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sábado, 27 de dezembro de 2014

O Gigante Adamastor

 

Quando um homem sonha da o primeiro passo para poder ver algo tornar-se real. Muito antes dos americanos sonharem ou pensarem ser possivel ir a lua e conseguirem realizar esse objectivo, muito antes do homem sonhar e conseguir ter um meio de viajar nas profundezas dos mares com submarinos, muitos antes de surgir o cinema, automoveis e tudo mais mais o homem e os navegadores portugueses em geral sonhavam dobrar aquele que ficou conhecido como o Cabo da Boa Esperanca tambem conhecido por Cabo das Tormentas. Estava assim desde logo dado o primeiro passo para se avancar nos mares e oceanos e se ir mais alem e fazer novas descobertas aumentando, expandindo, fortalecendo e nao menos importante enriquecendo o territorio lusitano, aumentando assim o Reino de Portugal na altura sob Governo de El-Rei Dom Joao II de Portugal o entao soberano do Reino de Portugal, do territorio lusitano alem mar e legitmo soberano da Coroa portuguesa.

Toda a grande proeza tem um Heroi e uma data e o autor desta faceta foi Bartolomeu Dias em 1488. Para tras ficavam mitos e lendas de que ali os mares eram fortes e bravios porque existia ali um enorme monstro gigante ao qual chamavam de Adamastor. Na verdade e todos sabemos hoje que o problema estava nas correntes maritimas dos dois oceanos Atlantico e Indico e sua confluencia.


Adamastor e um mitico gigante baseado na Mitologia Greco-Romana, referido pelo ilustre Poeta portugues Luis Vaz de Camoes da forma que todos bem conhecemos naquele que e talvez a obra de maior reconhecimento da Literatura Portuguesa, Os Lusiadas, tambem referido pelo igualmente Poeta Fernando Pessoa no poema O Mostrengo, chamado-lhe Mostrengo. Representa por sua vez as forcas da natureza contra o Navegador portugues Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameacando a ruina daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperanca e penetrasse no Oceano Indico, que estavam sob os alegados dominios do Adamastor.

E o nome atribuido a um dos gigantes, filhos de Gaia, que se revoltaram e rebelaram contra Zeus. Fulminados por este, ficaram dispersos e reduzidos a promontorios, ilhas e fraguedos. O seu nome surge, certamente, pela primeira com Sidonio Apolinario. O mitologico gigante foi listado por Rabelais, em Gargantua e pantagruel.

Foi popularizado ao ser usado com uma verdadeira mestria Pelo Poeta Luis de Camoes, no Canto V da epopeia portuguesa Os Lusiadas, como sendo o gigante do Cabo das Tormentas, que afundava as naus, e cuja a figura se desfazia em lagrimas, que eram as aguas salgadas que banhavam a confluencia dos oceanos Atlantico e Indico. O episodio do Adamastor representa, assim, em figuracao grandiosa e comovida, a sua oposicao a audacia dos navegadores portugueses e a predicao da historia tragico-maritima que se lhe seguira.

O Adamastor tem nao so o papel de reforcar o positivismo da viagem, assim como o Velho do Restelo. Tambem da o enfase ao <<mais que humano feito>> (feito sobrehumano) referido na proposicao. Realcando a coragem do Heroi, individual ou colectivo, que enfrenta apesar do medo, desafios superiores do poder do homem ou humanidade, porque renega sua emocao seguindo a ordem de El-Rei.

Na continuacao do episodio, o narrador mostra-nos como este gigante tem uma fraqueza, um amor impossivel, mostrando assim que ate o mais poderoso ser padece dessa doenca benigna que e o amor.

A Sul do Cabo Bojador erguia-se um conjunto de lendas e supersticoes que a imaginacao mitogenica criara a partir do mundo desconhecido. Os marinheiros quatrocentistas nao podiam deixar de sentir uma certa curiosidade pelo que estava mais alem e o misterio que envolvia a transposicao de tais obstaculos. As lendas representavam o medo do que havia no tenebroso cabo e sobretudo no que havia e existia para alem do mesmo.

A custa de uma experimentacao continua, os marinheiros portugueses aprenderam a recusar esses mitos e ja no Seculo XV em 1488 chegaram sob o comando do Navegador Bartolomeu Dias ao Cabo das Tormentas, conhecido ate entao pela impossibilidade de se navegar, e que, se passando a se chamar Cabo da Boa Esperanca, lhes passava a abrir as portas da India. Os mares desse cabo serviram muitas vezes de sepultura a naus e a gente carregada de riquezas e desilusoes, como que comprovando as profecias do Adamastor. Bocage escreveu mesmo um belo soneto relativo as profecias do Adamastor:

Adamastor cruel!... De teus furores
Quantas vezes me lembro horrorizado!
O monstro! Quantas vezes tens tragado
Do Soberbo Oriente dos domadores!

Parece-me que entregue a vis traidores
Estou vendo sepulveda afamado,
Com a esposa, e com os filhinhos abracado
Qual Mavorte com Venus e os Amores.

Parece-me que vejo o triste esposo,
Perdida a tenra prole e a bela dama,
As garras dos leoes correr furioso.

Bem te vingaste em nos do afouto Gama!
Pelos nossos desastres es famoso:
Maldito Adamastor! Maldita fama!


E mencionado pelo Escritor e Filosofo frances Francois Marie Arouet, mais conhecido por Voltaire no capitulo dedicado a Camoes do Essai sur la poesie epique. Aparece tambem na obra de Victor Hugo por duas vezes: em Os Miseraveis (Tomo III, Marius, capitulo III) e num poema dedicado a Lamartine (Les Feuilles d'automne, capitulo IX). Tambem o igualmente Escritor e Romancista frances Alexandre Dumas, pai refere o gigante por seis vezes nas suas obras: em O Conde de Monte Cristo (capitulo XXXI), Vinte anos depois (capitulo LXXVII), George (capitulo I), Bontekoe, Les drames de la mer (Capitulo I), Causeries (capitulo IX) e Mes Memoires (capitulo CCXVIII). E tambem mencionado pelo Escritor Jose Saramago o primeiro Premio Nobel da Literatura portugues no seu romance de 2005 As Intermitencias da Morte (pagina 65).

Exertos do episodio do Adamastor na obra de Luis Vaz de Camoes, Os Lusiadas:

"
   39

Nao acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e valida,
De disforme e grandissima estatura,
O rosto carregado, a barba esqualida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e ma, e a cor terrena e palida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

   40 (...)

C'um tom de voz nos fala, horrendo e grosso
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mim e a todos, so de ouvi-lo e ve-lo!

   (...) 44

Aqui espero tomar, se nao me engano,
De quem me descobriu suma vinganca;
E nao se acabara so nisto o dano
   (...)
Naufragios, perdicoes de toda a sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte.

   (...) 50

Eu sou aquele oculto e grande cabo
A quem chamais vos outros Tormentorio".

- Luis Vaz de Camoes, Os Lusiadas, Canto V.


Hoje uma lenda e mito de um dos mais importantes episodios da Historia de Portugal ou seja a era dos descobrimentos maritimos. Nao se pode dizer que nao houvesse razoes para se acreditar no mesmo mito pelo menos naquele tempo os nossos antepassados nao tinham as mesmas tecnologias e sobretudo os conhecimentos que os marinheiros tem hoje. Lembro-me de ouvir o meu Professor de Histora a dar a aula a falar daquilo que foi o tempo da era dos descobrimentos e os seus resultados, falando claro de Historia mas baseado na realidade, sim realidade porque realmente todos sabemos que aconteceu e que os portugueses foram donos e senhores de uma parte do mundo mas de repente tudo para e vejo o meu professor a falar do mitico Gigante Adamastor que acaba por estar nao so nas paginas da historia da Mitologia Lusitana-Portuguesa mas tambem ainda que como figura mitica nas paginas da Historia de Portugal.

Caro(a) leitor(a) espero que mais uma vez esta cronica tenha sido do seu gosto em particular porque nos fundo a mesma e feita para si e todos os leitores que seguem este mesmo blog. Ate a proxima.

                                                                                                                 Manuel Goncalves



















2 comentários:

  1. Gostei de ler. Quando penso no que os portugueses se lançaram, no fundo era uma viagem para o total desconhecido e também uma possível viagem para a morte, julgo que só o fizeram e tiveram sucesso porque acreditavam firmemente em Deus. Foi com a ajuda de Deus que fizeram o que fizeram. É por isso que hoje não se consegue fazer nada parecido - a maior parte já não acredita. O homem sozinho, só partindo das suas forças, pouco pode fazer.

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    1. A questao nao e essa isso foram momentos que ja passaram a historia pode ter havido fe e ate ajuda de Deus mas creio que o ponto forte foi mesmo esta epopeia ter sido comandada por homens de mentalidade avancada para o seu tempo e que acreditavam naquilo que todos sabemos o Adamastor o tenebroso e temido gigante Adamastor nao passava de um mito.

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