Para Timor-Leste acredito que a data mais importante para la daquela que oficializou o fim da ocupacao indonesia em seu territorio que se deu em 20 de Maio de 2002 e estavam sofrendo uma ocupacao desde de 1975 quando se tornaram independentes de Portugal em 28 de Novembro do mesmo ano acredito que a data mais importante tenha sido a do evento do Massacre de Santa Cruz (1991) tambem conhecido como Massacre de Dili que se sucedeu em 12 de Novembro de 1991.
Tenha sido ou nao uma data de extrema importancia para a nacao timorense a verdade e que as imagens obtidas naquele massacre chamaram a atencao da opniao publica e correram o mundo dando a esperanca que nao existia anteriormente de um dia Timor ser totalmente livre e deixar de estar ocupado pela Indonesia.
As imagens chocaram a opniao publica nao so em Portugal da qual Timor-Leste havia sido uma colonia ate 1975 mas do Mundo em geral. As imagens do evento sao apontadas como sendo o primeiro passo para a realizacao de um sonho, um sonho em que poucos acreditavam mas pelo qual ja muitos lutavam e foram os que mais lutaram por isso que acabariam por vir a governar Timor-Leste logo que isso se tornou possivel e apos a realizacao de eleicoes livres. Sempre disse que se um dia Timor-Leste fosse uma nacao livre o Presidente seria Jose Alexandre "Kay Rala Xanana"Gusmao (1946) e assim foi tal como Jose Manuel Ramos Horta (1949) os dois tem dividido o cargo de Presidente e o de Primeiro-Ministro mas Xanana em particular por ter estado inibido da sua liberdade entre 1992 e 1999 e condenado a prisao perpetua pelo regime indonesio sem direito a defesa chegando mesmo a ser submetido a tortura do sono. Tudo isto tambem sem esquecer a luta de outra figura nao tanto politica mas sim religiosa, o seu nome tambem nao podia ficar agora esquecido, Carlos Filipe Ximenes Belo (1948) muitas vezes conhecido apenas como Bispo de Dili ou Ximenses Belo. A luta de Ximenses Belo e de Ramos Horta ficou tao marcante que ambos acabariam por serem nomeados com o Premio Nobel da Paz em 1996 depois de terem sido nomeados em 1995 mas o Comite Nobel Noruegues ter optado por escolher entregar o Premio Nobel da Paz (1901) a outros candidatos o que na altura causou uma certa polemica ja que era quase garantida a vitoria de Ramos Horta e Ximenes Belo mas que viria a dar quase a certeza (como de facto veio a acontecer) de que no ano seguinte a vitoria seria dos dois timorenses.
Apos a invasao de Timor-Leste por parte das forcas indonesias em 1975 (entao chamado ate entao formalmente de Timor Portugues), o mesmo foi isolado da comunidade internacional, sendo que foram deliberadamente impedidas as visitas de estrangeiros e meios de comunicacao internacional ate 1989, para que assim fosse evitado que os abusos e violacoes dos direitos humanos contra timorenses fossem de conhecimento geral. A Indonesia proibiu igualmente o ensino da lingua inglesa em Timor-Leste para dificultar a criacao de ligacoes com a comunidade internacional.
Em Outubro de 1991 uma delegacao com membros do Parlamento Portugues (1976) e doze jornalistas, organizada pela Comissao Eventual Para Acompanhamento da Situacao de Timor-Leste, planeava visitar o territorio de Timor-Leste durante a visita do Representante Especial das Nacoes Unidas para os Direitos Humanos e Tortura o Diplomata holandes, Pieter Hendrik "Peter" Kooijmans (1933-2013). O Governo Indonesio entao objectou o facto da inclusao da Jornalista australiana, Jill Jolliffe (1945-2022), que apoiava e ajudava o movimento independentista, Frente revolucionaria de Timor-Leste Independente (1974) igualmente conhecido como FRETILIN, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegacao. As tensoes entre as autoridades indonesias e a juventude timorense aumentaram ainda mais apos o cancelamento da visita dos deputados portugueses; os timorenses tinham planeado utilizar a visita para mostrar a sua oposicao ao Governo Indonesio por forma a que a comunidade internacional se inteirasse da situacao.
A Igreja Catolica sob o impulso de Dom Ximenes Belo, tinha-se tornado crucial para o movimento independentista, e a Igreja de Santo Antonio de Motael (1955 (reconstruida) ) em Dili, em particular, era usada como refugio por activistas depois de uma onda de detencoes entre Outubro e Novembro de 1990. Na madrugada de 28 de Outubro, a policia indonesia localizou um grupo de membros da resistencia nesta Igreja, que tinham entado em confronto com activistas pro-integracao que ai se tinham dirigido para os atacar, alegadamente em colaboracao com os militares.
A Policia abriu fogo e tomou de assalto a Igreja, e executou Sebastiao Gomes Rangel , de 18 anos, um apoiante da independencia de Timor-Leste e Membro da Resistencia Nacional dos Estudantes de Timor-Leste (1988) conhecida tambem como RENETIL, depois de o retirar da Igreja. Durante os confrontos, o intergracionista Afonso Henriques, de 30 anos, foi apunhalado e morto. Dois outros participantes ficaram gravemente feridos. As forcas de seguranca indonesias detiveram 40 jovens para serem interrogados, e 18 dos mesmos ficaram em prisao preventiva; todos eram independentistas. Isto levou a um aumento da tensao entre o exercito indonesio e os timorenses Pro-Independencia.
. Dados Pessoais do Massacre:
. Nome: Massacre de Santa Cruz ou Massacre de Dili.
. Local: Cemiterio de Santa Cruz, Dili, Timor-Leste.
. Data: 12 de Novembro de 1991.
. Tipo de Ataque: Massacre.
. Feridos: 278.
. Mortos: 271.
. Responsaveis: Forcas Armadas da Indonesia (1945).
A 12 de Novembro de 1991, mais de duas mil pessoas marcharam desde a Igreja de Santo Antonio de Motael, onde se celebrou uma missa em memoria de Sebastiao Gomes ate ao Cemiterio de Santa Cruz, onde se encontra sepultado, para lhe prestarem homenagem. Levavam bandeiras da FRETILIN e cartazes a reivindindicar a independencia e a apoiar a Igreja, e ocasionalmente gritavam "vivas" a Timor-Leste e ao Lider da resistencia, Xanana Gusmao. Pensa-se que um dos grupos havia planeado dirigir-se ao Hotel Turismo, onde Pieter Kooijmans estava hospedado, mas o caminho estava bloqueado pelas forcas de seguranca, pelo que os protestantes optaram por se dirigir para o cemiterio. Deu-se entao de seguida uma pequena escaramuca entre ambas as partes, as forcas armadas e os protestantes, na qual dois soldados acabariam por ser esfaqueados.
Apesar da procissao ser pacifica, foi vista pelas autoridades indonesias como uma manifestacao contra a ocupacao Indonesia em Timor-Leste. Quando a procissao chegou ao Cemiterio de Santa Cruz, estima-se que entre 3000 a 5000 manifestantes estivessem presentes. O exercito indonesio bloqueou a saida e abriu fogo sobre a populacao, matando pelo menos 74 pessoas no local e mais 120 morreram nos dias senguintes. As pessoas que tentavam fugir do cemiterio eram esfaqueadas ou detidas. Depois do massacre, os militares bloquearam o acesso as organizacoes de ajuda internacional como a Cruz Vermelha Internacional (1863) e pessoas religiosas que tentavam ajudar as vitimas e os detidos.
Dois jornalistas americanos Amy Goodman (1957) e Allan Nairn especialistas em Jornalismo de Investigacao (1956), o Fotojornalista britanico Steven Cox e o Reporter de Imagem britanico Max Stahl (1954-2021) conhecido tambem como Christopher Wenner estavam presentes no massacre. Goodman e Nairn foram espancados pelos militares ao tentar proteger os manifestantes, e Stahl filmou a cena de violencia. Stahl conseguiu enterrar duas cassetes com imagens do que se havia passado no cemiterio e dias mais tarde a Jornalista e Activista holandesa de Direitos Humanos, Saskia Kouwenberg, conseguiu sair do pais com dez minutos do filme, o mesmo filme que viria a dar origem a denuncia internacional do evento e da ocupacao Indonesia, e solidariedade para com o povo de Timor-Leste, que foi a chave para o referendo que levaria a independencia do Pais em 1999.
Muitos timorenses foram detidos (cerca de 300 segundo fontes do Governo indonesio). Os feridos hesitavam em procurar assistencia medica porque receavam que isso os levasse a sua detencao; os que tentaram ir ao hospital foram impedidos pelas forcas militares que barricaram as ruas de acesso. Aqueles que entao procuraram solucao procurando tratamento no Hospital Nacional de Dili agora Hospital Nacional Guido Valadares, foram transferidos para o Hospital Militar de Wirahusada, em Lahane, onde nao lhes era permitido receberem visitas, e alguns terao sido assassinados. Cerca de 200 pessoas terao sido levadas para a esquadra da Policia de Polres Comoro, em Dili Ocidental, onde foram torturados; outros para quarteis da Policia Regional (Polwil) e Comando Militar Distrital (Kodim), onde alguns ficaram detidos por mais de duas semanas. Alguns manifestantes foram sentenciados a longas penas de prisao e so viriam a ser libertados anos mais tarde, em 1999, pela altura do referendo pela independencia.
Os corpos da maioria das vitimas mortais terao sido enterrados imediatamente em valas comuns, sem se proceder a sua identificacao e sem marcacao das sepulturas, ou tambem alegadamente deitados ao mar, pelo que muitos foram dados como desaparecidos e jamais foram encontrados.
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Nao se sabe com toda a certeza ao certo o numero das vitimas do massacre e dos dias que se seguiram. Testemunhas do massacre teriam sido executadas nos dias 15, 17 e 18 de Novembro, e ate Dezembro, com numeros que variam dependendo das fontes. Imediatamente depois do massacre, o controlo militar intensificou-se, com detencoes arbitrarias, espancamentos e intimidacoes de jovens activistas e padres catolicos, ou pessoas que falassem com membros da imprensa. O Governo indonesio tentou acusar os protestantes e a oposicao politica de ter dado inicio aos confrontos, contudo a informacao publicada continha varias contradicoes.
Em 19 de Novembro, o Governo indonesio anunciou a formacao de uma Comissao Nacional de Investigacao para realizar um inquerito relativos aos acontecimentos. A comissao de inquerito passou tres semanas em Timor-Leste em reunioes com o Governo e oficiais do Exercito, e entrevistou 132 testemunhas. O relatorio preliminar publicado a 26 de Dezembro de 1991 recebeu fortes criticas dos grupos de Direitos Humanos, e foi visto como um meio e forma ou tentativa do mesmo de acalmar e apaziguar as vozes criticas nacionais e internacionais. Das 18 alegadas vitimas pelo Governo indonesio, so uma foi identificada, o neo-zelandes, Kamal Bamadhaj, que tinha consigo o passaporte.
Em 1994, o relatorio do Relator Especial das Nacoes Unidas concluia que os membros das forcas indonesias eram responsaveis pelos actos de violencia praticados no Cemiterio de Santa Cruz, e que o Governo nao tinha comunicado adequadamente o que acontecera aos mortos e desaparecidos durante o massacre, e apelou entao ao Governo da Indonesia para que conduzisse investigacoes imparciais e aprofundadas relativas ao Massacre de Santa Cruz, bem como o inicio de processos judiciais contra os autores do massacre, justica para as vitimas do mesmo, e o estabelecimento de um orgao de investigacao de violacoes de direitos humanos.
Apos uma longa batalha que se travou mesmo apos a independencia, so a partir de 2001, depois da tomada de poder do novo Governo Constitucional, e gracas a investigacao da ONU, foi possivel compreender a verdadeira escala dos abusos de direitos humanos em Timor-Leste. Os tres mecanismos criados para investigar a violencia da ocupacao Indonesia foram:
1. A Comissao de Acolhimento, Verdade e Reconciliacao (2000).
2. A Equipa de Investigacao de Crimes Graves.
3. A Comissao Verdade e Amizade (2006).
Os primeiros dois mecanismos deram uma especial atencao aos desaparecimentos, massacres e localizacao de valas comuns. Apesar do trabalho levado a cabo por uma equipa internacional forense, com base em informacoes de testemunhas e familiares das vitimas, poucas vitimas acabariam por ser identificadas apesar dos esforcos e permanece um sentimento de injustica relativa as violacoes de direitos humanos, particularmente devido a politica de amnistia, perdao e outras medidas do genero que criaram uma "cultura de impunidade".
O Comite 12 de Novembro (2007) e uma organizacao nao-governamental que foi criada em 2007 para criar registo das vitimas do massacre, e dar apoio aos sobreviventes. A partir de 2008 participou nos esforcos de localizacao dos restos mortais de vitimas, e de exumacao e devolucao de restos mortais as respectivas familias, com o apoio de equipas forenses internacionais da Australia e Argentina.
O Massacre de Santa Cruz foi a culminacao das atrocidades levadas a cabo pelo Exercito indonesio. Depois do massacre, o exercito aumentou a violencia, particularmente em relacao a homens e rapazes. O video de Stahl correu o mundo e de uma forma geral deu a conhecer o que se passava e estava oculto em Timor-Leste, deu a conhecer a repressao que se vivia em Timor-Leste, a violencia, os abusos dos militares para com os civis, e assegurou o apoio internacional a causa timorense, nao permitindo ao Governo indonesio, governado pelo Presidente e Ditador, Hadji Mohamed Suharto (1921-2008), negar oficilamente a violencia, e a violacao dos direitos humanos como tinha feito ate entao.
Em Portugal, a situacao de Timor ganhou a partir do massacre grande destaque nos meios de comunicacao social, mobilizando a opniao publica. A "Questao de Timor-Leste", presente nas revisoes da Constituicao da Republica Portuguesa (19911) desde de 1982, ganhava um novo relevo. O entao Presidente da Republica Portuguesa, Jorge Fernando Branco de Sampaio (1939-2021) mais conhecido como Jorge Sampaio envia cartas ao Papa Joao Paulo II (1920-2005), ao entao Presidente dos EUA, William Jefferson "Bill" Clinton (1946) mais conhecido como Bill Clinton, e a outros importantes chefes de Estado pelo mundo fora, alertando para a situacao de Timor-Leste. Em 1992, o Governo portugues retoma negociacoes diplomaticas com a Indonesia, com o apoio do Secretario-Geral da ONU. Em 1993, uma resolucao apresentada pela Comunidade Europeia (1957) foi aprovada na ONU, com o apoio da administracao americana, que bloqueia tambem a venda de armas a Indonesia. Em 1995 a Conferencia Interparlamentar de Lisboa por Timor-Leste, a partir da qual foi publicada a "Declaracao de Lisboa", viria a apelar a Indonesia que cumprisse com as resolucoes da ONU e a ONU que assegurasse o respeito pelos direitos humanos em Timor-Leste.
Em 1992 a viagem do Lusitania Expresso a Timor-Leste foi uma iniciativa da equipa da revista Forum Estudante (1991), que tinha o objectivo de sensibilizar a opniao publica internacional para a causa de Timor-Leste, que contou com o apoio de varias figuras publicas, nomeadamente o ex-Presidente da Republica de Portugal, o General, Antonio dos Santos Ramalho Eanes (1935).
Mobilizou 141 jovens, oriundos de 23 paises, que partiram de Portugal com o objectivo de colocar uma coroa de flores no local do massacre, e, assim atrair a atencao dos media sobre a tematica da opressao do povo timorense.
Na sua ultima etapa com partida de Darwin, na Australia a 09 de Marco de 1992, apos 3 meses de viagem, o Lusitania Expresso foi sobrevoado e escoltado por avioes militares indonesios e interceptado ja no dia 11 de Marco, a entrada das aguas territoriais de Timor-Leste, por quatri navios de guerra indonesios. Apos lancar flores ao mar, em memoria dos mortos de Timor-Leste em particular certamente em memoria das vitimas mortais do Massacre de Santa Cruz, o Lusitania Expresso viu se obrigado a voltar a Portugal.
Embora o grande e principal objectivo da viagem em chegar a Dili nao fosse de facto atingido e realizado, a viagem do Lusitania Expresso conseguiu mobilizar as atencoes da imprensa internacional para a situacao dramatica em que vivia o povo timorense, contribuindo de certa forma para a retirada da Indonesia e para a independencia da ultima colonia portuguesa.
Desde da independencia de Timor-Leste, em 2002, o Dia 12 de Novembro e Feriado Nacional, o Dia Nacional da Juventude, em homenagem ao papel de destaque que os jovens tiveram nas manifestacoes que levaram a independencia do Pais.
Em 1992, o Musico e Cantor portugues natural da cidade do Porto, Rui Manuel Gaudencio Veloso (1957) mais conhecido como Rui Veloso em conjunto com o tambem Musico e Cantor portugues natural da Praia da Vitoria, Ilha Terceira nos Acores, Nuno Bettencourt (1966), compuseram e interpretaram a musica Maubere a favor da causa timorense, e contaram ainda com a colaboracao de Rao Kyao (1975) nome artistico de Joao Maria Centeno Gorjao Jorge (1946), do famoso Guitarrista de Guitarra Portuguesa, Carlos Paredes (1925-2004) de Alberto Ferreira Paulo (1956) conhecido por todos como Paulo Gonzo e de Isabel Maria de Campelo Fernandes (1958), uma Cantora portuguesa que e conhecida como Isabel Campelo.
Caro(a) leitor(a) quae terminando a cronica e antes de partir para a habitual despedida devo dizer que considero a luta do povo timorense como um exemplo para o mundo e algo que de facto se deve seguir por outros povos e nacoes que estao ainda lutando pela sua liberdade, pela sua libertacao.
Hoje Timor-Leste e finalmente uma nacao livre que vive sem a opressao do governo indonesio e sem o seu dominio espero que um dia seja assim com nacoes como a Palestina e a Ucrania que possam novamente viver em paz e sem guerra.
E de considerar os esforcos do Estado portugues e ate dos cidadaos portugueses em geral na luta para que o povo da antiga colonia lusitana se tornasse finalmente livre.
No momento de despedida considero que 2024 tem tido ate ao momento cronicas de muito interesse e so assim, tambem, com a vossa ajuda 2024 pode ser o ano em que chegarei ao meio milaho de visualizacoes, por agora, ate a proxima.
Manuel Goncalves
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