor naquele quarto de hotel que ela reservara para os dois e que depois do Jantar na chegada ao quarto, mal tinham fechado a porta ja se estavam a despir e a trocar caricias para novamente os dois corpos serem so um entre aquelas paredes e deitados naquela cama.

                                                                                                        Manuel Goncalves

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