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sábado, 13 de abril de 2024

O Prostituto da Muculmana



Ela Malika estava viuva a cinco anos e desde entao nao conhecera outra pessoa, nao estivera com outros homens mas como muitas mulheres que anda nao tinham chegado sequer aos 50 anos estava ainda numa idade que se podia considerar sexualmente activa, era mulher e tinha desejos. Desejos de ser amada e possuida, talvez como nunca antes fora.

Nao quisera ate ao momento ter um outro relacionamento com alguem porque o casamento a marcara imenso pela negativa. Era certo que se o marido nao tivesse tido aquele acidente ela se teria divorciado. A unica coisa positiva que o casamento lhe trouxera foi que tinha sido ela a herdar a fortuna do marido e considerava isso uma compensacao bem justo pelas inumeras traicoes, humilhacoes, maus tratos que ele lhe dera.

Casara virgem e o falecido marido fora o unico homem que tivera. O casamento nao fora uma escolha sua mas um acordo do seu pai com a familia daquele que viria a ser o seu marido. 

O pai considerava que aquela uniao era optima e muito vantajosa ja que a familia nao era afortunada mas a do seu futuro marido era bastante rica e por isso nao lhe dera escolha. Ela pouco podia fazer porque  estando num pais onde as mulheres tinham poucos direitos mas muitos deveres, onde uma esposa infiel e adultera era condenada a morte por lapidacao pelas leis da sua religiao.

Ela sabia que nao ia ser apenas apenas esposa do marido mas uma propriedade sua. Agradou-lhe a ideia apenas que no acordo de casamento o ainda noivo assumira que nao iria casar com outra mulher enquanto estivesse casado com Malika e que se ambos se viessem a divorciar por decisao do mesmo ela teria direito a vinte por cento da fortuna do mesmo e a uma pensao vitalicia caso nao voltasse a se casar, em caso de ser ela a apelar pelo divorcio nao teria direito a nada.

Agradou-lhe a ideia de sairem dos Emirados Arabes Unidos e a capital Abu Dhabi e o Dubai onde tambem passara algum tempo de sua vida para irem para Portugal um pais que ela desconhecia e do qual pouco ouvira falar. O marido tinha tomado essa decisao porque era a forma mais apropriada de ele ir gerir alguns negocios da sua familia.

Malika cedo se apaixonara por Lisboa e por Portugal onde mesmo com a pressao do marido conseguia ter um pouco mais de liberdade e tambem porque em Portugal nao lhe tiravam direitos pelo facto de ser mulher.

Abdul, o marido, ate a deixara estudar e terminar os seus estudos a unica coisa que lhe exigia era que a mesma continuasse a se apresentar como uma mulher muculmana, a se vestir como tal, nao a obrigando a usar a Burka apenas o Hijab ou Chador. Em partes Abdul ate era um bom homem mas no geral fora o que se vira, incapaz de a fazer feliz no casamento.

Malika acreditava que poucas mulheres seriam felizes em matrimonios como o seu. Casamentos arranjados por parentes por interesses e acordos entre familias muitas vezes logo assim que tivessem nascido ou ate mesmo antes. Era muito frequente por exemplo primos casarem com primas para tudo continuar entre familia e a mesma ficar fortalecida sem o envolvimento de terceiros.

Tambem fora exigido a Malika por Abdul que nunca deixasse de seguir a palavra do profeta, do seu Deus e que honrasse o Alcorao, o livro sagrado de ambos e de todos os muculmanos.

Malika cumprira com todo o acordo e sempre fora uma esposa fiel a Abdul e as leis do Islao ainda que no seu pensamento tinha o desejo de ser uma mulher totalmente livre. Ela por vezes ate ia ao cinema, a praia, ao clube praticar fitness e fazer sauna mas muitas dessas actividades eram do desconhecimento de Abdul embora ela estivesse com a consciencia tranquila de que jamais violara fosse qual fosse a lei que estava obrigada a cumprir por razoes religiosas, se pecara fora sempre somente em pensamento.

Terminara os estudos e se formara em Historia, tornara-se assessora na faculdade em que estudara de Estudos Islamicos e tambem se tornara Tradutora e Professora de Arabico.

Com algum esforco conseguira convencer Abdul a deixa-la trabalhar. Ela sabia bem que ele quase sempre cedia aos seus desejos nao por ama-la mas por fechar os olhos as suas traicoes. Para ela, o facto de ele procurar outras mulheres era um alivio, desde que isso ajudasse a que ele nao a procurasse a ela.

Nunca fizera sexo com outro homem, nem mesmo trocara qualquer caricia intima e o sexo com  Abdul era um sacrificio, uma obrigacao a qual ela como mulher e esposa nao se podia negar.

Abdul viajava muito e ela era quase livre, podia trai-lo quantas vezes quisesse mas optara por ser-lhe fiel e faziam uma vida quase normal de um casal muculmano num pais que aceitava os muculmanos mas estava longe de seguir o Islao.

Ela tomara a decisao de ser fiel a Abdul porque suspeitava que ele lhe dava muita liberdade e consentia muita coisa que outras mulheres islamicas nao tinham autorizacao de o fazer mas tinha quase a certeza de que ele mesmo por terceiros seguia todos os seus passos no dia-a-dia e sabia de tudo o que ela fazia tanto quando ele estava em Portugal, como quando ele estava ausente. Uma traicao sua podia-lhe custar a vida se ela voltasse a sua terra e mesmo em Portugal era o necessario para o divorcio e ela podia viver bem com o ordenado do seu trabalho, a prova disso e que fazia tempo que nao dependia da mesada que Abdul lhe dava antes de ela se formar e comecar a trabalhar, mas o seu ordenado nao lhe iria permitir suportar a vida luxuosa em que vivia e ter tudo o que tinha.

O ano lectivo ia comecar naquele dia e ela ja sabia que isso lhe iria permitir conhecer alunos novos e rever os antigos. Seria bom para meter a conversa em dia e para conhecer outras pessoas e formas de pensar. Achava sempre curioso o que os alunos pensavam e achavam da religiao muculmana e do Islao em si, se estavam ali a estudar o Islao por curiosidade e interesse ou, se era mesmo porque tinham de completar aquela cadeira para terminarem a sua formatura?

Por vezes encontrava entre os seus alunos filhos de muculmanos que como ela tinham vindo viver para o Ocidente pelas mais diversas razoes. Achava curioso que muitos conhecessem as leis do Islao de frente para tras e outros nem conhecessem os versiculos mais importantes do Alcorao.

Notava que alguns dos seus alunos muculmanos nao eram muculmanos por vontade propria mas porque tinham nascido muculmanos, eram filhos de muculmanos, seguiam tudo o que o Islao ditara, liam o Alcorao mas nao por sua propria escolha mas por escolha dos seus progenitores.

A noticia caira que nem uma bomba em sua vida e apesar do sucedido nao se deixara cair, continuara a fazer a sua vida normal, agora totalmente livre e sozinha. Era tempo de gozar a vida com toda a liberdade.

O aviao onde Abdul se deslocava havia tido um acidente do qual nao tinham havido sobreviventes. As causas eram desconhecidas. Podia ser uma avaria, um erro humano, um atentado, nao se sabia de nada ate ao momento.

Malika herdara tudo o que pertencia ao marido e arranjara uma forma de gerir os negocios e continuar a fazer a sua vida e o que mais gostava de fazer, ensinar, dar aulas, dar palestras e ser reconhecida pelo seu bom trabalho.

Durante cinco anos fora assim. Nunca voltara ao Emirado e nao sentia vontade de o fazer. Nas suas ferias viajara pelo mundo mas por um mundo que ela desconhecia, um mundo que sobretudo nao era muculmano e estava, sentia se cada vez mais distante das tradicoes, culturas do Islao e sobretudo deixara de cumprir as leis que lhe eram impostas. Era agora uma mulher ocidental.

Ficara curiosa com um novo aluno que a mesma nao conhecia de parte alguma e que se colocara um pouco a parte de tudo e todos. Soubera apenas que se chamava Bruno e que nao tinha qualquer ligacao com o Islao e era assumidamente nao Muculmano.

Bruno era o rapaz mais belo que ela conhecera ate entao. Sim pensara para si mesma. Com a morte de Abdul e ja estando viuva a cinco anos sentia necessidade, vontade de ser amada e ate mesmo possuida e custasse o que custasse, Bruno ia ser o proximo homem em sua cama, o proximo amante a possui-la.

Com o tempo por mais que nao quisesse foram ficando mais proximos e intimos sobretudo porque Bruno era muito individualista e detestava trabalhar em grupo entao por vezes ela era o seu refugio para lhe dar uma pequena ajuda ou recomendacao.

Sentia-se louca de desejo e pensava cada vez mais em Bruno mas ele agora nao estava ali do seu lado e nem conseguia tornar-se mesmo intima dele porque ele sempre para querer fugir, o maximo que tinha conseguido fora tomar um cafe na cantina da faculdade com ele depois do almoco.

Fazia anos e como prenda de aniversario queria ser possuida ja que nao seria por Bruno que fosse por outro qualquer. Em confidencia a uma colega de trabalho e amiga confessara o que estava a sentir, nao por Bruno, mas pelo desejo de ser amada, possuida. Fazia cinco anos que nao tinha nada com ninguem e mesmo com Abdul nao sentia nada de especial como sentia agora aquele desejo e vontade.

A amiga sugeriu-lhe entao que ela contratasse, pagasse a um homem, os tais chamados prostitutos para estar com ela e matar-lhe aquele desejo e dera-lhe os contactos necessarios para chegar ate um desses homens que vendiam sexo e prazer para mulheres. 

Depois de algumas pesquisas no google e na internet encontrara o que pretendia, nao tinha sido dificil, o tema era tabu porque nao era muito comentado socialmente mas era ja uma realidade, muitas mulheres procuravam homens para estar com elas, muitas vezes nao apenas para sexo mas por mera companhia, para conversarem.

Achava curioso que muitos desses homens, alguns que nao passavam de jovens rapazes nao aceitassem dinheiro como forma de pagamento mas sim um outro tipo de pagamento como um presente, um emprego, uma compensacao qualquer, tudo menos dinheiro. Alguns no seu anuncio declaravam logo nao fazerem nada com homens ou ate mesmo com casais.

Apos escolher o que mais lhe interessara, se bem que aquele nao mostrara fotos com cara, optara por ele pelo perfil, era de facto o que mais lhe agradara, depois de conversarem pela net e pelo telemovel estava agora a ir a caminho do apartamento da agencia para a qual ele trabalhava. Era de facto talvez uma loucura.

Ali naquela sociedade e cultura era toleravel embora nao completamente ou totalmente aceitavel mas as pessoas iam compreendendo, aceitando. No seu pais era crime condenavel com Pena de Morte tais atitudes nao eram aceites numa mulher, sobretudo casada.

Tocara a campainha e subira a escadas para chegar ao dito apartamento. Parecia, sentia se uma jovem adolescente sem a sensacao de estar a cometer uma loucura. Podia, sim podia ser loucura mas era uma loucura que so a iria prejudicar a ela, isto em caso de se prejudicar alguem.

Uma mulher a esperava a porta e ela questionara se a si propria, onde estavam os homens afinal? Fora-lhe explicado como se lhe tivessem lido os pensamentos por telepatia que de seguida seria acompanhada a uma sala onde todos os rapazes lhe seriam apresentados e ela em caso de ter vontade poderia escolher um, ou ate mais e sairem para fazer o que quisessem. Era o que ela desejava e pretendia.

Entrara na sala, o choque fora brutal. Ambos nao sabiam qual dos dois tinha ficado mais incomodado pelo outro ver ali a sua pessoa.

Um dos cinco prostitutos que ali se encontravam era de facto Bruno, sim Bruno em carne e osso. Agora ela tinha um segredo dele em mao mas nao podia fazer uso do mesmo porque Bruno tambem tinha um segredo seu em conhecimento do mesmo.

Malika optara por ir embora o constrangimento por toda aquela situacao era maior do que realizar o desejo que ali a trouxera. Nao se podia entregar a Bruno daquela forma, sendo ele um prositituto e nao o podia obrigar a estar com ela.

Bruno nao demorou muito tempo a procura-la poucas horas depois estava a bater-lhe a porta, queria explicar-lhe toda aquela situacao, pelo menos na parte que o envolvia.

O jovem contou para Malika que fazia aquilo mas que aceitava estar so com mulheres, nem mesmo com casais e muito menos com homens ele aceitava fazer convivios. Era orfao, vivia no orfanato, um facto que ele ocultava de tudo e todos por vergonha. Vergonha que todos soubessem que ele nem familia tinha e fora criado naquele orfanato depois dos pais terem morrido num acidente quando ele tinha cinco anos.

A vida nao era facil, sobretudo para um estudante sozinho porque as propinas eram caras. Nao se sentia bem em estar com mulheres e ser compensado por isso mas aquilo parecia-lhe ser mais digno que andar a roubar, tivera duas opccoes de escolha e optara por aquela que lhe parecia ser mais digna.

Tivera varias ofertas de mulheres que o queriam so para elas mas recusara igualmente. Nao se queria sentir preso a ninguem e que nem o vissem como um chulo, oportunista, nao queria viver e sobreviver as contas de uma mulher qualquer.

Malika no fim prometeu-lhe segredo da vida que ele ocultava de todos e que ela acabara de descobrir se ele mantivesse igualmente em segredo aquele episodio de ela procurar alugar um rapaz com intuito de talvez lhe pagar para ele a possuir sexualmente.

Nao se sabia dos dois qual estava mais constrangido no fundo ambos queriam aquilo mas nao aceitavam a ideia de que fosse daquela maneira. Ambos queriam estar um com o outro mas tanto Bruno como Malika nao queriam que houvesse dinheiro envolvido, queriam sim que houvesse sentimento e para isso nao podia haver uma forma de pagamento.

Decidiram ir Jantar, conversar e ver no que dava. Havia muitas diferencas entre ambos embora ambos quisessem estar um com o outro, havia ate uma certa atracao entre eles que podia ser o principio de uma relacao amorosa apesar da diferenca de idade, de cultura e ate de opniao.

Malika sentia que nunca estivera verdadeiramente envolvida com o Islao e com as suas leis rigidas embora tivesse nascido e sido criada diante das mesmas, nao por opccao propria mas porque assim acontecera. Olhou de novo para Bruno e pensou, que se lixassem as leis que ela seguira mas que nunca foram as suas. O falecido marido tambem lhe fora infiel e o Islao nao permitia isso mas ela suportara tudo isso em silencio e sempre lhe fora fiel.

Bruno olhou-a olhos nos olhos e viu que nao dava mais para estar em frente dela sem tomar uma atitude, era homem e queria-a, sabia que ela tambem o queria a si entao beijou-a primeiro suavemente e depois com mais ferocidade.

Ela entregara-lhe o corpo as suas caricias, nunca a tinham acariciado daquela maneira. Abdul fora o unico homem da sua vida e nem na noite de nupcias, nem mesmo sabendo que lhe ia tirar a virgindade ele, Abdul, fora tao carinhoso com ela.

Sabiam que depois daquela noite nada seria igual e que certamente muitas outras noites de amor se haveriam de seguir como fora aquela ou ate melhor mas inicialmente teriam que ser discretos, pelo menos enquanto Bruno fosse seu aluno e agora seu prostituto, mas prostituto estando com ela sem qualquer lucro. O despertador tocara, era bom demais dormir e acordar abracada a alguem, levantaram-se era hora de irem para a faculdade onde ela seria apenas a Professora e ele o Aluno, a Muculmana e o Prostituto seriam apenas entre quatro paredes e no seu segredo.

                                                                                                         Manuel Goncalves




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