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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Poemas e Poesia VI


       
                                                           
Mais um post publicado e mais um Poema. Ultimamente peco desculpa mas e a unica coisa que tenho conseguido escrever, sinto que a Poesia me tem ajudado muito a curar a depressao pela qual passei e ainda estou a passar.

Acredito que para la de ser o meu Poema mais longo ate ao momento este Poema possa ser tambem o mais polemico que alguma vez escrevi e talvez seja assim num futuro muito longo. Creio que ao abordar este tema falo um pouco no racismo e para mim "racismo" nao e apenas um mero problema social mas tambem politico e igualmente ate cultural. Em certa altura da vida estive envolvido em grupos politicos que veem o racismo de uma forma muito particular. Para mim o racismo nao e apenas entre branco e negro mas igualmente pode ser o contrario, portanto, nao vamos dizer o branco e racista e o negro e vitima de racismo porque pode perfeitamente bem ser ao contrario, mas vamos ao que interessa.

Andava eu com umas certas ideias ja quando no Youtube vejo um video em que a Deputada brasileira, Isadora Martinatti Penna (1991) mais conhecida por Isa Penna, em pleno plenario recita um Poema que para mim foi dos melhores poemas brasileiros que eu ja ouvi, "Sou Puta, Sou Mulher" da Poetisa brasileira, Helena Maria Ferreira (1961) mais conhecida como Helena Ferreira. Apresento-vos o mesmo video que me inspirou a escrever um Poema que se pode considerar igualmente polemico embora o tema em si seja completamente diferente.


Nao se pode dizer que acabei por fazer algum plagio embora tenha sido inspirado neste video o meu Poema e bem diferente no tema.

                                                       
                                                               
Sou Preta, Negra, Africana (29-08-2021)

Sou preta e negra
Africana escura
Minha pele nao e branca
Sou de orgulho uma africana pura
Sou preta, negra, africana
Mas tambem sou mulher

Sou preta, negra, africana
Nasci na cubata
No meio da mata
Pelo Soldado fui violada
Sou preta, negra, africana
Uma vitima revoltada
Desta sociedade ultrajada
De gente oprimida e mente atrasada

Sou preta, negra, africana
Mas nao mais escrava de sanzala
Sou livre e minha voz nao se cala
Ja nao tenho a pele chicoteada
Nem no tronco sou amarrada

Sou preta, negra, africana
Mas sou mulher hoje respeitada
Nao sou nenhuma puta qualquer
Como muitos fazem querer parecer
Nem me importa se de macaca sou chamada

Sou preta, negra, africana
Sou escura quando me vejo no espelho
Mas sei que por detras da minha escuridao
Tambem meu sangue e vermelho
Sou preta, negra, africana
Nao sou mulher formada
Mas tambem sei ser educada
Tambem gosto de bem vestir
Gosto de andar perfumada

Sou preta, negra, africana
Filha de uma noite de amor
De prazer e fornicacao
Nasci no meio desta guerra
Ja nao tenho medo de  balas
De explosao de bombas de canhao
Ou de bombardeamentos de aviao
Desta guerra que matou meu irmao

Sou preta, negra, africana
Minha inocencia, juventude foi roubada
Quando fui seduzida e enganada
No meu ventre nasce meu filho
Que como eu preto, negro, africano sera
E da sua cor, sua raca ele se orgulhara

Sou preta, negra, africana
Uma mulher sofrida
Espancada pela vida
Massacrada pelas lagrimas
Que ainda tenho para chorar
A dor de minhas irmas e primas
Nesta guerra onde a paz sonhamos ver chegar

Sou preta, negra, africana
Mulher de pele escura, cabelo de carapinha
Cedo bem cedo na vida me vi sozinha
De orfanato em orfanato fui criada
Pela vida fui tao castigada
Sou preta, negra, africana
Comi o pao que o Diabo amassou
Vivi tristezas que nem o vento levou
E muito menos o tempo apagou

Sou preta, negra, africana
Porque Deus assim me quis
Sou preta, negra, africana
Mas nem por isso deixo de ser feliz.

                                                                                                   Manuel Goncalves

Finalizo com o desejo de dedicar este Poema a todas as minhas amigas do facebook que sejam africanas, afro-portuguesas, afro-americanas, afro-brasileiras ou outra raca qualquer descendente de africanas. Gostaria de dedicar tambem este poema a todas as verdadeiras vitimas da guerra nos paises africanos de expressao portuguesa e nao so da epoca colonial mas do que tem sido a guerra civil nesses mesmos paises apos a independencia. Por fim queria dedicar este Poema a uma grande mulher africana, uma verdadeira diva e musa da Musica africana de expressao portuguesa, aquela que eu chamaria de Amalia Rodriguues africana e que igualmente ja nao esta entre nos, a unica e grande, Cesaria Evora (1941-2011).








1 comentário:

  1. Estas enganado. Tenho amigas africanas que no facebook me deram os parabens afirmando que tinha descrito muito bem a realidade de vida de muitas mulheres africanas.

    Alguma vez escreveste poesia. A poesia muitas vezes e tudo menos a realidade, a verdade, nao sendo virtual pode ser apenas o que sonhamos, o que julgo nao ser o caso em questao.

    Africa teve e tem guerra mas ja que falas em racismo eu considero que a pior forma de racismo e aquela que envolve dois elementos da mesma raca e o negro consegue ser mais racista com o negro do que o proprio branco, testemunhei isso, e o facto de se querer sentir superior ao seu proprio semelhante. Acho tambem que o pior racista e o mulato porque pelo facto de ser uma mistura acaba por teoricamente nao ter raca e nao sabe se e carne ou peixe.

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