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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A Tragedia de Alcafache (1985)



Como quase todos sabem o 11 de Setembro de 2001 marca e assinala a data de uma das maiores tragedias, acidentes e desastres que podem ter existido na Histora da Humanidade. Foi o maior atentado terrorista ate aos dias de hoje.

Deixamos passar essa data marcando esse acontecimento e esquecendo que na mesma data em 1985 em Portugal tambem houve uma enorme tragedia provocada por um acidente ferroviario mas que ao que parece acabou por ficar esquecida pelo mundo, especialmente por Portugal, lembramos muito dos outros mas esquecemos o que e nosso, e realmente tipico dos portugueses agir dessa forma.

Se um erro humano pode custar muitas vidas, este erro foi sem duvida um dos mesmos. Uma tragedia com familias desfeitas que nao deveria ficar esquecida mas que sem duvida o tempo ajudou a esquecer, uma tragedia que originou o maior acidente e desastre ferroviario de existe memoria em Portugal mas que nos dias de hoje poucos se lembram e recordam, no entanto, foi ha apenas 39 anos.


O Desastre Ferroviario de Moimenta-Alcafache ou somente Desastre de Alcafache foi um grave acidente ferroviario ocorrido na linha da Beira Alta, em Portugal, em 11 de Setembro de 1985. Este foi o pior desastre ferroviario ocorrido no pais e uma das piores tragedias pelo qual o mesmo passou.

O acidente deu-se junto ao Apeadeiro de Moimenta-Alcafache, na Freguesia de Moimenta de Maceira Dao, no Concelho de Mangualde, Distrito de Viseu. Este apeadeiro situa-se entre as estacoes de Nelas e Mangualde, numa zona de via unica.

O acidente envolveu duas composicoes de passageiros, chamado "Rapido Internacional 314/315" (complemento ao Sud Expresso), que efectuava o servico internacional entre o Porto e Paris, que circulava com 18 minutos de atraso; a outra fazia o servico Regional 1324, na direccao da Cidade de Coimbra. A composicao Regional 1324 era composta pela Locomotiva Numero 1439, da Serie 1400 dos Caminhos de Ferro Portugueses (1860), e por seis ou sete carruagens, construidas pela companhia das Sociedades Reunidas das Fabricacoes Metalicas, S. A. R. L (1943-2001) mais conhecida como SOREFAME; ja o "Rapido" internacional era formado por uma Locomotiva Serie 1960 (1961-1973) tambem conhecida como Bombardeiras, com o Numero 1961, e por cerca de doze carruagens. No total, viajavam cerca de 460 passageiros.


O servico Regional 1324, com uma paragem em todas as estacoes e apeadeiros do seu trajecto, chegou a Estacao Ferroviaria de Mangualde, onde deveria permanecer ate fazer o cruzamento com o Internacional. No entanto, e nao obstante o facto de se terem dado ordens para que a prioridade na circulacao fosse atribuida ao servico do "Rapido" Internacional, o comboio Regional continuou viagem, estimando que o atraso na marcha do Internacional fosse suficiente para a chegada do Regional a Estacao Ferroviaria de Nelas, onde, entao, o Regional ficaria a espera do cruzamento com o Internacional. No entanto, o outro servico estava ja circulando com um atraso menor do que aquele que inicialmente era esperado e calculado; considerando, erroneamente, que a via da linha ferrea estaria livre ate a Estacao Ferroviaria de Mangualde, tambem continuou viagem. Apos a partida, o Chefe da Estacao Ferroviaria de Nelas telefonou para a Estacao Ferroviaria de Moimenta-Alcafache, para avisar da partida do "Rapido" Internacional, sendo, entao, informado, que o servico Regional ja se encontrava a caminho. Prevendo que as composicoes se iriam encontrar no caminho e colidir, tentou avisar a Guarda-Barreira de uma Passagem de Nivel entre ambas as estacoes, de modo a que esta parase uma das composicoes atraves de ostentacao de uma bandeira ou da colocacao de petardos na via; no entanto, esta manobra ja nao foi possivel, porque o comboio ja ali tinha passado.

Por volta das 18h:37m do Dia, 11 de Setembro de 1985, houve a tragica colisao entre as duas composicoes, a uma velocidade aproximada de 100 quilometros por hora. O choque foi brutal e destruiu as locomotivas e alguns vagoes em ambas as composicoes, e provocou varios incendios devido ao combustivel presente nas locomotivas e nos sistemas de aquecimento dos carros de passageiros. Devido ao facto de os materiais utilizados nos vagoes nao serem a prova de chamas, o fogo propagou-se rapidamente, produzindo grandes quantidades de fumaca.

Logo apos o acidente, gerou-se uma enorme onda de panico entre os passageiros de ambos os comboios, que tentavam sair a todo o custo dos mesmos. Varias pessoass, entre elas criancas, ficaram presas nos destrocos, tendo sido socorridas por outros passageiros que estavam em melhores condicoes de o fazer; no entanto, muitos deles nao conseguiram sair a tempo, morrendo carbonizados ou asfixiados no interior dos comboios entre os destrocos dos mesmos.


O alerta foi dado por uma ambulancia dos Bombeiros Voluntarios de Aguiar da Beira que se encontrava por perto a circular na Estrada Nacional 234, nas proximidades do local do acidente. Apesar dos servicos de salvamento terem chegado apenas escassos minutos apos o acidente, a situacao no local era problematica e caotica, com incendios no material circulante e na floresta em redor, varios feridos e passageiros em panico.

Estima-se que, neste acidente, tenham vindo a falecer 150 pessoas que eram pasageiros dos mesmos comboios acidentados, embora as circunstancias do acidente e a falta de controlo sobre o numero exacto de passageiros em ambos os servicos impecam uma contagem exacta e determinada do numero de vitimas mortais. As estimativas oficiais apontam para 49 mortos, dos quais apenas 14 foram identificados, continuando ainda 64 passageiros oficialmente desaparecidos.

A maior parte dos restos mortais que nao foram identificados acabou por serem sepultados numa vala comum junto ao local do desastre, aonde tambem acabou por vir a ser erguido um monumento em memoria e homenagem as vitimas do acidente e as equipas de salvamento que trabalharam no mesmo.


Apurou-se que os chefes das estacoes nao se comunicaram entre si, e nem ao Posto do Comando de Coimbra, como estava regulamentado. a alteracao do local de cruzamento entre os dois comboios da Estacao Ferroviaria de Mangualde para a Estacao Ferroviaria de Nelas; tivesse sido feito, a discrepancia na circulacao da linha teria sido notada, e uma das composicoes fosse ela qual fosse, o Regional ou o Internacional, teria ficado parado na estacao esperando a chegada do outro, de modo a se fazer e realizar o cruzamento entre os dois comboios de forma segura.

Por outro lado, devido a falta de um equipamento proprio, revelou-se ser completamente impossivel a comunicacao com os comboios envolvidos quando se calculou que o choque entre ambos seria inevitavel; a unica forma de avisar os maquinistas era atraves de sinalizacao, e da instalacao de petardos na via, o que, neste caso, nao se revelou suficiente para evitar a tragedia que se tornaria o maior desasstre ferroviario em terras lusitanas. Se qualquer destas manobras tivesse sido realizada, o comboios poderiam ter sido parados nas estacoes ferroviarias. O sistema de comunicacao utilizado na altura naquele troco, denominado de Cantonamento Telefonico, dependia do uso de telefones para transmitir informacoes entre as estacoes ferroviarias e o Centro de Comando.

Apos o acidente, foram instalados sistemas mais avancados de seguranca, sinalizacao e controlo de tafego, assim, como Controlo de Velocidade, permitindo uma maior eficiencia e seguranca nas operacoes ferroviarias, e fazendo com que um acidente ferroviario como o desta tragedia sejam agora praticamente impossiveis de acontecer; por outro lado, a introducao de sistemas de Radio-Solo permitiu uma comunicacao directa entre os maquinistas e as centrais de controlo, e foi proibida a utilizacao de materiais que facilitem a propagacao de chamas nos comboios.


. Cronologia da Tragedia Ferroviaria de Alcafache:

- 11 de Setembro de 1985:

. 15h:57m: Parte da Estacao Ferroviaria de Porto-Campanha (1875), com um atraso de 17 minutos, a composicao internacional Numero 315, com destino a Pampilhosa, e ai seguir para Vilar Formoso, de onde iria seguir uma viagem com destino a Espanha e Franca.

. 16h:55m: Parte, a hora prevista, a composicao Regional Numero 1324, da Estacao Ferroviaria da Guarda (1882) com destino a Cidade de Coimbra.

. 18h:19m: Hora suposta a que o servico do Internacional deveria chegar a Estacao Ferroviaria de Nelas; no entanto, acabou por chegar com um ligeiro atraso (recordar que partira de Porto-Campanha com um atraso de 17 minutos), tendo conseguido recuperar algum do tempo perdido da saida da Cidade do Porto duramte a viagem.

. 18h:23m: O servico Regional chega a Estacao Ferroviaria de Mangualde, com pouco ou nenhum atraso. Aqui, em circunstancias normais, deveria ter aguardado pelo cruzamento pelo servico do Numero 315; no entanto, prossegue o percurso da sua viagem ate a Estacao Ferroviaria de Alcafache, para onde o cruzamento entre os dois comboios havia sido mudado.

. 18h:31m: Hora suposta a que o servico Internacional deveria chegar a Estacao Ferroviaria de Mangualde.

. 18h:34m: Hora a qual o servico Regional deveria ter chegado a Estacao Ferroviaria de Alcafache, se o cruzamento entre os dois comboios se tivesse efectuado na Estacao Ferroviaroa de Mangualde como inicialmente estava previsto e havia sido programado, como normalmente. No entanto prossegue a marcha, pois o cruzamento com o servico Internacional foi novamente alterado, para a Estacao Ferroviaria de Nelas.

. 18h:37m: O inevitavel acontecera. As duas composicoes acabam por colidirem, entre o actual Apeadeiro Ferroviario de Moimenta-Alcafache e a Estacao Ferroviaria de Nelas onde se pretendia fazer-se finalmente o cruzamento entre os dois comboios.

. 18h:41m: Era a hora suposta a que o servico do comboio Regional Numero 1324 deveria ter chegado a Estacao Ferroviaria de Nelas, 4 minutos apos a colisao.

- 13 de Setembro de 1985:

. 16h:30m: Providenciou-se apos ter ficado determinado o enterro dos restos mortais nao identificados no Cemiterio de Mangualde, segundo as ordens determinadas pelo Ministerio da Justica (1821).

- 14 de Setembro de 1985:

. Da-se a finalizacao da recolha dos ultimos restos mortais e desinfestacao do local.

- 16 de Setembro de 1985:

. E restabelecida a circulacao ferroviaria no troco em que se deu o acidente. E publicado, no jornal diario, Correio da Manha (1979), o balanco provisorio deste mesmo desastre e tragedia: 8 mortos, 170 feridos, 110 sobreviventes e 64 desaparecidos.

- 18 de Setembro de 1985: Passa o primeiro servico Internacional neste troco, apos o acidente. Nele circulam 61 sobreviventes do desastre, com destino a Franca.


. Dados e descricao do Desastre Ferroviario de Moimenta-Alcafache:

. Data: 11 de Setembro de 1985.
. Hora: 18:37.
. Local: Alcafache, Concelho de Mangualde.
. Pais: Portugal.
. Linha: Linha da Beira Alta.
. Operador: Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (1860).
. Tipo de Acidente: Colisao.
. Causa do Acidente: Erro Humano.

- Estatisticas:

. Comboios Envolvidos: 2 (1 Internacional, 1 Regional)/
. Passageiros: Cerca de 460 passageiros.
. Feridos: Cerca de 170 passsageiros.
. Mortos: Cerca de 150 passageiros.


Nao me recordo desta tragedia, ainda nao tinha completado 8 anos de idade e realmente para ser sincero recordo me de coisas que aconteceram anteriormente a este acidente ferroviario em Portugal por isso pensei em escrever acerca do mesmo.

Foi atraves de uma noticia qualquer deste ano (2024) que tive conhecimento do messmo desastre, 40 anos depois. Agora apos ter pesquisado e escrito acerca deste triste e tragico facto e acontecimento, existe algo que pergunto a mim proprio. Estaria na altura Portugal preparado para uma tragedia destas, teria os melhores meios de evitar a mesma? Sou sincero, acredito que nao tinha nem os melhores meios e nem estava de todo bem preparado para evitar a mesma tragedia. A prova de que nao estava e que de facto o mesmo acidente se deu e logo causado por um erro humano, apos o acidente, algumas coisas foram mudadas e modernizadas.

Bastava de facto alguem ter forcado um dos comboios a esperar na estacao pelo cruzamento entre os mesmos e tudo teria sido diferente, mas nao foi. O mesmo erro humano custou cerca 150 vidas perdidas, cerca de 170 feridos e inicialmente alguns desaparecidos.

Caro (a) leitor (a) vou ficando por aqui por enquanto e espero um reencontro para breve, ate la.

                                                                                                          Manuel Goncalves




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