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domingo, 14 de fevereiro de 2021

Dia de Sao Valentim



Era dia de Sao Valentim para ele era no tempo presente um dia como outro qualquer mas tinha havido um tempo que as coisas tinham sido bem diferentes, so que as coisas mudavam.

Tinham sido outros tempos e a juventude fugira-lhe com o passar dos dias e depois com o passar dos anos, amara tantas mulheres, tivera tantas namoradas e a nenhuma se prendera, com nenhuma se quisera casar sempre pensando quando uma relacao terminara que a proxima e que seria a mulher da sua vida, com a proxima e que ia fazer uma familia, um lar e ser feliz, a proxima e que seria a mulher com quem iria casar, a proxima e que seria a mae dos seus filhos, a proxima sempre surgiu mas nunca reunira as condicoes para completar aquilo que ele procurara.

O dia de Sao Valentim ele jamais podia esquecer, fora um dia em que ele e algumas das suas namoradas faziam loucuras para la do imaginario, eram chamadas as loucuras por amor e ate onde o amor os podia levar.

Tambem ele e a sua amada do momento no dia dos namorados tinham dado passeios na avenida, abracados, se beijaram loucamente sem ligar importancia a quem passava junto a si, ate porque alguns estavam em situacao semelhante e cruzavam-se com um simples sorriso de cumplicidade.

No fundo ele pensava, talvez ate nao estivesse errado, de que o dia de Sao Valentim, aquela data dedicada aos namorados e casais que embora casados continuavam apaixonados como antigamente, como se fosse o momento do primeiro beijo que haviam trocado, da primeira vez que haviam feito amor, ele considerava que aquele dia quando se gostava mesmo de alguem era um dia que nao devia ser comemorado, lembrado apenas uma vez por ano, mas se havia amor, paixao, era um dia para ser lembrado todos os dias do ano ou simplesmente quando houvesse motivo ou simplesmente sempre que houvesse vontade.

Ele lembrava, jamais pudera esquecer de quando era um rapazola de 14 ou 16 anos o que fizera para oferecer um ramo de rosas vermelhas aquela que para alem de ser sua namorada era sua colega de carteira na escola. Simplesmente com a maior descontracao, entrara pela florista a dentro, andara por ali as voltas e quando pensou que todos estavam distraidos pegara num ramo de rosas vermelhas saira dali a correr, fugindo, depois de ter roubado as flores que tanto ambicionara e desejara oferecer a sua namorada da altura.

Tinha varias recordacoes daquele dia, em varios anos que ja vivera mas a melhor fora a da namorada que naquele dia lhe decidira oferecer a sua virgindade como presente do dia dos namorados, fora o melhor presente de Sao Valentim que ele tivera em toda a sua vida.

Nao se queixava de ter tido falta de sorte ao amor porque ate tivera as namoradas mais bonitas e encantadoras que alguem podia imaginar, tivera passeios a celebrar a data com jantares em Paris em restaurantes com vista para a famosa Torre Eiffel, passeios na gondola na famosa cidade italiana de Veneza, tivera tudo, so lhe faltara ter a mulher por quem aceitasse trocar a sua liberdade.

Estava velho, cansado para namorar e naquele dia ja que o reumatismo e a ciatica lhe permitiam ia ate a praca da cidade onde vivia e olhava as velhas arvores da praca porque tambem ele, tal como, o cantor brasileiro, Nelson Ned descrevia na cancao, tambem ele desenhara nas velhas arvores da praca um coracao com o nome da amada junto ao seu e la se via naquele coracao o nome de ambos escrito e a seguinte mensagem "Paulo Ama Loucamente Cristina". Era a ultima recordacao que tivera de uma namorada, era a unica que estava ali tao perto, aquela recordacao de um dia de Sao Valentim. Era ele afinal um homem que todos apontavam como sendo triste e solitario e que na verdade tivera as namoradas que havia querido ter mas que nenhuma realmente o prendera, talvez porque ele quisera ama-las a todas e recordando-as era a unica forma de o conseguir.

                                                                                                                Manuel Goncalves





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