A Guitarra Portuguesa

Como um verdadeiro defensor e apaixonado da Cultura Portuguesa em varias artes em particular a Musica Portuguesa nao podia de ser um apaixonado por uma das maiores riquezas da Musica Portuguesa, o Fado, ao que ate cheguei a prestar uma homenagem aqui no meu blog inserido no meio da minha segunda cronica neste blog em 23 de Outubro de 2013, Made In Portugal e mais tarde dediquei ao mesmo Genero Musical, uma das maiores riquezas da Cultura Portuguesa e a maior riqueza da Musica Portuguesa uma cronica por inteiro em 11 de Outubro de 2014 a cronica, Made In Portugal, Fado (Alma Portuguesa).

Escrevo esta cronica para prestar uma homenagem desta vez, nao ao fado em si ou em geral, mas a um Instrumento Musical com o qual penso que o Fado perderia alguma da sua graca, talvez o Instrumento Musical que esta mais enraizado na Cultura Portuguesa quando se fala de Musica ou pelo menos de instrumentos musicais, refiro-me como e obvio a Guitarra Portuguesa.

Nao importa se e de Lisboa ou de Coimbra, ate mesmo a do Porto. Digo isto porque nem todos sabem que para la dos dois tipos de guitarras portuguesas mais conhecidas as da capital portuguesa e as da cidade dos estufantes e do Mondego e um facto que os generos de guitarras portuguesas sao tres e nao sao dois, ja que, nao sendo tao conhecidas a cidade invicta tambem tem as suas guitarras portuguesas caracteristas. Mas cada vez que oico o som de uma Guitarra Portuguesa em uma boa e conhecida melodia por vezes ate sinto um arrepio na pele, o sentimento de saudade e nostalgia, todos aqueles sentimentos associados ao Fado. Sei que dia menos dia acabo por comprar uma Guitarra Portuguesa nem que seja apenas por decoracao aqui no meu quarto e para brincar com ela quando tiver vontade, quando digo brincar e para fazer que toco, ja que uma Guitarra Portuguesa pode atingir o valor de milhares de euros mas tambem podem ser adquiridas, de qualidade menor como e obvio, por menos de 300 euros.

A Guitarra Portuguesa e como se sabe um instrumento associado a familia dos instrumentos musicais de cordas.

Assim como outros cistres europeus ou citolas, a Guitarra Portuguesa representa tanto ao nivel de afinacao como ai nivel de construcao do seu interior e exterior um dos desenvolvimentos directos do cistre europeu renascentista. Este Instrumento Musical de cordas bem portugues esteve fortemente presente na musica das cortes de toda a Europa, mas em particular e especialmente na Italia, Franca e Inglaterra desde meados do Seculo XVI ate finais do Seculo XVIII.

Deste Instrumentos Musical lusitano existem ainda centenas de exemplares bem conservados espalhados em varios museus por toda a Europa. Os primeiros cistres com ligeiras alteracaoes em dimensao da caixa de ressonancia, braco, material das cordas, etc, divulgam-se a partir do inicio do Seculo XVIII como um instrumento tambem bastante usado pela burguesia para interpretar Musica mais ao seu gosto (como suites, minuetos, modinhas, etc) e, em dado momento, nalgumas regioes tambem usadas pelas camadas mais populares para interpretar Musica Popular (das quais nos restam menos documentacao).

O cistre tera, por sua vez, baseando-se no vasto legado iconografico da Idade Media, como antepassado mais provavel a Citola Medieval, da qual existem varias imagens, esculturas e relatos em cronicas da epoca e um unico exemplar num museu em Inglaterra, do Seculo XIII.

O Cistre Ingles do Seculo XVIII (em Portugal chamada de Guitarra Inglesa), por vezes erroneamente considerada o antepassado da Guitarra Portuguesa, e tambem uma descendente do Cistre Renascentista, mas acrescenta de alteracoes substanciais, como uma afinacao e uma construcao interior completamente diferentes das tipicas do cistre. Portanto, nao e pois um antepassado, mas sim um parente proximo. O unico elemento que a Guitarra Portuguesa provavelmente assimilou "por emprestimo" da Guitarra Inglesa, foi o modo ou seja a mecanica de afinacao, posteriormente alterada e aprimorada esteticamente em Portugal.

Nas suas origens remotas e mais incertas, esta familia de instrumentos musicais remonta provavelmente a Citara Grega e aos primeiros instrumentos de corda com braco, dos quais os vestigios mais antigos foram encontrados na presente e actual Turquia (nao confundir no entanto com o Alaude, que e muito mais tardio e ao nivel da construcao e ate mesmo da afinacao, apesar das inumeras semelhancas na forma, pertence a outra genealogia de instrumentos).

A afinacao entre as guitarras portuguesas de Lisboa, Coinbra ou Porto tambem sao diferentes e actualmente a afinacao da Guitarra Portuguesa de Lisboa e aquela que e mesma utilizada.

Inicialmente era chamada de afinacao do Fado ou afinacao do Fado Corrido, tendo sido provavelmente desenvolvida no inicio do Seculo XIX, sendo maioritariamente adotada pelos fadistas de Lisboa em meados desse seculo.

Com a diminuicao da utilizacao da afinacao natural por parte dos guitarristas, esta afinacao viria a ser chamada simplesmente de afinacao de Lisboa, quando afinada de forma aguda em Re, ou com a afinacao de Coimbra, quando afinada por sua vez em Do; isso decorre do facto de que, enquanto a maioria dos guitarristas de Lisboa afinavam a sua Guitarra em Re, em Coimbra, os estudantes comecaram a afinar habitualmente as suas em Do, principalmente atraves e por infuencia de Artur Paredes (1899-1980) conhecido Guitarrista Portuges e Compositor filho do Guitarrista e Compositor Goncalo Rodrigues Paredes (1873-1915) e Pai daquele que para mim e o meu Guitarra de eleicao preferido em genero musical, Carlos Paredes (1925-2004) tambem ele Compositor.

E importante notar-se, no entanto, independentemente da diferenca de tom entre as duas variacoes de afinacao, na pratica, esta ultima ainda fez uso das convencoes da primeira, como tal, um Do e chamado de Re, um Re e chamado de Mi, etc, pelos guitarristas.

Assim, uma Guitarra Portuguesa afinada com a afinacao de Coimbra fica a comportar-se como sendo um instrumento transposto, com semelhancas a um Trompete Si-bemol, em que uma nota musical e referida pelo nome da nota um tom acima do nome da nota que as convencoes de tom normalmente e habitualmente usariam.

A afinacao natural e original, foi herdada da Guitarra Inglesa do Seculo XVIII, tambem foi utilizada com normalidade e muita frequencia ate a primeira metade do Seculo XX, sendo preferida a primeira por alguns musicos do final do Seculo XIX; era frequentemente afinada em Mi em vez de Do, pois isso significava a mudanca entre a afinacao do Fado e a afinacao natural para aqueles guitarristas que usavam ambas as afinacoes.

Algumas variacoes dessa afinacao tambem foram adotadas, como a afinacao natural com 4a, tambem conhecida como Afinacao da Mouraria, ou a Afinacao de Joao de Deus, tambem conhecida como a Afinacao Menor Natural.

A Afinacao Natural e as suas variantes deixaram de ser utilizadas, na pratica, ha ja varias decadas.

Goncalo Paredes e o Compositor e Barbeiro portugues Flavio Rodrigues da Silva (1902-1950) mais conhecido somente como Flavio Rodrigues, entre outros, foram os compositores do Seculo XX mais respeitados dentro do estilo solista nacional. Posteriormente Artur Paredes surgiu com sua abordagem e interpretacao pessoal do instrumento, ampliando a versatilidade, o reportorio, a expressividade, a tecnica e ate melhorando em colaboracao com construtores a acustica do instrumento.

Trabalhando com a familia de construtores Gracio, de Coimbra, entre os quais Gilberto Marques Gracio (1936-2021) conhecido Violeiro, Construtor de Guitarras portugues, trabalhando com o mesmo e seus antepassados Artur Paredes trouxe a Guitarra Portuguesa para a Era moderna, onde a mesma se mantem hoje, como perfeitamente actual.

Carlos Paredes, filho de Artur Paredes e neto de Goncalo Paredes, criou novas melodias e tornou a Guitarra Portuguesa num instrumento de concerto, tocando a solo ou com musico de alto gabarito e reconhecimento, com musicos de Jazz como Charles Edward Haden  (1937-2014) que foi um conhecido Contrabaixista estadunidense mais conhecido como Charlie Haden, entre outros. Simultaneamente, em Coimbra, Joao Bagao, Jose Maria Amaral, Antonio Pinho Brojo (1928-1999) conhecido como Antonio Brojo, Antonio Moreira Portugal (1931-1994) conhecido como Antonio Portugal, Jorge Manuel Casqueiro Lopo Tuna (1937) mais conhecido como Jorge Tuna, Octavio Sergio (1937), Eduardo de Melo, Ernesto de Melo, Antonio Manuel Andias (1946), Jose Nuno Guimaraes Guedes dos Santos (1942-1973) conhecido como  somente Nuno Guimaraes, Manuel Borralho (1943) e muitos outros desenvolveram tanto a Guitarra Portuguesa  como a Cancao de Coimbra, ultrapassando limitacoes anteriores, quer na composicao quer na improvisacao. Carlos Paredes fez pela composicao o que o seu Pai havia feito pelo instrumento propriamente dito.

Sera sempre tambem importante referir o papel fundamental de Pedro da Fonseca Caldeira Cabral (1950) conhecido Compositor e Instrumentista portugues de Guitarra Portuguesa na divulgacao a nivel internacional da Guitarra Portuguesa como instrumento solista e em Portugal a varios niveis, nomeadamente na compilacao e publicacao de "A Guitarra Portuguesa" (2012), editada pela Ediclube (1973 - em Portugal 1990), e na composicao, nos arranjos e interpretacao de repertorio erudito para a Guitarra Portuguesa.

. Dados da Guitarra Portuguesa:

. Origem: Remonta a Idade Media, origens remotas e incertas.

. Classificacao: Instrumento de Cordas.

. Classificacao Hornbostel-Sachs: Cordofone.

. Instrumentos Relacionados: Guitarra, Bandolim

A Guitarra Portuguesa e um Instrumento Musical carregado de simbolismo e, merce de sua longa alianca e semelhante a uma relacao de companheirismo com o Fado, e conotada com o "modo de ser" portugues. onde destino e saudade sao palavras que naturalmente se associam ao trinado. Tem um timbre de tal modo inconfundivel que, onde quer que esteja, qualquer portugues a reconhece logo nos primeiros acordes.

Tendo como origem directa a Citara europeia do Renascimento, a Guitarra Portuguesa, tal como a conhecemos hoje, sofreu e teve importantes modificacoes tecnicas no ultimo seculo, tendo no entanto, conservado e mantido a afinacao peculiar das citaras e a tecnica de dedilho propria deste genero de instrumentos musicais.

Existem tres tipos de Guitarra Portuguesa: a de Lisboa, a de Coimbra e a do Porto. A Guitarra Portuguesa de Lisboa com caixa baixa e arredondada e aquela que possui o som mais "brilhante". A Guitarra Portugesa de Coimbra e maior, com o corpo assumindo e expondo uma forma mais agucada. A Guitarra Portuguesa do Porto e a mais pequena (tambem a menos conhecida). Uma das principais diferenca reside e permanece na cabeca da Guitarra: a de Coimbra possui uma lagrima incrustada, enquanto que a de Lisboa apresenta um caracol. A do Porto por sua vez goza de maior liberdade, podendo ter ora um dragao esculpido ora uma flor; os tres estilos tem em comum as seis ordens duplas de cordas metalicas.

.  Lista de Grandes Guitarristas:

. Alvaro Martins (1918-2003).

. Antonio Chainho (1938).

. Antonio Parreira (1944).

. Bernardo Couto (1979).

. Custodio Castelo (1966).

. Fontes Rocha (1926-2011).

. Gentil Ribeiro.

. Luis Guerreiro.

. Ricardo Rocha (1974).

. Raul Nery (1921-2012).

. Carlos Paredes (1925-2004).

. Jose Manuel Neto (1972).

Nesta lista quase todos os guitarristas nao se limitaram a somente tocar guitarra, tornaram-se e alguns ainda o sao grandes compositores de Guitarra Portuguesa, letristas, alguns ate se tornaram e sao porfessores de Musica do mesmo instrumento, outros foram acompanhantes de grandes fadistas e nao podia deixar de estar o nome daquele que considero o expoente maximo dos mestres desta arte e que considero, como ja fiz referencia anteriormente, o meu Guitarrista preferido em qualquer genero musical, Carlos Paredes, calculo que sendo filho e neto de grandes guitarristas o homem dos "mil dedos" como alguns lhe chamaram deve ter aprendido a tocar Guitarra Portuguesa, quase ao mesmo tempo que aprendia a andar, a falar, a ler e escrever.

Sei que possivelmente, estou mesmo certo disso que podia ter feito referencia e falado em outros grandes nomes mas como e sabido nao haveria tempo para fazer referencia a todos e mesmo que esta lista se tornasse mais extensa, haveria sempre alguns a ficarem esquecidos, talvez ate por desconhecimento dos mesmos da minha parte.

A Guitarra Portuguesa e uma eterna acompanhante do Fado, seja ele de Lisboa, Coimbra ou ate do Porto. Porem na seleccao de videos tentei separar a Guitarra Portuguesa do Fado em si, somente para demostrar que a Guitarra Portuguesa pode estar em outros lugares para la do Fado, embora considere que o Fado e a Guitarra Portuguesa sao uma uniao perfeita e unica mas temos que salientar tambem as partes em que a mesma uniao esta separada.

Tentei trazer videos com o som da Guitarra Portuguesa de Lisboa e nao podia deixar esquecido o som da Guitarra de Coimbra, cidade dos estudantes e do Mondego e acreditem achei original aquela Serenata com o pedido de Casamento, podem crer ainda nao perdi a esperanca de um dia fazer um pedido de Casamento assim, tao original embora nao unico, tao bonito, espero que aquele casal se tenha casado e sido feliz. Nao podia deixar de escolher esse video com um momento tao romantico, sendo eu alguem tao romantico. Assim como nao podia deixar esquecido o tema "Valsa" de Carlos Paredes que para de ser o meu tema preferido desse grande Guitarrista, e igualmente o meu tema preferido que ja tive o prazer de ouvir tocado por uma Guitarra Portuguesa, se nao reparam e tem curiosidade em escutar, e justamente o primeiro video.

Meus amigos leitores e leitoras e agora o momento da despedida, tal como num fado de Coimbra faz referencia a isso, quer queiramos ou nao a despedida tem que ser feita. Orgulho me de ter exposto este trabalho aqui no meu Blog, talvez apresentado para alguns a magia do som da Guitarra Portuguesa, um som unico, inconfundivel e mais uma vez ter ajudado as artes portuguesa e ate mesmo um pouco o nosso Patrimonio Cultutal, acredito, pelo menos defendo essa ideia de que a Guitarra Portuguesa deveria ser considerada uma das sete maravilhas portuguesas. Ate a proxima.

                                                                                                     Manuel  Goncalves