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sábado, 27 de abril de 2024

O Julgamento das Bruxas de Salem (1693-1694)



A Bruxaria na Idade Media era considerado um crime grave sobretudo porque a Bruxaria e o que estava relacionado com a mesma, sobretudo quem a praticava, era apontada como sendo obras do Diabo, Satanas ou Demonio

Era assim em varias partes do Mundo ate mesmo em Portugal onde a pratica era punida com Pena de Morte e varios foram os casos em Portugal e pelo Mundo fora que acabaram por ser acusados, condenados e executados. Ainda nos dias de hoje sao registadas em media por ano 150 execucaoes por crimes de Bruxaria. Por culpa sobretudo da Inquisicao mesmo em paises com uma justica mais leve chegava a nao haver qualquer perdao para os mesmos crimes. Em Portugal a inquisicao durou respectivamente entre 23 de Maio de 1536 e 31 de Marco de 1821, durante essa altura as coisas eram diferentes na Justica em Portugal e acredito que sem duvida o tema da Inquisicao em Portugal venha a ter um lugar aqui no Blog em uma Cronica, para ja e fazendo referencia ainda ao Blog tal como ja salientei aqui no blog em outros trabalhos este e um ano com algumas novidades, temas diferentes, novos ou ate entao pouco expostos, este e mais um desses trabalhos ja que tinha escrito anteriormente sobre Parapsicologia e Ocultismo mas nao sobre Bruxaria.

O Julgamento das Bruxas de Salem (1693-1694) ja serviu de inspiracao para o Cinema, As Bruxas de Salem (1996) ou As Bruxas de Salem (2002) para o Teatro com As Bruxas de Salem (1953) ou tambem na Literatura com As Bruxas de Salem (1953) do Escritor e Dramaturgo Norte-Americano, Arthur Asher Miller (1915-2005).


Os Julgamentos das Bruxas de Salem refere-se a uma serie de audiencias e processos de pessoas acusadas de terem cometido praticas de Brixaria na cidade costeira de Salem (1694) localizada no Condado de Essex da Massachusetts Colonial, entre Fevereiro de 1693 e Maio de 1694, tendo mais de 200 pessoas sido acusadas, onde 30 foram consideradas culpadas, mas apenas 20 sido condenadas a morte e sido executadas, dos quais 19 por enforcamento (14 mulheres e 5 homens) e uma mulher idosa por esmagamento com pedras. Um outro homem Giles Gorey (1612(?)-1692), foi pressionado ate a morte por recusar-se a confessar, e pelo menos 5 pessoas morreram na prisao.

Foram feitas varias detencoes em numerosas cidades alem de Salem e a vila de Salem (hoje conhecida como Danvers, Massachusetts), principalmente em Andover e Topsfield. Os grandes juris e julgamentos desse crime capital foram conduzidos por um Tribunal de Oyer e Terminer, em 1692, e por um Tribunal Superior de Justica, em 1693, ambos realizados na cidade de Salem, onde tambem viriam a ocorrer os enforcamentos dos condenados. Viria a ser a caca as bruxas mais mortifera da Historia na America do Norte colonial, onde 14 mulheres e 2 homens viriam a ser executados em Massachusetts e em Connecticut durante o Seculo XVII.

O episodio e um dos casos mais notorios de histeria em massa na America Colonial. Tem sido usado na retorica politica e na Literatura popular como um vivido conto de cautela sobre os perigos do isolacionismo, extremismo religioso, falsas acusacoes e lapsos no devido processo. Nao foi um caso unico, mas um exemplo colonial americano do fenomeno muito mais vasto do julgamento de bruxas no inicio do periodo moderno, que teve lugar tambem na Europa. Muitos historiadores consideram que os efeitos duradouros dos ensaios foram altamente influentes na Historia subsequente dos Estados Unidos. De acordo com o Historiador, Diplomata e Escritor estadunidense, George Lincoln Burr (1857-1938), "a Bruxaria de Salem foi a rocha sobre a qual a teocracia desfez-se".

Em 1992, por ocasiao dos 300 anos do aniversario dos julgamentos em memoria das vitimas, foi inaugurado um Parque em Salem e um Memorial em Danvers. Em Novembro de 2001, uma lei aprovada pela legislatura de Massachusetts exonerou cinco pessoas, enquanto outra, aprovada em 1957, tinha anteriormente tambem exonerado seis vitimas. Em 2004, ainda se falava em exonerar todas as outras vitimas, embora alguns pensem que isso aconteceu logo no Seculo XIX, quando foi pedido a Legislatura colonial do Massachusetts que revertesse os objectivos de "George Burroughs e outros". Em Janeiro de 2016, a Universidade da Virginia (1819) anunciou que a sua equipa do Gallows Hill Project havia determinado o local da execucao em Salem, onde as 19 "bruxas" haviam sido enforcadas. A cidade dedicou o Proctor's Ledge Memorial as vitimas em 2017.


Enquanto os julgamentos de bruxas comecaram a desaparecer em grande parte da Europa em meados do Seculo XVII, eles continuaram a margem da Europa e das colonias americanas. Os acontecimentos de 1692/1693 em Salem tornaram-se uma breve explosao de uma especie de histeria no Novo Mundo, enquanto a mesma pratica ja estava diminuindo na maior parte da Europa ou seja no Velho Continente.

Em Against Modern Sadducism (1668), o Filosofo e Escritor ingles, Joseph Glanvill (1636-1680), afirmou que podia provar a existencia de bruxas e fantasmas do Reino Sobrenatural. Glanvill escreveu sobre a "negacao da ressurreicao corporal e dos espiritos [sobrenaturais]". Em seu tratado, Glanvill afirmou que os homens engenhosos deveriam crer em bruxas e aparicoes; se eles duvidavam da realidade dos espiritos, eles nao so negavam demonios, mas tambem o Deus Todo-Poderoso. Glanvill queria provar que o sobrenatural nao podia ser negado; aqueles que negavam aparicoes eram considerados hereges, pois tambem refutavam suas crencas em anjos. Obras de homens como o ja referido Joseph Glanvill e o Ministro, Historiador, Escritor e Teologo Protestante puritano ingles, Cotton Mather (1663-1728) tentaram provar que "os demonios estavam vivos".

Os julgamentos tiveram inicio depois que as pessoas foram acusadas de Bruxaria, principalmente por adolescentes como foi o caso de Elizabeth Hubbard, de 17 anos, bem como algumas acusadas que eram ainda mais jovens que Elizabeth.

A primeira execucao registada de Bruxaria foi a de Alse Young, em 1647, em Hartford, Connecticut. O Historiador, Clarence F. Jewett, incluiu uma lista de outras pessoas executadas em Nova Inglaterra em seu livro de 1881.


A Nova Inglaterra havia sido colonizada por dissidentes religiosos que buscavam construir uma sociedade baseada na Biblia Sagrada de acordo com a sua propria disciplina escolhida. A Carta Real original de 1629 da Colonia da Baia de Massachusetts foi revogada em 1684, apos o que o Rei Jaime II & VII (1633-1701 Rei da Inglaterra e da Irlanda como Jaime II e da Escocia como Jaime VII) instalou Sir Edmund Andros (1637-1714) como Governador do dominio da Nova Inglaterra (1686-1689). Andros foi deposto em 1689, depois que a "Revolucao Gloriosa" (1688-1689) na Inglaterra substituiu o Catolico, Jaime II pelos co-governantes protestantes Guilherme II & III (1650-1702 Rei Guilherme III de 1672 ate a sua morte e Rei da Escocia como Guilherme II a partir de 1689) e Maria II de Inglaterra (1662-1694) Simon Brandstreet e Thomas Danforth , os ultimos lideres da colonia sob a antiga Carta, retomaram seus cargos de Governador e Vice-Governador, mas nao tinham autoridade constitucional para governar porque a antiga Carta havia sido revogada.

Uma nova Carta para a baia ampliada da Provincia de Massachusetts recebeu a aprovacao final da Inglaterra em 16 de Outubro de 1691. Increase Mather (1639-1723) tinha trabalhado na obtencao da Carta por quatro anos, com Sir William Phips (1651-1695) juntando-se frequentemente a ele em Londres e ajudando-o a ingressar em Whitehall. Increase Mather tinha publicado um livro sobre Bruxaria em 1684 e seu filho Cotton Mather (1663-1728) viria a publicar um em 1689. Increase Mather trouxe um edicao de Londres do livro do seu filho em 1690. Increase Mather alegou ter escolhido todos os homens para serem incluidos no novo governo. As noticias da Carta de Mather e a nomeacao de William Phips como novo Governador chegaram a Boston no final de Janeiro, e uma copia da nova Carta chegaria a Boston em 08 de Fevereiro de 1692. Phips chegou a Boston em 14 de Maio  e foi empossado como Governador dois dias depois, junto com o Tenente Governador, William Stoughton (1631-1701). Uma das primeiras ordens de negocios do novo Governador e do Conselho em 27 de Maio de 1692, foi a nomeacao formal de juizes de paz da regiao, xerifes e a Comissao de um Tribunal Especial de Oyer e Terminer para lidar com um grande numero de pessoas que estavam "apinhando" as prisoes.


A Vila de Salem era conhecida por sua populacao conturbada, que tinha muitas disputas internas e pelas disputas entre a Vila e a Cidade de Salem. Discussoes sobre linhas de propriedade, direitos de pastagem de animais e privilegios da Igreja eram abundantes, e os vizinhos consideravam a populacao "briguenta". Em 1672, os moradores votaram na contratacao de um Ministro proprio, separado da Cidade de Salem. Os dois primeiros ministros, James Bayley (1673-1679) e George Burroughs (1680-1683), permaneceram apenas alguns anos cada, partindo depois que a congregacao nao pagou a taca total. Burroughs foi preso posteriormente no auge da historia da Bruxaria e acabou por vir a ser enforcado como sendo Bruxo em Agosto de 1692.

Apesar de os direitos dos ministros serem respeitados pelo Tribunal Geral e a paroquia admoestada, cada um dos dois ministros ainda optou por sair. O terceiro Ministro, Deodat Lawson (1684-1688), permaneceu por um curto periodo de tempo, saindo depois que a Igreja em Salem se recusou a ordena-lo - e, portanto, nao conseguiu acabar com os problemas da congregacao. A paroquia nao concordou com a escolha de Samuel Parris como seu Primeiro Ministro ordenado. Em 18 de Junho de 1689, os moradores concordaram em contratar Parris por 66 libras anualmente, "um terco em dinheiro e os outros dois tercos em provisoes" e uso do presbiterio.

Em 10 de Outubro de 1689, no entanto, eles aumentaram seus beneficios, votando para conceder-lhe a escritura para o presbiterio e dois Acres (0.8 Hectares) de terra. Isso entrou em conflito com a resolucao de 1681 da Vila, que afirmava que "nao sera liticio aos habitantes desta vila transmitir as casas ou terras ou quaisquer outras preocupacoes pertencentes ao Ministerio a qualquer pessoa ou pessoa em particular, nao por qualquer causa por voto ou outras formas".

Embora os destinos dos ministros anteriores e o nivel de contencao na Vila de Salem fossem razoes validas para a cautela em aceitar a posicao e cargo o Rev. Parris aumentou as divisoes da vila atrasando sua aceitacao. Ele nao parecia ser capaz de resolver as disputas de longa data existente ja entre os seus paroquianos: buscando deliberadamente "comportamento iniquo" em sua congregacao e fazendo com que os membros da Igreja em boa posicao sofressem de penitencia publica por pequenas infraccoes, ele contribuiu significativamente para a tensao dentro da vila. Sua briga aumentou inabalavel. A Historiadora e Escritora americana, Marion Lena Starkey (1901-1991) sugeria que, nesta atmosfera, um conflito serio pode ser inevitavel.


Antes do tumulto constitucional da Decada de 1680, o Governo de Massachusetts havia sido dominado por lideres seculares conservadores puritanos. Enquanto os puritanos e a Igreja da Inglaterra compartilhavam uma influencia comum no Calvinismo, os puritanos opuseram-se a muitas das tradicoes da Igreja da Inglaterra, incluindo o uso do Livro de Oracao Comum, o uso de vestimentas do Clero durante os cultos, o uso do Sinal da Cruz no Baptismo e o costume de se ajoelhar para receber a Comunhao, que eles acreditavam constituir Papismo. O Rei Charles I (1600-1649 Rei da Inglaterra, Escocia e Irlanda de 1625 ate a data da sua morte) foi hostil a esse ponto de vista, e os oficiais da Igreja Anglicana tentaram reprimir essas opnioes dissidentes durante as decadas de 1620 e 1630. Alguns puritanos e outras minorias religiosas haviam se refugiado na Holanda, mas no final fizeram uma grande migracao para a America do Norte Colonial para e na tentativa de estabelecer sua propria sociedade.

Esses migrantes, constituidos principalmente por familias, estabeleceram varias das primeiras colonias da Nova Inglaterra, das quais a Colonia da Baia de Massachusetts era a maior e mais importante economicamente. Esses migrantes pretendiam construir uma sociedade sobretudo baseada em suas crencas religiosas. Os lideres coloniais foram eleitos pelos homens livres da colonia, aqueles individuos que tiveram suas experiencias religiosas formalmente examinadas e foram admitidos em uma das congregacoes puritanas da colonia. Os lideres coloniais eram membros proeminentes de suas congregacoes e consultavam regularmente os ministros locais sobre questoes enfrentadas pela colonia. No inicio da Decada de 1640, a Inglaterra entrou em erupcao na Guerra Civil. Os parlamentares dominados por puritanos sairam vitoriosos e a Coroa foi suplantada pelo O Protetorado (1653-1659) de Oliver Cromwell (1599-1658) um Militar e Politico ingles em 1653. Seu fracasso levou a restauracao da antiga Ordem sob Charles II (1630-1685 Rei de Inglaterra, Escocia e Irlanda de 1660 ate a sua morte). A emigracao para Nova Inglaterra dimunuiu significativamente nesses mesmo anos. Em Massachusetts, uma classe de comerciantes bem-sucedidos comecou a desenvolver-se, com menos motivacao religiosa do que os primeiros colonos da colonia.

A maioria das pessoas acusadas de praticas de Bruxaria eram mulheres (cerca de 78%). No modo geral a crenca puritana e a cultura predominante da Nova Inglaterra era de que as mulheres eram inerentemente pecadoras e mais suscetiveis a condenacao do que os propios homens. Ao longo de suas vidas diarias, os puritanos, especialmente as mulheres puritanas, tentaram activamente frustar as tentativas do Diabo de alcanca-las e a sua alma. De facto, os puritanos acreditavam que os homens e as mulheres eram iguais aos olhos de Deus, mas nao aos olhos do Diabo. As almas das mulheres eram vistas como estando desprotegidas em seus corpos fracos e vulneraveis. Varios factores podem explicar porque as mulheres eram mais propensas a admitir culpa de bruxaria do que os homens. A Historiadora, Elizabeth Reis (1958), afirma que alguns provavelmente acreditavam que haviam cedido verdadeiramente ao Diabo, e que outros poderiam ter acreditado que eles tinham feito isso temporariamente. No entanto, porque aqueles que confessaram foram novamente reintegrados a sociedade, algumas mulheres podem ter confessado para poupar suas proprias vidas.

Brigas com vizinhos muitas vezes incitavam alegacoes de Bruxaria. Um exemplo disso e Abigail Faulkner (1652-1730), acusada em 1692. Abigail Faulkner admitiu que estava "brava com o que as pessoas diziam, e o Diabo po de ter sobrepujado temporariamente ela". As mulheres que nao estavam em conformidade com as normas da sociedade puritana eram mais propensas a serem alvo de uma acusacao, especialmente aquelas que eram solteiras ou nao tinham filhos.

Cotton Mather, um Ministro da Igreja do Norte de Boston, foi um prolifico editor de panfletos, incluindo alguns que expressavam suas crencas na Bruxaria. Em seu livro, Memorable Providences Relating Witchcrafts and Possessions (1689), Mather descreve suas "observacoes oraculares" e como "estupenda Bruxaria" afectou os filhos do Pedreiro de Boston, John Goodwin.

Mather relata como o filho mais velho de Goodwin tinha sido tentado pelo Diabo e tinha roubado linho da Lavandaria Goody Glover pertencente a Ann Glover (?-1688). Glover, de ascendencia Catolica irlandesa, foi caracterizada como uma velha desagradavel e descrita por seu marido como sendo Bruxa, pode ter sido por isso que ela foi acusada de lancar feiticos nos de Goodwin, o Pedreiro de Boston. Apos o evento, quatro dos seis filhos de Goodwin comecaram a serem vitimas de ataques estranhos, ou o que algumas pessoas chamam de "a Doenca do Espanto". As manifestacoes atribuidas a doeca rapidamente associaram-se a praticas de Bruxaria. Os sintomas incluiam dores no pescoco e nas costas, linguas sendo retiradas de suas gargantas e clamor alto e aleatorio; outros sintomas incluiam nao terem dominio sobre os seus corpos, como tornar-se flexivel, bater bracos como passaros ou tentar prejudicar os outros e a si mesmos. Esses mesmos sintomas alimentariam a loucura de 1692.


Na Vila de Salem, em Fevereiro de 1692, Betty Parris (nove anos) e sua prima, Abigail Williams (1680-1697) (onze anos), filha e sobrinha, respectivamente, do Reverendo Samuel Parris, comecaram a ter ataques descritos como "alem do poder dos ataques epileticos ou de doencas naturais" por John Hale (1636-1700), o Ministro e Pastor puritano da cidade vizinha de Beverly. As duas jovens gritavam, atiravam com objectos pela sala, faziam sons estranhos, rastejavam por debaixo dos moveis e contorciam-se em posicoes peculiares, de acordo com os relatos da epoca sobretudo de testemunhas oculares em particular de Deodat Lawaon, ex-Ministro da Vila de Salem.

As meninas reclamavam de serem picadas e beliscadas com alfinetes. O Medico, William Griggs, nao encontrou qualquer evidencia fisica de alguma doenca. Outras jovens da vila comecaram a exibir e a apresentar comportamentos semelhantes. Quando Lawson pregava como convidado na Capela da Vila de Salem, ele foi interrompido diversas vezes por surtos de aflitos.

As tres primeiras pessoas acusadas e presas por supostamente terem afligido Betty Parris, Abigail Williams, Ann Putman Jr. (1679-1716), de 12 anos e Elizabeth Hubbard, foram Sarah Good (1653-1692), Sarah Osborne  (1643-1692) e Tituba (1650-?) tambem chamada de Tituba India, uma Escrava e Empregada Domestica pertencente a Samuel Parris - sendo Tituba a primeira. Alguns historiadores acreditam que a acusacao de Ann Putman Jr. sugere que uma briga e desentendimento de familia pode ter sido uma das principais causas dos julgamentos de bruxaria. Na epoca, uma rivalidade cruel estava em andamento entre as familias Putman e Porter, uma que polarizou profundamente o povo de Salem. Os cidadaos costumavam ter debates acalorados, que transformaram-se em discursos, baseados apenas na opniao deles acerca e sobre a divergencia e briga entre as duas familias.

Sarah Good era uma mulher carente acusada da pratica de Bruxaria por causa de sua reptucao. Em seu julgamento, ela foi acusada de nao aceitar os ideais puritanos de autocontrole e disciplina quando escolheu atormentar e "desprezar [criancas] em vez de leva-los ao caminho da salvacao". Sarah Osborne raramente comparecia as missas da Igreja. Ela foi acusada de Bruxaria porque os puritanos acreditavam que Osborne tinha seus proprios interesses em mente depois de casar-se novamente com um Servo contratado. Os cidadaos da cidade desaprovaram sua tentativa de tentar controlar a heranca de seu filho fruto de um casamento anterior. Tituba, uma Escrava india da America do Sul por meio das Indias Ocidentais, provavelmente tornou-se um alvo por causa de suas diferencas etnicas em relacao a maioria dos outros moradores. Ela foi acusada de atrair meninas jovens como Abigail Williams e Betty Parris com historias de encantamento de Malleus Maleficarum (1487). Dizia-se que esses contos sobre encontros sexuais com Demonios, balancando a mente dos homens e adivinhacoes estimulavam a imaginacao das meninas e faziam de Tituba um alvo obvio de acusacoes.

Cada uma dessas mulheres era uma especie de paria e exibia muitos dos tracos de caracter tipicos dos "suspeitos habituais" para acusacoes de Bruxaria; elas foram deixadas para defender-se. Trazidas perante os magistrados locais sobre a queixa de Bruxaria, elas foram interrogadas por varios dias, a partir de 01 de Marco de 1692, e depois enviadas para a prisao.

Em Marco, outras mulheres foram acusadas da pratica de Bruxaria: Martha Corey (C. 1620-1692), uma crianca de nome Dorothy Good (1687/1688-1721) e Rebecca Nurse (1621-1692), na Vila de Salem e Rachel Clinton (C. 1629-1694/1695), mas proximidades de Ipswich. Martha Corey expressou ceticismo em relacao a credibilidade das acusacoes das meninas e, assim, chamou a atencao. As acusacoes contra ela e Rebeca Nurse incomodaram profundamente a comunidade porque Martha Corey era uma membra plenamente convencionada da Igreja da Vila de Salem, como foi Rebecca Nurse na Igreja na Cidade de Salem. Se essas pessoas honestas pudessem ser bruxas, pensavam agora as pessoas da cidade, entao qualquer um poderia ser uma Bruxa, e agora os membros da Igreja nao estavam protegidos contra acusacoes pelas praticas de Bruxaria. Doroth Good, filha de Sarah Good, tinha apenas quatro anos, mas nao estava isenta de interrogatorios por parte dos magistrados; suas respostas foram interpretadas como uma confissao que implicou sua mae. Em Ipswich, Rachel Clinton foi presa pela pratica de Bruxaria no final de Marco, sob acusacoes independentes e em nada relacionadas as aflicoes e ataques estranhos que estavam sofrendo e sendo vitimas as meninas na Vila de Salem.


Quando Sarah Cloyce (C.1641-1703) irma mais nova de Rebecca Nurse e Elizabeth Bassett Proctor (1650-1703) foram presas em Abril, elas foram apresentadas a John Hathorne (1641-1717) e Jonathan Corwin (1640-1718) em uma averiguacao na Cidade de Salem. Os homens eram magistrados locais e tambem membros do Conselho do Governador. Presentes para a averiguacao estavam o Vice-Governador, Thomas Danforth (1623-1699) e os assistentes Samuel Sewall (1652-1730), Samuel Appleton (1625-1696), James Russell e Isaac Addington (1645-1715). As objecoes do marido de Elizabeth, John Proctor (1632-1692), durante o processo resultaram em sua prisao naquele mesmo dia.

Em uma semana Giles Corey (1612(?) - 1692) marido de Martha Corey e membro da Igreja em Salem Town, Abigail Hobbs, Bridget Bishop (C.1632-1692), Mary Ann Warren (C.1674-?) que era uma Criada da casa dos Proctor e acusada em algum momento e Deliverance Hobbs (Madrasta de Abigail Hoobs) foram presas e interrogadas. Abigail Hobbs, Mary Ann Warren e Deliverance Hoobs nao so confessaram como comecaram a nomear pessoas adicionais como sendo cumplices. Mais detencoes e prisoes se seguiram: Sarah Wildes (1627-1692), William Hobbs (marido de Deliverance Hobbs e pai de Abigail Hobbs). Nehemiah Abbott Jr. (1692-1767), Mary Towne Eastey (1634-1692), irma de Cloyce e Nurse, Edward Bishop Jr. (1648-1692) e sua esposa e Mary English.

Em 30 de Abril de 1692, o Reverendo George Burroughs (C.1650-1692), Lydia Dustin (1698-1764), Susannah Martin (1621-1692), Dorcas Hoar (1634-1711), Sarah Morey e Philip English (marido de Mary English) foram presos. Nehemiah Abbott Jr, foi libertado porque a acusacao concordou que ele nao era a pessoa cujo espectro os afligira. Mary Eastey tambem foi libertada mas apenas por alguns dias apos a sua prisao inicial porque a acusacao nao conseguiu confirmar que havia sido ela que os afligiu; ela haveria de ser presa novamente quando os acusadores reconsideraram. Ja em Maio, continuaram as acusacoes, mas alguns desses suspeitos comecaram a fugir da detencao. Varios mandatos foram emitidos antes da detencao de John Willard (C. 1657-1692) e Elizabeth Colson (1676-1725); George Jacobs (1609-1692), George Jacobs Jr (1649-1718) e Daniel Andrews, os dois ultimos nao foram presos embora George Jacobs pai de George Jacabs Jr tenha sido preso, julgado, condenado e executado. Ate esse momento, todos os procedimentos eram investigados, mas em 27 de Maio de 1692, William Phips ordenou a criacao de um Tribunal Especial de Oyer e Terminer para os condados de Suffolk, Essex e Middlesex para processar os casos dos presos. Foram entao emitidos mandados para mais pessoas. Sarah Osborne, uma das tres primeiras pessoas acusadas, morreu na prisao em 10 de Maio de 1692.

Foram emitidos mandados para mais 36 pessoas, com averiguacoes continuando na Vila de Salem: Sarah Dustin (filha de Lydia Dustin), Ann Sears (1679-1716), Bethia Carter Sr (1645-1701) e sua filha Bethia Carter Jr (1672-1698), George Jacobs Jr., George Jacobs Sr.. e sua neta Margareth Jacobs, John Willard, Alice Parker (?-1692), Ann Pudeator (1621-1692), Abigail Somes (1655-?), Daniel Andrew, Rebecca Jacobs (esposa de George Jacobs Jr. e irma de Daniel Andrew), Sarah Buckley e sua filha Mary Witheridge.

Tambem foram incluidas Elizabeth Colson, Elizabeth Hutchinson Hart (1622-1700), Thomas Farrar Jr., Thomas Farrar Sr. (1615-1694), Roger Toothaker (1634-1692), Sarah Proctor (1676-?) (filha de John e Elizabeth Proctor), Sarah Hood Bassett (1657-1729) (cunhada de Elizabeth Proctor), Sarah Pease, Elizabeth Cary, Martha Carrier (1650-1692), Elizabeth Betts Fosdick (1660-1716), Willmot Reed (?-1692), Sarah Davis Rice (1620-1698), Elizabeth Jackson Howe (1635-1692), Capitao John Alden Jr. (filho de John Alden Sr. (C. 1598-1687) e Priscilla Mullins (C. 1602-1685) ), William Proctor (?-1692) (filho de John e Elizabeth Proctor), John Flood, Mary Allen Toothaker (1642(?)-1695) (esposa de Roger Toothaker e irma de Martha carrier) e sua filha Margareth Toothaker (1682-?) e Arthur Abbott (1639-?). Quando o Tribunal de Oyer e Terminer se reuniram no final de Maio, o numero total de pessoas sob custodia era de 62.

Cotton Mather escreveu a um dos juizes John Richards (?-1694), membro de sua congregacao, em 31 de Maio de 1692, expressando o seu apoio as acusacoes, mas advertindo-o:

"nao enfatize mais a pura evidencia espectral do que ela suportara... e muito certo que os demonios as vezes representaram as formas de pessoas nao apenas inocentes, mas tambem muito virtuosas. Embora eu acredite que o Deus justo, em geral, fornece um caminho para a rapida vindicacao das pessoas assim abusadas".


O Tribunal de Oyer e Terminer reuniu-se na Cidade de Salem em 02 de Junho de 1692, com o Juiz William Stoughton  (1631-1701), o novo Tenente Governador, como Magistrado-Chefe, Thomas Newton (1660-1721), como Advogado da Coroa processando os casos e Stephen Sewall como Escriturario. O Caso de Bridget Bishop (C.1632-1692) foi o primeiro a ser levado ao Juri, que endossou todas as acusacoes contra a mesma. Bridget foi descrita como nao vivendo um estilo de vida puritana, pois usava roupas pretas e estranhas, o que era contrario ao codigo puritano. Quando ela foi analisada antes do Julgamento, Bishop foi questionada sobre o casaco, que fora desajeitadamente "cortado ou rasgado de duas maneiras".

Isso, juntamente com seu estilo de vida "imoral", afirmou ao Juri que Bishop era Bruxa. Ela foi levada a julgamento no mesmo dis e acabou por ser condenada. Em 03 de Junho, o Juri aprovou as acusacoes contra Rebecca Nurse e John Willard, mas eles nao foram a julgamento imediatamente, por razoes que nunca ficaram de todo esclarecidas. Bishop foi executada por enforcamento em 10 de Junho de 1692.

Imediatamente apos essa mesma execucao, o Tribunal adiou por vinte dias (ate 30 de Junho) enquanto procurava o conselho dos ministros mais influentes da Nova Inglaterra "sobre o estado das coisas como estavam entao". Sua resposta colectiva voltou em 15 de Junho e foi composto por Cotton Mather em oito pontos:

1. O estado aflito de nossos pobres vizinhos, que agora sofrem molestamentos do mundo invisivel, apreendemos tao deploravel, que achamos que sua condicao exige a maxima ajuda de todas as pessoas em diversas capacidades;

2. Nao podemos deixar de reconhecer, com toda gratidao, o sucesso que o Deus misericordioso deu aos esforcos sedentos e assiduos de nossos honoraveis governantes, para detectar os abominaveis feiticos que foram cometidos no pais, orando humildemente, para que a descoberta dessas maldades misteriosas e travessas possa ser aperfeicoada; 

3. Julgamos que, na acusacao dessas e de todas essas obras de feiticaria, ha necessidade de uma cautela muito critica e requintada, para que, por excesso de credulidade, as coisas recebidas somente sob a autoridade do Diabo, havera uma porta aberta para um longo trem de consequencias miseraveis, e Satanas tera uma vantagem sobre nos, pois nao devemos ignorar seus artificios; 

4. Como nas reclamacoes sobre bruxas, pode haver questoes de investigacao que nao refiram-se a questoes de presuncao, e pode haver questoes de presuncao que ainda nao sejam questoes de conviccao, por isso e necessario, que todos os procedimentos a seguir sejam administrados com ternura excessiva em relacao aqueles que podem ser reclamados, especialmente se forem pessoas anteriormente com reputacao sem macula; 

5. Quando a primeira investigacao e feita sobre as circunstancias de quem pode estar sob a justa suspeita de bruxaria, poderiamos desejar que seja admitido o minimo possivel de tanta confusao, companhia e abertura, que podem expor apressadamente os que sao examinados, e que nada pode ser usado como teste para o Julgamento do suspeito; a legalidade da qual pode ser duvidada entre o povo de Deus; mas as instrucoes dadas por escritores criteriosos como Perkins e Bernard [sejam consultadas neste caso];

6. Prussupostos sobre os quais as pessoas podem ser cometidas e, muito mais, condenacoes sobre as quais as pessoas podem ser condenadas como culpadas de bruxaria, certamente devem ser mais consideraveis do que apenas a pessoa acusada sendo representada por um espectro para os aflitos; na medida em que e algo indubitavel e notorio, que um demonio possa, com a permissao de Deus, aparecer, mesmo para maus propositos, na forma de um homem inocente, sim e virtuoso. Tampouco podemos estimar as alteracoes feitas nos sofredores, por um olhar ou toque do acusado, com uma evidencia infalivel de culpa, mas frequentemente sujeita a abusos dos dominios de legenda do Diabo;

7. Nao sabemos se algumas afrontas notaveis dadas aos demonios por descrermos aqueles testemunhos cuja forca e forca sao apenas deles, nao podem colocsr um periodo para o progresso de terrivel calamidade que comecou sobre nos, nas acusacoes de tantas pessoas, das quais, esperamos, algumas ainda estao claras da grande transgressao imputada a eles; 

8. Nao obstante, nao podemos deixar de recomendar humildemente ao governo a rapida e vigorosa acusacao daqueles que tornaram-se desagradaveis, de acordo com a direccao dada nas leis de Deus, e os estatutos saudaveis da nacao inglesa, para a deteccao de bruxas.


Hutchinson resume a carta de Mather em: "As duas primeiras e as ultimas seccoes deste conselho retiraram forca de todas as outras e as acusacoes prosseguiram com mais vigor do que antes". Reimprimindo a carta depois em Magnalia Christ Americana (1702) um livro de Cotton Mather igualmente conhecido como Magnalia, Cotton Mather deixou de fora essas "duas primeiras e ultimas" partes. O Major Nathaniel Saltonstall (C.1639-1707) renunciou ao Tribunal em 16 de Junho presumivelmente insatisfeito com a carta e que nao havia barrado completamente a admissao de evidencias espectrais. Segundo Charles Wentworth Upham (1802-1875) Saltonstall merece o credito por "ser o unico homem publico de sua epoca que teve o senso ou a coragem de condenar o processo, desde do inicio do mesmo". Mais pessoas foram acusadas, presas e analisadas, mas agora na Cidade de Salem, pelos ex-magistrados locais John Hathorne, Jonathan Corwin e Bartholomew Gedney (1640-1698), que se haviam tornado juizes no Tribunal de Oyer e Terminer. O suspeito Roger Toothaker morreu na prisao em 16 de Junho de 1692.

De 30 de Junho ao inicio de Julho, os grandes juris endossaram as acusacoes contra a Sarah Good, Elizabeth Howe, Susannah Martin, Elizabeth Proctor, John Proctor, Martha Carrier, Sarah Wildes e Dorcas Hoar. Sarah Good, Elizabeth Howe, Susannah Martin e Sarah Wildes, juntamente com Rebecca Nurse, foram a julgamento nesse momento, onde todas foram consideradas culpadas. Todas as cinco mulheres foram executadas por enforcamento em 19 de Julho de 1692. Ainda em meados de Julho, um Policia em Andover convidou as meninas afligidas da Vila de Salem a visitar sua esposa para tentar descobrir quem estava causando suas aflicoes. Ann Foster, sua filha Mary Lacey Sr. e neta Mary Lacey Jr. confessaram entao finalmente serem bruxas. Anthony Checkley foi nomeado pelo Governador Phips para substituirThomas Newton como sendo Advogado da Coroa quando Newton tomou um compromisso na Nova Hampshire.

Em Agosto, os grandes juris indiciaram George Burroughs, Mary Eastey, Martha Corey e George Jacobs. Eles condenaram Martha Carrier, George Jacobs Sr, George Jacobs, George Burroughs, John Willard, Elizabeth Proctor e John Proctor. Elizabeth Proctor teve uma suspensao temporaria da pena de execucacao porque se encontrava gravida. Em 19 de Agosto de 1692, Martha Carrier, George Jacobs Sr, George Burroughs, John Willard e John Proctor foram todos executados.

"O Sr. Burroghs foi levado num carrinho com outros, pelas ruas de Salem, para a execucao. Quando estava sobre a escada, fez um discurso para esclarecer a sua inocencia, com expressoes solenes e serias, como admiracao de todos que estavam presentes; sua oracao (que ele concluiu repetindo a Oracao do Senhor) [como bruxas nao deveriam ser capazes de recitar] foi bem redigido, e proferido com tanta compustura como tal fervor de espirito, como foi muito afectante, e tirou lagrimas de muitos, de modo que parecia-se a alguns os espectadores iriam impedir a execucao. Os acusadores disseram que o Homem Negro [Diabo] estava e ditou a ele. Assim que ele foi enforcado, Sr. Cotton Mather, montando em um cavalo, dirigiu-se ao povo, em parte para declarar que ele [o Sr. Burroughs] nao era ministro da luz. E isto apazigou um pouco o povo, e as execucoes continuaram; quando ele [o Sr. Burroughs] foi cortado, ele foi arrastado por um cabresto para um buraco, ou tumilo, entre as rochas, com cerca de um metro de profundidade, com suas roupas sendo tiradas, e um velho par de calcas de um executado foi colocado em suas partes inferiores: ele estava tao envolvido, junto com Willard e Carrier, que uma de suas maos, seu queixo, e um pe de um deles foi deixado descoberto".

- Robert Calef, More Wonders of the Invisible World


Ja em Setembro os grande juris acusaram mais 18 pessoas. O grande Juri nao conseguiu indiciar William Protcor, que havia sido preso novamente por novas acusacoes. Em 19 de Setembro de 1692, Giles Corey recusou-se a pleitear na acusacao, e foi morto por "Peine Forte et Dure" (Castigo Forte e Severo), uma forma de tortura em que o sujeito e pressionado sob um peso cada vez maior de pedras, na tentativa de faze-lo entrar em um pleito. Quando declaram-se culpados e outros 11 foram julgados e considerados igualmente culpados.

Em 20 de Setembro, Cotton Mather escreveu a Stephen Sewall: "Para que eu seja o mais capaz de ajudar a elevar um padrao contra o inimigo infernal", solicitando "uma narrativa das provas apresentadas nos julgamentos de meia duzia, ou, por favor, uma duzia, das principais bruxas que foram condenadas". Em 22 de Setembro de 1692, mais oito pessoas foram executadas, "Depois da execucao, o Sr. Noyes, voltando-o para os Corpos, disse, que coisa triste e ver oito ticoes de fogo do Inferno pendurados ali".

Dorcas Hoar foi temporariamente suspensa, com o apoio de varios ministros, para fazer uma confissao de bruxaria. Mary Bradbury (de 77 anos) conseguiu escapar com a ajuda de familiares e amigos. Abigail Faulkner Sr. estava gravida e recebeu um adiamento temporario (alguns relatos daquela epoca dizem que o adiamento de Abigail mais tarde viria a tornar-se uma suspensao de acusacoes).

Mather rapidamente completou seu relato dos julgamentos, Wonders of the Invisible World  (1693) e foi dado a Phips quando ele voltou da luta no Maine no inicio de Outubro. Burr diz que tanto a carta de Phips quanto o manuscrito de Mather "devem ter ido para Londres pelo mesmo navio" em meados de Outubro.

"Eu declaro que, assim que eu vim da luta... e entendi o perigo a que alguns de seus suditos inocentes poderiam ser expostos, se a evidencia das pessoas afligidas so prevaleceu para cometer ou tentar qualquer um deles, eu fiz antes de qualquer pedido que fosse-me feito sobre o assunto, pondo fim aos procedimentos do Tribunal e eles estao agora suspensos ate que o prazer de Suas Majestades seja conhecido".

- Governador Phips, Boston, 12 de Outubro de 1692.

Em 29 de Outubro, o Juiz Sewall escreveu, " O Tribunal de Oyer e Terminer, consideram-se assim dispensados... perguntou se o Tribunal de Oyer e Terminer deve sentar-se , expressando algum medo de inconveniencia por sua queda, [o] Governador disse que ele deve cair". Talvez por coincidencia, a propria esposa do Governador Phips, Lady Mary Phips, estava entre aqueles que haviam sido "convocados" por volta dessa epoca. Depois da ordem de Phips, nao houve mais execucoes.


Ja em Janeiro de 1693, a nova Corte Superior de Justica, a Corte de Assis e a entrega geral da Gaol reuniram-se em Salem, Essex County, novamente com a lideranca de William Stoughton, como Juiz Presidente, com Anthony Checckley continuando com as funcoes de Procurador-Geral, e Jonathan Elatson como Secretario da Corte. Os cinco primeiros casos julgados em Janeiro de 1693 foram os dos cinco acusados, mas que nao haviam sido julgados em Setembro: Sarah Buckley, Margaret Jacobs, Rebecca Jacobs, Mary Whittredge (ou Whitheridge) e Job Tookey. Todos os acusados foram considerados inocentes. Grandes jurados foram detidos por muitos daqueles que permaneceram na cadeia. As acusacoes foram retiradas contra muitos, mas mais de 16 pessoas foram indiciadas e julgadas, tres das quais foram consideradas culpadas: Elizabeth Johnson Jr., Sarah Wardwell e Mary Post.

Quando Stoughton escreveu os mandados de execucao para estes tres e outros remanescentes da Corte anterior, O Governador Phips emitiu perdoes, poupando a vida dos condenados a morte. No final de Janeiro e inicio de Fevereiro, a Corte sentou-se novamente em Charlestown, Condado de Middlesex, e realizou grandes juris julgando depois cinco pessoas: Sarah Cole (de Lynn), Lydia Dustin e Sarah Dustin, Mary Taylor e Mary Toothaker. Todas foram consideradas inocentes, mas nao foram libertadas ate pagarem as suas taxas de prisao. Lydia Dustin viria a morrer na prisao em 10 de Marco de 1693.

No final de Abril, a Corte se reuniu em Boston, Condado de Suffolk , e ilibou o Capitao por proclamacao. Ele ouviu acusacoes contra a uma Criada, Mary Watkins, por acusar falsamente sua amante de bruxaria. Em Maio. a Corte reuniu-se em Ipswich, Condado de Essex, e realizou uma variedade de grandes jurados. Eles retiraram as acusocoes a todas as pessoas menos cinco delas: Susannah Post, Eunice Frye, Mary Bridges Jr., Mary Barker e William Barker Jr. forma todos eles depois considerados inocentes apos serem julgados, pondo entao finalmente fim a uma longa serie de julgamentos e execucoes.


Depois de alguem ter concluido que uma perda, doenca ou morte tinha sido causada por feiticaria, o acusador apresentou uma queixa contra a suposta e alegada Bruxa junto dos magistrados locais. Em caso de a queixa ser considerada credivel, os magistrados mandariam prender a pessoa acusada em causa e seria submetida a uma analise publica - essencialmente um interrogatorio em que os magistrados pressionariam o acusado a confessar o crime.

Se os magistrados a este nivel local estivessem convencidos de que a queixa era bem findamentada, o acusado era entregue para ser levado a um Tribunal superior e julgado pelo mesmo. Em 1692, os magistrados optaram por aguardar a chegada do novo estatuto e Governador, que estabeleceria um Tribunal de Oyer e Terminer para tratar desses casos. O passo seguinte, ao nivel do Tribunal Superior, foi convocar testemunhas perante um grande Juri.

Uma pessoa podia ser indiciada sob a acusacao de afligir-se com feiticaria, ou por fazer um pacto ilegal com o Diabo. Uma vez acusado, o arguido ia a julgamento, por vezes no mesmo dia, como no caso da primeira pessoa acusada e julgada a 02 de Junho, Bridget Bishop, que foi executada oito dias depois , a 10 de Junho de 1692.

Houve quatro datas de execucao para os acusados que haviam sido condenados a Pena de Morte, com uma pessoa executada em 10 de Junho de 1692, cinco executadas em 19 de Julho de 1692 (Sarah Good, Rebecca Nurse, Susannah Martin, Elizabeth Howe e Sarah Wildes), outros cinco foram executados um mes depois em 19 de Agosto de 1692 (Martha Garrier, John Willard, George Burroghs, George Jacobs Sr., John Proctor), e oito em 22 de Setembro de 1692 (Mary Eastey, Martha Corey, Ann Pudeator, Samuel Wardwell, Mary Parker, Alice Parker, Wilmot Redd e Margareth Scott).

Varios outros, incluindo Elizabeth (Bassett), Proctor, Abigail Faulkner, foram condenadas mas receberam indemnizacoes temporarias porque estavam gravidas. Cinco outras mulheres foram condenadas em 1692, mas a sentenca de morte nunca chegou a ser executada e cumprida: Mary Bradbury (em ausencia), Ann Foster (que depois morreu na prisao), Mary Lacey Sr. (filha de Foster), Dorcas Hoar e Abigail Hobbs.

Giles Gorey, um Agricultor de 81 anos do extremo Sudeste de Salem (chamado de Salem Farms), recusou-se a entrar em acordo quando foi a julgamento em Setembro. Os juizes aplicaram uma forma arcaica de punicao chamada peine forte et dure, na qual pedras foram empilhadas em seu peito ate que ele nao pudesse e conseguisse mais respirar. Apos dois dias de tortura com a peine forte et dure, Corey morreu sem entrar em seu pleito. A sua recusa em pleitear e normalmente explicada como uma forma de impedir que sua propriedade viesse a ser confiscada pela Coroa, mas, segundo o Historiador estadunidense, Hansen Chadwick (1928), uma grande parte da propriedade de Corey ja tinha sido confiscada e ele tinha feito um testamento na prisao que: "a sua morte foi um protesto contra os metodos do Tribunal". Um critico contemporaneo dos julgamentos, Robert Calef, escreveu, "Giles Corey nao declarou-se culpado de sua acusacao, mas nao submeteu-se a prova do Juri, porque, sabendo que haveria as mesmas testemunhas contra ele, optou por sofrer a morte a que o submeteram".

Como bruxas condenadas, Rebecca Nurse e Martha Corey haviam sido excomungadas de suas igrejas e tinham-lhes sido negados enterros adequados. Logo que os corpos das acusadas foram retirados das arvores, foram atirados e colocados em uma cova rasa, e a multidao dispersou-se. A Historia oral afirma que as familias das mortas recuperaram os seus corpos depois de escurecer e as enterraram em sepulturas nao marcadas em propriedade familiar. Os livros do registo da epoca nao registram as mortes de nenhum dos executados.

Grande parte, mas nao todas, das provas usadas contra os acusados, eram evidencias espectrais ou o testemunho dos aflitos que alegaram ter visto a aparicao ou a forma da pessoa que supostamente os afligia. A disputa teologica que se seguiu sobre o uso desta evidencia foi baseada em se uma pessoa tinha que dar permissao ao Diabo para que sua forma fosse usada para as afligir. Os oponentes alegaram que o Diabo era capaz de usar a forma de qualquer pessoa para afligir as pessoas, mas a Corte argumentou que o Diabo nao poderia usar a forma de uma pessoa sem a permissao dessa mesma pessoa; portanto, quando o afligido alegou ver a aparicao de uma pessoa especifica, isso foi aceito como prova de que o proprio acusado tinha sido cumplice do proprio Diabo.

The Wonders of the Invisible World de Cotton Mather foi escrito com o objectivo de mostrar como o Tribunal havia sido cuidadoso com a gestao dos julgamentos. Infelizmente, o trabalho so foi libertado depois dos julgamentos ja terem terminado. Em seu livro, Mather explicou de como ele sentia a evidencia espectral era presuntiva e que por si so nao era suficiente para justificar uma condenacao. Robert Calef, um forte critico de Cotton Mayer, afirmou no seu proprio livro More Wonders of the Invisible World que, ao confessar que um acusado nao seria levado a julgamento, como nos casos de Tituba e Dorcas Good.

Increase Mather e outros ministros enviaram uma carta ao Tribunal, "O Retorno de Varios Ministros Consultados", instando os magistrados a nao condenarem ninguem apenas com base em provas espectrais. O Tribunal mais tarde decidiu que a prova espectral era inadmissivel e inaceitavel, o que causou uma reducao dramatica na taxa de condenacoes e pode ter acelarado o final dos julgamentos. Uma copia dessa carta foi impressa em Cases of Conscience, de Increase Mather, publicada em 1693. A publicacao A Tryal of Witches, relacionada ao julgamento das bruxas de 1662 em Bury St Edmunds, foi usada pelos magistrados de Salem ao procurarem um precedente para permitir evidencias espectrais. Uma vez que o Jurista Sir Matthew Hale tinha permitido que esta prova, apoiada pelo eminente Filosofo, Medico e Autor Sir Thomas Browne (1605-1682), fosse utilizada no julgamento de bruxas de Bury St Edmunds e nas acusacoes contra duas mulheres em Lowestoft, os magistrados coloniais tambem aceitaram a sua validade e os julgamentos prosseguiram.


De acordo com uma entrada de Parris nos registos da Igreja na Vila de Salem, de 27 de Marco de 1692, um membro da Igreja e vizinho proximo do Rev. Parris, Mary Sibley (tia de Mary Walcott), dirigiu John Indian, um homem escravizado por Parris, para fazer um bolo de bruxa. Pode ter sido uma tentativa supersticiosa de acabar por afastar os maus espiritos. De acordo com um relato atribuido a Deodat Lawson, isso aconteceu por volta de 08 de Marco, mais de uma semana apos as primeiras queixas terem saido e sido apresentadas e tres mulheres terem sido presas. O relato de Lawson descreve esse bolo como "um meio para descobrir a bruxaria" e fornece outros detalhes, tais como que ele foi feito de farinha de centeio e urina das meninas afligidas e acabara por ter sido dado a um cao.

Nos registos da Igreja, Parris descreve falar em particular com Sibley em 25 de Marco de 1692, sobre o seu "Grande Erro" e aceitou "sua triste confissao". Depois do sermao principal de 27 de Marco e a congregacao mais ampla foi demitida, Parris dirigiu-se aos membros da Igreja falando acerca e sobre o assunto e advertiu toda a congregacao contra "ir ao Diabo em busca de ajuda contra o Diabo". Afirmou que, enquanto as "calamidades", que haviam comecado anteriormente em sua propria casa "nunca se irradiavam a uma luz consideravel, que meios diabolicos foram usados, fazendo um bolo pelo meu indio, que tinha sua direccao atraves desta nossa irma, Mary Sibley". Isto nao parece coincidir com a conta de Lawson datada em 08 de Marco. As primeiras queixas foram e aconteceram em 29 de Fevereiro e as primeiras detencoes e prisoes em 01 de Marco. 

Tradicionalmente, diz-se que as meninas alegadamente afligidas foram entretidas pelas escravas de Parris, Tituba. uma variedade de fontes secundarias, comecando com Charles Wentworth Upham no Seculo XIX, tipicamente relatam um circulo de garotas, com a ajuda de Tituba, tentou adivinhar sua sorte com as maos. Elas usaram a clara de um ovo e um espelho para criarem uma bola de cristal para assim adivinharem as profissoes de seus futuros esposos e se assustaram mutuamente quando supostamente chegou um ponto em que o maximo que conseguiram ver foi a forma de um caixao. A Historia e extraida do livro de John Hale sobre as provacoes, mas em seu relato, apenas uma das meninas, nao um grupo delas, havia confessado a ele depois que ela ja havia tentado isso. Hale nao mencionou Tituba como tendo qualquer parte dela, nem identificou quando o incidente ocorreu. Mas o registo do exame pre-julgamento de Tituba a mantem dando uma confissao energica, falando diante da Corte de "criaturas que habitam o mundo invisivel" e "os rituais escuros que os unem no servico de Satanas", implicando tanto o Bem como Osborne enquanto afirmava que "muitas outras pessoas na colonia estavam envolvidas na conspiracao do Diabo contra a baia".

A raca de Tituba tem sido frequentemente descrita em relatos posteriores como sendo de ascendencia caribenha ou africana, mas fontes contemporaneas descrevem-na apenas como uma "indiana". Uma pesquisa de Elaine G. Breslaw (1932) uma Professora de Historia, sugeriu que Tituba podia ter sido capturado no territorio que hoje e a Venezuela e trazida para Barbados, e tambem poderia ter sido uma India Aruaque. Outras descricoes um pouco mais tarde de Governador, Thomas Hutchinson (1711-1780), escrevendo sua historia da Colonia da Baia de Massachusetts (1628-1692), no Seculo XVIII, descrevem-na como uma "India Espanhola". Naquela epoca, isso significava tipicamente um nativo americano das Carolinas, Georgia ou Florida.

A aplicacao mais imflame da crenca na efluviosidade foi o teste tatil utilizado em Andover durante os exames preliminares em Setembro de 1692. Parris tinha avisado explicitamente a sua congregacao contra tais exames. Se a Bruxa acusada tocou na vitima enquanto a vitima estava a ter um ataque e o ataque parou, os observadores acreditavam que isso significava que o arguido era uma pessoa que tinha afligido as vitimas. Como varios dos arguidos relatados mais tarde:

"Estavamos de olhos vendados, e nossas maos foram impostas sobre as pessoas aflitas, que estavam em seus ataques e caindo em seus ataques quando chegamos em sua presenca, como eles disseram. Alguns nos guiaram e impuseram nossas maos sobre eles, e entao eles disseram que estavam bem e que eramos culpados de os afligir, e por isso fomos todos presos, como prisioneiros, por uma ordem do Juiz da Paz, e logo levados para Salem".

O Reverendo John Hale explicou como isso supostamente funcionava: "A Bruxa pelo gesto do seu olho envia uma Venomena Malefica para o Encantado para que o lance num ataque, e portanto o toque da mao faz com que esse veneno volte novamente para o corpo da Bruxa".

Outras provas incluiram as confissoes do acusado; o testemunho de uma Bruxa confessada que de seguida identificou outras como sendo bruxas; a descoberta de poppits, livros de palmacia e horoscopos, ou potes de pomada na posse ou em casa do acusado; e observacao do que se chamava de Tetina de Bruxa no corpo do acusado. Dizia-se que a tetina de uma bruxa era uma toupeira ou mancha em algum lugar do corpo que era insensivel ao toque; a descoberta de areas tao insensiveis foi considerada uma prova de feiticaria.


Em 1692, comecaram a ser publicados varios relatos e opnioes sobre os julgamentos. Deodat Lawson, ex-Ministro na Vila de Salem, visitou a Vila em Marco e Abril de 1692. Mais tarde naquele mesmo ano, um relato de que ele "coletou" foi publicado como A Brief and True Narrative of Some Remarkable Passages Relating to Sundry Persons Afflicted by Witchcraft, at Salem Village: Which happened from the Nineteenth of March, to the Fifth of April, 1692.

O Reverendo William Milbourne, um Ministro Baptista em Boston, pediu publicamente na Assembleia Geral no inicio de Junho de 1692, desafiando o uso da evidencia espectral pela Corte. Milbourne teve de pagar 200 libras esterlinas ou ser preso por "inventar, escrever e publicar os ditos documentos escandalosos". 

Em algum momento em 1692, o Ministro da Terceira Igreja em Boston, Samuel Willard publicou de forma anonima um breve trecho na Filadelfia intitulado de: "Some Miscellany Observations On our present Debates respecting Witchcrafts in a Dialogue Between S. & B.". Os autores foram listados e apresentados como sendo "P. E. e J. A. (Philip English e John Alden), mas a obra e geralmente atribuida a Samuel Willard. Nele, dois personagens S (Salem) e B (Boston), discutem a forma como os procedimentos em questao estavam sendo dirigidos. com "B" pedindo cautela e cuidado sobre o uso do testemunho dos aflitos e igualmente sobre o testemunho dos confessores, dizendo: "O que quer que venha deles deve ser suspeito; e perigoso usa-los ou credita-los longe demais".

Em Setembro de 1692, Cotton Mather escreveu Invisible World Being  an Account of the Tryals of Several Witches, Lately Executed in New-England. Foi publicado em Londres e tambem em Boston, com uma carta introdutoria de endosso de William Stoughton, o Magistrado Chefe. O livro incluia o relato de cinco julgamentos, com grande parte do material copiados directamente dos registos do Tribunal, que foram fornecidos a Mather por Stephen Sewall, um Funcionario do Tribunal.

O Pai de Cotton Mather, Increase Mather, publicou Cases of  Conscience Concerning Evil Spirits. Outras edicoes do Livro de Cotton Mather em Londres incluiram igaulmente o livro do seu Pai adicionado ao final, e incluiram o relato atribuido a Deodat Lawson.

Embora o ultimo julgamento tenha sido realizado ja em Maio de 1693, a resposta publica aos eventos teve a sua continuidade por longo tempo. Ate mesmo nas decadas seguintes aos julgamentos, sobreviventes e familiares (e seus apoiantes) procuraram sempre por todos os modos estabelecer a inocencia daqueles que haviam sido condenados e obter uma compensacao. Nos seculos seguintes, os descendentes dos injustamente acusados e condenados procuraram honrar suas memorias. Os acontecimentos que ocorreram em Salem e Danvers, foram ja em 1992, usados para comemorar os julgamentos. Em Novembro de 2001, ano apos a celebracao dos 300 anos do aniversario dos julgamentos, a legislatura de Massachusetts aprovou um acto exonerando todos os que haviam sido condenados e nomeando cada um dos inocentes. Os julgamentos figuraram na cultura americana e foram explorados em inumeras obras de Arte, Literatura e Cinema.


A primeira indicacao de que os pedidos publicos de justica nao haviam terminado ocorreu em 1695, quando Thomas Maule (1645-1724), um notavel Quaker, criticou publicamente o tratamento dos julgamentos pelos lideres puritanos no Capitulo 29 de seu livro Truth Held Forth and Maintained, criticando Increase Mather, afirmando que: "era melhor que cem bruxas vivessem, do que uma pessoa ser condenada a morte por uma bruxa, que nao e uma bruxa. Por publicar esse livro, Maule foi preso doze meses antes de ser julgado e acabar por ser tambem e igualmente considerado inocente.

Em 17 de Dezembro de 1696, o Tribunal Geral decidiu que haveria um dia de jejum em 14 de Janeiro de 1697, "referindo-se, a tragedia tardia, criada entre nos por Satanas e seus instrumentos". Naquele dia, Samuel Sewall pediu ao Reverendo, Samuel Willard que lesse em voz alta suas desculpas a congregacao da Igreja do Sul de Boston, para "assumir a culpa e a vergonha" da "falecida Comissao de Oyer e Terminer em Salem". Thomas Fiske e onze dos outros jurados do Julgamento tambem pediram perdao.

De 1693 a 1697, Robert Calef, um "Tecelao" e Comerciante de tecidos em Boston, coletou correspondencias, registos e peticoes judiciais, e outros relatos dos julgamentos, e os colocou, por contraste, ao lado de partes das Wonders of the Invisible World de Cotton Mathe, sob o titulo de More Wonders of the Invisible World. Robert Calef nao o conseguiu publicar em Boston e teve que leva-lo para Londres, onde acabou por consegui-lo publicar ja em 1700. Estudiosos sobre o Julgamento de Salem - Hutchinson, Upham, Burr, e ate mesmo Poole - confiaram na compilacao de documentos de Calef. John Hale, um Ministro em Beverly que estava presente em muitos dos procedimentos, tinha concluido o seu livro, A Modest Enquiry into the Nature of Witchcraft (1702) em 1697, que nao fosse publicado ate 1702 apos a sua morte, e talvez em resposta ao livro de Calef. Lamentando as accoes tomadas, Hale admitiu: "tal era a escuridao daquele dia, as torturas e lamentacoes dos aflitos, e o poder dos ex-presidentes, que nos caminhamos nas nuvens, e nao podiamos ver nosso caminho.

Varias peticoes foram apresentadas entre os anos de 1700 e 1703 junto do Governo de Massachusetts, onde se exigia que as acusacoes fossem formalmente revertidas. Os julgados e considerados culpados foram considerados mortos aos olhos da lei e, com as condenacoes ainda em aberto, os que nao foram executados eram vulneraveis a novas acusacoes. O Tribunal Geral invertiu inicialmente o interessado apenas para aqueles que apresentaram peticoes, apenas tres pessoas condenadas, mas que nao foram executadas: Abigail Faulkner Sr., Elizabeth Proctor e Sarah Wardwell. Em 1703, uma outra peticao acabou por ser feita e apresentada, solicitando desta vez uma solucao mais equitativa para os acusados injustamente, porem so em 1709, quando o Tribunal Geral recebeu um novo pedido, e que tomou providencia em relacao a essa proposta e pedido. Em Maio de 1709, vinte e duas pessoas condenadas por praticas de bruxaria, ou cujos os parentes foram condenados pelas mesmas praticas e actos, apresentaram novamente uma peticao no Governo na qual alem do pedido formal exigiam a resersao de um attainder e a compensacao por perdas financeiras.

O arrependimento era ja notavel e evidente na Igreja da Vila de Salem. O Reverendo Joseph Green e os membros da Igreja votaram em 14 de Fevereiro de 1703, apos quase dois meses de consideracao, para reverter a excomunhacao de Martha Corey. Em 25 de Agosto de 1706, quando Ann Putnam Jr., uma das testemunhas de acusacao mais activas e de maior importancia, ingressou na Igreja da Vila de Salem, ela pediu perdao publicamente. Ela alegou que nao havia agido por malicia, mas que havia sido iludida por Satanas ao denunciar pessoas inocentes, mencionando Rebecca Nurse, em particular, e foi aceita como Membra.

Em 17 de Outubro de 1711, o Tribunal Geral aprovou uma lei revertendo a sentenca contra as vinte e duas pessoas que estavam na lista da peticao de 1709 (outras sete pessoas foram condenadas, mas nao assinaram a peticao). Dois meses depois, em 17 de Dezembro de 1711, o Governador Joseph Dudley autorizou uma compensacao monetaria para cada uma das vinte e duas pessoas listadas na peticao de 1709. A quantia de 578 libras, foi autorizada a ser dividida entre os sobreviventes e parentes dos acusados, e a maioria das contas foi liquidada em um ano, mas as extensas reivindicacoes de Philip English nao se conseguiram resolver ate 1718. Finalmente, em 06 de Marco de 1712, o Reverendo Nicholas Noyes e outros membros da Igreja de Salem reverteram as excomunhoes anteriores de Noyes, de Rebecca Nurse e de Giles Corey.


Os decendentes de Rebecca Nurse ergueram um memorial de granito em forma de obelisco em sua memoria, no terreno da Homestead Nurse em Danvers, com uma dedicatoria de John Greenleaf Whittier (1807-1892) um Poeta e Advogado americano muito influente e importante para a abolicao da Escravidao nos Estados Unidos. Em 1892, um monumento adicional foi erguido em honra de quarenta vizinhos que assinaram uma peticao em apoio de Nurse.

Nem todos os condenados foram exonerados no inicio do Seculo XVIII. Em 1957, os descendentes das seis pessoas que tinham sido erroneamente condenadas e executadas, mas que nao tinham sido incluidas no projecto de lei para uma reversao de attainder em 1711, ou adicionados a ele em 1712, exigiu que o Tribunal Geral viesse a limitar formalmente os nomes de seus familiares ancestrais. Foi aprovada uma Lei que declarava a inocencia dos acusados, embora apenas mencionasse o nome de Ann Pudeator. Os outros foram listados apenas como "certas outras pessoas", fraseando que falhou em nomear  especificamente Bridget Bishop, Susannah Martin, Alice Parker, Wilmot Redd e Margaret Scott.

Os 300 anos do aniversarios dos julgamentos foi marcado em 1992 em Salem e Danvers por uma serie de eventos. Um parque memorial foi dedicado em Salem, que incluia bancos para cada um dos que foram executados em 1692. Os oradores da cerimonia  em Agosto do mesmo ano, incluiram o Dramaturgo Norte-Americano filho de imigrantes polacos judeus, Arthur Asher Miller (1915-2005) mais conhecido como Arthur Miller e o Vencedor do Premio Nobel da Paz de 1986, Elias "Ellie" Wiesel (1928-2016) que era um Escritor Judeu sobrevivente dos campos de concentracao nazis de origem Transilvania. Danvers tambem ergueu seu propio novo memorial e re-enterrou ossos que haviam sido desenterrados na Decada de 1950, como os de George Jacobs Jr., George Jacobs Sr., em um novo local de descanso na propriedade rural que havia pertencido a propria Rebecca Nurse.

Em 1992, o Comite do Tercentenario de Danvers tambem persuadiu a Camara dos Deputados de Massachusetts a emitr uma resolucao honrando aqueles que haviam morrido. Apos os extensos esforcos de Paula Keene, Professora de Salem, os representantes estaduais J. Michael Ruane (1927-2006) e Paul E. Tirone (1951), juntamente com outros, emitiram um projecto de lei pelo qual os nomes de todos aqueles que nao estavam listados anteriormente deveriam ser acrescentados a esta resolucao. Quando foi finalmente assinado em 31 de Outubro de 2001, pela Governadora, Jane Maria Swift (1965), mais de 300 anos depois, todos foram finalmente proclamados inocentes.

Em Janeiro de 2016, a Universidade da Virginia anunciou que sua equipa de projecto havia determinado o local de execucao em Gallows Hill, em Salem, onde dezenove supostas ou pseudo "bruxas" haviam sido enforcadas em publico depois de condenadas a tal. Os membros do Gallows Hill Project tinham trabalhado com a agora Cidade de Salem (na altura dos factos era Vila de Salem) usando mapas antigos e documentacao, bem como sofisticados sistemas de informacao geografica  (SIG) e tecnologia de Radar de Penetracao Terrestre, para pesquisar a area do que ficou conhecido como Proctor's Ledge. A cidade possui a propriedade e dedicou o Proctor's Ledge Memorial as vitimas ja em 2017.


A Historia das acusacoes, julgamentos e execucoes de Bruxaria chamou muito a atencao em particular de escritores e artistas nos seculos desde que o evento ocorreu. Muitas interpretacoes tomaram a liberdade com os factos do episodio historico em nome da licenca literaria e/ou artistica. Como os julgamentos ocorreram na interseccao entre um passado medieval que foi desaparecendo gradualmente e uma iluminacao emergente, e lidaram com tortura e confissao, algumas interpretacoes chamam a atencao para aquilo que sao as fronteiras e divisoes entre o medieval e o pos-medieval como construcoes culturais.

A causa dos sintomas daqueles que alegaram sofrer de aflicoes continua a ser um assunto de interesse. Diversas explicacoes medicas e psicologicas para os sintomas observados foram exploradas por investigadores, incluindo histeria psicologica em resposta a ataques indianos, ergotismo convulsivo causado pela ingestao de Pao de Centeio feito de grao infectado feito pelo fungo do Esperao-do-Centeio (uma substancia natural da qual o LSD e derivado), uma epidemia de Encefalite Letargica transmitida por passaros e Paralisia do Sono para explicar os ataques nocturnos alegados por alguns dos acusadores. Alguns historiadores modernos estao menos interessados a concentrar-se em explicacoes biologicas, preferindo em vez de explorar motivacoes como ciume, despeito, e uma necessidade de atencao para explicar o comportamento.

- Julgamento das Bruxas de Salem: 7 factos para entender o acontecimento:

O Dia de 19 de Agosto de 1692 foi um dos apices do famoso Julgamento das Bruxas de Salem, o caso mais conhecido de caca as bruxas, que ocorreu naquele mesmo ano em uma pequena cidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, numa colonia britanica puritana em que a Igreja comandava tudo. Cerca de 200 pessoas foram presas ou acusadas de praticar bruxaria e 20 acabaram por ser condenadas a morte e executadas - cinco delas foram executadas nesse mesmo dia, 19 de Agosto.

- Entenda o Caso:

1. Como Comecou:

Tudo comecou como ja foi descrito em Fevereiro, quando Betty Parris, a filha de nove anos do Reverendo de Salem, Samuel Parris, ficou doente. Mas ela apresentava sintomas esquisitos: contorcia-se de dor, gritava e alegava estar sendo picada por insectos. O mesmo ocorreu com a sobrinha de Samuel Parris, prima de Betty Parris de onze anos Abigail Williams, e outra menina da mesma idade.

2. As "Culpadas":

Pressionadas por lideres religiosos locais, que atribuiam tudo a obras do Diabo, as meninas culparam entao tres mulheres pela sua doenca e mal para o qual a Medicina tradicional nao parecia encontrar solucao: Tituba, uma escrava aparentemente de descendencia de indios; Sarah Good, uma Mendiga; e Sarah Osborne, uma idosa pobre.

3. O Julgamento: 

Em Marco, deu-se inicio ao Julgamento das tres. Tituba surpreendeu todos, confesando que havia recebido uma visita do Diabo e que havia se tornado sua Serva, provavelmente por acreditar que tal confissao a iria livrar da forca. Tambem acusou outras mulheres que estariam tramando contra os puritanos. Ela e as outras (que haviam declarado serem inocentes) acabaram por ser presas.

4. Paranoia:

Isso foi o suficiente para gerar paranoia. Mais acusacoes comecaram a surgir e ate uma menina de 4 anos foi presa por alguns meses durante o periodo dos julgamentos. Nem mesmo um Ministro da Igreja se viria a salvar: ele foi julgado, condenado a morte, enforcado por ser considerado o Lider das supostas "bruxas" e acusado de enfeiticar soldados em uma campanha contra os indios que viria a ser um verdadeiro fracasso.

5. O Fim:

A caca as bruxas so terminou quando o Governador, William Phipps, atendeu a um pedido do entao Presidente da Universidade de Harvard, que denunciou o uso de evidencias especulativas - testemunhos sobre sonhos e visoes. "E melhor que dez bruxas suspeitas escapem do que uma pessoa inocente seja condenada", escreveu. Pressionado por isso, e pelo facto de a propria esposa estar sendo acusada de praticar bruxaria, decretou o fim do julgamento em 29 de Outubro.

6. Reconhecimento:

Apos o ocorrido, diversos dos envolvidos reconheceram o erro e admitiram a culpa publicamente . Ja em 1702, os julgamentos passaram a serem considerados como ilegais, e nove anos depois a colonia determinou que os nomes dos condenados fossem "limpos", alem de dar uma recompensa financeira para os herdeiros. Em 1957, o Estado de Massachusetts formalmente pediu desculpas pelo ocorrido.

7. Historia Colectiva: 

Actualmente, o caso e considerado de um exemplo de histeria ou paranoia colectiva. Ha tambem teses, como uma publicada pela Psicologa, Linnda Caporael, que atribuem os sintomas esquisitos das criancas a um tipo de fungo que pode ser encontrado no pao e que provoca espasmos musculares, vomitos e ate sintomas mais graves como alucinacoes.


Chegando quase ao ponto final desta cronica onde acabei por aprender bastante acerca deste tema que me era praticamente desconhecido, devo acrescentar que no mesmo se viu o que pode causar pessoas ou situacoes em que se acabam por abusar do poder que tem. Diversas pessoas foram julgadas e condenadas a morte, demostra o que e a justica e muitas vezes "cega" e o mesmo caso faz me lembrar um caso em Portugal que demostra o quanto a Justica pode ser injusta, ja escrevi sobre o tema e recordo novamente, O Processo dos Tavoras (1758) embora sejam casos diferentes, levou me a fazer a mesma comparacao porque foram casos evidentes nos dias de hoje do quanto a Justica muitas vezes e injusta ou pelo menos age de forma errada.

Gostei desta Cronica que me deu muito trabalho de pesquisas, o que eu estava longe de imaginar ser possivel, mas deu me muito prazer, nao esperava que o assunto fosse tao extenso e, na realidade, confesso que pouco sabia do tema, calhou a ouvir falar e despertar me interesse ja a algum tempo.

Caro (a) leitor (a) espero que a leitura do mesmo trabalho tenha sido do seu agrado, tal como para mim foi de facto um enorme gosto escrever o mesmo. Aguardem pelas proximas noticoas para brebe, como sempre, com um enorme abraco, ate a proxima se for essa a vontade de Deus.

                                                                                                              Manuel Goncalves













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