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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A Madrinha



Filho de mae solteira que era uma Empregada Interna numa casa de gente importante e familias muito ricas parecia que ao nascer o seu destino estava entregue a ma sorte por os tempos serem muito dificeis mesmo nas grandes cidades nada estava facil.

Era uma expeccao a boa sorte que lhe abonara na vida e parecia que tinha nascido com o rabo virado para o lado da lua porque a Madrinha de baptismo que era a Patroa da mae e tambem a protectora nao apenas dele mas tambem da mae nao lhe deixara que lhe faltasse nada e como enviuvara demasiado cedo e sem filhos Timoteo passou a ser considerado como tal.

Timoteo estudara nos melhores colegios de Lisboa, vestia roupas das melhores marcas, vivia rodeado dos maiores luxos, tinha a maior mesada de todos os seus colegas de escola e quem financiava tudo isso, a Madrinha Rita, claro.

A Madrinha Rita, era uma joia em flor que ficara viuva muito cedo e nao tivera filhos e nem qualquer parente muito proximo. Rita praticamente adoptara nao apenas Timoteo mas tambem a sua mae que mesmo sendo Empregada nao deixava de ser a sua melhor amiga.

No meio de tudo aquilo parecia haver um segredo e misterio do qual apenas Timoteo nao tinha conhecimento. Rita e Madalena escondiam qualquer coisa ao jovem que estava na adolescencia e quase a entrar em plena idadde adulta. Timoteo comecou a tomar nocao disso mas jamais tivera coragem de confrontar a mae e muito menos a madrinha.

Os anos foram passando e nada mudara desde da altura que Timoteo tinha oito anos e o padrinho Miguel, marido de Rita, falecera tragicamente num acidente de carro. Rita jamais casara e nem sequer tivera um novo relacionamento fosse com quem fosse. A sua mae estivera por igual e o jovem fora criado entre as duas com todo o amor e carinho, com a ausencia de um pai mas com o amor de duas maes.

Na escola vinham as insinuacoes de que a mae e a Madrinha nao tinham ninguem porque eram lesbicas, eram contadas piadas que ele tivera de engolir e suportar mas que sabia nao terem qualquer razao ou fundamento porque ele sabia o que se passava em casa e sabia que embora a relacao da mae com a Madrinha estivesse longe de ser uma relacao de Patroa e Empregada nao passava de um forte relacionamento de amizade.

Por mero acaso descobrira recentemente que a Madrinha nunca tivera filhos com o Padrinho porque a mesma era esteril. Timoteo julgara ter entendido entao a razao da Madrinha lhe dar tanto amor, tanto carinho, tanto quanto a sua mae lhe dera e porque razao a mesma sempre lhe oferecera bens materiais que a sua mae estava muito longe de ter condicoes para lhe oferecer.

A mae adoecera e tudo comecou a mudar. Era mais tempo passado no hospital que em casa e longe pareciam ir ja os passeios felizes a tres com momentos inesqueciveis para recordar. Ele tal como a Madrinha nunca deixara de estar presente, ate ao ultimo momento, ate ao ultimo suspiro estiveram quase sempre os tres juntos, ainda mais juntos, ou seja, juntos como nunca haviam ter estado. O silencio era quase uma regra ou lei mas a uniao era o facto mais evidente daqueles momentos pesados e tristes.

Poucos dias apos o funeral a madrinha chamou Timoteo para uma conversa e o assunto parecia ser serio. Apesar da situacao Timoteo notara mais do que nunca como a madrinha era bonita e estava bem cuidada, embora a idade fosse um numero apenas, a madrinha era 25 anos mais velha do que ele e isso para eles que tinham uma mente aberta podia nao significar nada mas para as pessoas que os rodeavam iria parecer escandaloso ate porque nem tanto pela diferenca de idades mas por sempre terem sido um ao outro o que eram.

O assunto devia ser mesmo serio porque a Madrinha nao quisera falar ali no momento pedindo-lhe que fossem passar o fim-de-semana fora a qualquer lado e que ai sim nessas mini ferias iriam ter a tal conversa importante, iriam decidir o que fazer. Ela alertou-o que o assunto era serio mas nao era preocupante ao ponto de ele ficar em panico. Era importante mas podia esperar.

E ali estavam eles agora perdidos em Veneza, eterna cidade apaixonante. Iam falar, o segredo que a Madrinha lhe tinha para contar iria ser revelado e ele nao podia esperar mais por isso, ela so parecia esperar o melhor momento. Fazia muito tempo que ele nao lhe chamava Madrinha, Rita, era o seu nome e era assim que ele lhe via e lhe chamava nos ultimos tempos, a Madrinha era no fundo uma mulher, uma mulher muito bela.

Sentaram-se e ela comecou por lhe revelar que o seu nascimento era o inicio de um segredo que ficara escondido. A sua mae era Empregada Interna dela e do seu marido mas era tambem amante do mesmo. O Padrinho de quem ele mal se recordava era no fundo seu pai. Ela devia-o ver como filho de um pecado, de um pecado originado pela infidelidade do marido mas nao o conseguira fazer. Tornara-se sua Madrinha, aprendera a ama-lo como se fosse seu filho de verdade isto porque ficara a saber que nao podia ter filhos, era esteril. Ficara combinado de que o segredo iria apenas ser revelado apos os seus dois verdadeiros pais biologicos falecerem e era o que tinha acontecido recentemente. Ele era agora tambem em testamento herdeiro de metade da fortuna do seu Pai.

Timoteo nao queria acreditar como fora possivel lhe terem engando e toda a vida lhe terem mentido. Terem-lhe escondido quem era o Pai, o verdadeiro Pai, algo que ele sempre desejara saber quem era e no fundo nao o soubera ate entao apenas para... para evitar um escanddalo que podia meter em causa a continuidade e carreira politica do Pai.

Rita sentira que ele se sentia revoltado e magoado com tudo e todos pedira-lhe perdao por ela propria lhe ter ocultado a verdade mas havia algo que ela tambem lhe escondera.

Desde os primeiros momentos em que ele comecara a deixar a adolescencia que ela o comecara a ver com outros olhos e a sentir algo diferente por ele, podia paracer loucura mas apaixonara-se por ele... amava-o, amara-o todos aqueles anos em segredo.

Timoteo sorriu, apesar de tudo sorriu. Afinal o amor, paixao, o sentimento que ele sentia pela Madrinha era totalmente correspondido e nao se tivera coragem de lhe esconder que a muito tempo tambem ele a amara desde a alguem tempo, sobretudo, desde que a mae falecera.

Abracaram-se trocaram a primeira caricia de um casal apaixonado. Sabiam que iam deixar alguns conhecidos chocados mas tudo iria passar. A vida era deles e a paixao, o amor que sentiam um pelo outro nao era proibido, nao tinham lacos de sangue e nem familiares, pelo menos directamente, afilhado nao era parente, consideravam ambos. Levantaram-se sem pensar no que ai vinha, amavam-se era o que importava, a vida sorria-lhes.

                                                                                                    Manuel Goncalves















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