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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A tragedia do Terromoto de Lisboa, 1 de Novembro de 1755



Penso que foi talvez um dos dias mais tragicos de Portugal o calmo dia de Feriado, 1 de Novembro de 1755 pelo que a tradicao de se comemorar o Dia de Todos-os-Santos ja vem de seculos atras.

Imaginemos o que e uma familia que aproveita o dia de feriado para um alegre e calmo passeio pela antiga e destruida baixa de Lisboa, a beira rio e rapidamente tudo se transforma num pesadelo, tragedia ou catastrofe em que uma onda gigante vinda do Rio Tejo varre tudo o encontra pela frente e ainda deixa o solo alterado, alem da tragedia, incendios demolicoes que provocou e ainda lancou duvidas mais tarde quando se quis levantar o corpo de Luis Vaz de Camoes (?1524 ce-1579 ou 1580) e leva-lo para o Mosteiro dos Jeronimos em Lisboa como estava enterrado numa vala comum e solo sofreu alteracoes os proprios estudiosos afirmam que nao a nenhuma certeza ou garantia que o  corpo presente naquele tumulo seja verdadeiramente o do Poeta e Heroi Nacional.

O caso tambem causou problemas no Rei Dom Jose I de Portugal (1714-1777) e anteriormente Principe do Brasil o mesmo ganhou pavor a viver em locais fechados mudando entao a residencia real para um acampamento de barracas que ficou conhecido como Real Barraca e que certamente deveria deixar  uma ma impressao a embaixadores estrangeiros que viessem a Portugal encontrar-se com o Monarca lusitano. No entanto foi no meio da tragedia que mais uma vez se viu a forca dos portugueses perante um momento de dor em rapidamente levantar a cabeca e isso muito se deve a no meio da mesma aparecer um homem com pulso de ferro que soube liderar com a situacao e entendeu que naquele momento o que havia a fazer era tratar os vivos e enterrar os mortos, Sebastiao Jose de Carvalho e Melo (1699-1782) um Primeiro-Ministro na altura e mais conhecido de facto pelo Titulo Nobre de Marques de Pombal.


O Sismo de Lisboa de 1755, igualmente tambem conhecido como Terramoto de Lisboa de 1755, ocorreu no dia 1 de Novembro, resultando na destruicao quase que completa da cidade de Lisboa, especialmente na Zona da Baixa, e atingindo de igual modo uma grande parte do Litoral do Algarve e Setubal. O sismo foi seguido de um maremoto -  que se cre tenha atingido a altura de 20 Metros - e de multiplos incendios, tendo feito certamente mais de 10 mil vitimas mortais (ha quem aponte para a hipotese de terem sido muitas mais e pessoalmente para os efeitos da catastrofe acho 10 mil um numero ate bastante baixo). Foi um dos sismos mais mortiferos da Historia (ora ai esta 10 mil vitimas mortais e um numero muito optimista), marcando o que alguns historiadores chamam a Pre-Historia da Europa Moderna. Os sismologos estimam que o sismo atingiu magnitudes entre 8,7 a 9 na Escala de de Ritcher.

O Terramoto de Lisboa teve um enorme impacto em varios sentidos sobretudo a nivel politico e socioeconomico na sociedade portuguesa do Seculo XVIII, dando origem aos primeiros estudos cientificos do efeito de um sismo numa area alargada, marcando assim  nascimento da Sismologia moderna. O acontecimento foi largamente discutido pelos filosofos iluministas, tais como Francois Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (1694-1778), inspirando desenvolvimentos significativos no dominio da Teodiceia e da Filosofia do sublime.

 

O mesmo terramoto e tragedia fez-se sentir na manha de 1 de Novembro de 1755 as 09:30 ou 09:40 da manha, dia que coincide com o Feriado do Dia de Todos-os-Santos. A data contribuiu para um alto numero de fatalidades, visto que ruas e igrejas algumas que ruiram com o terramoto estavam cheias de fieis. Se fosse num dia normal talvez a tragedia tivesse sido menor ate porque muitas pessoas estavam na Baixa de Lisboa porque nao tinham ido trabalhar.

O epicentro nao e conhecido com precisao, havendo diversos sismologos que propoem locais distanciados com centenas de quilometros. No entanto, todos convergem para um Epicentro no Mar, entre 150 a 500 Quilometros a Sudoeste de Lisboa. Devido a um forte sismo, ocorrido em 1969 no Banco de Gorringe (O Banco de Gorringe e uma area do Oceano Atlantico situada a cerca de 120 milhas marítimas a Oeste-sudoeste do Cabo de Sao Vicente, caracterizada por um macico montanhoso submerso orientado na direccao Nordeste-Sudoeste e com cerca de 200 Quilometros de Comprimento por 80 de Largura. Destacam-se dois cumes: o Gettysburg e o Ormonde), este local tem sido apontado como tendo forte probabilidade de ai se ter situado o Epicentro de 1755. A Magnitude pode ter atingido 9 na Escala de Richter.

Relatos da epoca afirmam que os abalos foram sentidos, consoante o local, durante entre seis minutos e duas horas e meia, causando fissuras enormes das quais ainda hoje ha vestigios em Lisboa. O Padre Manuel Portal e a mais rica e completa fonte sobre os efeitos do terramoto, tendo descrito, detalhadamente e na primeira pessoa, o discurso do terramoto e a vida lisboeta nos meses que se seguiram. A intensidade do terramoto em Lisboa e no Cabo de Sao Vicente estima-se que tenha sido entre X-XI na Escala Mercalli sendo entao considerado destruidor (X) e catastrofico (XI). Com varios desmoronamentos os sobreviventes procuraram refugio na zona portuaria e acabaram por assistir ao recuo das aguas, revelando o fundo do mar cheio de destrocos de navios e cargas perdidas. Poucas dezenas de minutos depois, um tsunami, que actualmente se supoe ter atingido pelo menos seis Metros de Altura, havendo ainda relatos de ondas com mais de 10 Metros, fez submergir o Porto e o Centro da cidade, tendo as aguas penetrado cerca de 250 Metros. Nas areas que nao foram afectadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incendios duraram pelo menos cinco dias. Muito por culpa de todos terem fugido e nao haver quem apagasse os incendios.

Acerca do nivel de destruicao do terramoto, sem mencao ao tsunami, e focando os incendio, no Novo Atlas para uso da Mocidade Portuguesa (1782), o Tradutor corrige em nota o Autor frances dizendo:

"O Autor, mal informado do que aconteceu a esta capital no referido terramoto, asseverou que ela ficara inteiramente arrasada, quando e certo que em mais de duas partes ficou em pe, e que somente o incendio, que lhe sobreveio, abrasou, e consumiu os edificios, tesouros, moveis, riquezas, preciosidades, alfaias, etc. ficando unicamente as paredes. Porem, de tudo o mais raro, que se perdeu, foi a grande Livraria de Sua Majestade - rara pelos manuscritos e originais da Antiguidade que conservava - perda sem duvida lamentavel para os sabios".


Lisboa nao foi a unica cidade portuguesa afectada pela grande e catastrofe que viria a ser uma das maiores tragedias (senao a maior) da Historia de Portugal. Todo o Sul de Portugal, sobretudo o Algarve, foi atingido e a destruicao foi generalizada. Alem da destruicao causada pelo sismo, o tsunami que se seguiu destruiu no Algarve fortalezas costeiras e habitacoes, registando-se ondas com ate 30 Metros de Altura. As ondas de choque do Sismo foram sentidas por toda a Europa e Norte de Africa. As cidades marroquinas de Fez e Meknes sofreram danos sofreram danos e perdas de vida consideraveis. Os maremotos originados pela Movimentacao Tectonica varreram locais desde o Norte de Africa (como Safim na Costa Ocidental de Marrocos e Agadir no Sul marroquino) indo ate ao Norte da Europa, nomeadamente ate a Finlandia (atraves de Seichas) e atraves do Oceano Atlantico, afectando os arquipelagos dos Acores e da Madeira e locais tao longinquos como Antigua, Martinica e Barbados. Diversos locais em torno do Golfo de Cadis foram inundados: o nivel das aguas subiu repentinamente em Gibraltar e as ondas chegaram ate Sevilha atraves do Rio Guadalquivir, Cadis, Huelva e Ceuta pelo que se pode ver que o territorio espanhol tambem ficou igualmente bastante devastado com o sucedido.

De uma populacao com 300 mil habitantes em Lisboa, cre-se que 90 mil tenham morrido (30 %) 900 das quais vitimadas directamente pelo tsunami. Outras 10 mil vitimados em Marrocos. Cerca de 85% das construcoes de Lisboa foram destruidas, incluindo palacios famosos e bibliotecas, conventos e igrejas, hospitais e todas as estruturas causando entre outras coisas uma enorme perda de patrimonio e riqueza. Varias construcoes que sofreram poucos danos com o terramoto foram destruidas pelo fogo que se seguiu ao abalo sismico, causado por lareiras de cozinhas, velas e ainda mais tarde por saqueadores em pilhagens dos destrocos.

Na Obra Literaria Historia Universal dos Terramotos, de Joaquim Jose Moreira de Mendonca (1758), que apresenta o primeiro balanco sistematico dos efeitos, refere-se que as aguas alagaram o Bairro de S. Paulo e que esse "espanto das aguas" difundiu o perigo de que vinha o mar cobrindo tudo:

"Havia muita gente buscado as margens do Tejo, por se livrarem dos edificios, cheios de horror da vista das suas ruinas. Eis que de repente entra o mar pela barra com uma furiosa inundacao de aguas, que nao fizeram igual estrago em Lisboa que em outras partes, pela distancia que ha de mais de duas leguas desta Cidade a foz do rio. Contudo, passando os seus antigos limites se lancou por cima de muitos edificios e alagou o Bairro de S. Paulo. Cresceu em todos os que haviam procurado as praias o espanto das aguas, e o novo perigo se difundiu por toda a Cidade,  e seus suburbios, com uma voz vaga, que dizia que vinha o mar cobrindo tudo".

A recem-construida Casa da Opera, inaugurada apenas seis meses antes, foi totalmente consumida pelo fogo. O Palacio Real, que se situava na margem do Rio Tejo, onde hoje existe a Praca do Comercio, mais conhecida por Terreiro do Paco, foi destruido pelos abalos sismicos e pelo tsunami. Dentro, na biblioteca, perderam-se 70 mil volumes de livros e documentos e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de Ticiano Vecellio ou Vecelli  (ce. 1473/1490-1576), Peter Paul Rubens (1577-1640) e Antonio da Correggio (ce.1489-1534). O precioso Arquivo Real com documentos relativos a exploracao oceanica e outros diversos documentos antigos tambem foram perdidos. O terramoto causou ainda danos, ou chegou mesmo a destruir completamente, as maiores Igrejas de Lisboa, especialmente a Se de Lisboa, e as Basilicas de Sao Paulo, Santa Catarina, Sao Vicente de Fora e a da Misericordia. As ruinas do Convento do Carmo situadas no Centro da cidade ainda hoje se mantem de pe e podem mesmo ser visitadas sao um testemunho do que foi o terramoto de 1 de Novembro de 1755. O tumulo de Nuno Alvares Pereira (1360-1431), localizado nesse convento ate entao tambem ficou perdido. O Hospital Real de Todos os Santos foi consumido pelos fogos e centenas de pacientes vieram a morrer queimados. Registos historicos e importantes das viagens de Vasco da Gama (1460 ou 1469-1524) e Cristovao Colombo (Local e Data do Nascimento sao incertos e provavel que tenha nascido entre 22 de Agosto de 1451 e 31 de Outubro de 1431-1506) foram perdidos, e incontaveis construcoes foram arrassadas (incluindo muitos exemplares da Arquitectura do Periodo Manuelino em Portugal).


O Sismo de 1755 parece ter apagado da memoria de muitos mas nao da Historia o Sismo de Lisboa de 26 de Janeiro de 1531 em que posteriormente ao terramoto veio um tsunami que resultou em aproximadamente 30.000 mortos muito semelhante ao de 1755 o terramoto de 1531 em que aproximadamente um terco das edificicacoes da cidade foram destruidas e mil vidas se perderam no choque inicial o Paco da Ribeira e a Igreja de Sao Joao foram ambos completamente destruidos assim como outros edificios importantes em varias zonas da cidade atingidas com o terramoto e posterior tsunami. O mesmo nao deixa de merecer que Joaquim Jose Moreira de Mendonca compare ambos na sua Historia Universal dos Terramtos de 1758.

"Nem obsta dizer-se vulgarmente que o Terramoto presente foi maior que o de 1531, por se verem arruinadas a Torre da Basilica de Stª Maria, e muitas igrejas, que naquele nao cairam. A isto respondo que tambem neste ainda ficou sem ruina a outra Torre da mesma antiga Se; e que as igrejas que cairam agora naquele tempo eram muito novas e ressentiram da mesma forma que ao presente sucedeu as duas igrejas de S. Bento, a de Nª Srª  das Necessidades, a do Menino Deus, a ds Paulistas e outras, com alguns palacios, e casas novas, que nao padeceram ruina consideravel". - (paginas 55-56).

A Familia Real Portuguesa escapou a catastrofe de 1 de Novembro de 1755. O Rei Dom Jose I e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa ao amanhecer, encontrando-se em Santa Maria de Belem, nos arredores de Lisboa, na altura do terramoto. A ausencia do Rei na capital deveu-se a vontade das princesas de passar o feriado fora da cidade. Depois da catastrfe, Dom Jose I ganhou uma fobia a recintos fechados e viveu o resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda, denominado como Real Barraca da Ajuda, em Lisboa, o Marques de Pombal, Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros e da Guerra e futuro Primeiro-Ministro, sobreviveu ao terramoto. Com o pragmatismo que caracterizou a sua futura governacao, ordenou ao exercito a imediata reconstrucao de Lisboa. Conta-se que a pergunta "E agora?" tera dado como resposta "Enterram-se os mortos e cuidam-se os vivos" mas esse dialogo e provavelmente apogrifo ou seja falso, pelo menos nao ha provas da sua existencia mas se o dialogo e falso ja a atitude foi essa mesma enterrar-se os mortos e tratar-se dos vivos. A sua rapida resolucao levou a organizar equipas de bombeiros para combater os incendios e recolher os milhares de cadaveres para evitar epidemias.

O Ministro e o Rei encomendaram aos arquitectos e engenheiros reais, e em menos de um ano depois do terramoto ja nao se encontrava em Lisboa ruinas e vestigios de maior do terramoto ainda recente  e os trabalhos de reconstrucao iam de facto adiantados. O Rei desejava uma cidade nova e ordenada com grandes pracas e avenidas largas e rectilineas marcaram a planta da nova cidade. Reza a lenda ter sido na epoca perguntado ao Marques de Pombal para que serviam ruas tao largas, ao que este sem hesitar respondeu que um dia hao-de acha-las estreitas... A maior parte da reconstrucao foi paga com o ouro que era retirado da Capitania de Minas Gerais na Colonia brasileira, que viu um aumento em seus impostos. Isso como e evidente levou a uma alta insatisfacao entre os habitantes e provocou quase que uma revolta, em que eventualmente expulsaram a Companhia de Jesus e viram o arraial de Cruvelo realizar duas inconfidencias em protesto a Coroa Portuguesa.

O novo Centro da cidade, hoje conhecido por Baixa Pombalina e uma das zonas nobres da cidade. Serao dos primeiros edificios mundiais a serem construidos com proteccao a prova de sismos (anti-sismicas) que foram testadas em modelos de madeira, utilizando-se tropas a marchar para simular as vibracoes sismicas.


O Terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755 abalou muito mais que a cidade e os seus edificios. Lisboa era a capital de um Pais Catolico, com uma grande tradicao de edificacao de conventos e igrejas e demasiadamente empenhado na evangelizacao das suas colonias. O facto do terramoto ocorrer em um dia santo e destruir varias igrejas importantes levantou muitas questoes religiosas por toda a Europa. Para a mentalidade religiosa do Seculo XVIII, foi uma manifestacao da ira divina de dificil explicacao.

Na politica, o terramoto tambem foi devastador. O Ministro do Rei Dom Jose I, o Marques de Pombal era o favorito do Rei, mas nao do agrado da alta nobreza, que competia pelo poder e favores do Monarca. Depois do 1º de Novembro de 1755, a eficacia da resposta do Marques de Pombal (cujo Titulo lhe e atribuido em 1770) garante-lhe um maior poder e influencia perante o Rei, que tambem aproveita para reforcar o seu poder e consolidar assim o Absolutismo.

Isso leva a um descontentamento da aristocracia que iria culminar na suposta (nao e certo) tentativa de regicidio (nao e certo porque nada ficou provado e ha fortes indicios que o mesmo atentado nao se dirigia ou procurava atingir e vitimar a Dom Jose I ) e na subsequente eliminacao da familia dos Tavoras pertencente a alta nobreza. Para alem do agravamento de tensoes politicas em Portugal, a destruicao da cidade de Lisboa frustrou muitas das ambicoes coloniais do Imperio Portugues de entao.

O ano de 1755 insere-se numa era fulcral de uma grande transformacao social: a Revolucao Industrial, o Iluminismo, o Capitalismo lancam as bases de uma sociedade moderna em alguns paises da Europa Ocidental. O terramoto influenciou de forma determinante muitos pensadores europeus do Iluminismo da epoca. Foram muitos os filosofos que fizeram mencao ou aludiram ao terramoto nos seus escritos, dos quais se destaca Voltaire, no seu Candide e no Poeme sur le desastre de Lisbonne ("Poema sobre o desastre de Lisboa"). A arbitrariedade da sobrevivencia foi, provavelmente, o que mais marcou o Autor, que satirizou a ideia, defendida por autores como Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) e Alexander Pope (1688-1744), de que "este e o melhor dos mundos possiveis"; como escreveu Verdenor Grand, ou simplesmente Theodor Adorno (1903-1969), o Terramoto de Lisboa foi suficiente para Voltaire refutar a "teodiceia de Leibniz" (Negative Dialectics, 361). Mais tarde no Seculo XX, tambem citando Adorno, o terramoto passou a ser comparado ao Holocausto (1939-1945) - uma catastrofe de tais dimensoes que so poderia ter um impacto profundo e transformador na Cultura e Filosofia europeias. Esta interpretacao de Theodor Adorno serve de ilustracao a sua interpretacao da Historia, que e bastante critica da sociedade.

O conceito do sublime, embora ja tivesse sido formulado antes de 1755, foi desenvolvido na Filosofia e elevado a tema de maior importancia por Immanuel Kant (1724-1804) em parte como resultado das suas tentativas para compreender a enormidade do Terramoto de Lisboa e do tsunami. Kant publicou tres textos distintos sobre o terramoto. O jovem Kant fascinado com o fenomeno reuniu toda a informacao que conseguiu sobre o desastre, atraves de noticias impressas , servindo-se desses dados para assim formular uma teoria relacionada com a origem dos sismos. A Teoria de Kant, que envolvia o deslocamento de enormes cavernas subterraneas insufladas por gases a altas temperaturas, foi, ainda que mais tarde se mostrasse falsa, uma das primeiras tentativas sistematizadas a tentar explicar os sismos atraves de causas naturais, em vez de causas sobrenaturais. De acordo com o Filosofo Marxista Walter Benedix Schonflies Benjamin (1892-1940), o pequeno caderno de Kant acerca do assunto representava, provavelmente, o inicio da Geografia Cientifica na Alemanha. O mesmo Autor chega a afirmar: "E foi, certamente, o inicio da Sismologia" (frase essa que e mais controversa - talvez o inicio da Sismologia Moderna tenha tido o seu comeco mesmo em Portugal com estudos pedidos e incentivados pelo bem conhecido Marques de Pombal).

O Pensador Pos-Moderno Werner Hamacher (1948) chega mesmo a defender a tese de que as consequencias do terramoto se estenderam ao vocabulario da Filosofia, transtornando as metaforas da "fundamentacao" e dos "fundamentos" das teorias filosoficas, mostrando como estes podem ser facilmente "abalados" pela incerteza: "Sob a impressao exercida pelo Terramoto de Lisboa, que tocou a mentalidade europeia numa das epocas mais sensiveis, as metaforas da fundamentacao ("ground" = chao em ingles) e dos abalos perderam totalmente a sua inocencia aparente; deixavam de ser meras figuras de estilo" (pag. 263). Hamacher defende mesmo que a certeza fundadora da Filosofia de Rene Descartes (1596-1650) sofreu um consideravel abalo apos o Terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755.


A competencia do Marques de Pombal nao se limitou somente a accao de reconstrucao da cidade de Lisboa. O Ministro da alta confianca do Rei Dom Jose I ordenou que fosse realizado um inquerito, enviado a todas as paroquias do pais para se apurar a ocorrencia e efeitos do sismo. O questionario do inquerito incluia as seguintes questoes:

. Quanto tempo durou o sismo?
. Quantas replicas se sentiram?
. Que tipo de danos causou o sismo?
. Que animais tiveram comportamento estranho?
. Que aconteceu nos pocos?

As respostas continuam ainda arquivadas na Torre do Tombo. Atraves das respostas do mesmo inquerito instaurado pelo Marques de Pombal foi possivel aos cientistas da actualidade recolherem dados fiaveis e reconstituirem o fenomeno numa perspectiva cientifica. O Inquerito do Marques de Pombal foi a primeira iniciativa de descricao objectiva no campo da Sismologia, razao pela qual e considerado um precursor da ciencia da Sismologia .

As causas geologicas do terramoto e da actividade sismica na regiao de Lisboa sao ainda hoje causa de debates cientificos, existindo indicios geologicos da ocorrencia de grandes abalos sismicos com uma periodicidade de aproximadamente 300 anos. Lisboa encontra-se tambem junto de uma Falha Geologica ou Falha Tectonica, mas a grande maioria dos sismos tao intensos como o Terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755 so acontece nas zonas de fronteira entre placas. Alguns geologos portugueses avancaram com a ideia de que na realidade o terramoto estaria relacionado com a Zona de Subducao do Oceano Atlantico, entre as placas tectonicas Euro-Asiatica e Africana.

Dados gerais do Terramoto de Lisboa de, 1 de Novembro de 1755:

. Epicentro: Regiao do Banco Gorringe 36° N 11° 0.
. Magnitude: 8,5 - 9,5 (estimativa) MW (Escala de Magnitude de Momento).
. Vitimas: As vitimas variam em numeros entre 10.000 e os 90.000 em Lisboa.

Quase a finalizar como amante da Historia e de tudo o que esta relacionado com a mesma area desde a muito foi um prazer escrever sobre um dos eventos historicos e acontecimentos que mais marcou a Historia de Portugal. Quero tambem referir que o Pais se levantou de imediato perante o sucedido e de recordar que naquela altura certamente nao havia instituicoes de ajuda humanitaria como existem hoje o que tornava as coisas ainda dificeis. Havia sim de facto o ouro, diamantes e outras riquezas que vinham das Colonias mas seria isso o suficiente? Vejamos a riqueza do Continente Africano que tem paises com ouro, petroleo, diamantes, etc e no entanto e dos continentes com mais paises de terceiro mundo.

No que diz respeito a lista de etiquetas mais uma vez considero que ficou incompleta onde nao pude por falta de espaco devido a como sabem quem tem um blog o mesmo espaco ser limitado acabei por nao acrescentar a etiqueta Cultura Geral, esta e uma das eternas etiquetas a ser abdicada quando o espaco se torna limitado.

Caro(a) leitor(a) espero que se for amante do tema a mesma cronica tenha sido do seu inteiro agrado como foi do meu escreve-la, ate breve.

                                                                                                        Manuel Goncalves














2 comentários:

  1. Este tema é apaixonante. Foi um enorme desgraça falada em toda a Europa da altura. É uma pena a cidade ter ficado sem os monumentos de tantos séculos. Lisboa seria agora muito mais rica e bonita se não tivesse havido o terramoto! O vídeo a meio do texto é muito interessante. Um abraço ao autor!

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  2. Ao contrario do que e normal nao estou plenamente de acordo contigo Caroline. Lisboa perdeu muito do seu Patrimonio Cultural da altura e um facto. Nao imagino porem Lisboa sem a sua famosa Avenida da Liberdade e tantas outras construidas apos a tragedia assim como considero que a maior joia do patrimonio de Lisboa da altura e do momento continua de pe, Castelo de Sao Jorge. A nova arquitectura contra sismos tambem ajudou muito a beleza do que e hoje Lisboa.

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