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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

A Grande Burla de Alves dos Reis



O tema desta cronica sempre me despertou interesse desde do primeiro momento em que ouvi falar no mesmo e o pesquisei um pouco, desde sempre, depois de estudar o tema um pouco que considerei, e continuo a considerar, Alves dos Reis um genio, ainda que, infelizmente tenha utilizado mais a sua inteligencia para o crime do que para algo mais util, mas nao deixa de ser considerado um genio.

Este episodio de crimes em Portugal e mais uma vez a prova viva de que o crime raramente compensa ja que o autor principal deste mesmo crime acabou sendo descoberto, julgado, condenado e como se nao fosse suficiente acabou ao que parece, sem nada, praticamente na miseria, o mesmo nao veio a acontecer com alguns dos seus parceiros de burlas e fraudes. As vigarices de Alves dos Reis foram de uma importancia tal que alem de terem ficado na Historia, nao apenas na historia criminal portuguesa, acabaram por se tornar de interesse para a ficcao portuguesa ao ponto de se ter realizado uma serie de televisao, recordando a vida de Alves dos Reis e os seus golpes.

Creio que mesmo antes de escrever sobre a grande burla de Alves dos Reis seria interessante falar um pouco sobre o mesmo, sobretudo, suas origens e raizes.


Artur Virgilio Alves dos Reis (Lisboa, 08 de Setembro de 1896 - Lisboa, 9 de Julho de 1955). Nascido no seio de uma familia modesta em Lisboa, na Freguesia de Santiago em pleno Bairro de Alfama.

Casou em 1916 e tornou-se pai de 3 criancas. No mesmo ano emigrou para Angola para fugir as humilhacoes que era vitima por parte da familia da sua esposa que era de uma familia mais abastada  e de diferente condicao social, partira com o sonho de fazer fortuma de depois de ter cometido ja varias falsificacoes, incluindo, o de possuir um falso diploma de Engenheiro, declarava ter frequentado uma Escola politecnica e apresentava comprovativos de tal, mas a verdade, e que tal escola nem sequer existia.

Com um cheque sem cobertura, comprou a maioria das accoes da companhia dos Caminhos de Ferro Transafricanos de Angola, em Mocamedes. Tornou-se rico e ganhou prestigio.

Ja de volta a Lisboa em 1922 apenas 6 anos depois de ter partido para Africa, volta rico. Comprou uma empresa de revenda de automoveis americanos. Depois tentou apoderar-se da Companhia Ambaca . Para conseguir o que pretendia mais uma vez, usou mais uma vez o metodo de passar cheques sem cobertura e usando depois o dinheiro da propria Ambaca para cobrir o pagamento dos cheques sobre a sua conta pessoal. No total, apoderou-se iligitimamente de uma quantia de 100 mil dolares americanos (uma enorme fortuna atendendo a epoca dos factos). Com esse dinheiro comprou tambem a Companhia Mineira do Sul de Angola. No entanto, eis que o azar lhe bate finalmente a porta, antes de conseguir controlar toda a companhia, foi descoberto e preso no Porto, em Julho de 1994, por desfalque, burla e fraudes. Foi igualmente acusado de trafico de armas, porem pouco foi o tempo que passou na cadeia, atendendo a gravidade dos crimes.


Foi durante o tempo que passou na prisao (so esteve preso 54 dias e foi libertado em 27 de Agosto de 1924 por pormenores processuais) que Alves do Reis concebeu o seu plano mais ousado. A sua ideia era falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal (1846), o Banco Central emissor de moeda, e que na altura era uma instituicao parcialmente privada, que lhe iria permitir obter notas iligitimamente mas impressas numa empresa legitima e com a mesma qualidade das verdadeiras.

Ainda em 1924, Alves dos Reis contactou varios cumplices e colaboradores de boa-fe para por seu plano de sua futura nova e maior burla em marcha. Entre os seus cumplices e colaboradores podia encontrar-se gente importante e influente como seria aconselhavel para Alves dos Reis, entre eles enontrava-se o Financeiro holandes Karel Marang van Ijsselveere; Adolph Hennies, um Espiao alemao; Adriano Silva; Moura Coutinho; Manuel Roquette e especialmente Jose Bandeira. Um pormenor importante era que Bandeira era irmao de Antonio Bandeira, o Embaixador portugues em Haia, na Holanda.

Alves dos Reis preparou um contrato ficticio e conseguiu que esse contrato fosse reconhecido notarialmente . Atraves de Jose Bandeira, obteve tambem a assinatura de Antonio Bandeira. Conseguiu ainda que seu contrato fosse validado pelos consulados de Inglaterra, Alemanha e Franca. Traduziu o contrato em frances e falsificou assinaturas da administracao do Banco de Portugal.

Atraves do seu cumplice holandes, Karel Marang, dirigiu-se a uma empresa de papel-moeda holandesa, mas essa mesma remeteu-os para a empresa britanica, Waterlow and Sons Limited (1810-2009), que era efectivamente a casa impressora do Banco de Portugal. Em 04 de Dezembro de 1924, Marang explicou a Sir William Alfred Waterlow (1871-1931) que, por razoes politicas, todos os contactos ligados a impressao das novas notas deveriam ser feitos com a maior das discricoes. O alegado objectivo das notas era conceder um grande emprestimo para o desenvolvimento de Angola. Cartas do Banco de Portugal para a Waterlow and Sons Limited foram tambem falsificadas por Alves dos Reis. William Waterlow escreveu uma carta confidencial ao Governador do Banco de Portugal, Inocencio Joaquim Camacho Rodrigues (1867-1943) em que fazia referencia aos contactos com Marang. Mas, aparentemente, a mesma carta extraviou-se.


No caderno de encargos de impressao das notas, estipulava-se que as mesmas viriam a ter posteriormente a sobrecarga em Angola dado que, como se disse anteriormente, alegadamente se destinariam a circular no pais africano ainda colonia portuguesa. Por essa mesma razao, as notas tinham numeros de serie de notas que ja estavam em circulacao em Portugal.

A Waterlow and Sons Limited imprimiu assim 200 mil notas de valor nominal de 500 escudos (no total quase 1% do PIB portugues de entao), com a efigie Vasco da Gama chapa 2, com a Data de 17 de Novembro de 1922. O numero total de notas falsas de 500 escudos era quase tao elevado como o de notas legitimas. A primeira entrega teve lugar em Fevereiro de 1925, curiosamente cerca de um ano depois de as notas verdadeiras de 500 escudos, efigie Vasco da Gama terem comecado a circular. As notas passavam de Inglaterra para Portugal, com a ajuda de seus cumplices, Jose Bandeira, que utilizava as vantagens diplomaticas do seu irmao, Karel Marang e ligacoes ao Consul da Liberia em Londres.

Alves dos Reis, embora o mentor da fraude e o falsificador de todos os documentos, ficava so com 25% das notas. Ainda assim, com esse dinheiro fundou o Banco de Angola e Metropole (1925) em Junho de 1925. Para obter o alvara de abertura deste banco, recorreu tambem e mais uma vez a elaborar diversas outras falsificacoes. Investiu na Bolsa de Valores, e no Mercado de Cambios. Comprou tambem o Palacio do Menino de Ouro (actualmente o edificio em Lisboa do Briish Council) ao Milionario, Luis Fernandes. Adquiriu tres quintas e uma frota de taxis. Alem disso, gastou uma avultadissima soma em joias e roupas caras para a sua esposa quando das estadias em Paris no Hotel Claridge, e para a amante de Jose Bandeira, Fie Carelsen (1890-1975) uma bonita e atraente actriz holandesa. Compraram um fantastico Hispano-Suica. Tentou tambem comprar o Jornal portugues, Diario de Noticias (1864).

O verdadeiro objectivo de Alves dos Reis, era afinal comprar accoes, e conseguir tambem controlar o proprio Banco de Portugal, de forma a encobrir e esconder as falsificacoes, burlas, fraudes que fizera ao proprio Banco de Portugal e abafar qualquer investigacao. Durante o Verao de 1925, directamente ou atraves de diversos "testa-de-ferro", comprou 7.000 accoes do Banco de Portugal. No final de Setembro, ja tinha em seu poder 9.000 accoes, e no final de Novembro, 10.000. Seriam necessarias 45.000 accoes para controlar o Banco Central.


Ao longo de 1925 comecaram a surgir rumores de estarem a circular notas falsas no mercado comercial e financeiro, mas os especialistas de contrafaccao dos bancos nao detectaram nenhuma nota que parecesse ou desse evidencias de ser falsa. A partir de 23 de Novembro de 1925, Alves dos Reis e os seus negocios poucos transparentes do Banco de Angola e Metropole comecaram a atrair a curiosidade dos jornalistas do Jornal O Seculo (1880-1978), o mais importante jornal diario portugues da epoca. O que os jornalistas tentavam perceber era como era possivel que o Banco de Angola e Metropole concedesse emprestimos a taxas de juros baixas, sem precisar de receber depositos. Inicialmente pensou-se que se tratava de uma tactica alema para perturbar o Pais e obter vantagens junto da colonia angolana.

A burla e publicamente revelada ainda em 1925 em , 05 de Dezembro, nas paginas de O Seculo. No dia anterior, o Banco de Portugal enviara para o Porto o Inspector do Conselho do Comercio Bancario, Joao Teixeira Direito para que investigue os vultosos depositos pelo Banco de Angola e Metropole em notas de 500$00 escudos novas na firma de cambios Pinto da Cunha. So a altas horas conseguem detectar uma nota duplicada, com o mesmo numero de serie, nos cofres da delegacao do Porto do Banco de Angola e Metropole. Depois, como sao dadas as instrucoes para que as agencias bancarias ponham as notas em cofre por ordem de numero, para controlar duplicacoes, muitas mais notas com numeros repetidos apareceram.

O patrimonio do Banco de Angola e Metropole foi entao confiscado e obtidas provas junto da Waterlow and Sons Limited. Alves dos Reis e finalmente preso de novo, a 06 de Dezembro, quando se encontrava a bordo do "Adolph Woerman" ao regressar de Angola. Tinha 27 anos de idade no momento da prisao. Adolph Hennies, que estava consigo, fugiu. A maior parte dos seus associados foram tambem identificados e presos.


Alves dos Reis esteve preso, aguardando julgamento por muito tempo, desde de 06 de Dezembro de 1925 ate 08 de Maio de 1930. Durante esse tempo conseguiu convencer um Juiz de instrucao de que a propria administracao do Banco de Portugal estava implicada na fraude, tendo falsificado documentos na prisao e tentando suicidar-se. Mesmo no primeiro caso, o de Ambaca, ele conseguiu enganar o Juiz com sucesso. Burlas, falsificacoes e desfalques foram tres crimes que Alves dos Reis cometeu para conseguir a sua fortuna. A sua esposa, Maria Luisa Jacobetty de Azevedo, foi tambem presa um ano mais tarde, em Agosto de 1926, devido as joias compradas pelo seu marido terem sido pagas com as notas falsas, sendo condenada a pagar 5000 contos.

Alves dos Reis foi finalmente julgado, aos 32 anos de idade, depois de ter sido preso com 27 anos, foram quase 5 anos de espera desde, 06 de Dezembro de 1925 ate 08 de Maio de 1930, e condenado a 20 anos: 8 de prisao e 12 de degredo ou, em alternativa, 25 anos de degredo. Durante o julgamento, alegou que o seu objectivo e intencao era simplesmente ajudar a desenvolver Angola. Foi julgado e condenado tres anos antes do comeco da Era do Estado Novo (1933-1974). Foi na prisao que haveria de se converter ao Protestantismo (1517). Foi libertado em Maio de 1945 (cumpriu uma pena somente de 15 anos dos 20 a que havia sido condenado), ja durante a Era do Estado Novo e no periodo final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A sua esposa, Maria Luisa Jacobetty de Azevedo, viria a falecer a 20 de Agosto de 1951.

Foi-lhe oferecido um emprego de Empregado Bancario, mas recusou. Mesmo depois da maior fraude da Historia Portuguesa, este campeao de ilegalidades voltou reincidir, quando a 12 de Fevereiro de 1952, sete anos depois de sair da prisao, que burlou em 60 mil escudos (299,27 euros) um negociante de Lisboa, a quem prometera 6400 arrobas de cafe angolano, inexistente. Mas ja nao cumpre pena, pois morre, sendo vitima de Enfarte do Miocardio em 09 de julho de 1955, aos 58 anos de idade, sem fortuna, no primeiro andar do numero 71 da Rua Latino Coelho, em Lisboa, Freguesia de Sao Sebastiao da Pedreira. Foi enterrado no Cemiterio do Alto de Sao Joao, na sua cidade natal.

Jose Bandeiras teve identica condenacao e tal como Alves dos Reis tambem morreu na miseria. Hennies fugiu para a Alemanha. Reapareceu mais tarde, sob o seu verdadeiro nome, Hans Doring. Tambem viria a morrer na miseria, desprovido de dinheiro. Karel Marang foi preso e julgado na Holanda, mas sentenciado apenas a 11 meses de cadeia. Posteriormente, naturalizou-se frances e terminou seus dias, muito rico, na cidade francesa de Cannes.


O Escudo, a moeda portuguesa de entao, teve perturbacoes cambiais e perdeu muito da sua credibilidade. As notas de 500 esculdos comecaram a ser retiradas de circulacao a 07 de Dezembro de 1925.

A 06 de Dezembro, o Banco de Portugal ordenou a retirada de circulacao de todas as notas de 500 escudos. Inicialmente a troca das notas foi autorizada ate 26 de Dezembro. Durante esses 20 dias, sairam de circulacao 115 mil notas legitimas ou nao. No entanto, em Abril de 1932, o Banco de Portugal determinou que fossem abonadas aos portadores da reconhecida boa fe as notas de 500 escudos (...), quer sejam autenticas, quer facam parte das que foram entregues pela Waterlow And Sons a Marang e seus cumplices. Isso viria a implicar num enorme prejuizo para o Banco Central.

Na verdade, um pequeno grupo de notas - a que se veio dar no nome de "Notas Camarao" - foram mesmo recusadas para troca pelo Banco de Portugal. O nome era originado porque as mesmas haviam sido banhadas numa solucao de acido citrico, com o objectivo de as livrar do cheiro da tinta fresca, O resultado foi uma ligeira descoloracao, resultando em obterem uma cor semelhante ao do mesmo marisco.

De acordo com a lei portuguesa, as notas retiradas de circulacao em 1925 puderam ser trocadas no Banco de Portugal ate 1995. Naturalmente que esta prescricao nao era relevante dado que o valor da coleccao das notas (legitimas e falsas) a partir dos anos 50 passou a ser muito superior ao seu valor facial.

A fraude criou uma enorme crise de confianca na populacao em relacao aos poderes publicos. Embora os desenvolvimentos desse periodo tenham sido complexos, essa mesma crise pode ter facilitado em muito a Revolucao de 28 de Maio de 1926, que derrubou o Presidente da Republica Portuguesa, Bernardino Luis Machado Guimaraes (1851-1944) mais conhecido como Bernardino Machado, e por sua vez e em consequencia do mesmo deu origem a Ditadura e, a partir de 1933, ao Estado Novo (1933-1974) de Antonio de Oliveira Salazar (1889-1970) mais conhecido como Oliveira Salazar ou simplesmente Salazar e que liderou o Estado Novo entre 1932 e 1968.

Tambem causou como consequencia a substituicao do Escudo Angolano (1914-1928) pelo Angolar (1926-1958), sendo que as notas anteriores emitidas em Escudos foram trocadas por Angolares na razao de 5 Escudos Angolanos por 4 Angolares, sendo o Angolar mantido em paridade com o Escudo portugues. O Escudo angolano so viria a ser reintroduzido em Angola na decada de 1950, na razao de um Angolar por Escudo.

O Banco de Portugal processou Waterlow and Sons nos tribunais londrinos: um dos mais complexos casos da Historia judiciaria britanica ate entao. Sir William Waterlow foi demitido do cargo de Presidente da casa impressora em Julho de 1927. Em 1929, foi eleito Presidente da Camara (Mayor) de Londres. O caso foi resolvido em 28 de Abril de 1932. A mesma empresa britanica teve que pagar uma indemnizacao ao Banco de Portugal e abriu falencia.

Em 27 de Outubro de 2005 decorreu um leilao com algumas notas falsas de Alves dos Reis com base de licitacao estimada no valor de 6500 euros.

Em 2000, a Historia de Artur Virgilio Alves dos Reis foi adaptada para a ficcao em uma serie portuguesa televisiva dramatica de 50 episodios pelo conhecido Escritor, Investigador e Inspector da Policia Judiciaria, Francisco Maria Moita Flores (1953), sob o titulo Alves dos Reis, um Seu Criado (20010, e transmitida pela RTP, com os actores Rui Luis Bras (1967), Sofia Duarte Silva (1977), Goncalo Waddington (1974), Henrique Viana (1936-2007), Carmen Santos (1946), Anabela Teixeira (1973), Rui Mendes (1937), Sofia Sa da Bandeira (1963), Armando Cortez (1928-2002), Filomena Goncalves (1961), Philippe Leroux (1971), entre outros formando uma serie televisiva portuguesa com um elenco de luxo e peso notavel.

Ja em 1974, o canal de televisao italiano RAI  tinha dedicado a Alves dos Reis uma mini-serie intitulada Accadde a Lisbona (1974).


Quase a terminar e em genero de analise final, depois de uma burla quase perfeita qual tera sido o erro de Alves dos Reis? Em minha opniao foi so um, demasiada ambicao, querer ter muito entao pouco tempo o que certamente levantou suspeitas de algumas fontes e identidades e levou a que investigassem Alves dos Reis. Como era possivel que de forma honesta, alguem que anos antes era pobre, sem fortuna e nem nome, andos depois, era um dos homens mais ricos de Portugal e influentes e igualmente a caminhar para ser um dos homens mais ricos, influentes e poderosos da Europa e Mundo?

Acredito que se Alves dos Reis tivesse conseguido o que tinha intencao de fazer, tornar-se Accionista maior do Banco de Portugal a sua burla talvez tivesse ficado completamente ocultada e nao teria sido de conhecimento publico.

Caro (a) leitor (a) em genero de despedida a Historia de Alves dos Reis e verdadeiramente notavel e mais uma vez espelha com evidencia o velho ditado popular "O Crime nao compensa" e notavel que o mesmo era pobre com as suas burlas tornou-se em tudo o que sabemos, porem aparentemente morreu pobre e na miseria, esquecido por tudo e todos os que o rodearam enquanto foi rico e poderoso. Abraco e ate a proxima.

                                                                                                               Manuel Goncalves








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