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terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

A Escravatura e o Islao

 

Em tempos ja aqui tinha escrito sobre um tema semelhante, ja la vao quase 7 anos "Mulheres Recrutadas, Escravizadas, Vendidas e Assassinadas pelo Estado Islamico, 21 de Janeiro de 2016 nao tendo feito uma aproximacao directa ao Islao, a religiao Muculmana como faco agora.

Nao tenho nada contra a religiao muculmana e nem ao proprio Islao mas realmente o tema interessa me sobretudo por trabalhar com alguns muculmanos, por outro lado e preciso lembrar de que no Cristianismo tambem houve escravatura sobretudo nos tempos do imperio romano, eis essa uma das manchas do cristianismo reconhecida pela propria Igreja Catolica, a diferenca e que, em alguns paises muculmanos a escravatura ainda existe.

Quando em tempo me falaram e comecei a estudar o tema atraves mesmo de livros que comprei como "As Escravas do Sexo" da Autora, Louise Brown tive a oportunidade ler e concluir que a escravatura na Asia, Africa em paises de terceiro mundo e sobretudo de maioria muclmana nao eram coisa do passado, em parte por culpa dos turistas estrangeiros que chegam a esses paises e compram as mulheres, algumas ate a propria familia e progenitores para sexo, levando-as para a prostituicao ou ficando com elas para uso proprio e seu unico prazer.


A Escravatura no Mundo Muculmano ou Islamico desenvolveu-se a partir das praticas escravagistas sa Arabia Pre-Islamica, e foi por vezes radicalmente diferente, dependendo dos factores socio-politicos, tais como o comercio arabe de escravos.

Ao longo da Historia do Islao, os escravos desempenharam varios papeis sociais e economicos, desde poderosos emires a trabalhadores manuais tratados de forma bastante dura. No inicio da Historia Muculmana foram utilizados na agricultura, mas esta pratica foi abandonada apos o tratamento cruel levar a revoltas destrutivas de escravos, sendo a mais notavel a Rebeliao Zanje (869-883).

Os escravos eram amplamente empregados na irrigacao, mineracao e criacao de animais, mas o uso mais comum e habitual era servirem como soldados, guardas, trabalhadores domesticos, e concubinas. Muitos governadores dependiam dos escravos militares, frequentemente em enormes exercitos permanentes, e escravos na administracao a tal ponto que os escravos por vezes se encontravam em posicao e condicoes de tomar o poder.

Varias estimativas apontam para o numero de escravos detidos ao longo de doze seculos no mundo muculmano seja a volta de 11 milhos, 12.8 milhoes ou ate 14 milhoes; outras estimativas indicam um numero entre 12 a 15 milhoes de escravos antes de atingirmos o Seculo XX - estes numeros referindo-se apenas a escravos oriundos de africa ou descendentes de africanos, que constituiam a maior parte do comercio, no qual participavam tambem activamente lideres africanos.


O Alcorao recomenda, embora nao comande, a libertacao dos escravos como forma de expiar os pecados ou simples acto de humanidade, embora o conselho nao fosse de facto muito seguido. O Academico britanico especialista em Historia do Islao, Bernard Lewis (1916-2018) sustentava e defendia que, em tempos mais recentes, parece que embora os escravos sofressem frequentemente terriveis privacoes desde a captura ate a sua chegada ao seu destino final, uma vez colocados em uma familia eram habitualmente tratados razoavelmente e aceites, em certo grau, como membros do grupo familiar. Piores condicoes aguardavam aqueles que fossem parar nas minas, drenagem de pantanos e outros trabalhos esgotantes; nas minas de sal do Sara nenhum escravo teria uma esperanca de vida superior a cinco anos, e viviam e morriam na miseria.

O comercio arabe de escravos foi mais activo na Asia Ocidental, Norte e Sudeste de Africa. No inicio do Seculo XX (Apos a Primeira Guerra Mundial), a escravatura viria a ser gradualmente banida e suprimida em terras muculmanas, em grande parte devido a pressao exercida por importantes e fortes nacoes ocidentais como Reino Unido e Franca.

Entre os ultimos estados islamicos, a abolir, oficialmente a escravatura encontram-se a Arabia Saudita e o Iemen, dois paises islamicos muito conservadores que nos dias de hoje sao dos poucos ainda a manter muitas leis islamicas duras e conservadoras ja banidas em muitos outros paises muculmanos, somente aboliram a escravatura ja depois do meio do Seculo XX em 1962 sob a pressao do Reino Unido; Oma em 1970; e a Mauritania em 1905, 1981, e de novo em Agosto de 2007. Contudo a escravatura  que reivindica a sancao do Islao esta oficialmente documentada nos paises predominantemente islamicos do Sahel e tambem sendo praticada em territorios controlados por grupos jihadistas e em paises como a Libia e a Mauritania, apesar de ser proibida e sabido que nao deixa de ser praticada. O tratamento actual dos trabalhadores estrangeiros na Arabia Saudita e extremamente proximo da escravidao; as proprias condicoes das mulheres sauditas e comparada com a escravatura.


A escravatura era amplamente praticada na arabia Pre-islamica, bem como no resto do mundo seu contemporaneo.

Os escravos eram principalmente negros de origem etiope, como Bilal Ibne Raba (580-640) um dos companheiros de confianca e mais leais do Profeta Maome (571-632), e uma minoria eram escravos europeus e caucasianos, provavelmente trazidos por caravanas arabes (ou produto de capturas beduinas) que remontavam aos tempos biblicos. Tambem existiam porem escravos nativos arabes, como o famoso, Zaide ibne Harita (cerca de 574 ou 588-629), que mais tarde viria a tornar-se filho adoptivo do Profeta Maome. No entanto, os escravos arabes, geralmente obtidos como cativos, eram usualmente resgatados pelas tribos nomadas. O numero de escravos aumentou devido ao costume de abandono de criancas, ou rapto, ocasionalmente, pela venda de criancas de pequena idade. Se a escravatura por dividas ou a venda de criancas pelas suas familias era comum e contestada: o Historiador frances, Robert Brunschvig (1901-1990) argumentava que era raro. As pessoas livres poderiam vender os seus descendentes, ou mesmo eles proprios, em escravatura. A escravidao tambem era uma pratica possivel como consequencia de se ter cometido certas ofensas contra a lei, como no Imperio Romano (27 A.C-395 D.C).

Existiam duas classes de escravos: o comprado, e o escravo nascido na casa do seu amo. Sobre este ultimo, o senhor tinha direitos completos de propriedade, embora fosse pouco provavel que estes escravos viessem a ser vendidos ou alienados pelo dono. As escravas eram por vezes obrigadas a prostituir-se em beneficio dos seus senhores, de acordo com os costumes do Proximo Oriente.

O Historiador escoces, William Montgomery Watt (1909-2006) mais conhecido como Montgomery Watt, tinha a opniao que a expansao da "pax islamica" de Maome na Arabia, a reduzir a guerra e os ataques reduziu as oportunidades de escravidao dos homens livres.

Segundo o Historiador britanico, Bernard Lewis (1916-2018), o crescimento da populacao escrava interna atraves do seu aumento natural era insuficiente para manter os seus numeros. Ele, Lewis, apontava varios motivos. A libertacao pelos homens livres dos seus proprios descendentes nascidos de maes escravas seria uma das razoes. A libertacao dos escravos como um acto de devocao, teria sido outro dos factores.

Uma grande proporcao de escravos masculinos importados eram eunucos, Reuben Levy (1891-1966), famoso Professor britanico e especialista em Historia Islamica, afirmava que, de acordo com o Alcorao e as tradicoes islamicas, tal emasculacao era censuravel. Alguns juristas como Abadala ibn Omar al-Baidawi (Seculo XIII- Cerca de 1286) um reconhecido Magistrado, Teologo, Filosofo iraniano tambem conhecido somente como al-Baidawi consideraram a castracao como sendo um acto de mutilacao, estupulando a aplicacao de uma lei para a impedir. Contudo, na pratica, a castracao era comun ou pelo menos frequente. O processo, felito em criancas e adolescentes, e que incluia habitualmente a remocao do penis, provocava um elevado numero de mortos devido a infeccoes.

Os escravos militares que ascendiam a posicoes de poder eram geralmente libertados em algumas fases das suas carreiras; a sua descendencia era ja de individuios livres.

Em geral, apenas as ordens inferiores de escravos - trabalhadores domesticos e manuais - permanecial na condicao de servidao e transmitiam essas condicoes aos seus descendentes, que por norma nao eram muitos - o sexo casual nao era permitido e os casamentos nao eram encorajados.

Havia um elevado numero de mortos entre todas as classes de escravos, desde os grandes comandantes militares aos domesticos. Os escravos vinham principalmente de lugares remotos, e, sem imunidade natural, morreram em grande numero de doencas endemicas bem como epidemicas.


Bernard Lewis comentava ser um dos tristes paradoxos da Historia Humana  que as reformas humanitarias trazidas pelo Islao resultassem num enorme desenvolvimento do comercio de escravos no interior, e ainda mais no exterior, do imperio islamico. As injucoes islamicas contra a escravidao dos muculmanos levaram a exportacao macica de escravos do exterior.

O comercio de escravos "arabe" e por vezes chamado de comercio de escravos "islamico". Lewis afirmava de que os Politeistas e idolatras eram vistos principalmente como fontes de escravos, a serem importados pelo mundo islamico e moldados de maneira islamica, e uma vez que nao possuiam religiao propria considerada digna dessa mencao, como recrutas naturais para o Islao.

Na pratica, os muculmanos em Africa tinham uma atitude cautelosa em relacao a conversoes, pois as mesmas poderiam vir a reduzir o numero de potenciais escravos.

O comercio de escravos arabes ou islamicos durou muito mais tempo do que o Comercio Atlantico de Escravos (Seculo XVI- Seculo XIX) ou europeu: comecou em meados do Seculo VII e sobrevive ainda hoje na Mauritania e no Sudao. Com o comercio de escravos islamico, falamos de 14 seculos e nao de quatro. Alem disso, "enquanto a proporcao de generos de escravos no comercio atlantico era de dois machos para cada femea, no comercio islamico era o oposto, eram duas femeas para casa macho", segundo Ronald Segal. Um numero muito elevado de escravos era utilizado para fins domesticos. O concubinato era apenas para aqueles que podiam e tinham condicoes de o pagar e nao havia descredito em ter mulheres como meros objectos sexuais.

No Seculo VIII, o continente africano foi dominado pelos arabes berberes no Norte: O Islao avancou para o Sul ao longo do Rio Nilo e dos caminhos do deserto. Uma das fontes de escravos era a Dinastia Salomonica (1270-1855) da Etiopia, que exportava frequentemente escravos nilotas das suas provincias fronteiricas ocidentais, ou das provincias muculmanas recem-conquistadas ou reconquistadas. Os sultanatos etiopes muculmanos tambem exportavam escravos, tais como o Sultano de Adal (C. 1415-1577).

Durante muito tempo, ate ao inicio do Seculo XVIII, o Canato da Crimeia (1441-1783) manteve um comercio macico de escravos com o Imperio Otamano (C.1299-1922) e o Medio Oriente. Entre 1530 e 1780 houve possivelmente 1 milhao ou 1,25 milhoes de cristaos europeus brancos que foram escravizados pelos muculmanos da Costa Berbere no Norte de Africa.


Um sistema de trabalho em plantacoes, muito semelhante aquele que haveria de vir a surgir nas americas, desenvolveu-se cedo, mas com tais consequencias - como a Rebeliao Janz - que a partir dai tal escolha foi relativamente rara. Alem disso, a necessidade de mao-de-obra agricola, num mundo islamico ja com grandes populacoes camponesas, nao era tao premente como nas Americas. Os escravos no Islao iam principalmente para o sector dos servicos - eram concubinas e cozinheiras, carregadores e soldados - com a escravatura em si mesma principalmente uma forma de consumo e nao um factor de producao. A prova mais reveladora disto e encontrada na relacao de generos: entre os escravos negros comercializados no imperio islamico ao longo dos seculos, havia aproximadamente duas femeas para cada macho, e quase todas essas escravas tinham ocupacoes domesticas. Para algumas, isso tambem incluia terem relacoes sexuais com seus senhores e donos. Este era um motivo legal para a sua compra, e o mais comum.

O servico militar era tambem um papel comum para os escravos. Os barbaros para alem das fronteiras eram amplamente recrutados para os exercitos imperiais. Esses recrutas eram frequentemente soldados que progrediam nos exercitos do imperio, conseguindo por vezes ate chegar a altos postos.

Os escravos que viessem a revelar de alguma forma algum talento podiam vir a receber alguma educacao musical, literaria e artistica. Na Idade Media, a maioria dos cantores, bailarinos e musicos eram escravos ou de origem escrava.

A partir de 661 D.C, no Califado Omiada (661-750), escravos eunucos guardavam os harens, que se tornavam cada vez mais numerosos e povoados de concubinas, alem das esposas legitimas. Segundo varias fontes, incluindo Reuben Levy, o Islao proibe a castracao, nao existindo no Alcorao uma proibicao especifica em qualquer das suas escrituras sagradas, parecendo ter existido antes uma especie de consenso expresso contra - portanto eram adquiridos escravos que estivessem e fossem ja castrados no exterior do Imperio do Islao por membros de outras religioes, como a Judaica e Crista. O nivel de mortalidade apos esse mesmo processo de castracao, devido a hemorragias e possiveis infeccoes subsquentes, era enorme, o que fazia com que os precos de tais escravos fosse mais elevado. Os eunucos negros, que, ao contrario dos brancos, sofriam habitualmente a amputacao total - testiculos e penis - eram os guardioes dos harens. A guarda dos harens - que nao foi uma inovacao islamica, pois ja existia em culturas anteriores - foi, depois do veu e da reclusao, a fase seguinte de uma cada vez maior segregacao e degradacao das mulheres.

Conforme esta declarado no Sagrado Alcorao, era um direito dos homens terem relacoes sexuais com mulheres escravas ("aquelas que a tua mao direita possui") compradas ou capturadas na guerra, e a divorciarem-se facilmente. Essas nocoes eram semelhantes as do casamento judaico e tambem, em alguns aspectos, ao casamento parsismo, praticado pela elite governante iraniana nas regioes limitrofes da Arabia.

Por razoes que nao sao muito claras, os eunucos passaram a ser cada vez mais utilizados pelos governantes como conselheiros, consultores e tutores e, por fim, a dirigir efectivamente os lugares santos de Meca e Medina, onde eram tratados com consideracao e enorme respeito. Talvez acontecesse que, nao sendo preocupados pelo sexo, eram mais propensos a serem devotados e leais, ou mais dados a preocupacoes espirituais em vez de corporais.


O sistema de escravidao militar foi amplamente utilizado no Medio Oriente, comecando com a criacao do corpo de escravos-soldados turcos ( os ghulams ou mamluks tambem conhecidos de mamelucos ou de mamalucos) pelo califa Abassida, Abu Ixaque Abaz Almotacime ibne Harune (794-842) mais conhecido como al-Mu'tasim nos anos de 814/815. As tropas turcas chegaram a dominar o Governo egipcio de 1254 a 1811, estabelecendo um padrao em todo o mundo islamico de uma classe militar dominante, muita vezes separada pela populacao pela Etnia, Cultura e ate mesmo Religiao, um paradigma que encontrou o seu apogeu nos Mamelucos do Egipto e no Corpo de Janizaros do Imperio Otomano (C.1299-1922), instituicoes que sobreviveram ate ao inicio do Seculo XIX.

Em meados do Seculo XIV, o Sultao otomano Murade I (1326-1389) tambem conhecido como Murat I e Murad I criou um exercito de escravos, o chamado Kapikulu. A nova forca militar foi formada levando pela forca criancas cristas de terras recem-conquistadas, especialmente das que ficavam distantes do seu imperio, num sistema conhecido por "Devshirme" ("Imposto Infantil", "Imposto de Sangue" ou "Coleta") cuja a primeira referencia historica data de 1395. As criancas cativas eram entao forcadas a se converterem ao Islao. Os jovens rapazes eram treinados e eduacados ao longo de varios anos. Aqueles que fossem vistos e considerados como que especialmente aptos eram treinados em habilidades avancadas de guerra, colocados entao ao servico especial do Sultao, e incorporados nos janizaros, um ramo de infantaria de elite dos Kapikulu. Apesar do modo como era feito o recrutamento, varios pais entregavam-nas de bom grado, vendo a possibilidade de seus filhos fazerem um boa carreira militar como soldados no exercito.

Semelhantes aos janizaros nas origens e meios de desenvolvimento foram os mamelucos do Egipto na Idade Media. Eram geralmente criancas, nao muculmanas, sobretudo turcas, que tinham sido raptadas ou compradas como escravas. Os jovens eram seguidamente educados e treinados para se tornarem futuros soldados islamicos, que iriam servir os califas muculmanos e os sultoes do Imperio Aiubida (1171-1250) durante a Idade Media. Os primeiros mamelucos serviram os califas do Califado Abassida (750 e 1258-1517) em Bagdad, no Seculo IX. Com o tempo, tornaram-se uma poderosa casta militar, e em mais do que uma ocasiao, tomaram o poder, por exemplo, governando o Egipto de 1250 ate 1517.

                                                                   
Tal como no Judaismo e o Cristianismo anteriores, o Islao pressupoe a existencia de Escravatura; tanto o Sagrado Livro do Alcorao como os Hadice tambem conhecidos como Hadith ou Hadiz aceitam a Escravatura como uma instituicao bem enraizada, parte da ordem natural das coisas.

Quando o Islao surgiu na Penisula Arabica, ja a escravidao era e estava bastante difundida, assim como no Mundo daquele tempo. As tribos nomadas capturaram escravos durante raides, ou compravam-nos a traficantes profissionais. Os homens podiam ate vir a ser libertados mas somente em troca de um resgate. Em relacao as mulheres o tratamento era diferente, faziam parte do saque e eram divididas entre os combatentes, estando ao dispor dos seus captores, uma pratica que continuou a ser seguida mesmo apos o estabelecimento do Islao.

Tres das varias esposas do Profeta Maome eram de facto escravas, foram obtidas em combate - Raiana bint Zaid (uma Judia dos Banu Curaiza, uma tribo Judaica tambem conhecida como Quraiza, Qurayzah, Quraytha ou como Koreiza), Juwaria bint al-Harit (dos Banu Mustaliq) e Safia bint Huyayy (uma Judia dos Banu Nadir). O caso de Maria, a Copta, era diverso - Escrava, que fora oferecida a Maome, juntamente com uma irma, e um Escravo eunuco, pelo Governador do Egipto, Mucaucis (ou Al-Muqawqis). Mantida afastada das esposas do Profeta do Islao, foi, segundo as fontes islamicas mais antigas, sua Concubina ate a morte do mesmo.

Contudo, as fontes historicas disponiveis mostram que o Concubinato nao era uma pratica comum antes de Maome e do surgimento do Islao, so tendo passado a ser uma pratica mais comum e usual com o resultado das conquistas militares. Estas possibilitaram o crescimento de grandes harens, mantidos pelos califas e por quem tivesse meios de fortuna, que aprisionavam as mulheres que fossem consideradas e vistas como mais belas, guardadas por essa "criatura deploravel", o Eunuco.

A elite masculina muculmana ja na era dos Omiadas e ainda mais na dos Abassidas, tinha a possibilidade de adquirir tantas concubinas quanto desejasse, e em numeros que nao eram imaginados na epoca do Profeta Maome. A entao abundancia de concubinas provocou uma desvalorizacao do papel das esposas legitimas; ao contrario daquelas, elas tinham direitos legais, relacoes familiares e ate podiam, ate certo ponto, negociar os termos do casamento. Como explica a especialista em assuntos do islao, Nabia Abbott (1897-1981), adquirir uma esposa era de facto uma questao bem mais seria do que armazenar concubinas, que podiam ser facilmente descartaveis ou em alguns casos mortas sem que surgissem problemas. Com o tempo, houve um numero cada vez menor de casamentos reais, e a Concubina preferida reinava quase suprema no palacio dos califas. Contudo a sua posicao, assim como a das restantes mulheres do harem, era bastante instavel e materialmente insegura; provavelmente gastariam muito da sua energia e engenho a tentar garantir a sua propria seguranca e da sua descendencia.

Os eunucos, sobreviventes da traumatica mutilacao a que tinham sido sujeitos, eram eles proprios tambem prisioneiros dos harens que estavam a sua guarda. Para a Antropologa, Escritora e Economista franco-senegalesa, Tidiane N'Diaye (1950), a pratica da castracao em tal escala equivalia a um genocidio nos dias de hoje: a castracao de milhoes de seres humanos, programada para que desaparecessem na totalidade os negros do mundo arabe-muculmano, impedidos de ter descendencia.


Inicialmente, o maior numero de escravos era obtido atraves das conquistas militares na Asia Central, Africa e Europa de Leste. As guerras da conquista do Islao, que continuaram atraves e ao longo do periodo da Idade Media, produziram um grande fluxo de prisioneiros, dos dois sexos, muitos dos mesmos prisioneiros eram transformados em escravos. O fascinio da aquisicao de escravos tornou-se para muitos fieis um motivo imperioso para seguir a Jiade.

A busca de escravos nao se limitava a terra; havia tambem a pirataria no Mar Mediterraneo, e raides feitos de surpresa nas costas cristas, que produziam um continuo fornecimento de escravos as terras do Norte de Africa. Os reinos cristaos de Espanha a Bizancio, respondiam de igual maneira e modo, fazendo cativos mouros, que eram colocados a trabalhar nos campos, nas casas ou nas gales. De modo algum, porem, o trafico de escravos era um absoluto monopolio dos traficantes e piratas muculmanos: mercadores cristaos de Veneza, a meio do Seculo VIII e do Seculo IX, mantiveram o comercio de escravos com o Imperio Muculmano em expansao. Nos seculos IX e X, tambem mercadores judeus tomaram parte no trafico de escravos eslavos, que tinham muita procura. Os escravos eslavos eram estimados e apreciados pelas suas qualidades como guerreiros e criados, e como eunucos. No Iraque do Seculo IX, a maioria dos eunucos brancos seriam eslavos.


O Filosofo, Historiador e Escritor Estadunidense, William James Durant (1885-1981) mais conhecido como Will Durant, comentava que a conquista muculmana da India teria sido provavelmente a mais sangrenta da Historia. Desde as invasoes de Muhammad ibn al-Qasim (695-715) ate aos dias de Ahmad Shah Durrani (C.1722-1773) tambem conhecido como Amade Xa Durrani ou Amade Ca Abdali no Seculo XVIII, a escravidao, a distribuicao e venda de escravos hindus foram sistematicamente praticados por invasores e governantes muculmanos da India.

Nas conquistas muculmanas que se iniciaram no Seculo VIII, os exercitos do Comandante omiada Muhammad bin Qasim escravizaram dezenas de milhares de prisioneiros indianos, incluindo tanto combatentes como civis.

No inicio do Seculo XI o Historiador arabe Abu'l-Husain Abd-Allah ibn Ahmad Utbi (?-982) tambem conhecido como Abu'l-Husain Utbi ou simplesmente como Al-Utbi registou que em 1001 os exercitos do Sultao Iamim Adaula Abde Alcacim Mamude ibne Sabuqueteguim (971-1031) um Sultao descendente de Maome mais conhecido como Mamude de Gasni conquistaram as cidades de Peshawar e Waihand (capital do Reino de Gandara) apos a Batalha de Peshawar (1001), e capturaram cerca de 500.000 jovens. Mamude invadiu e saqueou os templos e as cidades mais ricas nas regioes da India actual dezassete vezes, fazendo milhares de escravos, e usou os saques para construir a sua Capital em Gasni.

Ja mais tarde, apos a sua decima segunda incursao na India entre 1018/1019, Mamude regressou com um numero tao grande de escravos que seu valor se tornou irrisorio. O preco invulgarmente baixo fez. segundo Al-Utbi, que muitos comerciantes de escravos viessem de cidades distantes para os comprar, "de modo que os paises da Asia Central, Iraque e Khurasan foram inundados com eles, e os claros e os escuros, os ricos e os pobres, foram misturados num regime de escravatura comum".

Cobadim Aibaque, um ex-Escravo, foi o primeiro Sultao de Deli (1206-1526) entre 1206 e 1210 e sua dinastia conseguiu conquistar grandes areas do Norte da India. Apenas em uma das suas batalhas, reduziu a escravatura em cerca de 50 mil homens indianos.

Em 1398 Timur (1336-1405) ou como e erradamente conhecido, Tamerlao "um mostro de crueldade" mesmo para os padroes da epoca, invade a India, com a justificacao de que o territorio que ele planeava invadir nao era Islamico, ou nao era suficientemente Islamico. Marchou com os seus exercitos por Deli, ordenou a execucao de 100 mil prisioneiros que estorvavam a progressao do seu exercito, arrasou e saqueou Deli de tal maneira que esta conhecida cidade dos dias de hoje demorou um seculo a se recuperar. Timur nao estava porem interessado em administrar o territorio que conquistara; apos a vitoria, retirava com os despojos da guerra, que incluiam milhares de escravos e frequentemente tinha que reconquistar cidades e territorios que ja conquistara anteriormente.

Nao ha uma estimativa oficial do numero total de mortes de hindus nas maos do invasores. E estimado que foram mortos um numero superior a 6 milhoes; O Historiador indiano Kishori Saran Lal (1920-2002) mais conhecido como K.S. Lal estimou em tempos que a populacao indiana teria diminuido em 50 milhoes sob o sultanato, o que seria dificil de comprovar. Para alem das mortes, milhoes de hindus desapareceram por via da escravidao.


A escravatura era uma parte importante da Economia do Imperio Otamano e da sociedade otamana.

A escravatura sexual foi uma parte central do sistema escravagista otamano ao longo da Historia da instituicao. Mesmo apos varias medidas de proibicao da escravatura no final do Seculo XIX, a sua pratica teve continuidade, em grande parte, inabalavel no inicio do Seculo XX. Em 1908, escravas ainda eram vendidas no Imperio Otamano.

Um membro da classe escrava otamana poderia chegar a alcancar um elevado estatuto. Eunucos negros foram encarregados de guardar os harens, enquanto os eunucos brancos preenchiam funcoes administrativas. Os janizaros eram os soldados de elite dos exercitos imperiais, recolhidos na infancia entre os cristaos como um "tributo", enquanto os escravos capturados em raides ou como prisioneiros de guerra, tripulavam as embarcacoes imperiais. Na realidade, os escravos estavam frequentemente na vanguarda da politica Otamana. A maioria dos funcionarios do Governo Otamano foram comprados escravos, criados livres, e parte integrante do sucesso do Imperio Otamano desde o Seculo XIV ate ao Seculo XIX, Muitos funcionarios chegavam eles proprios a possuir um grande e elevado numero de escravos, embora o proprio Sultao fosse claramente de longe como seria obvio o maior possuidor e proprietario de escravos. Ao criar e treinar escravos como funcionarios na Escola Palaciana, em Topkapi, os otamanos criaram administradores com conhecimento profundo do Governo e lealdade fanatica.

Os otamanos praticavam o Devshirme - jovens cristaos da Europa de Leste e Anatolia eram retirados das suas casas e familias, educados como sendo muculmanos e alistados nos janizaros, que se tornaram uma faccao decisiva nas invasoes otamanas da Europa. A maioria dos comandantes militares das forcas otamanas, administradores imperiais, e governantes de facto do imperio, tais como Pargali Ibrahim Pasha (C.1495-1536) tambem conhecido comoPargali Ibrahim Xa, Frenk Ibrahim Pasha, Makbul Ibrahim Pasha, Maktul Ibrahim Pasha igualmente Sokollu Mehmet Paxa (1506-1579), foram recrutados desta mesma forma.

Nas indias orientais (1800-1949) tambem conhecidas como indias orientais holandesas, a Escravatura era comum ate ao final do Seculo XIX . O trafico de escravos estava centrado nos sultanatos muculmanos do Mar Sulu; o Sultanato de Sulu (1405-1915), o Sultano de Maguindanao (1520-1905) e a Confederacao dos Sultanos de Lanao (1616). As economias destes sultanatos dependiam fortemente do comercio de escravos.

Estima-se que de 1770 a 1870, cerca de 200 a 300 mil pessoas foram feitas escravas pelos escravagistas dos povos iranuns e banguinguis, em ataques aos navios que estavam passando em seu mar, bem como em raides costeiros em povoacoes no Estreito de Malaga, Java, a costa Sul da China e as ilhas para alem do Estreito Macacar. Entre esses mesmos escravos haviam tambem ocasionalmente prisioneiros europeus, e chineses, que eram normalmente resgatados atraves de intermediarios do Sultanato de Sulu,

A economia dos sultanatos de Sulu era largamente gerida pelos escravos e pelo proprio comercio que envolvia os escravos. Os escravos eram os principais indicadores de riqueza e tambem de estatuto, e eram a fonte de mao-de-obra para as exploracoes agricolas, pescas e oficinas dos sultanatos. Na Decada de 1850, os escravos constituiam  50% ou mais da populacao do Arquipelago Sulu.

Os ataques dos piratas foram por fim subjugados por varias grandes expedicoes navais das forcas espanholas e locais entre 1848 e 1891, incluindo bombardeamentos retaliatorios das costas e sua captura de povoacoes. Nessa altura, os espanhois tinham tambem ja adquirido barcos a vapor, que podiam facilmente ultrapassar e destruir os navios dos adversarios.


O Califado de Socoto (1804-1903) foi um Califado Muculmano Sunita na Africa Ocidental foi fundado em 1809 apos as jiades fulas. Foi o Estado mais prospero na Africa Ocidental do Seculo XIX, e determinou o fim das cidades-estado dos haucas. Ele agrupava varios emirados, bastante populosos. Durante a sua expansao militar, foram adquiridos milhares de escravos nos territorios que iam sendo conquistados, os quais eram a mao-de-obra dominante em grandes plantacoes.

O Fundador, Usma da Fodio (1754-1817), um Xeique, Estudioso, Professor, Religioso, Revolucionario, Lider Militar e Escritor que promoveu o Islao Sunita e fundou o Califado de Socoto, considerava que os haucas se tinham afastado do verdadeiro Islao, lancando portanto uma Jiade, que estabeleceu o Califado de Socoto e reduziu a escravidao tanto nao muculmanos como muculmanos hereticos. Cerca de 1900, o califado tinha um numero de escravos estimado entre um milhao e dois milhoes e meio de individuos que estavam impossibilitados de sua liberdade devido ao seu estatuto de escravos. O califado sobressaiu pela sua atitude relativamente liberal em relacao as mulheres, que tinham oportunidades de educacao e lideranca.

Ja na primeira decada do inicio Seculo XX, em 1903, os britanicos derrotaram o ultimo Califa e transformaram a zona num protectorado.

O forte Movimento Abolicionista no Seculo XIX em Inglaterra e mais tarde em outros paises ocidentais comecou a influenciar os territorios muculmanos. Embora a "posicao do Escravo domestico na sociedade muculmana fosse, na maioria dos aspectos, melhor do que na antiguidade classica ou nas americas do Seculo XIX", talvez devido a regulamentacao pela Xaria, os incentivos e as oportunidades para os escravos serem libertados significaram que havia um forte mercado para os novos escravos e, portanto, um forte motivo para continuar a escravizar-se e vender seres humanos.

As terriveis dificuldades e perdas de vidas resultaram frequentemente dos processos de aquisicao e transporte de escravos para as terras muculmanas e isso chamou a atencao dos opositores europeus da escravatura. A pressao continua dos paises europeus acabou por ultrapassar e vencer a forte resistencia dos conservadores religiosos que mantinham o ideal de que "proibir o que Deus permite e uma ofensa tao grande como permitir o que Deus proibe". A escravatura, aos seus olhos, era "autorizada e regulada pela lei sagrada". Por fim, as ordens do Imperio Otamano contra o trafico de escravos foram emitidas e postas em pratica.

A escravatura nas formas de teceloes de tapetes, cortadores de cana-de-acucar, Joqueis de camelos, escravos sexuais, e ate pura e simplesmente propriedade movel, existe ainda nos dias de hoje, em pleno Seculo XXI em alguns paises muculmanos sem que as organizacoes de direitos humanos fazam nada (embora alguns tenham questionado a utilizacao do termo escravatura como uma descricao exacta).

Segundo um artigo de 1886 de um dos principais jornais estadunidense e do Mundo, The New York Times (1851), o Imperio Otamano permitiu que um comercio de mulheres e meninas prosperasse durante o final do Seculo XIX, ao mesmo tempo que o negava publicamente. As escravas sexuais que eram vendidas no Imperio Otamano eram principalmente de tres grupos etnicos: circassianas, sirias e nubias. As circassianas eram frequentemente enviadas por lideres circassianos como forma de presentear os otamanos. Eram tambem as mais caras, atingindo precos da epoca que podiam ir ate as 500 liras turcas, e as mais populares entre os turcos. As seguintes escravas sexuais mais populares entre os turcos eram as sirias. O seu preco no entanto era ja bem mais baixo podendo chegar as trinta liras turcas. Em todas as regioes costeiras da Anatolia, sirias eram vendidas. As nubias por sua vez eram as mais baratas e as menos populares, custando ate 20 liras turcas.

Ao contrario das sociedades ocidentais que criaram e desenvolveram movimentos anti-escravatura, nenhuma organizacao desse tipo se desenvolveram nas sociedades muculmanas. Na politica muculmana, o Estado interpretava a lei islamica. Isso alargou entao a legitimidade ao trafico de escravos.

Segundo o Explorador e Abolicionista, Oficial, Naturista, Engenheiro e Escritor britanico Samuel White Baker (1821-1893), que visitou Cartum, capital do Sudao, em 1862, seis decadas apos os britanicos terem declarado ilegal, o comercio de escravos era a industria que "mantinha Cartum como uma cidade vibrante". A partir de Cartum, os traficantes de escravos atacavam aldeias africanas ao Sul, pilhando e destruindo tudo o que lhes fosse possivel para que os sobreviventes, reduzidos a pobreza, fossem entao obrigados a colaborar com os escravagistas na sua proxima excursao contra as aldeias vizinhas. Mulheres, criancas e jovens adultos capturados eram vendidos nos mercados de escravos.


Em Istambul, na Turquia, a venda de mulheres negras e circassianas foi conduzida abertamente ate a aprovacao da Constituicao em 1908.

Ao longo dos seculos XIX e XX, a escravatura tornou-se gradualmente proibida e suprimida em terras muculmanas, devido a uma combinacao de pressoes exercidas por nacoes ocidentais como o Reino Unido e a Franca, pressoes internas de movimentos abolicionistas islamicos, e pressoes economicas. Pelo Tratado de Gida (1927, 1974 e 2000), em Maio de 1927 (Art.7), concluido com o Governo britanico e Abdalazize ibne Abderramao Saude (1880-1953), ficou acordado suprimir o comercio de escravos na Arabia Saudita. Depois, por decreto emitido em 1936, a importacao de escravos para a Arabia Saudita acabou mesmo por se tornar proibida, a menos que se pudesse provar que ja eram escravos nessa mesma data.

Em 1953, os xeiques do Catar que assistiram a coroacao de Isabel II do Reino Unido, incluiram escravos nas suas comitivas, e voltaram a faze-lo em outra visita cinco anos mais tarde.

Em 1969, podia observar-se que a maioria dos Estados muculmanos ja tinha abolido a escravatura, embora a mesma continuasse a existir nos desertos do Iraque fronteiricos com a Arabia Saudita e ainda tivesse forca e florescesse na Arabia Saudita, no Iemen e em Oma.

A escravatura so foi formalmente abolida no Iemen e Oma no ano seguinte. A ultima nacao a decretar - no papel, e por tres vezes, em 1905, 1981 e 2007 - a abolicao da pratica da escravatura e do trafico de escravos foi a Republica Islamica da Mauritania. A escravatura continua porem a existir naquele pais e o governo persegue, prende e tortura os anti-escravagistas.


No inicio do Seculo XX, antes da "reabertura" do assunto da escravatura por estudiosos salafistas como o saudita Saleh Al-Fawzan (1935), autores islamicos declararam a escravatura desactualizada, mas sem de facto nunca terem apoiado claramente a sua abolicao. Isto levou pelo menos um estudioso britanico, William Gervase Clarence-Smith, a lamentar a "recusa obstinada de Abul Ala Maududi (1903-1979) em desistir da escravatura e as notaveis "evasoes e silencios" da organizacao islamica radical, Irmandade Muculmana (1928) tambem conhecida como Fraternidade Muculmana e especialmente do Autor e Professor egipcio, Muhammad Qutb (1919-2014).

Por sua vez, o mesmo Muhammad Qutb, irmao e promotor do conhecido Poeta, Ensaista, Critico Literario egipcio e Activista Politico, Sayyid al-Qutb Ibrahim (1906-1966), defendeu vigorosamente a escravatura islamica das criticas ocidentais, dizendo as suas audiencias que "o Islao deu libertacao espiritual aos escravos" e que "no periodo inicial do Islao, o Escravo foi exaltado a um estado de humanidade tao nobre como nunca tinha sido testemunhado antes em qualquer outra parte do Mundo. Ele constratou o adulterio, prostituicao, e o que ele chamou "aquela forma mais odiosa do animalismo" - o sexo casual -, encontrado na Europa, com o que ele considerou "aquele laco limpo e espiritual que liga uma Escrava ao seu Senhor no Islao".

Nos ultimos anos, segundo alguns estudiosos, como Khaled Abou El Fadl (1963) um Professor de Direito do Kuwait e do ja referido William Clarence-Smith, tem havido uma reabertura da questao da escravatura da parte de alguns estudiosos islamicos conservadores salafistas.

Em 2003, Saleh Al-Fawzan, membro do mais alto orgao religioso da Arabia Saudita, o Conselho Superior de Clerigos, emitiu uma Fatwa onde alegava que "a escravatura faz parte do Islao. A escravatura faz parte da Jiade, e a Jiade permanecera enquanto houver islamismo" e os estudiosos muculmanos que disseram o contrario eram "infieis". Em 2016, Al-Fawzan respondeu a uma pergunta que lhe lancaram sobre a tomada de mulheres iazidis como escravas sexuais, reiterando que "escravizar mulheres na guerra nao e proibido no Islao", e acrescentou que aqueles que proibem a escravatura ou sao "ignorantes ou infieis".


Nas palavras do Sociologo Historico e Cultural estadunidense nascido na Jamaica, Orlando Patterson (1940), mais do que uma instituicao "peculiar", a escravatura e uma instituicao "embaracosa". O tema demasiadas vezes encoraja o silencio.

As causas do negacionismo podem ser crencas religiosas, jogos politicos, interesses financeiros e egoismo, ou um mecanismo de defesa contra ideias ou factos perturbadores. Por vezes existe o desejo compreensivel de nao se querer reacender velhos conflitos, que poderiam provocar caos ou sofrimento nas sociedades ou nacoes. O orgulho, o Nacionalismo, desempanham tambem um papel; as ditaduras tambem nao costumam permitir analises historicas isentas e um regime de ditadura sempre procura esconder muita coisa, a pobreza e miseria de um pais.

Ja mais recentemente em Agosto de 2018, foi noticiado que a Rede de Televisao do Catar, mais conhecida como, Al Jazeera (1996), tinha censurado a serie documental, Rotas da Escravatura (2017), uma serie europeia conjunta do canal frances Association Relative a la Televison Europeenne (1992) mais conhecido como ARTE; a Radio Televisao de Portugal S.A (1935) e a LX Filmes. Todo o primeiro episodio, que versava sobre "o processo que Levou o Imperio Muculmano a tecer de forma duradoura uma imensa rede de trafico de escravos pela Africa, Medio Oriente e Asia" foi eliminado. Em troca, a rede de televisao afirmou de que a escravatura em Africa havia sido uma pratica fundada e criada pelos portugueses.


Quase a terminar e ja em fase de despedidas, devo acrescentar de que e credivel (pelo menos eu estou certo de que sim) a escravatura no Islao nao e um assunto que esteja arrumado, nao e uma pratica que esteja terminada.

No dia a dia temos assistido a noticias que acabam por se tornar em grandes escandalos de grandes empresas de marcas de roupa por exemplo que estao a operar em paises muculmanos, vendem no Ocidente pecas de roupa muito baratas, ou a precos convidativos de arrumar com a concorrencia como a Primark (1962) e Donnay (1910) e depois se vem envolvidos em escandalos de escravatura infantil. Como chegou a ser um Slogan publicitario de campanhas realizadas por organizacoes de direitos humanos e de proteccao de criancas "E Barato Porque Alguem Ja Pagou Muito Caro".

Nao e algo que tenha terminado o trafico humano em paises muculmanos, e sabido no Ocidente da existencia do trafico e venda sobretudo de criancas e mulheres para a prostituicao. Nao e algo que o mundo desconheca, tenho lido varios livros sobre o assunto, incluindo de que por vezes sao os proprios familiares a realizarem esses negocios, como relata a historia de um livro em que o pai vendeu as filhas para casarem com muculmanos.

Por vezes o Mundo parece ter medo de enfrentar esses assuntos que vao contra a fortes poderes politicos e religiosos. Sei que e uma gota de agua no oceano mas acredito que com a realizacao desta cronica posso levar o assunto um pouco mais alem, posso levar as pessoas a pensarem que em pleno Seculo XXI muitas coisas nao mudaram, estao apenas muito bem ocultadas e camufladas sobretudo porque o tema e tabu para muitas organizacoes que deveriam ser as primeiras a agir.

Caro (a) leitor (a) sei que nao tenho estado muito presente e assiduo mas sempre apostei mais na qualidade do que na quantidade, sei que este trabalho chegara a pontos, sera apresentado e lido em locais que com grande pena minha jamais pisarei, o Brasil por exemplo mas ai e diferente porque entre tantos convites que ja me fizeram quando me for possivel irei conhecer um pouco do Brasil. Queria conhecer o Brasil mais desconhecido, mais escondido ou seja tenho mais interesse em conhecer o interior que as grandes cidades. Por agora quero apenas despedir-me com um forte abraco e um enorme desejo e vontade de um encontro para breve, ate la.

                                                                                                      Manuel Goncalves











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